Não é seu filho - Capítulo 72
Estava sério a pouco tempo atrás, mas agora não podia acreditar que estava sorrindo porque havia pensado em Kalia.
Seu coração coçava loucamente.
Só de estar ao lado de Kalia era tão pacífico.
A dor que sentiu em sua ausência, pelo simples fato de tê-la por perto, ia desaparecendo. Até antes disso, pensava que estava louco, mas parecia estar demente.
Por ela, por seu amor, sua salvação e razão de viver.
— Biiip? Biiiip?
— Kyuuu?
Os espíritos se agitaram com a reação de Sheyman, que estava séria e sorridente, e olharam sua tez.
— Não precisam saber.
“Não vou dizer. A ninguém, exceto Kalia…”
“Quão louco estou e o quão gentil posso ser…”
***
Na manhã seguinte.
Kalia, com um olhar perdido encarando o sol da manhã, murmurou baixinho:
— Fiquei acordada a noite toda.
Seus olhos que recebiam a luz do sol piscaram.
Quando fechava os olhos e suspirava, sua cabeça também doía.
Não havia dormido, nem descansado os olhos a noite inteira…
Quando estava prestes a dormir, não conseguia porque pensava no rosto de Sheyman.
Os lábios sedosos que se aproximaram. A língua vermelha que falou “eu te amo”. E o sorriso sedutor que a fez pensar que era óbvio!
— Devo estar louca mesmo.
“Será que rasguei o perigoso pergaminho de Derek sem perceber?”
Até depois que Sheyman se foi, Kalia não conseguiu ficar parada devido ao seu coração que batia acelerado.
Batia tão forte, que ela achou que teria uma parada cardíaca.
Ficava louca quando imaginava Sheyman sorrindo, e sua voz sussurrando em seus ouvidos vinham a sua mente de novo.
Enquanto dava voltas em sua cama, escutou o grito do bebê.
A antiga babá, que cuidou das crianças do lorde, Hemming e Allen, falaram que se revezariam para cuidar do bebê.
Todos se ofereceram como voluntários para cuidar do bebê junto com a Kalia, que acabou de dar à luz.
Sheyman, que ficou sabendo disso mais tarde, falou que o faria, mas Hemming e Allen não o deixaram.
“Era algo pelo que lutar? Ver o bebê dormir? O que há de errado comigo, se disseram que se revezariam?”
De todo jeito, Kalia se viu obrigada a cuidar do bebê de manhã, mas agora, parecia que precisava desesperadamente ver o bebê.
Se levantou com um pulo e foi para o quarto onde Shasha estava.
Talvez com fome, Shasha chorava triste e segurava a mamadeira que a babá lhe deu na boca.
Kalia, que abriu um pouco a porta e estava olhando o bebê pela fresta, bateu na porta com um som bem leve e chamou a babá.
— Não! Por que veio se não dormiu ainda?
A babá surpresa se apressou em falar baixinho.
Com uma expressão carinhosa, parecia com a senhora McKenna, que estava encarregada da cozinha de Kalia.
Kalia sorriu levemente diante daquela familiaridade e se aproximou com cuidado do bebê.
— É que não consegui dormir… Me encarregarei do bebê hoje.
— Céus, ficará cansada amanhã de manhã. Se passou pouco tempo desde que deu a luz, por isso terá um momento difícil. A mãe do bebê deve se cuidar para não ficar doente mais tarde.
A babá, que era bem comunicativa, falava constantemente em voz de sussurro.
— Gostaria de sua adorável cooperação a partir de amanhã. Hoje, quero vê-lo.
Sem dúvidas, não pode vencer a Kalia, que sorria em silêncio com a mão estendida.
Ao final, a babá, que riu depois de tentar persuadi-la uma par de vezes, lhe entregou Shasha, como se não pudesse evitar.
— Realmente não posso… Poderia me encrencar com Allen.
— Falarei com ele.
— Não me mencione, Lia.
— Ahhh.
Diante disso, Kalia caiu na gargalhada e perguntou baixinho.
— Então, por que nós duas não mantemos segredo do Allen? Por favor. Não quero me encrencar.
— Eh? Latricia.
Latricia também riu da aparência tola de Kalia.
— Ah, entendo. Então voltarei de manhã cedinho.
Apesar de ser uma pessoa que fazia o que precisava ser feito, ela olhou para trás várias vezes.
Naquele quarto tranquilo de onde a babá saiu com tanta dificuldade, e só ficaram Shasha e Kalia, ela havia olhado o rosto de Shasha a noite inteira.
“Meu lindo filho do qual não me canso.”
“Não importa o quanto olhe, continua sendo maravilhoso, meu filho.”
Kalia acariciou o rosto do bebê em seus braços.
Então, o abraçou perto de seu coração e guardou nele o cheiro da pele do bebê.
A pele do bebê, que cheirava a leite, fez com que sua mente se relaxasse só com o cheiro.
Mas a paz se quebrou exatamente duas horas mais tarde.
— Buáááá! Buáááá!
— Bebê, por que choras? Eh? Bebê?
Estava dormindo bem, mas de repente acordou e começou a chorar tristemente.
Shasha chorava em seus braços.
Kalia não esperava que o bebê chorasse assim, porque voltou a ter fome em só duas horas. Comeu o suficiente antes, arrotou e adormeceu.
Shasha que estava cheio, teve a fralda trocada e, assim que Kalia sentou um pouco, voltou a chorar.
— Buáááá.
— …Bebê?
Havia passado menos de uma hora desde que mamou. Por que estava chorando? Tentou dar de mamar de novo, mas o bebê recusou.
Deveria trocar a fralda?
Mas ela estava seca e suave.
Estaria com dor? Doente? Por que chorava tão triste?
Quando o bebê, que chorava por um motivo desconhecido, e se jogou para trás, a cabeça de Kalia ficou em branco.
O pequeno bebê a aterrorizava mais que um monstro gigante.
Nunca havia se sentido assim, nem mesmo diante de 100.000 soldados que avançavam em sua direção.
Kalia abraçou o bebê, acalmando-o, e estava suando.
— Buááá! Buááá!
— Desculpa, Shasha. Desculpa. Deve estar desconfortável porque sou muito estabanada.
Abraçando firmemente o bebê que chorava, Kalia andava ansiosamente pelo quarto.
Estranhamente, o bebê parou de chorar enquanto ela andava pelo quarto.
Seu rosto, que adormeceu desprotegido, apoiou-se no ombro de Kalia.
Seus lábios inchados eram tão lindos quanto o bico de um pássaro.
— Você. Chorou para que sua mãe o carregasse pelo quarto?
Aliviada, Kalia andou pelo quarto, inclinando sua cabeça cautelosamente sobre seu ombro, para deixar o bebê mais confortável.
Dava tapinhas constantes em suas costas.
Depois de cantar desafinada, o bebê dormiu nos braços de Kalia por duas horas.
O sol da manhã surgiu enquanto amamentava, o fazia arrotar, abraçava e o colocava para dormir.
— Por que está carregando o bebê? É muito esforço… Vamos, me dê ele.
— Latrícia.
Havia se passado só sete horas.
Depois de sete horas, Kalia começou a sentir que seu rosto estava pálido.
“Cuidar de um bebê realmente não é algo ordinário.”
Kalia olhou a babá Latricia com um olhar novo e respeitoso.
Ela pegou o bebê habilmente e imediatamente o envolveu em sua manta, que estava bagunçada a noite toda.
Ao mesmo tempo, não se esqueceu de trocar sua fralda.
— Incrível, Latricia.
— Eh? Quê?
Latricia, que o trocou em segundos, sorriu com os olhos semicerrados como se perguntasse a que se referia.
— Acredito que é muito boa cuidando de bebês. Como mãe, estava nervosa e o fiz chorar a noite inteira…
— Hahahaha. Do que está falando? Só se passou uma semana desde que virou mãe. Pelo contrário, eu cuidei de 20 bebês durante 10 anos, por isso posso ser mais habilidosa.
— De 20 bebês?
Latricia deu um sorriso largo e colocou um xale nos ombros de Kalia em resposta a sua reação surpresa.
— Não teve nenhum bebê que fosse tão lindo o tempo todo. É claro, o mesmo ocorre com o nosso Shasha.
— Não sabia que choraria tanto de noite.
Latricia negou com a cabeça diante das palavras de lamento de Kalia. Com as palavras de que chorar desse tanto não é muito.
— Os tempos difíceis passarão rápido e os bons chegarão. Não se preocupe.
— Não acredito que seja difícil. Me preocupa que o bebê tenha alguma dificuldade por culpa minha.
— Pode se acostumar com calma. Até uma mãe cresce só um pouco e devagar, o bebê, também, cresce com ela, então fica cada vez mais fácil com o tempo.
Latrícia tocou o ombro de Kalia e acariciou com um toque amigável.
— Mesmo que seja difícil, por favor, abrace e ame muito o seu bebê. Isso é o suficiente, Lia. Bom, mesmo que não tenha falado, acredito que você o faria.
Latrícia, que riu com uma voz em oitava maior, a apressou para voltar para seu quarto e descansar.
Bem a tempo, Hemming também entrou no quarto do bebê e encontrou a Kalia, que estava pálida e pulava para cima e para baixo.
— Ficou acordada a noite inteira? Céus! Deveria ter me acordado! Ande logo e volte a dormir! Estou segura de que a babá e eu podemos cuidar bem dele. Ande logo!
Hemming fez Kalia entrar em seu quarto e rapidamente se colocou a andar.
Kalia, que estava faminta, se estremeceu com uma leve dor de cabeça enquanto olhava a luz do sol.
“Minha imunidade baixou?”
Não podia acreditar que estava cansada só porque deixou de dormir uma noite… Não acreditava.
— Ahhhhmm.
Mas graças a isso, acreditava que poderia dormir sem pensar em nada.
Kalia se deitou e bocejou devagar.
“…Terei que falar que a partir de agora cuidarei dele de noite.”
Definitivamente era seu trabalho cuidar de Shasha e pensou que estava bem.
O dever de mãe. Era uma palavra agradável.
Não conseguia acreditar que era a mãe de Shasha. Não podia acreditar que era sua mãe. Que era seu filho.
“Hehe… É tão agradável.”
Kalia, que se esqueceu rapidamente do pânico que havia sofrido um pouco antes, adormeceu com um sorriso.
A luz do sol, que se escapava por detrás da cortina fechada, acariciou seu cabelo cansado.
Ao mesmo tempo…
— Hummm…
Diferente de Kalia, um Sheyman de rosto pálido se deteve na frente da sua porta, como se houvesse tido uma noite de sono após muito tempo.
Tradução: Kaon.
Revisão: Michi.