Não é seu filho - Capítulo 71
O mana de Sheyman, que havia se espalhado pelo vilarejo, juntou-se como uma névoa e formou uma única esfera.
Era uma conta mágica similar ao que a Tierra quebrou na praça central do vilarejo.
Seria por causa do som grudado na rede de névoa?
A névoa de mana acumulado tinha várias cores, diferente de quando estava dispersa.
Entre elas, quando a névoa negra penetrou na conta, uma cabeça redonda saltou debaixo da cama.
— Kkyu?
— Biiip!
Tierra, uma toupeira se erguendo do chão, inclinou sua cabeça como se notasse algo estranho.
Logo, Tierra flutuou ao redor da conta mágica.
Talvez, antes de perceber, um novo Elemento feito de gotas de água, estava dando voltas com a Tierra.
— Kkyu. Kkyu kkyu?
— Bip, bip!
Surpresa com o comportamento de Tierra de cutucar a conta mágica com a ponta de seu nariz, o pássaro de água emitiu um guincho e gritou desesperadamente.
Como de praxe, ela não o escutou, não se importou com a advertência da ave aquática e estendeu sua pata para tocar a conta mágica.
Então…
Woosh!
Uma serpente de fogo ardente, agitou a cabeça, se divertindo e envolvendo a pata de Tierra com sua cauda.
Quando Fuego mostrou suas presas e agitou sua comprida língua, como se ameaçasse Tierra, ela rapidamente puxou sua pata e escondeu sua cabeça no chão.
Sua cabeça desapareceu no chão e somente seu traseiro ficou de fora, como uma montanha.
— Kkyuung!
Talvez estivesse assustada, mas seu bumbum rechonchudo com uma pequena e grossa cauda estremeceu.
— Kkyu, kyuuuu…!
— Sssh! Sssh!
— Bip!
A voz de Tierra sumiu no chão, e a ave aquática voava sob a cabeça da serpente de fogo.
Fuego permaneceu tranquilo, com a cabeça levantada.
Airu, que tinha a forma de um cachorro, devido ao barulho dos três espíritos, bufou uma vez e se aconchegou.
Ela colocou o focinho na cavidade entre suas pernas e barriga, e dormia como se estivesse completamente desinteressada, como sempre.
No meio do quarto tão tranquilo, as contas mágicas, que Sheyman havia colocado o feitiço de recuperação, rodopiavam no ar com vários formatos.
De repente, Airu levantou as orelhas e correu para a porta.
Fuego e Elemento, que brincavam com a cauda redonda de Tierra, também levantaram a cabeça e olharam a porta.
Pouco depois, a porta se abriu e entrou o mestre dos quatro espíritos, Sheyman.
— Au! Au! Au!
Airu, que correu primeiro, subiu rapidamente no ombro de Sheyman e esfregou sua cabeça na bochecha dele.
— Oh, Deus. Estavam todos brincando aqui?
Sheyman, que sorriu, acariciou a pequena cabeça de Airu, que estava agindo de um jeito fofo.
— Bip!
— Kkyuu!
— Sh! Shh! Sssh!
Na frente dele, os três espíritos, que se apressaram, também estavam subindo pelo seu corpo e fazendo uma festa.
Fuego, o mais gentil e calmo deles, também subiu em seu corpo, pelo pulso de Sheyman e balançou a cabeça para lhe dar as boas vindas.
Diante da recepção desordenada, Sheyman riu como se estivesse envergonhado.
Esse ataque de amor cego era incrível, não importava quantas vezes o recebia. Essas crianças pareciam pensar que ele era o seu pai.
Elemento, que dava voltas sobre a cabeça de Sheyman, esfregou seu bico contra o fino cabelo prateado e cantou.
Enquanto escutava ao som emocionante, Sheyman pegou uma conta flutuante no meio do quarto.
— Quebrou-a assim que chegou no vilarejo?
— Kkyu!
“Isso mesmo”
Falou Tierra, movendo animadamente sua curta cauda.
Era incrível que sua cauda curta e redonda podia se mexer tanto.
Sheyman, que sorriu tranquilamente, pegou um vinho tinto e colocou em uma taça, e injetou mana nas contas agrupadas de novo.
Pá!
Uma luz branca surgiu e o som preso na névoa de mana dispersou-se com o barulho.
De qualquer maneira, o propósito desse feitiço era coletar informações relacionadas a Kalia.
Agora que havia encontrado ela, Sheyman deixou escapar os sons, dizendo que era só para terminar a conta mágica.
Então…
Kyaaaaaa!
Com um grito que não podia ser confundido, nem Sheyman nem os espíritos que o cercavam deixaram de agir de imediato.
Logo escutaram outro grito, o grito cutucou seus ouvidos com mais clareza dessa vez.
— Socorro!
— Isso dói! Socorro!
Kyaaaaa!
Foi um grito de desespero terrível.
Se esforçou para pensar, pois não conseguia mais sentir seus ouvidos. Sheyman não sabia o que era.
— Kkyu, kkyuu. Kkyuuuuu!
— Sssh! Ssh!
Tierra escondeu sua cabeça atrás do pescoço de Sheyman, como se estivesse com medo, e Fuego levantou a cabeça e a sacudiu ameaçadoramente.
— Auu! Argggg! Au!
— Bip! Bip, bip! Bip, bip!
Airu, que abaixou o corpo, mostrou os dentes e latiu ferozmente para o ar.
Elemento se encolheu sobre a cabeça de Sheyman e chorou em uma voz triste.
Os sons das fadas e dos espíritos tinham ondas diferentes às das pessoas.
Como se estivesse lendo uma onda, os espíritos de Sheyman reagiram violentamente. Sheyman deixou a taça de vinho que estava bebendo e capturou a fumaça negra dispersa na névoa de som. Se concentrou e capturou o som com mais detalhes.
Os gritos dos espíritos eram ferozes, mas as vozes de umas pessoas conectadas a ele eram tão suaves quanto sussurros.
Com a mesma onda, Sheyman filtrou as coisas com o mesmo tom, gravou em sua cabeça e pegou papel para imprimi-las.
Logo, letras pretas dançaram sobre o papel e escreveram palavras que diziam:
[Ah, correto. A sombra plantada no castelo do lorde nos contou novidades interessantes.]
[Está vivo. Hum… O ovo do dragão está no castelo do lorde.]
[Alguém o pegou perto da Floresta das Fadas…]
[…Quer que eu o roube para você?]
Sheyman franziu sua testa.
Ouviu uma voz rouca, mas não havia uma pista decisiva para saber sua identidade.
Se ao menos tivessem deixado um nome…
Tap, tap, tap…
Os compridos dedos de Sheyman batiam na mesa. Seus olhos afiados estavam fixos em uma palavra.
“Sombra.”
O ovo do dragão no castelo do lorde e a sombra que iria roubá-lo.
Sheyman lembrou da sombra do lorde, que encontrou quando chegou ali pela primeira vez.
A escuridão dominava o corpo do lorde.
Achou que era irritante e se livrou disso na hora, mas… Deveria mesmo ter feito aquilo?
Agora que parou para pensar, uma parte do rabo estava cortada.
Será que havia sobrevivido? Se sim, deve ter voltado para seus donos.
“Se é uma sombra, é como uma espécie de magia das trevas.”
A magia das trevas era uma força maligna.
Preferia um método cruel de estabelecer uma relação próxima com seres deste mundo e se aproveitar da morte.
A velocidade de acumular força para usar meios extremos era mais rápida que a dos magos normais, e a velocidade de corrosão da alma também era mais rápida.
O corpo também estava destinado a ser enfraquecido pelas trevas.
“…Então, quando a magia das trevas prosperava, a pesquisa sobre as quimeras estava mais ativa. Estudando como substituir parte do corpo que funcionava na escuridão por outro corpo.”
A pesquisa de magia das trevas estava proibida por lei imperial, assim como nos países aliados.
Mas ninguém sabia onde estavam aprendendo e estudando, os magos loucos.
Os magos geralmente mostravam uma obsessão em áreas que queriam explorar.
Sheyman achou que os corpos das fadas-quimeras, que foram encontrados na última vez, provavelmente estavam relacionados com essas pessoas.
Não, estava claro.
“Quando eu voltar, preciso estudar magia sagrada. Conforme a magia das trevas decaiu, a sagrada também decaiu bastante… Deveria ir por esse lado, então?”
Era tão bom em magia elemental como qualquer outro mago, mas a magia das trevas não era sua praia.
Foi uma área que Sheyman não precisou conhecer.
Mas se essa magia das trevas única está relacionada com as fadas, deveria aprendê-la a partir de agora.
Também deveria dominá-la.
Talvez, Kalia também estava relacionada com a fada.
— …Kalia.
Pensando em Kalia, Sheyman sentiu que sua testa franzida relaxou sozinha.
Não estava só aumentando. O fraco calor estava se espalhando mesmo em seus olhos frios.
Levantou sua mão delgada e a passou em seus lábios como se estivesse com calor.
“Nem sequer foi o meu primeiro beijo. Por que estou tão nervoso? É novidade para mim.”
Enquanto mordia os lábios, sorriu levemente e se lembrou de Kalia.
Os lábios dela estavam tão doces que Sheyman quase os mordeu sem perceber.
De fato, ele ousou apertar seus lábios e descaradamente se declarou sobre algo que não tinha coragem de soltar.
“Ao invés de te seduzir, tudo que precisa fazer é se apaixonar por mim….”
Sheyman tocou sua nuca com um rosto ligeiramente vermelho.
— Ahhh.
Por sorte, Kalia não o empurrou.
Teria respondido cuidadosamente, por que pensou que poderia ferir seus sentimentos para, em seguida, beijá-la sem permissão?
“Devo me desculpar?”
“Desculpar-se…? Por quê?”
Ao ouvir essa palavra, Sheyman riu sem perceber.
E mais uma vez, beijou sua bochecha e deu um passo para trás.
Então, o rosto vermelho de Kalia apareceu.
“Mas, você não acabou de dizer que me ama?”
“Sim, te amo, Kalia.”
“…Sheyman.”
Mostrou uma expressão que nunca havia visto antes, por isso ele ficou muito surpreso.
Que expressão era essa em Kalia, que o olhava sem compreender, com os lábios entreabertos e vermelhos?
Não escutou a resposta para sua confissão, mas não lhe importava.
De todo jeito, não queria ouvir a resposta de imediato.
Não era uma súplica desesperada para que aceitasse seu coração, e sim uma declaração de guerra para ver o quanto ele a cortejaria no futuro porque ele a amava tanto.
Logo, Kalia nem sequer pôde fazer contato visual com ele e olhou para outro lado com o rosto vermelho, mas mesmo essa reação era suficiente para Sheyman.
Durante a última década, mais ou menos, Kalia nunca havia percebido, mesmo se Sheyman tentasse a tratar como um homem trata uma mulher.
Longe de perceber, só inclinava a cabeça como se ouvisse um idioma estrangeiro e mostrava uma reação que deixava as pessoas sem forças…
“Kalia corada, hã? É tão linda.”
Sheyman, que sorria, não tinha o talento para se conter, então cobriu sua própria boca.
Tradução: Kaon.
Revisão: Michi.