Como esconder o filho do imperador - Capítulo 98
Astella correu na direção dos dois homens.
— Vossa Majestade!
Os servos e cavaleiros que guardavam a área também vieram correndo preocupados.
Os dois estavam deitados na grama seca.
Kaizen segurou o menino com os dois braços para que Theor não se machucasse.
Vendo o rosto surpreso de Astella, Kaizen levantou-se segurando Theor.
— Theor, tudo bem? Se machucou?
Theor estava com o rosto enterrado nos braços de Kaizen.
O imperador o olhou com uma expressão preocupada. E Theor levantou a cabeça quando Astella o tocou.
Seus olhos demonstraram surpresa, mas felizmente, ele não parecia ferido.
— Ah… eu não estou ferido.
Ele ficou aliviado ao ouvir a vozinha.
— Graças a Deus.
Astella olhou para Kaizen.
Kaizen que carregava Theor em um braço, tirou com a outra mão, as folhas secas de grama que havia grudado em seu corpo.
— Eu também estou bem.
Embora ele dissesse isso como se não tivesse muita importância, havia algumas feridas em seu corpo.
Algumas de suas roupas estavam rasgadas e havia sangue no cotovelo, e sua camisa estava molhada nos ombros.
Os dois cavalos que perderam seus donos estavam andando por aí.
Os servos pegaram os cavalos e os arrastaram de volta.
‘Foi por pouco…’
Foi por sorte que Kaizen conseguiu pegar Theor, e se Theor tivesse caído sozinho, poderia ter se ferido gravemente ou, na pior das hipóteses, perdido a vida.
— Theor parece estar em choque. Vamos voltar para o Palácio da Imperatriz.
* * *
No caminho de volta ao Palácio da Imperatriz, Theor estava nos braços de Kaizen.
E ao voltar ao Palácio, um médico foi chamado.
Depois de examinar Theor, o médico lhe disse que não tinha nada de errado com ele, mas devia descansar para que pudesse estabilizar o estado de choque depois do susto.
Astella levou Theor para seu quarto para lhe dar uma xícara de chá relaxante como remédio.
— Mãe, estou bem.
Felizmente, Theor recuperou sua energia quando voltou para seu quarto.
Theor olhou para Astella, que estava preocupada, e tentou tranquilizá-la.
— Estou feliz que você não se machucou.
Ela não conseguia acreditar que isso acontecia toda vez que ele saia com Kaizen.
Mas desta vez, isso parecia trivial em comparação com os incríveis incidentes já acontecidos antes.
Astella deu um pequeno suspiro. Theor olhou para ela.
— Mãe, está bem?
— Hein?
Theor balançou a cabeça e deixou cair o boneco que Hannah lhe dera.
— Sua Majestade se feriu por minha causa.
— Sua Majestade está bem. Ele não se machucou muito, então logo ficará melhor.
Felizmente, Kaizen também não se feriu gravemente.
Ele apenas rasgou a roupa e se machucou um pouco ao cair.
— Agradeça a Sua Majestade pessoalmente mais tarde.
— Está bem.
Theor perguntou novamente, um pouco preocupado.
— Eles não vão castigar o meu pônei, vão?
— Não, vou garantir que eles não o coloquem em apuros.
Astella o acalmou, acariciando a cabeça de Theor.
Quando essas coisas acontecem, os criados costumam matar o cavalo ou levá-lo embora, mas Astella não pretendia que eles fizessem isso com o animal.
‘Como defender um animal que não fala?’
Se isso acontecesse, o jovem coração de Theor poderia se machucar.
Astella acalmou Theor e partiu em busca de Kaizen.
O imperador estava sendo tratado por um médico em uma sala de visitas de Astella, e quando ela entrou, Kaizen mandou o médico e os servos para fora.
— Como está Theor?
— Ele está descansando. Está se sentindo melhor.
Kaizen deu um suspiro de alívio.
Novamente havia bandagens no seu braço e ombro.
Havia também uma faixa molhada com ervas medicinais nas costas de sua mão.
— Como está Vossa Majestade?
Kaizen estava deitado em uma espreguiçadeira.
— Estou bem… Está tudo bem.
Ele falou com calma, mas havia alguns arranhões em seu corpo. Felizmente, não houve ossos quebrados, mas ele parecia ter sido ferido aqui e ali ao cair no chão e ter rolado.
— Tem certeza que você está bem?
— Eu estou… Agh… bem.
Kaizen disse que estava tudo bem, mas toda vez que ele mexia o corpo, os gemidos saiam de sua garganta.
— Espera um minuto. Vou chamar de novo o médico.
— Eu não preciso de um médico.
Kaizen, disse recostando-se na cadeira, e olhando para Astella.
Ela, que normalmente tinha um olhar frio, tinha uma expressão preocupada em seu rosto. Kaizen ficou satisfeito com isso.
— Estou bem se puder ficar com você.
— Acho que já está bem se pode falar esse absurdo.
O rosto de Astella ficou frio novamente, mas, por outro lado, ela estava grata com ele.
Quando ela foi atacada na floresta Dentz, Kaizen foi ferido enquanto estava tentando protegê-la, e hoje ele se machucou novamente enquanto salvava Theor.
Embora ambas as vezes Kaizen fosse o motivo de ela e Theor terem corrido o risco de se ferir, ainda assim, ela estava grata.
— Vou fazer um chá de ervas.
Astella chamou a criada para lhe trazer água quente.
Ela colocou a erva em um bule e derramou a água fervente para fazer o chá.
Era um chá medicinal como o que acabara de dar a Theor. Tinha efeito para acalmar e limpar a mente.
— Obrigado.
Kaizen, que recebeu a xícara de chá, olhou para Astella e sorriu levemente.
— Obrigado por proteger Theor, Majestade.
— Não há razão para agradecer. É natural um pai proteger seu filho.
Kaizen disse como se fosse óbvio.
Ela estava grata por sua afeição por Theor e, por outro lado, era irônico.
— Mas se Vossa Majestade não tivesse colocado seu pequeno filho em um cavalo, não haveria a necessidade de protegê-lo.
Kaizen parecia um pouco triste, mas não podia refutar porque Astella tinha razão.
Ele apenas bebeu o chá em silêncio.
— Ouvi dizer que recebeu os esboços do vestido. Você gosta?
Após um momento de silêncio, Kaizen pousou a xícara vazia e falou novamente.
Ele então olhou para a reação de Astella.
Astella lembrou-se dos papeis que Velian deu a ela, a foto e os esboços do vestido que ela entregou para Hannah sem sequer olhar.
—Não há nada que eu não goste. Além disso, é apenas por um dia.
De repente, Astella lembrou-se do dia do seu casamento no passado. Naquela época, se dedicou muito para achar o vestido de noiva “ideal”.
‘Porque eu era ingênua naquela época.’
Ela pensou no melhor vestido para um futuro feliz.
— Mas eu quero que você goste, Astella.
Kaizen olhou para ela e falou baixinho.
— Se não gostar, chamarei as costureiras para fazerem um novo desenho. Quero que seja como você desejar…
Astella cortou as palavras afetuosas de uma só vez.
— Está bem. Pode deixar como está.
Kaizen parecia querer dizer outra coisa, mas quando viu a expressão de Astella, calou a boca e pegou a xícara de chá vazia.
No passado, ela ficou muito feliz em se preparar para o casamento. Mas agora não estava sendo divertido.
Porque ela sabia que não haveria um futuro feliz com Kaizen.
Lembrou-se do dia da cerimônia de casamento.
— Belas luzes.
Um Kaizen mais jovem veio à mente, segurando sua mão e olhando para ela com olhos curiosos.
No momento em que ela pegou sua mão e eles entraram no salão do casamento, a mão de Astella tremia por medo de errar.
Vendo seu nervosismo, Kaizen envolveu amorosamente a mão de Astella. Assim como ele fez quando estava aprendendo a andar a cavalo.
—Não fique nervosa, Astella.
‘Por que ele agiu de modo tão doce naquela época?’
Eles o estavam forçando a um casamento que não queria. Olhando para seu passado com Kaizen, ela viu que havia algumas memórias em que eles eram estranhamente afetuosos um com o outro.
Foi tão confuso a ponto de ela não saber qual dos Kaizens era real
*Toc Toc*
Bateram na porta da sala de visitas.
— Vossa Majestade?
Theor enfiou a cabeça pela porta.
—Theor, venha aqui.
O menino correu em direção a Kaizen.
— Majestade, não está mais ferido?
— Estou bem. Desde o início não me machuquei.
Kaizen disse a ele e sentou Theor em seu colo. O garoto olhou para as bandagens nos braços de Kaizen e disse.
— Obrigado por me salvar, Vossa Majestade.
Astella disse aos dois.
— Agora não há mais cavalos até que você aprenda a montá-los corretamente.
Theor assentiu, mas parecia um pouco desapontado.
Kaizen abraçou Theor.
— Bem. Então eu virei e te ensinarei todos os dias.
* * *
Alguns dias depois, Hannah pegou uma carruagem de manhã cedo e partiu, dirigiu-se à boutique de vestidos na capital.
Os preparativos para o casamento ainda estavam a todo vapor. Era o primeiro casamento nacional em seis anos, então havia muito o que preparar.
Ela ouviu que os servos do Palácio Imperial estavam se preparando constantemente para a cerimônia de casamento.
‘Precisamos estar perfeitamente preparados.’
Embora Astella não quisesse se casar, Hannah ainda queria que o segundo casamento de Astella transcorresse sem problemas.
Ela verificou o que tinha para preparar no Palácio da Imperatriz e parou na boutique.
Assim que chegou ao local, a funcionária deu um pulo de surpresa.
— Ah, seja bem-vinda.
Ela parecia muito surpresa porque, como ainda era muito cedo, não a tinham contactado com antecedência.
Hannah se desculpou.
— Sinto muito. Vim apenas observar o progresso do trabalho do vestido por um momento.
Na verdade, ela queria ver o que eles estavam fazendo.
Era cedo, então o figurinista chefe não estava lá. A funcionária levou Hannah para dentro da loja.
— O vestido da imperatriz está aqui.
Mais da metade do vestido já estava pronto. Ainda estava em andamento, mas o design e a decoração eram os mesmos do esboço do catálogo de vestidos.
— Boa parte já foi concluída.
Ainda não havia joias e enfeites de musselina, mas o bordado estava quase completo. Foi decorado com fios brancos misturados com pó de pérola e flores, bordado com fio de prata.
Havia enfeites bordados, desde a saia até o peito.
—Hum?
Hannah, que estava olhando atentamente para o vestido, parou por um momento.
Havia uma decoração estranha no cotovelo do vestido.
— Por que essa parte é diferente dos esboços?