Como esconder o filho do imperador - Capítulo 84
Kaizen subiu as escadas com sentimentos confusos.
Ele estava a caminho para contar a Astella sobre o Marquês e Theor.
Ao pensar em Astella, que sentia falta de seu filho sem saber de nada, seus passos se tornaram pesados.
Astella estava no escritório do segundo andar. Muitas vezes não havia nada para fazer, então ela passava intervalos de tempo lá.
Kaizen chegou ao escritório, hesitou por um momento, então abriu a porta e entrou.
Astella, que estava sentada perto da janela, virou-se e levantou-se.
— Majestade?
Astella parecia cansada. A pele branca era pálida e havia sombras ao redor dos olhos.
Era difícil para ela ficar ali? Ele disse para cuidassem bem dela para que não passasse por qualquer incômodo.
‘Talvez esteja preocupada com o filho.’
Sempre que Theor estava na frente de Astella, seus olhos verdes claros sempre irradiavam de carinho e amor por ele. Com Theor, Astella estava feliz.
Sempre que eles estavam juntos, havia uma felicidade pacífica. Mas agora, Astella parecia cansada, solitária e triste.
E Kaizen não estava feliz com isso. Ele queria fazê-la se sentir confortável, mas era como se trancá-la neste lugar a fizesse sofrer.
Ainda assim, Kaizen não conseguiu enviar o Astella de volta.
O palácio imperial já estava arrumando os preparativos do casamento.
Aconteça o que acontecesse, eles se casariam formalmente e ele levaria Astella ao Palácio Imperial.
— Eu tenho algo para te dizer…
Kaizen escolheu suas palavras por um momento, sua boca ainda tremendo ao ver Astella, que estava cansada.
Mas continuou firme em seu compromisso de nunca deixá-la escapar novamente.
O que ele estava prestes a dizer a surpreenderia.
— Majestade? O que está acontecendo?
Kaizen virou-se para Astella com um sentimento de impotência.
— É sobre o Marquês e Theor.
Astella instantaneamente empalideceu.
* * *
‘Por que voltou?’
Astella pensou que Kaizen havia saído, mas em vez disso ele entrou no escritório.
Ao ver Kaizen, ela desviou o olhar da janela e se levantou.
Até aquele momento, Astella pensava que ele iria tentar continuar a conversa que haviam tido pela manhã.
A conversa estranha foi interrompida pela aparição de Lyndon.
Esse pensamento estranho foi quebrado no momento em que ele disse que algo aconteceu com Theor e seu avô.
— O que está acontecendo?
Kaizen parecia um pouco hesitante. Astella percebeu que algo ruim havia acontecido.
— Parece que houve um ataque antes que meus cavaleiros chegassem. O Marquês ficou ferido.
— Uma ataque?
O que mais a preocupava aconteceu. Suas pernas estavam fracas, e Astella sentiu que estava caindo.
Kaizen rapidamente se aproximou e apoiou Astella. Ele segurou Astella pelo ombro e a confortou.
— Astella, está tudo bem. O Marquês está seguro.
— Quão ferido ele está?
— Não foi muito sério. Poderá se recuperar rapidamente.
Um suspiro de alívio veio do fundo de seu coração.
— Felizmente, ele está seguro.
Ela havia imaginado consequências terríveis quando soube que seu avô estava ferido.
Aliviada, Astella levantou a cabeça e olhou para Kaizen.
— E o Theor?
— …
Desta vez, a resposta não veio facilmente.
— Vossa Majestade, Theor está seguro?
Quando Astella pediu uma resposta, Kaizen hesitou e confessou com cuidado.
— Acho que seu pai sequestrou Theor.
— Como ?
À menção de seu pai, Astella congelou.
‘Ele sequestrou Theor?’
— Os servos do duque estavam por perto quando isso aconteceu. Mandei Lyndon averiguar agora mesmo, então não se preocupe muito.
Astella entendeu a situação apenas com essas palavras.
Seu pai, o Duque de Reston, queria que Astella voltasse a ser a Imperatriz. Mas como Astella não o ouviu, ele decidiu sequestrar Theor.
O comportamento frio e egoísta de seu pai provocou sua raiva, ele estava levando a criança como refém para ameaçá-la.
Por outro lado, ela estava com medo. Se seu pai levou Theor, descobriria que seus olhos são vermelhos.
Seu pai, que era inteligente, entenderia rapidamente a situação e descobriria que Theor era um príncipe.
Astella perguntou novamente, escondendo sua mente ansiosa.
— Tem certeza que foi meu pai…? Talvez tenha sido outra pessoa…
— Por que outra pessoa levaria Theor?
— Alguém que guarde rancor de mim…
Em vez de apontar diretamente para a esposa do Marquês e Florin, Astella apenas disse ‘guarde rancor de mim’.
Apenas dizendo isso, Kaizen entendeu de quem ela estava falando.
— Não há como a Sra. Croychen machucar uma criança, mesmo que eu tenha declarado que farei de você a Imperatriz. Não importa o rancor que tenha, o Marquês Croychen não ficaria de braços cruzados para permitir que ela fizesse tal coisa.
Astella ficou em silêncio. Kaizen estava certo. A menos que fosse revelado que Theor era filho do imperador, não tinham muitas pessoas que iriam querer sequestrá-lo.
Kaizen disse suavemente, tranquilizando Astella.
— Não se preocupe muito. Tenho certeza que seu pai não levou Theor para machucá-lo.
Kaizen queria dizer que Theor estaria seguro com o duque, mas Astella não podia estar tão tranquila.
‘Sim, mas se ele ver os olhos de Theor…’
Isso era do que ela realmente tinha medo.
Astella estremeceu de surpresa, mas tinha uma pequena esperança. O Duque de Reston não era a única pessoa que tinha homens.
Também haviam os homens de seu irmão, Fritz.
Essas pessoas, que seguiam ao o seu irmão podiam se encontrar com os homens do duque. Talvez seu avô tenha ficado ferido porque não pode escapar, e os homens de Fritz levaram Theor para um lugar seguro.
‘Se Fritz estiver com Theor, também notará a cor dos seus olhos.’
Ainda assim, não seria tão mal. Ao menos ela poderia tentar persuadi-lo.
— Vossa Majestade, posso ir ver meu avô?
— Não se preocupe. Me disseram que o trariam para a capital assim que sua condição se estabilizasse.
— Obrigada, Majestade.
O irmão Fritz era a sua única esperança, mas ela não podia estar certa do que aconteceu. Astella virou para a janela, que refletia seu rosto preocupado.
Kaizen, refletido na janela, levantou a mão até Astella.
Astella se virou para ele, nesse momento, o dedo de Kaizen tocou sua orelha.
Kaizen tranquilizou Astella acomodando um fio do cabelo loiro que caía sobre seu rosto.
— Definitivamente trarei Theor de volta, não se preocupe.
Cada vez que ele falava com essa voz calorosa, e ela soava em seus ouvidos, Astella sentia que esse Kaizen não lhe era familiar, era um estranho.
Geralmente, cada vez que ele agia assim, com tanto carinho, Astella se perguntava se realmente conhecia Kaizen.
No passado, Kaizen sempre foi assim, interpretando o papel de um noivo cortês. Cada vez que fingia ser gentil com Astella, tinha uma amabilidade planejada, mas inclusive assim sempre mantinha uma certa distância.
‘Não me dei conta naquela época.’
Agora Kaizen era verdadeiramente amigável e amável. Não tinha palavras falsas em nenhum lugar.
‘É porque está sendo sincero de todo o coração?’
Ainda que seu coração se sentia inevitavelmente tranquilo diante da atitude amistosa de Kaizen, sua mente relaxada se congelava cada vez que as velhas lembranças surgiam.
E agora, ela estava furiosa ao pensar que tudo isso foi porque esse homem fez algo imprudente.
Astella deu um passo para trás e escapou da sua proximidade.
— Obrigada por seu consolo, Vossa Majestade.
Os olhos pesados de Kaizen seguiram Astella. Ele suspirou.
— Entrarei em contato se surgir algo novo, avise se precisar de algo.
Astella inclinou sua cintura de maneira perfeita para mostrar sua cortesia.
Um olhar triste passou pelo rosto de Kaizen e desapareceu.
Quando ela levantou a cabeça, pode ver as costas de Kaizen atravessando a porta.
Depois que a porta se fechou, Astella sacudiu a ansiedade e virou para a janela, onde a vista da capital se escondia na escuridão.
Agora, não tinha outra opção além de rezar do fundo do seu coração que Theor estivesse a salvo.
* * *
Theor acordou de seu sonho com um som de um cavalo.
‘Onde estou?’
Quando abriu lentamente os olhos, pôde ver uma cena estranha. Tinha um teto sem padrão e janelas um pouco distantes.
Ainda que tenha ficado quieto, seu corpo tremeu e sacudiu sem parar. Não podia sequer saber onde estava.
Lentamente piscou, e então Theor se deu conta que estava em uma carruagem puxada por cavalos.
O céu azul e os ramos das árvores passavam rapidamente pela janela na parte superior do teto.
— O menino está consciente.
Surpreso pela voz estranha, ele virou a cabeça. Pela primeira vez, viu os homens sentados, um ao lado do outro.
— Acordou?
Theor olhou para os dois homens, assustado. Ambos eram estranhos com idade semelhante a do Imperador, mas, diferente do Imperador, pareciam ferozes e maldosos.
‘Quem são essas pessoas? Por que estou aqui?’
Theor olhou ao redor e não encontrou seu avô. Só havia dois homens estranhos na estreita carruagem.
— Vovô…
O outro homem, que estava quieto, cuspiu.
— O marquês não está aqui.
Theor, que estava confuso, lembrou do que aconteceu na noite anterior assim que escutou a voz raivosa.
Ontem a noite, alguém abriu a porta do armário onde Theor estava se escondendo. Era esse homem, com um pano negro cobrindo o rosto.
O homem puxou Theor.
— Não!
Theor gritou. Então escutou a voz do outro homem.
— Cuida do menino.
O homem que segurava Theor tapou sua boca com um pano. A mente de Theor ficou nublada diante de um cheiro estranho.
E a lembrança acabou aí.