Como esconder o filho do imperador - Capítulo 83
Uma pequena carruagem corria pelo caminho da floresta.
Theor segurou a cortina que cobria a janela de vidro em suas mãos.
Um pequeno espaço entre as cortinas mostrava um céu azul e um campo de
trigo.
Cinco dias se passaram desde que ele deixou a capital. Theor estava voltando para casa com seu avô. A volta para casa em uma pequena carruagem foi divertida.
Quando ele foi para a capital, ele estava em uma grande carruagem e dormiu em um castelo enorme, mas desta vez ele foi para uma pequena cidade e dormiu em uma pequena hospedaria.
E às vezes, ele tinha que descer e mudar para outra carruagem enquanto viajavam. Theor observava o pomar e acariciava o pelo de seu ursinho de pelúcia.
Theor perguntou, olhando para o avô, enquanto caminhavam pela borda do rio.
─ Vovô, quando a mamãe vem?
O avô, que carregava a bagagem, sorriu para Theor e respondeu.
─ Se formos para casa primeiro, ela estará lá em breve.
Theor acreditou.
Antes de sair, sua mãe lhe disse a mesma coisa.
Se ele for para casa com o vovô, a mãe o seguirá.
Theor, pensando na mansão na capital, olhou para o avô.
─ Panqueca virá conosco, certo? E Hannah também?
─ Claro.
Ele estava feliz por Panqueca e Hannah estarem com eles também. Desde que deixou a mansão, Theor sempre falava sobre o cão.
E ele sentia falta de Hannah, que lhe dava biscoitos doces com um sorriso gentil.
Claro, a pessoa de quem ele mais sentia falta era a sua mãe.
Depois de deixar a mansão, ele sentia falta de sua mãe todos os dias e noites.
— Vá para casa, com o seu avô, mamãe vai alcançá-lo em breve.
Antes de deixar a mansão, a voz de sua mãe foi a última coisa que ouviu.
Theor sentia falta da mãe, mas se conteve para não chorar.
Ela estaria de volta quando ele chegasse em casa. Ele foi capaz de suportar porque seu avô cuidou dele com carinho.
Os dois chegaram a uma pequena cidade ao entardecer.
O avô entrou em um prédio na entrada da cidade. Era um grande prédio de dois andares com luzes brilhantes.
─ Vovô, onde estamos?
─ É uma pousada. Nós vamos ficar aqui esta noite.
Theor sabia o que era uma pousada. Quando saíram da capital e voltavam para casa, os dois dormiam em hospedarias em todos os lugares que paravam.
Lá dentro, havia um barulho alto e um cheiro de comida saborosa.
O avô pegou a chave que a recepcionista lhe deu, pegou a mão de Theor e subiu para o quarto no segundo andar.
Dentro do quarto quadrado havia uma pequena cama, um guarda-roupa e cadeiras.
Theor e seu avô pediram uma refeição simples de pão branco, vegetais cozidos, carne e sopa. Não se comparava a um jantar no castelo ou na mansão, mas mesmo assim Theor gostou.
Depois do jantar, o vovô deu banho em Theor e o colocou na cama.
Assim que se deitou na cama, ele sentiu sono. Theor abraçou Levin, o ursinho de pelúcia, e adormeceu sob um cobertor fofo.
No fundo de sua consciência, ele ouviu a voz de seu avô.
─ Tenho que colocar o remédio, a hora já passou.
Sonolento, Theor ouviu o avô pegar o remédio.
Toda noite, sua mãe costumava pingar um remédio em seus olhos.
Desta vez, Theor enfiou a cara no travesseiro e manteve os olhos fechados.
─ Theor…
A voz do avô acordou Theor.
Antes que ele pudesse abrir os olhos, seu corpo foi levantado.
Levin, em seus braços, caiu no chão.
Theor rapidamente levantou a mão e a estendeu em direção ao chão.
─ Ahh… Levin…
Vovô pegou o ursinho e deu para Theor.
Então, segurando Theor nos braços, ele abriu a porta do armário e o colocou dentro do móvel.
─ Theor, fique em silêncio.
Com essa frase, a porta se fechou.
Quando voltou a si, ele se deparou com um armário escuro. Theor sentou-se sobre uma pilha de mantas. Uma luz fraca penetrava pela fresta da porta.
‘O que aconteceu?’
Ele esfregou os olhos sonolentos e olhou para fora da porta.
A luz da vela ainda estava na sala. Ele não podia ver onde seu avô estava.
Quando Theor olhou pela abertura da porta com olhos turvos, o silêncio no quarto foi quebrado em um instante.
─ Agh!
Um grito estranho foi ouvido.
Começando com o grito, houve uma perturbação sinistra na sala. Isso foi assustador, som de móveis sendo golpeados.
Um quase grito.
Até mesmo um som misterioso que parecia cortar alguma coisa.
O jovem Theor não conseguia entender essa situação.
‘O que está acontecendo aqui?’
Por que outras pessoas entraram na sala? Onde estava o vovô?
Ele podia ver as pessoas se movendo no escuro.
Ele olhou pela fresta, mas não conseguia entender o que estava acontecendo. Só podia imaginar que as pessoas estavam brigando.
Nesse momento, algo caiu debaixo da fenda do armário onde se encontrava Theor, e o armário tremeu muito.
─ Ah…
Theor se surpreendeu e fechou a boca para não gritar.
O barulho da desordem na sala desapareceu imediatamente.
Foi quando Theor ficou confuso com o súbito silêncio…
*Creak*
…A porta do armário se abriu imediatamente.
* * *
─ Olá, Conde.
O ministro do Interior de meia-idade caminhou até Velian.
Ele colocou as mãos sobre a mesa.
Velian conseguiu manter a testa franzida. Estava sentado em sua mesa o dia todo, fingindo se concentrar em seu trabalho.
— O que aconteceu…?
─ Que diabos é isso?
O Ministro do Interior balançou um documento na frente do nariz de Velian.
─ Até onde eu sei, é um plano para ampliar o palácio da Imperatriz.
─ Então, quem é a pessoa que fez isso?
Velian resistiu a suspirar.
‘Claro que eu fiz isso. Quem mais poderia fazer isso?’
Ele quis dizer isso, mas se conteve.
Velian repetiu novamente o que havia dito mais de cem vezes no passado e nos últimos dias como um papagaio.
─ São ordens de Sua Majestade.
Com essas palavras, o Ministro do Interior fechou a boca, com os olhos desapontados.
‘É compreensível que você discorde.’
Velian vinha sofrendo assédio do ministro há vários dias. A ordem do Imperador de converter a filha da Família Reston em Imperatriz novamente chocou toda a nobreza da capital.
Claro, Astella tinha uma linhagem boa o suficiente para ser a Imperatriz.
O problema era que ela tinha um filho. Um filho ilegítimo cujo pai eles nem conheciam.
‘Foi chocante.’
Velian estalou a língua, lembrando-se do rosto de Astella, uma pessoa recatada e elegante.
Ele nunca pensaria que essa criança seria filho de Astella.
‘Quem diabos é o pai?’
Na verdade, assim que Velian soube que Astella era a mãe biológica do menino, ele se perguntou se Theor era filho do imperador.
Devido à personalidade de Astella, era inconcebível que ela tivesse tido outro homem após o divórcio.
‘Mas se ele fosse filho de Sua Majestade, não poderia explicar a cor de seu olhos.’
Nenhum dos primeiros imperadores, nem a Imperatriz viúva, ou mesmo ou Sua Majestade o Imperador anterior, tinha olhos azuis.
‘Não, mas o rosto dele é um pouco parecido.’
Ao olhar para ele, parecia que era semelhante ao rosto de Sua Majestade.
No entanto, se o menino fosse filho de Sua Majestade, não se poderia explicar o porquê dos olhos azuis.
‘Mas e se for o filho de Sua Majestade?’
Se aquela criança fosse um príncipe, Astella não a teria escondido.
─ Como isso aconteceu? O que ela fez? Deve ter enfeitiçado Sua Majestade!
O Ministro do Interior expressou sua raiva para Velian por nada.
Velian não ficou muito impressionado. Não apenas os ministros, mas também aristocratas de classe baixa o tinham assediado nos últimos dias.
Suas queixas eram uma só.
Eles não podiam concordar com a decisão do imperador de converter em Imperatriz a uma mulher, que embora seja de alto status, deu à luz a um filho ilegítimo.
Era algo com que todos concordavam.
Além disso, seu pai, o duque de Reston, perdeu poder enquanto lutava contra o imperador. Não importava se ela já foi a imperatriz antes.
Velian também queria impedir esse casamento. Mas agora, o imperador não ouvia os argumentos de ninguém.
─ Como eu me atreveria desobedecer a vontade de Sua Majestade? Se puder, faça-o você mesmo, meu lorde.
Velian também tentou parar o Imperador, mas falhou repetidamente e foi rejeitado.
─ De qualquer forma, é uma ordem do Imperador. Se tiver alguma reclamação, por favor, fale diretamente com Sua Majestade.
─ …Entendo.
O Ministro do Interior não pôde dizer mais nada.
Foi o imperador que pôs fim à longa guerra civil e expulsou os nobres corruptos. Ninguém poderia contradizer a vontade dele sobre esse assunto. Eles não se atreveriam a se opor contra o imperador.
Velian suspirou e voltou ao trabalho.
─ O palácio onde a Imperatriz viverá será expandido antes do casamento nacional.