A Relação simbiótica entre uma lebre e uma pantera negra - Capítulo 141
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- Capítulo 141 - História Extra 1
Dois anos já tinham se passado desde que Ahin e Vivi tinham se reencontrado. Enquanto isso, Shu e Bion eram amados por todas as pessoas da mansão Grace.
“Quem foi?? Quem roubou o bolo de cenoura da festa?”
“O que houve com minha espada de madeira? Por que tem marcas de dentes nela?”
“Céus! Minha camisa virou farrapos!”
“Shu!! Bion!!”
Estava claro que eles eram adorados por todos. No entanto, com o passar do tempo, surgiu um grande desafio para os dois: sua auto-identidade.
<Shu, Bion. Agora que estão maiorzinhos, há algo que precisam saber.>
Barra teve dificuldade em encontrar as palavras certas.
<Na verdade, vocês dois não são coelhos.>
Eles não podiam acreditar que não eram dessa raça. Para eles, que tinham vivido pensando serem coelhos por toda a sua vida, foi como serem atingidos por uma raio.
Eles saltavam em torno de Vivi e sua comida preferida era feno. Eles sempre acreditaram que suas orelhas redondas iriam crescer e ficar tão longas quanto as de Vivi um dia.
<Céus…>
Tarde da noite, Bion, que estava andando em círculos para acalmar sua mente agitada, suspirou pesadamente.
<Bem que eu achei que tinha algo estranho. Nossos pais não se pareciam com a gente.>
<Não é isso. Desde o começo nós éramos diferentes de Vivi e iguais aos nossos pais.>
Shu, que tinha se acalmado, estava parada na frente do espelho de corpo inteiro do corredor.
Orelhas redondas, cauda longa, caninos afiados. Imaginando o pelo branco de Vivi e sobrepondo a imagem dela com a de si mesma, Shu sacudiu a cabeça, como que para quebrar uma lavagem cerebral.
<Não, Bion. Não importa o que digam, nós definitivamente somos coelhos. Só somos um pouco grandes.>
<Mentira. Onde existem coelhos tão gigantes como nós?!>
Bion choramingou, se afastando de seu reflexo no espelho. Até a aparência de sua pata dianteira era completamente diferente da de Vivi.
<Os humanos nos enganaram! Eles sempre disseram que nós éramos “os coelhos bebês de Ash e Barra”…!!>
<Bion…>
<Irmã, não podemos mais ser amigos de Vivi, não é? Teremos que nos separar dela?>
Shu deu uma patada em Bion.
<Acorda, já te falei, somos só coelhos com patas grandes. E mesmo que fossemos de raças diferentes, Vivi não nos abandonaria por isso.>
<Mas o bicho que eu conheci na floresta fronteiriça me falou que coelhos e panteras negras não podiam viver juntos!>
<Que bicho foi esse?>
<Um feio, preto e pequeno…>
<E você vai acreditar nele?>
Os olhos de Shu tremeram um pouco. Bion, ficando mais ansioso pela reação de sua irmã, começou a chorar.
<O que fazemos agora? Estou tão triste…>
<Vamos parar de chorar e ir para o quarto da Vivi. Ela vai arrumar uma maneira de transformar panteras negras em coelhos.>
No entanto, ao chegar na frente do quarto de Vivi (que, para alguns, era conhecido como o quarto de Ahin), os dois pararam.
Assim que as caudas de Shu e Bion se ergueram por um pressentimento felino, um grito veio de dentro do quarto. A porta se abriu de supetão e Vivi, usando uma camisola, saiu correndo.
Como era esperado de alguém do clã das lebres, sua velocidade ao descer as escadas era impressionante. Seu cabelo passou voando, deixando a ilusão de ótica de um raio branco para trás.
“Vivi!”
Então, Ahin, segurando uma capa para Vivi, saiu correndo atrás dela. Enquanto ela estava de camisola, ele estava completamente vestido, parecendo que tinha acabado de voltar do trabalho.
Bion, que, devido à confusão, esqueceu que estava chorando antes, perguntou.
<Irmã. Eles estão brigando de novo? Não parece que dessa vez foi sério?>
A explicação era clara – Ahin devia ter sido um subordinado desobediente. Era um absurdo.
A razão pela qual ele tinha o direito de ficar perto de Vivi todos os dias era justamente por ser seu subordinado direto, mas, ainda assim, ele não conseguia nem mesmo obedecer direito.
Shu e Bion, criticando Ahin duramente, se entreolharam. Caso eles se livrassem dele e conseguissem pegar o posto de subordinados diretos para si mesmos, não precisariam se separar de Vivi nunca mais.
Os dois filhotes de pantera negra, chegando a um acordo, sorriram de modo tenebroso no corredor escuro.
Flap.
Enquanto isso, Quinn, que estava olhando tudo empoleirado em uma árvore, franziu a testa perante os movimentos inesperados.
Era estranho que os dois filhotes de pantera estivessem rindo malignamente enquanto olhavam na direção pela qual Vivi e Ahin tinham desaparecido.
O que eles estariam tramando? Ele tentou compreender, mas, infelizmente, era impossível para uma águia decifrar a linguagem das panteras negras.
***
Fazia um ano desde que eu tinha me reencontrado com Ahin. Durante esse meio-tempo, eu me tornei uma mulher-besta melhor.
Consegui manter minha posição de estudante número um da Academia e consegui ser a primeira lebre a ser eleita como presidente do conselho estudantil.
Todas essas conquistas foram fruto do meu próprio trabalho, pois consegui ocultar completamente minha relação com a família Grace.
O inverno estava chegando e as folhas já caíam das árvores. A cerimônia de formatura da Academia se aproximava.
“Senhorita Coelha, vamos entrar no gabinete agora. Por favor, não se mexa.”
Escutei Evelyn cochichar.
“Se não, o Lorde Ahin pode ser capaz de detectar sua presença. Ele tem habilidades sobrehumanas.”
Eu estava preparada. Fiz um círculo com as patas dianteiras e me escondi dentro do colete de Evelyn, em minha forma de lebre.
Assim que a porta se abriu, prendi a respiração. Pude escutar Ahin entrando e se sentando em sua mesa, tranquilamente.
Eu tinha me infiltrado no gabinete com sucesso. Meus olhos cintilaram.
A razão disso tudo era compreender a mente de Ahin. Ele tinha, estranhamente, mudado e se tornado frio. Não tinha acontecido nada em particular, mas eu pude sentir o fato de que ele estava se afastando de mim.
Era como uma sensação de que tinha algo diferente. No início, pensei que era minha imaginação, mas havia uma prova na questão das jornadas.
Já que eu ainda estava morando no dormitório da Academia, Ahin costumava parar de trabalhar cedo nos dias em que eu ia passar a noite na mansão, trazendo os documentos para o quarto.
Mas, ultimamente, ele estava trabalhando até de madrugada. O tempo que estávamos passando juntos durante minhas visitas só diminuía, porque, inclusive de manhã, ele dizia estar ocupado.
Quando conversávamos, ele respondia normalmente, mas, por alguma razão, o número de vezes que ele me tocava tinha diminuído gradualmente.
No entanto, eram mudanças tão sutis que ninguém ao redor tinha percebido, e, portanto, era possível dizer que era só minha imaginação. Quando eu perguntava se algo tinha acontecido, Ahin dizia que não e isso era tudo.
No entanto, eu tinha uma sensação de perda, como se meu peito estivesse apertado. Enquanto eu falava, os olhos de Ahin passavam por mim, sem se fixar, e, na hora de dormir, ele aumentava a distância automaticamente se a minha mão encostava na dele.
A mudança tinha se tornado ainda mais evidente desde que comecei a ficar na mansão Grace em definitivo, já que somente restava a cerimônia de formatura para encerrar meus estudos na Academia.
Na noite passada, eu estava exausta, mas esperei Ahin parar de trabalhar acordada, com os olhos vidrados. Já era quase madrugada quando escutei passos entrando no quarto.
“Ahin, por que você tem estado me evitando esses dias?!”
Joguei a pergunta que tinha engolido todo esse tempo. Mas não consegui escutar uma resposta sincera. Pensei que Ahin iria mentir ou inventar uma desculpa, mas ele não falou nada.
“Por que não me responde?!”
O silêncio inesperado me deixou tensa, como se estivesse pisando em gelo fino. Era perturbador.
Incapaz de suportar mais, eu sai correndo do quarto, impulsivamente. Como uma jovem rebelde que foge de casa, decidi ficar longe dele por um tempo, já que queria tanto assim me evitar.
E essa foi a confusão que tinha acontecido na noite anterior.
<Não consigo respirar direito aqui dentro.>
Enquanto me remexia, frustrada, Evelyn me tocou pelo lado de fora do colete.
“Senhorita Coelha, isso faz cócegas. Por favor, fique parada.”
Por hoje, eu era obrigada a cooperar. Mas por que tinha que entrar dentro das roupas dele? Podia sentir os abdominais de Evelyn (que eram inesperadamente sólidos) através de sua camisa enquanto eu era amassada ali. Quanto tentei me reposicionar, meus bigodes deslizaram pela barriga de Evelyn, que se congelou.
“Ah…Hahaha!”
Eventualmente, incapaz de suportar as cócegas, Evelyn começou a rir.
<E agora!? Fui descoberta…?>
Nervosa, apurei os ouvidos, tapando a boca com as patas.
Mas ninguém questionou a risada de Evelyn. Parecia que nenhum dos assistentes ou Ahin estava surpreso por ele começar a rir sozinho, do nada.
Pela primeira vez na vida, agradeci a Evelyn por ter uma personalidade assim, e esperei, prendendo o fôlego.
Quanto tempo tinha se passado? Evelyn, após trabalhar um pouco, deu um tapinha em mim. Era um sinal de que ele iria falar com Ahin.
“Lorde Ahin.”
Sua voz ressoou no gabinete.
“A mansão ficou barulhenta hoje de manhã.”
“É porque Vivi fugiu de casa e foi morar no quarto de minha mãe.”
Fiquei frustrada por não poder ver a expressão de Ahin enquanto falava isso.
“…Sim. Posso perguntar o que o Lorde fez para provocar a ira da General Coelha? Os céus estão raivosos, e creio que cairão raios e trovões em breve.”
Com raiva dos exageros desnecessários, chutei a barriga de Evelyn com a pata traseira.
<Só fale o que precisa falar e nada mais!>
“Evelyn, o que tem de errado com você?”
Ao ouvir a pergunta de Ahin, arregalei os olhos.
“Ah, perdão… Estou com dor de estômago… Como é possível que mesmo alguém tão lindo como eu fique enfermo…?”
“Os raios e trovões cairão porque você não para de falar besteira.”
Felizmente, a resposta de Evelyn parecia ter apagado as suspeitas dele. Evelyn suspirou de alívio.
“Evelyn.”
“Sim?”
“Levante da cadeira.”
A ordem de Ahin, do nada, fez com que nós dois nos petrificássemos. Se ele se levantasse agora, eu seria descoberta dentro das roupas de Evelyn.
Badum. Badum.
Não sabia se essa batida de coração pertencia a mim ou a Evelyn. Ele, que raramente gaguejava, falou com dificuldade.
“P-por que pede isso, meu Lorde?”
“Você está muito calado hoje. Isso é suspeito.”
O quanto ele falava normalmente?! Nervosa, me estremeci. Ainda não tinha conseguido descobrir a causa das atitudes estranhas de Ahin.
Não houve um dia no qual eu fiquei mais irritada pela perspicácia extraordinária de Ahin do que hoje.
Eventualmente, Evelyn, sem encontrar outra opção, se levantou devagar da cadeira.
Tradução: Nopa.
Revisão: Holic.
Geovane
Kkkkkkk eles achavam que eram coelhos kkkkkkk
Lucien
Os filhotes achando ser coelhos kkkkkkkk
Xicalina
Muitoo fofooos kkkkk