Não é seu filho - Capítulo 53
Comparado a anteriormente, ele estava normal agora, mas ainda não era o mesmo de antes.
O antigo Sheyman era mais humano do que era agora. Esses dias, Sheyman estava sempre sorrindo. Mas Derek não achava que ele tinha nenhuma alegria ou tristeza.
Estranhamente, apesar da fria expressão pintada em seu rosto, Derek não podia deixar de pensar que às vezes havia lágrimas em seus olhos. Mesmo que fosse verdade, Derek não imaginava o porquê. Ele não ousava pensar mais do que isso, seria ridicularizado se os outros ouvissem seus pensamentos.
Os olhos de Derek estavam nos espíritos pendurados em Sheyman enquanto ele subia as escadas inexpressivo. Ele parecia mais humano hoje por causa dos espíritos pequenos e fofos.
— Ah, mas acho que tem um faltando?
Havia 4 espíritos elementais, mas por que ele só via três?
— Ela se distraiu um pouco, mas iremos perto de onde ela está, e ela voltará para mim sozinha.
Ao lado do portal de teletransporte, Sheyman se lembrou da toupeira de olhos pretos com um leve sorriso. No instante seguinte, uma luz brilhou, envolvendo seus corpos e eles sumiram em um instante.
***
[Kyuu?]
Kalia olhou para a toupeira que subiu ao solo. Dois adoráveis olhos pretos olharam para ela inocentemente.
— Uma toupeira?
Para ser precisa, um espírito da terra.
Humana e espírito olharam curiosamente uma à outra, uma olhou para cima e a outra, para baixo. Ela podia sentir seu fraco poder emanando do corpo espírito, enquanto esta ficava em suas patas traseiras para olhar a Kalia.
— Vendo você aqui fora, eu não acho que seja um espírito da Floresta… Certo?
Às palavras de Kalia, a toupeira inclinou a cabeça e concordou. Atrás da cabeça da toupeira estava a vista da Floresta queimada.
Ela tinha acabado de ouvir que a Floresta queimou por um tempo, tarde da noite de ontem. Preocupada, Kalia parou perto das árvores por um momento, em seu tempo livre sem Hemming e Allen.
Por sorte, o fogo da Floresta não parecia ter se espalhado muito. Como era perto da aldeia, os aldeões se juntaram rapidamente e trabalharam para apagar o fogo juntos. Ele foi extinto em pouco tempo. Ainda assim, ela se sentiu mal ao ver a linda Floresta das Fadas ficar queimada.
‘Ela está bem?’
Gaia e seu radiante sorriso vieram à mente.
E naquela noite… A imagem do Rei saindo porque havia intrusos.
‘…Isto é obra daquele intruso, não é?’
Era difícil um desastre natural acontecer na Floresta, um lugar repleto de poder e de energia da natureza deste mundo.
Energia da natureza.
O fato de o fogo ter se espalhado, indicava alta possibilidade de ser um fogo artificial. Kalia queria entrar na Floresta, mas decidiu contra isso.
Ocorreu-lhe o quão chateados Allen e Hemming ficariam se descobrissem que ela esgueirou-se até a Floresta das Fadas enquanto eles não estavam. Ela não queria causar preocupações desnecessárias, porque entendia os sentimentos daqueles dois, que genuinamente prezavam por Kalia. Sentia muito por toda a ansiedade que causara até então, especialmente quando se lembrava dos temores do homem que a abraçou noite passada e da Hemming engolindo seu medo, segurando sua respiração ansiosa na floresta. Ainda assim, quando pensou na inacreditável confiança nos olhos de Gaia, enquanto segurava sua mão, não podia deixar sua inquietação.
[Kyuu? Kyuuuu?]
Talvez fosse estranho que ela ficasse parada no lugar, encarando fixamente a floresta queimada, mas a toupeira aproveitou a oportunidade para subir em seu corpo. Pulando em seu ombro, a pequena toupeira se virou para olhar os olhos de Kalia e encostou em sua bochecha com sua patinha, do tamanho de uma unha.
[Kyuu?]
A toupeira, inclinando a cabeça, era tão fofa, que ela não conseguiu evitar de acariciar sua pequena e redonda cabeça.
— Só estou um pouco preocupada.
[Kyuuu… Kyu!]
Talvez ela entendesse o que Kalia estava falando, mas a toupeira pulou, correu para a floresta, cavou o chão e desapareceu no buraco. Kalia permaneceu imóvel, olhando na direção em que a toupeira desapareceu.
10 minutos depois.
A floresta ficou meio barulhenta. A calma floresta começou a vir à vida, com a harmonia das folhas balançando ao vento surgindo. Logo, ela podia ver bolas de luzes brilhantes se aproximando, à distância, de dentro da floresta.
…Estão curiosos sobre nós?
[…Oh, ali está ela.]
[Você está bem?]
[Veja isso, a pulseira do espírito ancião!]
[Eu conheço essa pessoa! Ela estava com o Rei!]
[Oh! Eu vi também! A vi com Gaia!]
Vários espíritos aglomeraram-se na beira da floresta e se juntaram, cochichando um com os outros, enquanto olhavam Kalia. Alguns até acenaram para ela como se se lembrassem dela.
Enquanto isso, a toupeira voltava. Saindo do buraco no chão, ela correu e olhou para Kalia, olhos brilhantes. Como se ela dissesse: “fiz um bom trabalho, certo?”
‘Esses olhos reluzentes são tão fofos.’
Pensou Kalia, ao se abaixar para pegar a toupeira.
— Você os chamou?
[Kyuu!]
Colocando-a em seu ombro, Kalia acariciou sua cabeça antes de voltar sua atenção às fadas ao redor. Dezenas ou até centenas de espíritos e fadas se juntaram, mas ela não estava em lugar algum.
Será que algo aconteceu?
Analisando a multidão de fadas, Kalia tentou chamar seu nome, mas não obteve resposta.
Ela decidiu perguntar para a multidão.
— Vocês estão bem? O fogo…
[Estamos bem! Não me machuquei!]
[Sim, nosso Rei nos levou para a parte mais interna da floresta.]
Na hora do fogo, o Rei das Fadas e Espíritos da Floresta atravessou a fronteira do Reino das Fadas.
Kalia sorriu levemente e continuou.
— Alguma chance de ela estar aqui?
[O que quer dizer? Ela]
[…Ela, talvez esteja falando da — a filha do Rei!]
[Oh! Ela!]
— Sim, é dela que estou falando!
[Ela não veio com a gente! Ainda está dentro da floresta. Ela é fraca por natureza, então é difícil para ela manter uma forma corpórea por muito tempo! ]
[Ela disse: “Preciso recuperar minhas forças! Por isso estou hibernando agora! Eu irei se me chamar!]
Ouvindo as fadas conversando, Kalia ficou aliviada. Não parecia que nada ocorrera com ela. Pelo que ouviu, parece que a primeira vez que se encontraram foi no aniversário de Gaia. Talvez seja por isso que seu pai foi visitá-la ontem. Ela se perguntou o que o Rei das Fadas fazia em uma floresta tão pequena. Algumas dúvidas foram esclarecidas.
[Você está com saudades dela? Ela virá se esperar. Porque aqui é onde ela nasceu!]
— Onde ela nasceu?
[Aham, uma árvore bem, bem velha me disse. Esta era a floresta favorita dela, quando estava viva, por isso tinham tantos resquícios reais dela aqui. Uma árvore bem, bem velha a fez de suas raízes mais antigas e da água das fadas que deu ao Rei que estava em luto após saber de sua morte.]
— Uma árvore bem, bem velha? Então a árvore a conhece?
[Aham, mas a árvore bem, bem velha adormeceu também. Talvez não seja capaz de acordar também; Antes de adormecer, disse que gastou muita energia fazendo-a.]
— …Ah, entendo!
Kalia ficou agitada com as notícias de que não poderia aprender mais sobre Gaia, mas resignou-se rapidamente depois de pensar um pouco. Afinal, essa era uma história que não tinha nada a ver com ela, então não podia mais se intrometer.
Apesar de estes serem seus pensamentos…
‘Ainda me incomoda.’
[Humana, de qualquer maneira, precisamos voltar agora! Quando a floresta enfraquece e estamos na sua beira, queremos sair também!]
[Obrigada por se preocupar, humana!]
[Tchau, tchau!]
Os espíritos e fadas retornaram à floresta. O barulho das folhas balançando desapareceu e o silêncio caiu no lugar de novo. Era hora dela voltar também. A hora estava avançada na tarde, ela ficou tempo muito além do que demoraria em uma caminhada. Kalia respirou fundo algumas vezes e pegou a toupeira, que escalou em sua cabeça sem que ela percebesse.
— Preciso voltar agora. Está na hora dos meus amigos retornarem. Por que não volta para seu dono também?
[Kyuu!]
Pulando de suas mãos em seu ombro, a toupeira esticou seus curtos braços para segurar a bochecha de Kalia, mostrando sua fofura. Seu rabo, curto e eriçado, balançava incessantemente.
— Que espírito amigável e fofo. Mas seu dono não odiaria saber que está agindo de modo fofo com outros?
Ela não sabia se a toupeira a entenderia, mas ela só riu alegremente.
‘Cara estranho.’
Kalia riu com a toupeira e acariciou sua cabeça.
Dor.
Seu útero se contraiu e pressionou seu interior.
— …Ah?
Kalia franziu sua sobrancelha por um momento, fazendo uma careta enquanto o aperto se espalhava. A sensação parecia um pouco mais aguda do que suas cólicas normais. Ela podia sentir seus músculos dentro de sua barriga se contraindo e expandindo. A sensação não era algo que pudesse chamar de dor, mas era desconfortável.
— …Ainda há um pouco de tempo antes do parto.
— Não me diga que são dores falsas de parto?
Ela havia ouvido sobre este tipo de dor do Allen antes. Era um sinal do parto, avisando seu corpo antes do início do parto. Algumas mães sentiam isso alguns dias antes do parto e outras, logo apenas alguns momentos antes. Ou ainda, havia aquelas que não sentiam nenhuma dor falsa. De qualquer modo, a chegada das dores era um sinal de que o corpo poderia dar a luz a qualquer momento, então era melhor que ela não se esforçasse demais e se preparasse para o parto em um lugar seguro.
[Kyu kyuu?]
Vendo Kalia segurando sua barriga, a toupeira soltou alguns chiados, como se estivesse preocupada com ela. Kalia sorriu levemente, acalmando a toupeira.
— É melhor eu ir. Vou brincar com você na próxima vez que a vir. Hemming vai brincar também. Ela gosta de brincar. Bem, então, até a próxima.
Uuhhhh. Fuhhhhh. (N/T.: Som de inspira e expira)
Ainda bem que a dor sumiu rapidamente depois de ajustar sua respiração. Por sorte, a dor de antes não foi tão intensa que ela precisasse se agachar ou encolher. A toupeira olhou com preocupação para Kalia, que estava andando devagar e tomando muito cuidado com sua condição física, indo embora.
[Kyu…]
A toupeira alternou seu olhar para frente e para trás, para as costas de Kalia, que se afastava, e o castelo do lorde à distância. No final, ela foi incapaz de se livrar de sua ansiedade e decidiu seguir Kalia.
Por sorte, as falsas dores do parto não voltaram até ela chegar em casa. Ao contrário, para sua surpresa, havia outra figura lhe esperando.
Tradução: Kaon.
Revisão: Holic.