Como esconder o filho do imperador - Capítulo 10
Astella pensou que ele estava cansado após caçar.
Para remediar a atmosfera embaraçosa, ela sorriu alegremente usando uma coroa de flores na cabeça. Como a rainha do outono, que estava cheia de felicidade, suportou a exaustão e permaneceu até o final do evento.
Astella, que não se importava em manter Kaizen feliz agora, murmurou com indiferença.
— Só me lembro que estava entediada e cansada de ficar sentada o dia todo esperando a competição acabar. Faz tanto tempo que não me lembro de mais nada.
A resposta calma de Astella fez Kaizen franzir os lábios novamente.
Houve um silêncio pesado sobre a mesa e, em pouco tempo, Marianne bufou com força.
— Não me lembro de nada daquela época.
Astella respondeu com compostura
— Claro que você não se lembra. A senhorita Marianne ainda era uma menina de 11 anos na época.
Marianne mordeu o lábio insatisfeita.
A atmosfera estava ruindo rapidamente.
Kaizen, sentado em cima, parecia descontente, e Marianne olhou para Astella com um olhar emburrado.
Velian mudou o assunto da conversa para lidar com a atmosfera desastrosa.
— Havia muitos ursos por aqui. A caça é proibida porque é perigosa, mas se entrarem na floresta, há um pavilhão de caça. Às vezes, sua majestade…
— Aqui tem ursos?
Theor, que estava apenas ouvindo os adultos, gritou sem se dar conta ao som da palavra urso.
Antes que Astella pudesse detê-lo, Velian respondeu com um olhar interessante.
— Sim, existem vários por aqui.
— Eu quero ver!
— Theor.
Astella calmamente segurou os ombros do menino.
Um sorriso se espalhou pelos lábios de Velian com a fofura do garoto.
— Eu gostaria de poder lhe mostrar, mas é muito perigoso para você ver por si mesmo.
Então um dos criados sussurrou algo para Kaizen na mesa. Quando ele ouviu as palavras do criado, franziu a testa e se levantou.
— Com licença, vou me retirar por um momento…
Ele pediu licença e saiu.
Algo urgente tinha acontecido.
Astella achou que seria bom terminar a refeição e voltar, mas assim que o imperador desapareceu, Marianne falou começou a falar.
— O menino é muito fofo, mas é uma pena que não saiba boas maneiras… Ele não aprendeu a ser cortês. É inevitável. Se não tem uma mãe disciplinar, a pessoa cresce e torna-se grossa. Há um limite para o que você pode fazer.
Ao ouvir as palavras espinhosas de Marianne, Velian tomou um gole de água.
— Com a idade que tem, ele aprendeu muito bem. Segundo o depoimento da minha babá, nessa idade eu comia com as mãos…
— Ele não tem ambos os pais, então não se pode evitar. Inclusive quando não se tem pelo menos um dos pais, já se nota a diferença.
Marianne continuou a zombar cortando as palavras de Velian.
Ela estava atacando Astella, não Theor.
Astella perdeu a mãe assim que nasceu e cresceu com um pai solteiro.
Ela não ficou com raiva.
Em vez disso, sorriu satisfatoriamente e gentilmente.
— Os pais de senhorita Marianne devem ter sido extremamente generosos. Eu invejo você por ter pais tão gentis.
Cof cof.
Velian, que estava bebendo água, ao escutar as palavras de Astella, cobriu a boca como se estivesse tossindo com pressa.
O que ela disse foi uma zombaria descarada de seus pais, dando a entender que eles a tinham mimado demais na infância.
Velian cobriu a boca e sufocou uma risada.
As bochechas brancas de Marianne ficaram vermelhas quando ela percebeu que tinha sido provocada.
— Está dizendo que eu sou rude?
— De maneira nenhuma. Eu estava elogiando você e o marquês, assim como os outros.
Ela ainda estava falando de uma forma muito educada e cortês, mas havia sarcasmo claro em suas palavras.
Com um sorriso gentil, Astella pegou uma taça de vinho e continuou.
— E você esqueceu? Sua Majestade também perdeu a mãe quando era jovem.
Depois de um longo período de tempo, ela morreu na cama pois estava fraca.
A senhorita parecia ter esquecido. Mas assim como Kaizen, a jovem Astella, que cresceu sem mãe, sentiu pena dele. Ela simpatizava com a dor dele.
Marianne, que não tinha pensado nisso, começou a gaguejou:
— Ah, nã… não, eu…
Velian interveio e resolveu a situação.
— Sua Majestade parece estar atrasado, devo pedir a sobremesa? O que você acha pequeno? Quer uma sobremesa?
— Eu quero!
Pouco depois, eles lhe entregaram um sorvete de melão que haviam preparado para a sobremesa, Astella observou o menino comer o sorvete.
Não era a sobremesa favorita de Astella, então ela comeu um pouco, largou a colher e bebeu o licor de xerez que lhe trouxeram.
Todo o movimento que fazia era elegante e perfeito quanto o de um livro de etiquetas.
Velian, que estava sentado do outro lado, olhou para Astella, admirando sua elegância. Da expressão no rosto de Astella ao movimento de sua mão, cada um deles estava repleto de elegância.
Velian já tinha visto muitas pessoas nobres, mas comparadas a Astella, até essas pessoas pareciam comuns.
Quando ela chegou, as roupas que estava usando não eram tão boas, mas mesmo com um vestido tão comum, ainda emanava uma aura de imperatriz.
Era por causa do treinamento do duque?
Disseram-lhe que ela teve uma educação muito rígida, mas não era só isso. Astella tinha qualidades inatas.
Aos olhos de Velian, o imperador se importava muito com a ex-imperatriz. Parecia-lhe que as coisas estavam fluindo estranhamente.
Mesmo neste momento, era ainda mais estranho, considerando que o pai dela estava tentando se rebelar e que o imperador estava tentando matá-lo.
— Bem, é melhor retornarem para os seus quartos agora. Não acho que Sua Majestade vai voltar.
Quando o imperador não voltou após uma longa espera, Velian mandou as duas senhoras de volta depois do jantar.
Marianne saiu sem se despedir e Astella voltou para o quarto com Theor, que começou a cochilar. Theor, que estava adormecendo na cama, agarrou apressadamente Astella pela bainha de seu vestido.
— Ah… Eu deixei Levin para trás.
— Oh, meu Deus.
Ele esqueceu de trazê-la de volta. Astella terminou de colocar o menino na cama e voltou para a sala de jantar. A equipe que estava limpando a mesa lhe entregou o urso. Assim que o conseguiu, voltou ao corredor.
O corredor do castelo exalava uma atmosfera estranha.
Durante o dia, os ornamentos dourados e esculturas, reluziam, mas a noite, estavam silenciosamente escondidos no escuro.
Uma fileira de janelas lado a lado na parede derramava uma estranha luz prateada sobre o lugar. À luz da lua refletida no vidro branco do corredor, as estátuas ornamentadas projetavam sombras escuras no piso de mármore liso.
Astella entrou na sombra da estátua e caminhou em direção ao quarto. Ao dobrar a esquina, um criado com uma vela apareceu do outro lado.
Astella parou ao perceber o homem atrás dele.
Kaizen caminhou na frente de seu criado.
— Está voltando para o seu quarto?
— Sim, Theor deixou seu brinquedo para trás. Eu voltei para pegar.
O Imperador que ela via no escuro era diferente do que via durante o dia. Eles usavam as mesmas roupas com o mesmo rosto, mas a atmosfera de todo o corpo era completamente diferente.
Se o imperador que ela encontrou durante o dia era um monarca nobre e digno, no escuro ele era como uma fera escondida nas sombras. Confiante, dominante e perigoso.
Kaizen olhou para o vestido verde liso que Astella estava usando.
As rugas no meio da bela testa eram claramente visíveis no escuro. Ele estava franzindo a testa.
Ele perguntou secamente.
— Você não quer nada que eu lhe dou?
Astella piscou silenciosamente. Não entendia por que ele insistia nisso.
— Não é verdade. Acabei de comer a comida que Vossa Majestade me ofereceu.
— Não brinque com minhas palavras.
Olhos vermelhos brilharam friamente no escuro.
Ela queria irritá-lo, mas ao contrário de seus desejos, ela ouviu a voz da razão.
— Sim, você deve estar com raiva…
Durante o primeiro e segundo ano após o divórcio, ela teve esse sentimento em seu coração. Rancor contra este homem.
Como ele achava que ela se sentiria sobre o homem que tinha planejado se divorciar dela o tempo todo e a abandonou no dia seguinte ao casamento?
Mas com o passar do tempo, esses sentimentos desapareceram. Todos os sentimentos que ela já teve lentamente se esgotaram.
O amor murchou, a raiva e o rancor se desvaneceram.
Astella disse olhando para ele.
— Não… Vossa Majestade não me incomoda mais. Agora não temos nada a ver com o outro, então Vossa Majestade não precisa se preocupar comigo.
Ela não se importava mais com ele, tudo o que queria era manter distância, pois a segurança de Theor era a única coisa que a importava.
Não precisava de nada dele. Queria terminar o trabalho repentino e sair da vista dele o mais rápido possível.
— Obrigada pelo presente, mas não preciso mais dessas roupas elegantes. Tudo o que pedi foi que devolvesse a pensão do meu avô e nos deixasse ir. Eu não preciso de nenhum presente além desses dois.
Astella curvou-se graciosamente.
— Já está tarde, devo voltar ao quarto.
Kaizen olhou para as costas de Astella se afastando.
Momentos depois, Velian, que havia saído pelo corredor para encontrar o imperador, aproximou-se dele.
— Vossa Majestade? O que aconteceu?
— Nada.
Kaizen mandou o criado embora com um gesto, e falou para Velian:
— O Duque de Reston se aproximou do Conde Siethe. O próprio Conde enviou uma mensagem para avisar.
— Oh, como esperado.
Tradução: Holic.
Revisão: Olimir.