A Relação simbiótica entre uma lebre e uma pantera negra - Capítulo 92
Ahin, tendo roçado seus lábios de leve contra os de Vivi, se afastou. Nervosa, ela endireitou as costas. Ahin a olhou, enquanto ela mantinha os olhos fechados com força. As duas mãos estavam cerradas pela vergonha e seus lábios estavam em um biquinho. Para completar, uma vez que se afastou, a coelha traiçoeira esticou o pescoço na direção dele. Era tão engraçado que ele se conteve para não rir.
‘Por que ele está tão quieto?’
Vivi entreabriu os olhos quando nada aconteceu. E, em vez de vê-lo parado em sua frente, Ahin estava encurvado, tremendo e apertando o rosto com as mãos.
‘Não pode ser… está tendo um ataque!?’
As mãos de Ahin tremiam.
“Não!!”
Vivi se apressou e o puxou para perto, se preparando para evocar feromônios de cura. No entanto, Ahin, que levantou o rosto revelando um largo sorriso, acariciou a cabeça dela, que piscou, confusa.
“Por que disse “não”, de repente?”
“V-você não estava tendo um ataque de feromônios?”
Vivi olhou para Ahin, que parecia completamente bem – tanto que começou a rir.
“Hahahaha!”
‘O que vou fazer com essa besta!?’
Um pantera negra enganador. Os herbívoros frequentemente estereotipavam os predadores como sendo seres que obedeciam todos seus instintos e eram gananciosos, mas Ahin extrapolava todos os limites. Com raiva, Vivi tentou sair de debaixo da mesa. No entanto, Ahin, que estava bloqueando totalmente o seu caminho, se inclinou.
“Para onde vai?”
Vivi tentou acalmar seu coração disparado. O rosto de tirar o folêgo dele estava perto demais.
“…Tenho coisas para fazer.”
“Isso aqui também é uma coisa a fazer.”
Ahin continuava sorrindo, alegre. Vivi, petrificada, esqueceu de piscar. Ele inclinou a cabeça e roçou os lábios dela levemente com a língua. Vivi os fechou com firmeza, não permitindo intrusões. Com olhos entreabertos, Ahin viu que ela estava com os olhos esbugalhados dessa vez, sem fechá-los. Ele afastou os lábios um pouco e perguntou.
“Você não quer isso?”
A voz grave demonstrava nervosismo e urgência. Vivi assentiu com força. Essa pessoa era uma besta muito perigosa.
“Eu-”
Assim que os lábios de Vivi se abriram um pouco para responder, Ahin aproveitou e deslizou sua língua. Os olhos dos dois se encontraram no meio do beijo. As íris vermelhas brilhavam. Logo, os olhos de Vivi foram cobertos pela palma grossa da mão de Ahin. Naturalmente fechando os olhos, ela agarrou o colarinho dele com força. Um braço de Ahin puxou a cintura de Vivi para mais perto de si. Sua outra mão se dirigiu à nuca dela, agarrando um punhado de cabelos brancos.
Ao contrário do início, que foi lento, ele começou a se mover com impaciência. Ahin, com os lábios firmemente grudados, parou de agir delicadamente e começou a varrer toda a boca de Vivi. Quando ela, sem fôlego, tentou se afastar para respirar, ele insistiu, como se fosse engoli-la. Os braços dela o apertaram, e ela pode sentir as batidas dos dois corações. Inconscientemente percebendo que as batidas de Ahin estavam mais fortes e rápidas que as dela própria, Vivi estremeceu. A mão dele, que segurava a parte de trás de sua cabeça, desceu e chegou até a marca em sua nuca.
O polegar persistiu, varrendo a cicatriz. Era um toque que esfregava e pressionava como que para checar que ainda estava ali. Vivi, com a mente nublada, inconscientemente lançou feromônios no ar. Ahin, que estava se esforçando ao máximo para não deixar escapar feromônios sexuais, engoliu os palavrões que surgiram em sua mente. Já estava sendo complicado resistir apenas a Vivi, mas agora, os feromônios que pairavam ao seu redor desafiavam sua racionalidade. Ahin, no meio da confusão, pensou que a essa altura, Vivi poderia voltar à forma de coelha, soltando alguns de seus feromônios para lembrar isso a ela. O quarto ficou com o ar pesado pelos feromônios densos. Vivi, que estava quase sufocando, bateu no peito de Ahin. Ele, então, se forçou a se afastar um pouco dela.
“…O que foi?”
Uma voz rouca saiu. Vivi, respirando pesadamente, o olhou com crítica.
“Estou sufocando…”
“Essas coisas são assim mesmo.”
Empurrando o rosto de Ahin, ela resmungou.
“…Quero uma pausa.”
Era uma coelha astuta, pois não falou que queria parar por completo. O olhar de Ahin ficou nos lábios vermelhos, úmidos de saliva.
“Você precisa descansar?”
Ahin, que costumava agir como uma besta faminta, parecia ter se transformado em uma por completo. As orelhas que se revelaram quando ele se moveu estavam vermelhas. Vivi o encarou, estreitando os olhos. Ao contrário dela, que ainda estava ofegante, ele parecia cheio de energia. Ela não podia se deixar levar pelas palavras enganadoras da besta. Ahin, alisando a testa trêmula dela, sorriu.
“Por que está fazendo essa cara?”
Incapaz de resistir, Ahin mordeu o lábio de Vivi. Após sentir uma leve pressão em seus lábios, ela se perguntou vagamente se seriam os caninos dele. Logo depois, seu corpo perdeu completamente a tensão e caiu nos braços de Ahin. Ele a segurou pela cintura e acenou a mão na frente de seu rosto.
“…Vivi?”
Vivi, cuja consciência estava em algum lugar do além, estava pálida como uma folha de papel. A sua expressão, ainda que desmaiada, demostrava algo de medo e confusão.
“Oh.”
Foi só então que Ahin percebeu que seus caninos estavam aparecendo por entre os lábios.
‘Se vai desmaiar desse jeito, como vai fazer no futuro quando formos nos beijar?’
Ahin pensou que conhecia a extensão da coragem de Vivi, mas parecia que não. A deitando na cama suavemente, ele abriu a porta do quarto de supetão. Os guardas o saudaram com gestos exagerados. Ahin os olhou e franziu a testa. Era desconcertante ver aqueles homens enormes chorando.
“O que foi?”
Quando ele falou, os guardas quebraram a posição de sentido e imploraram.
“Cometemos um pecado digno de pena de morte! Não conseguimos impedir Vivi de sair montada em Barra, então por favor, nos puna!”
“Nunca ordenei que a impedissem.”
Os guardas, que estavam prostrados no chão, ergueram as cabeças, confusos.
“…Como?”
“Não impeçam Vivi de sair, a não ser que haja alguma situação perigosa ou seja o meio da noite. Ela não gosta de ficar trancada.”
Assim que os guardas começaram a relaxar, Ahin segurou a lança de um deles e a apontou para as suas cabeças.
“Mas é verdade que a perderam de vista. Se acontecer algo assim no futuro, devem ir atrás dela…. não… espera.”
Se fosse assim, Vivi não fugiria ainda mais desesperadamente? Se ela corresse como louca e caísse da escada, seria um grande problema. Ahin, sem saber o que dizer, olhou os capacetes que faziam parte das decorações da parede.
“Se chegar uma situação na qual tenham que persegui-la, usem capacetes. Pelo menos ela não verá seus rostos.”
Era um problema, pois a visão dos cavaleiros ficava bastante limitada com os capacetes. No entanto, compreendendo a ordem, eles não retrucaram.
“Sim, meu Lorde.”
“E…”
Mais uma vez a lança foi apontada para o rosto dos cavaleiros.
“Não falem o nome de Vivi como se fossem próximos dela.”
“Quê…? Mas…”
“Podem a chamar como faziam antes.”
Evelyn, o auto-proclamado secretário mais competente do mundo, havia notado essa obsessão sem contexto de Ahin e nunca havia chamado Vivi pelo nome. O mesmo se aplicava a Lile, que tinha absorvido o conselho de Evelyn.
“Yuan, chame o médico e Meimi aqui, agora mesmo.”
“Sim, meu Lorde.”
Depois de ter assistido tudo do corredor, Yuan jurou a si mesmo que atenderia a Senhorita Coelha da melhor maneira que conseguisse. De volta ao quarto, Ahin cuidadosamente retirou os sapatos de Vivi. Ao ver os pés brancos e pequenos, a ideia de lambê-los passou por sua mente. Ele concluiu que devia ter enlouquecido por completo.
Pensando em se afastar para garantir, encostado na parede do quarto anexo, Ahin pensou. Seria adequado chamar Wolfes quando amanhecesse, para reformar o closet de Vivi, tornando-o bem maior. Além disso, ele retiraria as joias que ela havia escondido embaixo do sofá para o novo closet. Ahin se sentia animado. Se aproximando da cama outra vez, ele se sentou ao lado de Vivi. Os ferimentos nas palmas das mãos, causados pelas unhas dela, não eram tão graves.
Mas ao pensar que estavam no corpo de Vivi, ele se sentia extremamente preocupado e desconfortável. No entanto, o mesmo não podia ser dito da marca na nuca dela. Esticando a mão, ele afastou uma mecha de cabelo branco do rosto de Vivi. Suas bochechas pareciam feitas de algodão.
No dia em que ele tinha descoberto que ela era uma mulher-besta com idade semelhante a dele, Ahin tinha imaginado como ela seria na forma humana, uma ou outra vez. No início, ele pensou que ela seria uma pessoa redonda e preguiçosa. No entanto, sua aparência real era tão bela que piorava a ansiedade de Ahin.
No território das panteras negras, onde havia muitos perigos, ela deixava claro com um olhar que era uma herbívora. Ahin pressionou a bochecha de Vivi com seu dedo indicador.
“Vamos encontrar uma maneira, usando meus feromônios de cura.”
A proposta dela era tão doce que era difícil para ele recusar. Os feromônios de Vivi tinham realmente ajudado a acalmar os ataques de feromônios, que antes ocorriam com uma frequência muito maior. Na verdade, na maioria do tempo, ele se sentia completamente estável.
No entanto, havia muitas incertezas. Mesmo na forma humana, Vivi não sabia controlar os próprios feromônios. Além disso, durante o ataque no território das lebres, ele pôde sentir claramente. Apesar de seu corpo estar sendo curado, havia ocorrido um estranho fenômeno no qual os feromônios de dominação tinham sugado os de cura. Cada vez que isso acontecia, ele perdia a consciência, sentindo uma sensação de êxtase. O fato de ter ficado fora de controle só trouxe mais relutância, uma vez que ele voltou ao normal. O olhar de Ahin chegou até a mão de Vivi.
‘Vou fazer de tudo para evitar que ela use os feromônios de cura no próximo ataque.’
No entanto, ele sabia que era altamente improvável que Vivi desistisse nessas circunstâncias. Como Evelyn tinha dito, ela era a covarde mais corajosa do mundo. Muitas vezes ela lutava bravamente em situações das quais normalmente todos teriam medo. Por isso, ele julgou que tinha que estar longe de Vivi durante o próximo ataque de feromônios.
Ahin estava preocupado. Ele sentia falta de Edith, que havia o deixado há tantos anos, mas também o culpava por tudo. A escuridão havia chegado na família, naquela época. Desde a morte de Edith, Valence saia de casa por 5 dias, todos os meses, para procurar maneiras de curar os ataques de feromônios que pudessem vir a aparecer em Ahin, inventando desculpas para essas saídas.
Escutando que Meimi e o médico estavam do lado de fora da porta, Ahin retirou a mão que acariciava a bochecha de Vivi. Foi uma noite de ansiedade.
Tradução: Nopa.
Revisão: Holic.
Xicalina
Aaahhhhhh finalmente o beijooo! Ameei!
Ahin, não fique longe de Vivi! Não passe pela dor sozinho 😭
Lucien
Eita q beijo gostosoooo