A Relação simbiótica entre uma lebre e uma pantera negra - Capítulo 136
Tak.
Assim que a porta abriu, pude ver as calças pretas e o paletó decorado de Ahin. Gradualmente ergui o olhar até parar nos olhos vermelhos curvados em um sorriso.
Por reflexo, estiquei a mão e fechei a porta outra vez. Então, ele a abriu de novo.
Tak. Paf. Tak. Paf.
Começou uma pequena batalha, sem nenhuma razão. Fechei a porta uma outra vez e apoiei o corpo sobre ela, para que ele não conseguisse abrir. Então, ouvi um farfalhar pelo lado de fora. Julgando pela sombra que podia ver pela fresta debaixo da porta, Ahin parecia ter se sentado no chão.
“Ei, coelha. Esse closet é frio e apertado.”
De fato, a voz insinuante que escutei ressoava de algum lugar debaixo de minha cintura.
“Se você dormir aí sozinha, vai se resfriar. Me deixe entrar.”
O tom de voz soava preocupado e sincero, mas para mim, pareceu com os sussurros de um diabo. De repente, a história sobre um predador que se disfarçou de mamãe carneiro para comer os carneirinhos passou por minha mente.
Ainda assim, minha mão, contrariando a minha cabeça, abriu a porta devagar. Ahin, fazendo contato visual, deu um sorriso que colocaria qualquer um em alerta.
‘Não vou me deixar enganar.’
Pensando isso, cruzei os braços e falei com firmeza.
“Eu nunca tive um caso extraconjugal.”
“…Posso confiar nisso?”
Ahin, entrando no closet, se sentou. O lugar, que antes parecia aconchegante, agora estava sem nenhum espaço para respirar, graças a ele.
‘Parece que ele ficou mais alto ainda…’
Enquanto eu pensava isso, ele fechou a porta atrás de si, me dando um susto. Ficamos sentados em silêncio, um do lado do outro.
Só conseguindo enxergar graças à pouca luz que escapava pela fresta debaixo da porta, girei o pescoço devagar. Quando nossos olhos se encontraram, senti um constrangimento.
“Não sei do que você está suspeitando, mas não é nada disso.”
Tossindo para disfarçar, continuei, com cuidado.
“E, Ahin, no mundo tudo…”
‘Ai, meu Deus…’
“No mundo todo?”
“…Você é o mais bonito.”
Eu não queria dizer isso. Era como inflar mais ainda o ego dele, que já era gigante demais. Esperei escutar uma resposta como “e isso não é óbvio?” ou algo assim.
Mas, ao contrário das minhas expectativas, ele se inclinou sobre mim com seu corpo enorme. Teria ele achado que era uma mentira porque eu demorei muito tempo para responder? Então, acrescentei.
“Falo sério.”
“Eu sei. Vivi não sabe mentir. Vou tentar acreditar em você.”
Me sentindo aliviada pela resposta calma, voltei a franzir a testa um instante depois.
“Então por que fica me acusando de flertar com os outros?”
O clã das lebres, ao contrário das panteras, tem o coração puro! – Era o que eu ia acrescentar, mas parei. Parando para pensar, coração puro a parte, éramos conhecidos por permitir a poligamia e a poliandria livremente. De repente, me perguntei se o sangue do clã das lebres não me afetava. Ele então falou.
“É por causa do medo.”
“Como assim, medo?”
“Lembra do que você disse da última vez? Que tinha medo de ser abandonada outra vez?”
Ele se lembrou do que eu tinha dito no território das lebres, durante uma explosão de raiva. Me lembrando do passado, segurei a barra da camisola.
Aquela ansiedade me corroía todos os dias, até que finalmente a verbalizei. Enquanto meu corpo continuasse a ser de um coelho bebê fora da casa da família Labian, minha vida dependia unicamente de Ahin.
Percebendo que aquela ansiedade tinha sumido há muito tempo, abri e fechei a boca algumas vezes até falar.
“Por que se lembrou disso, de repente?”
“Eu também.”
“?”
“Tenho medo de que a coelha que eu recolhi vá embora, dizendo que já terminou de pagar por minha gentileza.”
Um coelho que retribui gentilezas? O que é isso?
“Tenho medo que você vá desaparecer, como há um ano e meio…”
“Isso foi…”
“Agora você é grande demais para eu te colocar no meu bolso. Por isso, tenho medo todos os dias.”
Tinha muitas coisas que eu queria acrescentar, mas não pude fazer nenhuma acusação, porque Ahin estava mostrando uma fraqueza pela primeira vez.
De repente, me lembrei da aula de liderança que eu tinha frequentado por curiosidade na Academia.
[Não se apegue a nada em nível pessoal, não demonstre fraqueza, sempre desconfie de todos…]
Eram ensinamentos impossíveis, quase como pedir a uma pessoa que abandonasse a si mesma. Mas, não importa o quão louco seja Ahin, ele carregava esse peso inconscientemente. Talvez, por isso, essa fraqueza que mostrou derreteu meu coração.
Esfregando sua testa contra mim, ele disse, suavemente.
“Não me abandone.”
Meu coração apertou. Por que ele tinha tanto medo de me perder? Ao mesmo tempo, a outra metade do meu cérebro só conseguia pensar em como seu cabelo era macio e ainda tinha cheiro de banho.
Inclinando a cabeça na direção dele, devagar, falei as mesmas palavras que ele tinha me falado.
“…Como eu poderia te abandonar?”
Será que ele tinha ideia de quanto conforto essa frase aparentemente casual tinha me dado? Ele não respondeu nada por um longo tempo. Fiquei curiosa sobre sua reação e expressão, mas pensei que era melhor não checar.
Quando estava começando a pensar que seria bom ir dormir, ele falou devagar.
“Vivi.”
“Hm?”
“Quase não nos vimos esses dias.”
“Verdade.”
“Mas precisamos mesmo conversar com palavras?”
Ahin, dizendo isso, sorriu. Esse predador cheio de luxúria! Sem um momento de pausa, os lábios dele tocaram minha testa e se afastaram.
Me girando rapidamente, virei a cara para o outro lado para evitar o rosto dele, que se aproximava novamente. Ele pareceu triste quando não podia alcançar meus lábios, mas tinha algo que eu precisava deixar claro.
“Estou sendo acusada falsamente de flertar com outras pessoas.Você precisa parar com isso.”
“…Vou tentar.”
“Você devia dizer que sim!”
“Mas eu não falei algo parecido?”
Ahin sorriu, enquanto eu ficava sem palavras. Sem desistir perante essa atitude, estreitei os olhos e prossegui.
“Me diga que entendeu, rápido.”
“Entendi.”
“E quando me chamou de coelha lixo pervertida… Retire o “lixo”. Isso foi demais…!”
“Sim, retiro o que falei sobre você ser um lixo.”
Apesar de Ahin estar concordando, ele parecia tão feliz que eu fiquei mais irritada.
“Vivi. Devo retirar o “pervertida” também?”
“…Isso!”
Sem palavras, olhei para os lados.
‘Acho que essa parte é verdade…’
Eu tinha tido vários pensamentos atrozes desde a época que era um coelho bebê, mas como a minha consciência me auto-censurava, não poderia ser considerada pervertida. Aliás, ele parecia tomar certas atitudes de propósito, como se esperasse que eu sangrasse pelo nariz. Eventualmente, admiti que era sim uma pervertida e estirei os braços no ar, como era minha real vontade.
“…”
Ahin não entendeu o gesto. Ficou olhando meus braços estendidos e piscando. Normalmente, ele era rápido para entender as coisas. Qual é o problema? Meus braços começaram a tremer um pouco do esforço de se manter no ar.
“Me abrace.”
Precisávamos de um abraço para selar a reconciliação. Ahin, olhando sem expressão para mim, de repente cobriu o rosto com ambas as mãos. Ele soltou um grunhido, como se não soubesse o que fazer.
“…Às vezes eu acho que Vivi tem como hobby enlouquecer os outros… Bem, estou em suas patas dianteiras… ou melhor, na palma de sua mão.”
Sorrindo, esfreguei minha testa nos braços de Ahin. O corpo dele era firme, o que fez a demonstração de carinho felina ser cálida, porém dolorosa.
Colocando o queixo no topo da minha cabeça, ele me abraçou e de repente, mordeu minha orelha. Senti um calafrio por todo o corpo. Fechei os olhos e voltei a abri-los.
Os olhos de Ahin, fora de foco, estavam bem na minha frente. Ele beijou minhas bochechas e apertou minha cintura.
“…Vamos?”
Como ele pode dizer isso em voz alta? Só pode ser louco. Ainda assim, me deixei levar pelo calor e esqueci que estávamos dentro de um closet. Logo, ele começou a devorar meus lábios.
Depois de um tempo, os lábios macios de Ahin se fecharam como conchas, sem sinal de que voltariam a se abrir. Quando inclinei a cabeça e abri os olhos, Ahin, sorrindo, voltou a abri-los.
O som de duas respirações pesadas e quentes encheu o closet. Toda vez que o paletó se esfregava contra meu corpo, todos os meus pelos se arrepiavam.
Ahin parecia querer devorar meus lábios, e não havia espaço para respirar. Todo fôlego que eu tentava tomar rapidamente desaparecia dentro da boca dele. Quando minha mente estava completamente anuviada, Ahin se afastou ligeiramente.
Lambendo seus lábios inchados, ele falou em uma voz rouca.
“…Mas tem algo que me irrita.”
“…O que foi, do nada?”
Os olhos vermelhos que pairavam no ar se fixaram na minha nuca por um tempo.
“Se você pode curar suas próprias feridas, quer dizer que pode apagá-las logo depois.”
“Apagar… o quê?”
“Como assim “o quê”? As marcas que eu vou deixar…”
Paf!
Antes de perceber, dei um tapa na boca de Ahin, interrompendo suas palavras. Seus lábios estavam quentes como lava.
“Receber um tapa assim é emocionante.”
“Sua besta louca…!”
A experiência anterior, de não ser deixada em paz por toda a noite e quase desmaiar, voltou a minha mente. Precisava voltar para a Academia antes do amanhecer.
Se eu caísse na tentação agora, não iria conseguir subir na carruagem, pois nem sabia o estado no qual estaria. Empurrei os ombros largos com meu pé, mas Ahin, que tinha um parafuso a menos, começou a beijar a sola do meu pé.
“…Estamos no closet…!”
“E qual é o problema?”
Sem palavras, engoli em seco. A Academia, ou Ahin? Razão e emoção se colidiram e minha cabeça ficou confusa.
Eu já tinha recuado até que minhas costas tocaram a parede. Ahin, se aproximando, colocou a mão por trás da minha cabeça para que eu não a batesse ali por engano.
“…Eu me perguntei por que você tinha colocado um paletó decorado no meio da noite.”
Eu murmurei, com os olhos semicerrados.
“Se vestiu assim de propósito, não é?”
“Eu pensei que se usasse isso, havia a chance de você me atacar.”
Uma besta louca e minuciosa.
“Quando foi que eu ataquei…. Ah…!”
Ahin, puxando as alças de minha camisola, enterrou seus lábios em meu ombro. Com as alças sendo esticadas até o máximo, a camisola escorregou para baixo do meu corpo.
Os braços firmes envolveram minha cintura, para que a pele exposta não sentisse frio. Então, uma mão que parecia queimar a pele passou pelo meu corpo. Os músculos que senti por baixo do paletó pulsavam de modo que parecia que a roupa ia se romper.
Enquanto eu pensava que ver aquela cabeça prateada enterrada em meu corpo era sugestivo demais, fiz contato visual com Ahin, que ergueu os olhos.
“Se você consegue se curar, quer dizer que pode recuperar a fadiga também?”
“Talvez? Creio que sim…”
Quando respondi sem pensar, tive um mau pressentimento de repente. Ahin deu um sorriso refrescante.
“Que ótimo.”
“Não…não! Quis dizer que não consigo recuperar…. ah!”
Sem me dar uma chance de voltar atrás, ele rapidamente subiu em cima de mim. Foi uma noite na qual eu senti o quão impressionante era a resistência de um predador, ao ponto em que recitei palavrões que nunca tinha dito na vida.
Tradução: Nopa.
Revisão: Holic.
Xicalina
Uiuiui, Viviii kkkk
Lucien
Eitaaaa q o baby vem como 🔥🔥🔥🔥❤️❤️