Não é seu filho - Capítulo 88
“Eu estive muito ocupada para lembrar, mas terei que perguntar para Sheymon sobre o demônio em breve.”
Kalia ficou um pouco desapontada que não conseguiu trazer o corpo do demônio porque Kalekshia o purificou.
Mas isso não significava que ela deixaria a pedra de fada em paz.
Após voltar ao seu quarto e tomar um banho de água quente, a tarde passou.
Kalia se trocou e foi para o quarto de Shasha.
O bebê estava deitado serenamente sob o móbile de Sheyman.
Ela dispensou a babá e ficou sozinha com o bebê no quarto.
Kalia, que estava passando a mão em seu cabelo, olhou para o bracelete em seu pulso.
“Pensando nisso… Quando você acordará?”
É uma lembrança de sua mãe, um pedaço da alma dela que não pode ser chamado de mãe.
Hesitante, Kalia chamou o seu nome:
— Gaia…
Falou seu nome com cautela, para se certificar, mas o bracelete continuou em silêncio.
Kalia não teve tempo para se sentir insatisfeita, pois algo inesperado respondeu a seu chamado:
— Kyuu!
— …O quê?
Kalia se aproximou da toupeira, que surgiu perto de seu pé.
— É você?
A toupeira, que estava com a parte superior do corpo para fora do chão, levantou seus braços e agarrou as bochechas da Kalia, que cambaleou para trás.
— Kyu-kyu-kyu!
Kalia ficou surpresa ao ver o espírito da terra alegre.
Kalia riu e colocou a toupeira em sua mão.
— Você é um espírito danadinho, não?
A maioria dos espíritos precisam de uma “mãe”.
Por exemplo: uma árvore antiga, um castelo antigo ou um objeto com poderes misteriosos como o bracelete de Amuntia.
Os outros são os que o feiticeiro espiritual invocou do Mundo dos Espíritos.
— Você foi invocado por um feiticeiro?
— Kyuuuu!
Ela respondeu, movendo sua curta cauda avidamente, para os lados.
Depois, saltou da mão de Kalia e correu para a porta.
Apontou sua mão para a porta, várias vezes.
Toc Toc Toc
Então, como uma mentira, alguém bateu na porta.
— Sheyman?
Kalia abriu a porta e olhou alternadamente entre Sheyman e a toupeira sob seu pé.
Quando Sheyman olhou para a toupeira, ela subiu seu corpo e esfregou seu nariz na bochecha dele.
— …Esta é a criança com quem estava brincando?
— Esta é a Tierra.
— Desde quando você é um espiritualista?
— Só a invoquei.
— …Mas isso não é algo que só os espiritualistas podem fazer?
Sheyman deu de ombros com a surpresa de Kalia.
— Shasha está dormindo?
— Oh, aham. Adormeceu agora a pouco.
— Você só come e dorme o dia todo.
Falando isso, Sheyman se aproximou do berço.
No móbile feito por ele, a canção de ninar favorita do bebê estava tocando e o bebê dormia serenamente sob ele.
Sheyman se agachou, estudando os olhos, bochechas e lábios de Shasha, que eram pequenos.
Sentindo que os olhos não eram nem um pouco diferentes dos de Kalia.
Kalia, olhando para o perfil de Sheyman examinando o bebê sentiu suas mãos coçar.
Ela queria virar aquele delicado queixo para fazê-lo olhar para ela.
Ela tinha a vontade de atacar os lábios de Sheyman que sorriam para ela sem perceber.
“…Devo estar enlouquecendo.”
Kalia se assustou e cerrou os punhos.
Até alguns meses atrás, ela achou que ele era um irmão, mas agora era rude e estranho pensar assim.
— Cof.
Ao som de uma tossida, Sheyman virou sua cabeça para olhar Kalia.
— Por que está dando boa noite para Shasha?
— Bem, tenho algo…
— Tenho algo que quero conversar com você.
— Algo a me dizer?
Quando Kalia perguntou, Sheyman tossiu enquanto coçava o pescoço.
— Já faz um tempo.
Ele moveu a mão e uma garrafa de vinho voou de algum lugar e parou em sua mão.
— Vamos beber?
***
Havia uma grande lua no céu.
Sua luz era brilhante e bonita e seu filho estava quieto.
Sheyman e Kalia sentaram em uma pequena mesa de canto no quarto de Shasha, se sentindo culpados por chamarem Hemming e a babá de novo, depois de dispensá-las.
Felizmente, a lua, o mar no horizonte, as flores e árvores no penhasco eram românticos.
Sheyman, que trouxe um pequeno abridor de garrafas, encheu a taça de Kalia.
— Não acredito que estou bebendo vinho com você de novo. Já faz um ano.
— Fazem onze meses e nove dias.
— …O quê?
— Eu não bebo desde aquele dia.
— Aquele dia? …Oh, aquele dia! A festa da vitória!
A última festa com bebida e com Sheyman foi no dia em que Kalia deixou a capital.
E, naquele dia, a história foi escrita.
— Oh, verdade.
Sheyman olhou para ela, que concordava.
— Por acaso, Sheyman, você se lembra daquele dia até hoje?
— Mas é claro.
Sheymon levantou sua taça e bebericou o vinho, sem dizer nada.
— Me lembrarei daquele dia para sempre.
— …Hum?
Kalia sentiu um espasmo no canto do olho.
Ela estava molhando os lábios com o vinho, olhou de relance para o Sheyman.
Ele estava virando, casualmente, seu copo de vinho, olhando para o ar.
De repente, Sheyman olhou para ela, assim como Kalia.
Seus olhares se encontraram inesperadamente.
Nem Kalia e nem Sheyman conseguiram parar de olhar o outro naquela situação.
A noite estava quieta e os olhos das duas pessoas que se entreolhavam estavam fervendo com histórias não ditas.
— Foi o que eu disse.
A voz fácil de ouvir de Sheyman, moderadamente baixa, agitou o ar noturno.
Ele baixou a taça que segurava e estendeu a mão para Kalia.
Sua mão era reta e viscosa.
Seus dedos de cor marfim, para os quais não haviam palavras melhores do que bonitos para descrevê-los, agarraram a taça encostada em seus lábios e a abaixaram.
Os lábios de Kalia estavam brilhantes e molhados de vinho e a mão dele esfregou e limpou esses lábios.
Kalia observava como se possuída, a marca vermelha do vinho de seus lábios nas mãos limpas de Sheyman.
O vinho se acumulou nos dedos de Sheyman.
— Vou te seduzir agressivamente de agora em diante.
Ele disse calmamente e levou o vinho que havia roubado para a ponta de sua língua.
O vinho desapareceu em sua boca.
A ponta de sua língua intrigou a Kalia.
Parecia haver uma ardência ao redor de seus olhos.
“Me dá um tempo.”
Depois de engolir em seco, ela mordeu seu lábio inferior.
Seus olhos dourados, refletindo a luz do luar, a seguiram persistentemente.
— Agora, posso?
— …Você, hum, era isso que ia me falar?
Kalia, que limpou a garganta, que continuava se trancando, perguntou suspeita.
Sheyman sorriu timidamente e negou:
— Não, não era, mas agora é.
“O que, o que você quer fazer agora? O que raios? O que quer fazer, Sheyman?”
Kalia queria perguntar, mas se segurou.
“O que há de errado com o ar…”
“Não sei porque meu coração está acelerado.”
— Bem, o que ia dizer?
Quando ela estava tentando entender, Sheyman a encarou e perguntou.
Ele logo a chamou pelo nome com um suspiro.
— Kalia.
— O quê?
— …Isso importa agora?
— Não… Acho que não. Aham, não importa. Pode me dizer depois. Se não puder hoje, poderá amanhã. Poderá depois de amanhã.
Kalia, imediatamente, sentiu sua cabeça girando.
O calor ardente se espalhou por seu coração, cérebro e garganta.
Sem nenhum som, a mesa foi empurrada de lado.
Era a magia de Sheyman que a levantou e a empurrou.
A parte superior do corpo de Sheyman se aproximou dela sem interferência.
Os lábios de ambos estavam tão próximos que dividiam a mesma respiração.
Um feixe da luz do luar brilhou no espaço entre seus lábios.
Eles estavam próximos o suficiente para se tocarem caso se movessem um pouco que fosse.
O som do coração palpitante de Kalia parecia muito alto.
Eventualmente, Kalia, que não conseguiu manter sua calma, mordeu novamente o lábio inferior, o que fez com que seus lábios se encostassem levemente.
A suave sensação sedosa fez Kalia querer gemer.
Pode ter sido o mesmo para Sheyman, mas Kalia sentiu bastante força entre as sobrancelhas dele.
Ele estava franzindo a testa.
Naquele momento, os lábios dos dois se moveram em direção ao outro.
O momento em que se tocaram foi tão intenso quanto um flash.
Os lábios quentes e macios e o cheiro adocicado do vinho restante aproximou ainda mais os dois.
Os lábios dele, que estavam se aproximando cada vez mais, diminuíam a distância.
Quando uma língua surgiu e tentou invadi-la.
— …Hue.
O bebê abriu seus olhos, chorando.
— Shh, shh.
Kalia, que rapidamente empurrou Sheyman, pulou e correu para Shasha.
Abandonado, Sheyman olhou para o céu. A lua brilhante olhava para ele.
— Shh, shh, shh, shh, shh… Oh, bebê. Meu filho. Meu amor.
“É sangue do meu sangue.”
Ele não podia dizer nada para o recém-nascido, e, no final, Sheyman, que tinha enterrado seu ardente coração, suspirou e esfregou seu rosto.
— …Vou enlouquecer.
Sacudindo a cabeça, ele se aproximou de onde Shasha estava chorando.
— Você acordou porque sua fralda estava desconfortável. Ah, você fez bastante coisa nesse tempo. Vou te trocar.
Kalia afagou Shasha, que chorava, enquanto removia desajeitadamente a fralda.
Seus olhos ainda estavam meio vermelhos como se ainda estivesse emocionado, mas seu humor já estava baixo.
Com pouca força, Sheyman empurrou Kalia, que estava tirando a fralda de Shasha, e parou na frente do bebê.
— Deixa que eu faço. Acho que não o troquei hoje.
A Kalia ficou parada, ao lado.
Sheyman se tornou mais hábil e conseguiu tirar a fralda de Shasha.
Ele não se esqueceu de colocar uma nova fralda sob o bumbum do bebê e abanar suas pernas, que se molharam, antes de fechar a fralda de novo.
Estava bem refrescante, então Shasha abriu as pernas.
— Está refrescante?
O sorridente Sheyman continuou soprando.
Foi nesse momento.
Shasha, que estava balançando seu corpo, fez acontecer.
Gotas de água voaram do meio das pernas do bebê sem que os dois percebessem antes.
— …
— Shey-Sheyman!
Kalia fechou a boca e viu um jato de água crescendo na direção de Sheyman.
Tradução: Kaon.
Revisão: Michi.