Não é seu filho - Capítulo 70
O rosto de Kalia corou rapidamente.
Esse contato íntimo e desesperado havia lhe feito cócegas em todo o corpo, como se tivesse submergido seu corpo gelado em água quente.
— O que foi, Sheyman? Você está estranho.
Ela se estremeceu e tentou remover a sua mão, mas ele não a soltou. Do contrário, ele abriu sua mão e começou a beijá-la no meio. Seu beijo, que foi aumentando gradualmente, tocou seu pulso, onde os vasos sanguíneos vibraram. O hálito quente de Sheyman encheu lentamente o interior de seu pulso. Seu calor aquecendo essa região.
Badump Badump Badump~
Com os lábios grudados ao interior de seu pulso, Sheyman abriu os olhos e olhou para Kalia. Bem de perto, Sheyman a olhou.
“Ahhh.”
Só então Kalia se deu conta de que havia deixado de respirar e tensionado seu corpo.
Kalia, que respirou tão pouco que Sheyman não conseguia ver, se surpreendeu de novo. Os lábios de Sheyman, suaves como seda e geleia, roçaram a parte interna de seu pulso.
Ele murmurou baixinho, esfregando seus lábios no pulso de Kalia, como um pássaro esfregando seu bico. Enquanto isso, o som de sua saliva escorrendo e caindo ecoou estranhamente.
— Decidi mudar minha estratégia.
— Quê?
“Estratégia? Qual estratégia?”
Sheyman olhou o bebê, que estava dormindo nos braços de Kalia, por um momento. Um leve sorriso apareceu em seu rosto.
Então, beijou a testa do bebê. O cheiro da pele do bebê misturado com o cheiro de leite penetrou suas narinas. Sheyman, que levantou lentamente, e falou para Kalia, que o olhava com olhos envergonhados.
— Estava brincando, eu enrolei esperando que você percebesse.
— …
— Te amo, Kalia.
As pupilas dela que estavam desfocadas até que entendeu o que ele queria dizer, se expandiram lentamente. Kalia arregalou os olhos, como se não conseguisse acreditar e olhou para Sheyman. Sheyman parecia encantado, para a surpresa de Kalia.
— Vou continuar mostrando meus ciúmes fúteis no futuro, e vou implorar para você me olhar. Até que confie em mim, até que confie no meu amor… Até eu virar seu marido e amante. Até ser reconhecido como o pai do meu filho.
— …
— Vou te seduzir.
Seus lábios cruzaram o bebê e pararam em frente aos lábios entreabertos de Kalia. A respiração de Sheyman fez cócegas nos lábios de Kalia. Ele sentiu o coração dela bater mais rápido, mesmo sem beber álcool ou se exercitar. Sheyman segurou os lábios dela. Em uma voz baixinha, encarando seus lábios unidos. Ele falou como se cantasse uma canção de ninar para Shasha, que dormia entre eles…
— Você só precisa…só precisa se apaixonar por mim.
Sheyman atacou os lábios desprotegidos de Kalia.
Ela podia sentir a língua dele entrando, enquanto ele experimentava a saliva fria de Kalia.
Sheyman murmurou uma palavra que ecoou em seus lábios unidos.
“…Esse é meu plano futuro, Kalia.”
*****
— General Kalia?
No momento em que reconheceu o rosto da pessoa projetada na escuridão, Borph falou, sem perceber, o nome da pessoa.
— O que há de errado com ela?
Ele ordenou que trouxesse o ovo de dragão, mas encontrou uma imagem estranha na escuridão. Pensou que havia fracassado, mas aquela imagem que a sombra mostrou foi um achado inesperado.
Borph não conseguiu olhá-la por muito tempo e caiu na gargalhada.
“Quando foi? …Quem o encontrou em uma área neutra para conseguir suprimentos militares?”
Vestindo um uniforme vermelho de gola rulê, com um rosto sombrio, emergiu de baixo do boné militar. Lindos olhos verdes claro que contrastavam com seu olhar nítido que parecia nunca ter se curvado.
Havia dito algo, enquanto tentava tirar o chapéu e olhar mais de perto, desde seus lábios obstinadamente fechados e os olhos frios que o olhavam…
“Se não parar aí, vou cortar sua mão.”
Com uma voz que era suficientemente profunda para penetrar sua carne e evitar que Borph tocasse sua mão. Uma mulher, que agia mais como uma arma, mas como todo ser humano, cerrou os dentes enquanto abraçava sua barriga redonda.
— Ah!
Apesar de não ter o ovo de dragão, estava orgulhoso do que a sombra lhe trouxera, uma cena que parecia estar longe de ser vista. Borph nem sequer a reconheceu da primeira vez. Porque a atmosfera dela era muito diferente da que conhecia, e ela estava vestida com uma roupa leve e parecia estar com dor.
Borph, que esboçou um sorriso suspeito, lambeu o interior de sua boca com a língua e olhou para Kalia.
Havia outra pessoa inesperada do seu lado.
— Humm… Esse é o duque de Mado?
Os olhos de Borph, que ainda olhavam a cena, se estreitaram bruscamente.
“Ah, as coisas são assim.”
O filho dessa mulher é o filho do duque…?
De fato, boatos se espalharam de que os dois não seriam normais.
Se perguntava se essa mulher, que parecia difícil de se importar com essas coisas, tinha esses sentimentos, mas nunca se sabe como as pessoas realmente se sentem.
Alguém nunca havia feito isso?
O amor é uma força maior que faz com até guerreiros se rendem à ele.
— Humm, o que você está olhando desse jeito?
E junto dela, estava um mago das trevas que havia caído com essa força maior e se agarrou a ela.
— Acredito que deveria se interessar mais por quem vai conhecer do que quem já conhece…
Borph, que franziu os cantos da boca para o lado, abriu os olhos vagamente.
O rosto do Rei das Fadas estava gravado em suas pupilas enevoadas.
Os olhos vermelhos como o sangue de Borph brilharam com vida.
“Por que está ali?”
Seja pelo poder do Espírito Rei, a escuridão não conseguia invadir o local, mas toda vez que a porta era aberta, seu interior podia ser visto. Graças a isso, Borph conseguiu ver os dois personagens que apareceram quando Kalia estava prestes a dar a luz, através da sombra. O Rei das Fadas e a outra fada ao seu lado.
A ganância apareceu nos olhos de Borph, espiando os dois através de seu olhar obscuro.
Engoliu.
A sua garganta ardia.
O quão delicioso seria morder e comer esse arrogante Rei das Fadas? O quão doce seria morder sua pele e beber de seu sangue doce? Era um corpo que havia acumulado centenas de anos de poder, por isso sua doçura deveria ser indescritível.
Borph, que lambia os lábios, sorriu ferozmente e murmurou:
— …Não é divertido isso?
À medida em que estreitava os olhos, eles ficaram mais vermelhos, como se enchessem de sangue. Sua aparência era natural e cruel, como um cavalo elegante e puro.
Seu cérebro brilhante começou a trabalhar rapidamente.
“Mas, qual a relação entre o parto desta mulher com o Rei das Fadas? E quem é essa fada que está tão próximo dela e que se parece com a General Kalia?”
Era difícil entender todas as relações casuais apenas olhando aquela cena curta, mas era certeza que o parto da Kalia estava relacionado com o Rei das Fadas.
Talvez ele esteja relacionado com o bebê?
“O filho do mago é metade elfo, ele é filho do ‘guerreiro mais monstruoso e destrutivo do império’ e gênio do século. E ainda é parte da família das fadas?”
Olhou a cena das sombras, com uma expressão muito interessada. Depois que terminou aquela cena desnecessária, a sombra parou só para lhe mostrar mais uma cena.
Uma pequena fada apareceu e empurrou o homem humano de cabelo preto para o quarto. Todos foram expulsos, exceto o homem de cabelo preto, que rapidamente deu um passo à frente. Depois de um tempo, o Duque de Mado, que levantou a cabeça, encostou na porta e entrou correndo assim que ela se abriu.
Pela fresta da porta, que se fechava, pôde ver um pouco da pele do recém-nascido.
“Argh.”
A língua vermelha de Borph estalou com avidez, passando por seus lábios úmidos.
Mesmo quando Kalia, que parecia desmaiar, mas estava se deitando de exaustão, olhava para o bebê com um sorriso inimaginavelmente lindo enquanto o abraçava.
“Não acredito que sabe fazer essa expressão… Ela também tem sentimentos.”
Quando Borph sorriu, Daimon, que estava ao seu lado, fez bico.
— O que é que meu príncipe gosta tanto de ver?
Daimon, que estava se movendo lentamente em seus braços, se levantou.
Não conseguia desviar o olhar da cena mostrada pela sombra.
Ela puxou a sombra e rapidamente olhou para a cena que Borph estava vendo. Ela achou que poderia ver porque seus olhos brilharam daquele jeito.
Também ficou interessada porque viu o Duque de Mado com o Rei das Fadas.
Tentar conseguir o ovo de dragão falhou, mas parece que obtiveram algo mais interessante.
“Mas, ainda assim não me agrada.”
Viu Kalia sorrindo para um bebê, um que possuía seus olhos.
Uma vez, Borph a mencionou.
— Ela é uma mulher interessante.
Esse sorriso era assim daquela vez também. Um sorriso muito interessante e curioso.
Depois disso, Daimon, sem perceber, examinou a General Kalia do Império de Lohas. Curiosamente, não havia muita informação. A ponto de que toda informação era superficial. Mas ela viu sua imagem ao máximo. Talvez Borph pudesse se lembrar do rosto de Kalia mais claramente que o de sua amante.
“Como esperado, não me agrada.”
Daimon estendeu a mão e cobriu os olhos de Borph, que olhava o vídeo.
Então ela esticou a cabeça e sussurrou um aviso em seu ouvido:
— Sabe que se me trair, morrerá, certo, Borph?
Ela sabia que precisava ter confiança na ambição de Borph.
Borph era um contratante que havia feito um pacto com um feiticeiro de alto nível, ela era a única maga das trevas que poderia tratá-lo apenas com o apoio de suas mãos e pés.
Sua magia das trevas era o meio mais consistente para o “experimento” e “objetivo” de Lyric.
Borph era como o alter ego de Lyric, por isso não poderia abandoná-lo, ele era útil.
Borph agarrou a mão de Daimon, que cobria seus olhos, e riu.
— Como posso traí-la? Não há ninguém mais atraente do que você, ao meus olhos.
Ele puxou seu pescoço e beijou seus lábios entreabertos. Daimon reagiu com entusiasmo, colocando sua mão ao redor do pescoço dele, como se estivesse satisfeita.
As pálpebras de Borph que haviam se abaixado, como se fechasse os olhos, abriram-se novamente. Atrás de Daimon, que o abraçava, estava o vídeo na escuridão. Ele viu o bebê tremendo o corpo inteiro e chorando, e Kalia sorrindo entre lágrimas com o rosto inchado. Os olhos de Borph a encaravam, como se estivesse gravando em sua mente.
— Borph.
Borph, que abraçou com força o corpo de sua amante, se concentrou em beijá-la, como nunca a beijou antes.
Tradução: Kaon.
Revisão: Michi.