Como esconder o filho do imperador - Capítulo 89

─ Vamos, querido. Prove isso.

O duque de Reston pegou um biscoito e o entregou a Theor.

Ele tinha uma voz suave que o fazia soar como uma pessoa muito carinhosa.

─… Não quero comer.

Assim que ele estendeu a mão, Theor escapou e fugiu.

Ele se escondeu rapidamente atrás das costas de uma cadeira e olhou para ele.

O Duque riu e colocou o biscoito de volta na tigela.

─ Você não gosta de doces?

Theor respondeu, desconfiado, porque sabia que ele queria ganhar sua confiança.

─ Eu não gosto.

Ele então evitou os olhos do duque e se escondeu completamente atrás da cadeira.

Theor não gostava desse homem.

Seu pescoço, onde ela o segurou com as mãos, ainda latejava e doía.

Era estranho que de repente ele sorrisse gentilmente para ele, quando antes ele segurava

sua garganta e gritou com ele.

Ele parecia ser uma pessoa importante, mas quando olhou para ele, sentiu nojo.

O duque enxugou as mãos em um guardanapo e riu.

‘Ele não age como uma criança normal. Será porque ele é de uma linhagem pura e nobre?’

Ele achava que as crianças gostavam desse tipo de lanche.

Na verdade, o duque não gostava de crianças. Sempre pensou que eram barulhentas e irritantes.

Mas ele gostou desse garotinho. Essa criança seria o herdeiro do trono, e havia herdado seu sangue.

Quando Kaizen fosse assassinado e esta criança se tornasse imperador, ele se tornaria o imperador regente e governaria o Império legalmente.

Ser regente era seu antigo sonho.

Foi para esse sonho que Astella nasceu e foi criada como a futura imperatriz.

Embora tenha falhado vigorosamente devido a Kaizen, Astella fez sua parte.

Porque ela deu à luz um príncipe tão fofo e inteligente.

‘Quando eu fizer desta criança o imperador, nossa família vai governar o Império.’

O duque estava feliz, mas houve um tumulto no corredor.

*Bang*

A porta da sala se abriu como se fosse quebrar.

O enfurecido Fritz entrou na sala.

─ Pai!

─ Esqueceu de bater?

Fritz caminhou em direção ao pai com uma expressão sombria.

─ Ouvi dizer que sequestrou Theor, onde ele está?

─ Tio Fritz?

Theor, escondido atrás da cadeira, ouviu uma voz familiar e seu rosto espreitou lentamente. Fritz encontrou o menino e parou.

─ Theor?

─ Tio Fritz!

Theor saiu correndo e o abraçou.

─ Theor, aqui está você. Está bem…?

Fritz, que estava prestes a perguntar se ele estava bem, olhou para o rosto de Theor, que estava chorando.

‘Seus olhos…’

Os olhos inocentes do menino eram vermelhos.

─ Buah… tio?

Theor puxou suas vestes com as mãos pequenas enquanto Fritz não respondeu.

─ Por que está olhando para ele desse jeito? Seu sobrinho deve estar surpreso.

O duque deu um sorriso malicioso para o filho, que estava congelado.

— Pai, isso é…

─ Sim. Como pode ver, seu sobrinho é filho de Sua Majestade.

O duque riu, como se a expressão do filho fosse engraçada. Ele estava tirando sarro de seu filho tolo.

─ Você era o companheiro de brincadeiras do Imperador quando era criança, não era? E não reconheceu esse rosto? Basta olhar para ele, é filho de Kaizen.

Fritz olhou para Theor com olhos trêmulos.

Seus olhos lacrimejantes ainda eram vermelho rubi. Assim que viu Theor, ele percebeu que Astella era a mãe da criança.

Theor não era parecido a Sigmund.

Em vez disso, o corpo magro da criança, as orelhas, lábios e as formas das mãos eram muito semelhantes às de Astella.

E Fritz, que era amigo íntimo de Sigmund, sabia que Sigmund não tinha amantes.

Quando soube que a criança havia nascido, não acreditou, então escreveu para seu avô várias vezes, mas não houve resposta.

No momento em que todas as peças se juntaram diante de seus olhos, apenas sobrou uma possibilidade.

Theor era filho de Astella.

Mas ele não tinha certeza de quem era o pai. Ele achou que o menino se parecia um pouco com o Imperador, mas não imaginava que ele seria realmente o filho do imperador.

Mas agora… porque a cor dos olhos era a prova mais óbvia, não havia dúvida de que era seu filho.

─ Duque.

Então uma voz profunda soou. Lyndon estava parado na porta.

Há pouco tempo, Lyndon enviou um cavaleiro ao Palácio Imperial para dar um relatório ao Imperador sobre a questão de Theor.

No entanto, antes que a resposta retornasse, outro mensageiro veio, enviado pelo imperador.

─ Sua Majestade disse para levar o Jovem Mestre Theor para a residência de Lady Astella agora.

─ Minha filha parece ter aceitado a proposta de Sua Majestade. Não é assim?

Lyndon abraçou Theor, sem responder à pergunta do duque.

─ Jovem Mestre Theor, vou levá-lo até Lady Astella.

* * *

Astella estava esperando por Theor.

Kaizen deixou a mansão após dizer que aceitaria os termos.

Mas ela não tinha saído do lugar. Queria ficar sozinha por um tempo.

Do ponto de vista de Kaizen, ele de repente descobriu muitas novidades. Mesmo que fosse apenas um momento, levou tempo para ajustar as emoções.

Agora, seu casamento com Kaizen foi decidido.

Kaizen disse que o casamento seria apenas um casamento no papel.

Astella viveria como uma Imperatriz, mas não seria a verdadeira esposa de Kaizen.

‘Não há outra maneira agora.’

Embora tivesse sido possível retirá-lo do Palácio Imperial enquanto não fosse descoberto quem era o pai biológico de Theor, agora que a identidade de Theor já foi descoberta, não há para onde escapar.

Ela odiava o fato de ter que voltar para o palácio, mas podia suportar para manter Theor seguro.

Era melhor garantir a segurança de Theor ganhando o status de Imperatriz do que deixar ele travar uma guerra pela sucessão com um eventual futuro meio-irmão sem qualquer poder fora do palácio.

Ela faria tudo o que pudesse. O principal era proteger Theor.

Hannah abriu a porta e relatou.

─ Lady Astella! O Jovem Mestre Theor…

Mesmo antes das palavras de Hannah terminarem, Astella se levantou de seu assento.

Houve um grito vindo da escada. Astella desceu as escadas correndo.

Sir Lyndon e Theor estavam parados embaixo da escada. Theor a viu e gritou.

─ Tia Astella!

Astella correu e abraçou Theor.

─ Theor…

O calor familiar e a maciez do seu corpo foram sentidos.

Ela estava tão feliz que chorava com a criança em seus braços. Astella verificou o corpo de Theor.

─ Theor, está bem? Você está machucado?

─ É…

Theor assentiu e de repente levou a mão ao pescoço.

─ Minha garganta doi.

─ Sua garganta doi? Por quê?

Astella ficou surpresa. Ela desabotoou a camisa dele e olhou para o pescoço de

Theor.

Quando ele abriu o colarinho branco, viu marcas vermelhas em seu pescoço fino.

─ Você está ferido. Onde você se machucou?

─ O bandido me agarrou assim!

Theor colocou as mãos em volta do pescoço.

─ O que quer dizer?

Ela estava prestes a perguntar mais sobre isso, mas Sir Lyndon, que estava lá, limpou a garganta.

─ Bem, Lady Astella.

─ Oh, Sir Lyndon, obrigado por trazer a criança.

Lyndon ficou em silêncio, olhando para Astella com uma expressão complexa.

Havia alguma raiva em seu rosto sério.

‘Ele está bravo. Bem, isso é compreensível.’

Agora, os olhos de Theor estavam vermelhos como sangue.

A ex-imperatriz, que foi expulsa, enganou a todos dizendo que o filho do imperador era um filho ilegítimo.

Ele estava indignado, como um servo que trabalhava para o imperador. Astella disse com uma voz calma.

─ Não tenho nada pelo que me desculpar.

─ Lady Astella, não a culpo por nada.

Lyndon, um pouco envergonhado, negou suas palavras. Então uma voz familiar foi ouvida na escada.

─ Lyndon.

Kaizen estava na grade do segundo andar.

* * *

Kaizen, que estava esperando na sala de descanso, saiu quando ouviu que Theor havia chegado.

As pessoas se reuniram sob as escadas.

Theor foi visto nos braços de Astella.

Kaizen caminhou lentamente em direção aos dois.

Lyndon e os cavaleiros cumprimentaram Kaizen com cortesia. Astella abaixou Theor e também baixou a cabeça.

Finalmente, Theor se virou e olhou para ele.

─ Vossa Majestade?

Assim que o garoto se virou, os inocentes olhos vermelhos brilharam.

Ela ouviu de Astella sobre o nascimento de Theor, mas foi um choque ter a experiência de verificar a linhagem da criança com seus próprios olhos.

‘De verdade…’

Theor era seu filho.

Naquele momento, Kaizen sentiu emoções profundas que não poderiam ser descritas.

─ Theor…

Kaizen se aproximou do menino.

Então ele gentilmente acariciou o rosto de Theor. Bochechas brancas como leite tocaram as pontas dos seus dedos.

─ Vossa Majestade, o que é?

─ Não é ‘vossa majestade’.

Kaizen dobrou o joelho para igualar o nível dos olhos do menino. Ele tinha olhos vermelhos como ele.

─ Me chame de pai.

Um choque silencioso percorreu os cavaleiros e servos que os rodeavam.

Eles estavam olhando para os dois com as bocas abertas como se estivessem mortos.

Quando Lyndon entrou na casa com Theor, todos ficaram chocados ao ver a cor dos olhos da criança

Theor piscou como se não pudesse entender e disse:

─ Meu pai está no céu, certo?

A mão de Kaizen caiu fracamente. Theor deu a Astella um olhar de pânico.

─ Tia? Sua Majestade fala sobre o papai.

Kaizen ouviu e cerrou os dentes.

─ Agora não precisa mentir mais. Apenas me chame de mãe.

Theor agarrou a saia de Astella e virou a cabeça, como se estivesse com medo de obedecer.

─ Theor, está tudo bem. Sua Majestade tem estado muito preocupado com você.

Astella abraçou Theor e o tranquilizou. Ela olhou para Kaizen e perguntou com uma voz calma.

─ Vossa Majestade, o menino parece muito surpreso e cansado hoje. Por favor, volte amanhã.

Kaizen se sentiu triste e miserável.

Seu filho, que conheceu pela primeira vez em seis anos, tinha medo dele e se afastou, temendo que ele fosse seu pai.

Levaria tempo para convencer o menino. Kaizen sabia que não poderia ser reconhecido como pai agora.

Ele se virou para conter sua dor.

─ Voltarei ao Palácio Imperial.