Como esconder o filho do imperador - Capítulo 106
— Por favor, fique aqui.
Olhando para trás, Velian levantou-se com um olhar descontente.
Astella ficou no salão do Palácio do Imperador por um tempo depois de terminar a reunião.
Queria voltar para o seu palácio, mas recebeu a ordem de esperar.
Se estivesse sozinha com Kaizen, teria recusado. Mas não podia desobedecer às ordens do Imperador na frente de seus oficiais.
Kaizen deixou Astella e foi discutir a questão do selo falsificado com os ministros em seu escritório.
A espera não foi entediante. O mordomo-chefe do palácio do imperador rapidamente trouxe chá e sobremesas para a Imperatriz.
E agora Velian, o ajudante do Imperador, estava com Astella.
— O que deseja?
— Me pergunto se Vossa Majestade a Imperatriz está satisfeita depois que se livrou do Marquês, da sua esposa e da senhorita Croychen.
Velian olhou para o servo parado à distância por um momento, então abaixou a voz e perguntou sarcasticamente a Astella.
Astella estreitou os olhos para a atitude ácida do secretário.
Velian parecia não gostar da queda da Família Croychen, que estava na facção imperial Agora teriam que escolher um novo Ministro de Estado.
Mas Astella foi forçada a fazer isso.
— Por que eu deveria me preocupar com a mãe e a filha que tentaram me matar e espionavam minha casa?
— Então Vossa Majestade teve a ideia de falsificar uma carta?
— Eu não tenho nada a ver com isso.
Não era uma mentira.
Astella nem sabia que esta carta existia até que Florin falou dela.
Mas Velian não acreditou nos argumentos de Astella. Ele disse, com um bufo.
— Mesmo o imperador, embora profundamente apaixonado pela Imperatriz, não vai acreditar nisso.
Astella levantou uma sobrancelha para o comportamento rude do outro.
— Está dizendo que eu montei uma armadilha para arrastar a senhorita Florin para longe?
— Não é assim?
— Não. Por que faria isso?
— Esqueceu que humilhou a mulher do Marquês na festa do chá?
— Isso foi porque ela tentou sequestrar Theor.
Ela havia machucado Theor. Não importa o quão rude a esposa do Marquês era em relação a ela, se tivesse parado por aí, Astella teria deixado passar. O mesmo se aplicava a Marianne. Se ela não tivesse revistado a sua caixa de remédios, o teria deixado passar, não importa o que dissesse.
— Segundo me lembro, sempre foi a família Croychen que se envolveu nos meus assuntos. Apenas dei o troco.
— É assim que costumava ser, mas…
Embora Astella tenha deixado claro que não fez nada, algo dentro de Velian ainda estava
dizendo-o para não acreditar nela.
Astella não queria continuar lidando com as reclamações de Velian. Ela não tinha intenção de suportar a grosseria desse homem.
Astella cortou suas palavras com uma voz determinada.
— Não entendo como você, que é assistente de Sua Majestade, não acredita em mim, a Imperatriz.
Velian abriu a boca um pouco confuso. Deve ter ficado surpreso ao ver como foi tratado enquanto conversavam em voz baixa.
Astella o repreendeu em um tom calmo, mas enérgico.
— Não está sendo cortês comigo, que sou a Imperatriz do Império, e está defendendo uma dama que cometeu crimes. Talvez o homem que serve a Sua Majestade não aprendeu a etiqueta da corte?
— Eu não…
Velian parecia envergonhado e ligeiramente traído.
— Até agora, Vossa Majestade a Imperatriz sempre foi gentil comigo, por que está fazendo isso de repente?
‘Está perguntando isso porque realmente não sabe?’
Foi porque naquela época ela não era a Imperatriz. Naquela época, Astella era apenas filha de um duque caído, alguém que havia sido abandonado por sua família.
— Se eu, a Imperatriz, estou sendo acusada de ter forjado uma carta falsa sem nenhuma prova pelo ajudante do imperador, isso não seria uma perda da dignidade de Sua Majestade?
— Ele, isso…
Velian não conseguiu encontrar uma resposta, de repente a porta do corredor abriu com um estrondo.
— Vossa Majestade, a Imperatriz.
Os aristocratas que participaram da conferência política entraram. Todos olharam para Astella e inclinaram suas cabeças profundamente.
— A reunião acabou?
— Sim, Vossa Majestade. Lamentamos tê-la feito esperar tanto tempo.
Ao contrário de Velian, que estava questionando Astella com atitudes tortas, os aristocratas eram extremamente educados.
— Lamento não poder cumprimentá-la. Se permitir, mais cedo ou mais tarde irei ao Palácio
da Imperatriz…
Como se tivessem feito uma promessa, pediram desculpas por não terem ido visitá-la até agora e pediram permissão para cumprimentá-la.
Não tiveram escolha a não ser fazê-lo. A família Croychen entrou em colapso e Florin, que era a candidata mais segura para se tornar a imperatriz, não estava mais a salvo.
Agora o jovem imperador se apaixonou por Astella e passava um tempo no seu palácio todos os dias.
A Imperatriz também era a mãe do único príncipe que se tornaria herdeiro.
Do ponto de vista dos funcionários, eles não tinham escolha a não ser tentar ficar bem diante da Imperatriz de qualquer maneira.
Kaizen entrou antes que Astella pudesse dizer qualquer coisa.
— Astella.
— Aqui estou, Vossa Majestade.
Ao contrário daqueles que eram educados e gentis o suficiente para serem submissos, a expressão de Kaizen era escura e fria.
Expulsou seus oficiais em aborrecimento.
— Todos vocês, fora.
‘A atmosfera é incomum.’
Velian saiu junto com os oficiais.
Pouco antes de a porta se fechar, Velian olhou para o casal de imperadores que ficaram juntos no salão.
‘O que está acontecendo com a Imperatriz?’
Velian sabia que o casamento deles não era tão feliz quanto parecia.
Em primeiro lugar, Velian sabia sobre o contrato de casamento entre os dois.
O Imperador ia ao palácio da Imperatriz todos os dias, mas ele pensava que não passava de uma fachada para o exterior, e que na realidade, ambos eram completos estranhos um para o outro.
Ele poderia adivinhar a situação apenas olhando para o rosto de Kaizen. Em vez do
sorriso e a alegria esperada de uma pessoa na fase de lua de mel, o rosto do imperador só ficava mais nebuloso a cada dia.
* * *
Florin, que estava dentro da mansão, soube tardiamente da notícia.
— O selo na carta era falso?
A babá assentiu, encontrando os olhos assustados de Florin.
— Senhorita, acalme-se.
A babá tranquilizou Florin com um olhar nervoso, com medo de que ela desmaiasse.
Florin não desmoronou. Estava com raiva de Astella.
‘É muito astuta…
Ela desistiu deliberadamente. Para enganá-los e levá-los a uma armadilha, o que Florin acreditava tão fortemente.
O servo que havia deixado a carta no palácio também foi capturado.
Isso significava que Florin logo seria levada ao palácio para investigação, como um dos ministros próximos de seu pai avisou.
Se não fosse por esse homem, ela seria levada sem nem mesmo saber o porquê.
— Senhorita, o que vai fazer?
Florin respirou fundo e ouviu a voz preocupada da babá.
Quanto mais difícil for, mais calmo se deve ficar. Se ela pensar com calma, haverá um caminho.
Florin, que olhava pela janela e organizava seus pensamentos, e de repente se lembrou do momento em que tudo isso transbordou.
O trabalho no castelo de Dentz poderia ter terminado com um simples feito.
Se as coisas tivessem corrido bem, Astella poderia ter voltado para o interior com seu filho e ficar quieta vivendo no campo pelo resto de sua vida.
No entanto, quando o imperador soube que o príncipe desmaiou após comer uma fruta ao chegar à capital, tudo ficou mais complicado.
E no dia do baile, as coisas saíram do controle quando a sua mãe abriu a boca para revelar na frente de todos que Astella era a mãe da criança.
Assim que seus pensamentos chegaram lá, uma boa ideia surgiu.
Florin se apressou. Ela disse com urgência.
—Tenho que contar ao meu pai.
— O que vai dizer ao marquês?
— Onde está Naen?
— A sua irmã mais nova?
A babá pareceu confusa ao ver Florin perguntar pela localização de Naen, a mais nova das irmãs.
— Tenho certeza que está em seu quarto.
Florin ordenou, pensando em sua irmã gentil e desajeitada.
— Diga a ela para ir ao escritório do meu pai.
* * *
Naen caminhou fracamente pelo corredor.
Embora tenha nascido como a filha mais nova de uma família de Marqueses, Naen não viveu muito feliz.
Ela não era bonita ou inteligente como suas irmãs. Ainda assim, queria se dar bem com a sua família.
Embora seu pai e sua segunda irmã Florin pensassem que ela era invisível, Marianne, sua primeira irmã mais velha e sua mãe tratavam Naen como um membro da família desde que ela pudesse agradá-las, mesmo sendo violentas e inconstantes.
‘Mas agora as duas se foram.’
Sua irmã mais velha, Marianne, foi enviada para um convento, e sua mãe foi enviada em exílio para o norte.
E agora, até seu pai tinha sido condenado a ficar confinado na Mansão. A mansão do marquês estava silenciosa o suficiente para sentir-se desolada.
Não havia ninguém no corredor por onde costumavam passar os criados. Naen passou pelo corredor silencioso e parou na porta do escritório de seu pai.
Ela bateu e abriu a porta com cuidado.
— Pai, precisa de mim?
No escritório escuro, seu pai e sua segunda irmã, Florin, estavam juntos.
As duas pessoas, que estavam conversando sobre algo, ficaram em silêncio quando ela chegou.
‘O que poderia ser?’
Naen não sabia por que seu pai a chamou de repente para seu escritório.
Ela pensou que seria sobre algum assunto relacionado a sua mãe ou sua primeira irmã mais velha.
‘Eu gostaria de poder ir confortá-las e atender às suas necessidades diárias.’
Ela pensou que seria melhor fazer as malas e ir o mais longe possível, em vez de ficar nesta mansão silenciosa e desconfortável.
— Há algo que você pode fazer por nossa família.
O pai disse a Naen. Ela apenas ouviu. Isso é tudo que seu pai disse e ficou em silêncio.
Silenciosamente, com o rosto pesado, não disse mais nada.
A sensação desconfortável do silêncio de seu pai subiu em seu sangue. Naen esperou um momento e perguntou com cuidado.
— O que… o que é, pai?
Não foi seu pai quem respondeu a isso, mas sua segunda irmã, Florin, quem estava ao seu lado.
— Eu…
A voz calma de Florin a surpreendeu.
Florin nunca ficou com raiva dela. No entanto, Naen temia instintivamente essa irmã calma e bonita.
Florin sorriu com ternura.
Como se dissesse: ‘Por favor, vá para uma festa do chá em vez de mim’, Florin disse:
— Preciso da sua ajuda. Vá para o Palácio Imperial agora mesmo.
— Ah irmã, o que você quer dizer?
Ela não podia acreditar que sua irmã a estava enviando ao Palácio Imperial.
Florin sorriu rapidamente enquanto olhava para a chocada Naen.
— Diga que a história da carta falsa é culpa sua. Vá para o Palácio Imperial e confesse.