Serena e o Labirinto Misterioso - Capítulo 194
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- Não lamba os dedos antes de virar as páginas de um livro
A guia clicou a língua com um som abafado. Ela fez uma careta, coçando os cabelos preto-azeitona.
As armadilhas naturais do labirinto já eram uma dor de cabeça, mas agora, com as armadilhas artificiais de Seraph adicionadas, parecia um problema em dobro.
Para ajudar a guia, cujo trabalho havia dobrado ou triplicado, Serena se aproximou.
– Conheço bem os hábitos e preferências de Seraph em relação a armadilhas, então vou ajudar.
– Que tipo de família real tem o hobby de armar armadilhas?
Para explicar as características únicas da família Hyuaim, ela teria que recontar a trágica história (de mil anos) de uma família com um histórico incomumente frequente de ser alvo de ladrões de túmulos.
Como levaria tempo para explicar verbalmente, e sua mão doeria de tanto escrever, Serena decidiu omitir a explicação. Em vez disso, usou o mapa mágico para apontar os lugares onde Seraph poderia ter armado armadilhas.
Pouco depois de a guia começar a procurar armadilhas, ela encontrou uma. Era uma armadilha em que algo caía do teto se um mímico se movesse para atacar uma pessoa próxima.
O mímico, sabendo que uma armadilha havia sido armada à sua frente, não conseguiu correr para a parede como seus semelhantes e ficou preso. Depois que Olive lidou com o fio quase invisível, mudando seu ângulo, Sir Alpha cortou o mímico preso ao meio, matando-o.
Olive nem pediu permissão ao Cavaleiro Imperial antes de subir em seu corpo para chegar ao teto e recuperar algo.
A guia trouxe uma pequena esfera, mais ou menos do tamanho de uma bolinha de gude infantil. Dentro dela, uma gota de cor girava, fazendo-a brilhar em cinco tons diferentes.
Serena vira crianças brincando com bolinhas de gude como as de sua vida passada. Assim como em sua vida passada, neste mundo, artesanatos de vidro decente custavam caro.
– Alguém sabe o que é isso?
Este não era um dos testes habituais de sobrevivência em labirintos da guia para passar o tempo, mas um pedido genuíno de informações.
– Dado que foi colocado na armadilha, parece ter propósitos de ataque.
Depois que a experiente aventureira do labirinto falou, o genial alquimista também segurou o queixo, como se a identidade da esfera fosse intrigante.
– Provavelmente é usado para atacar mímicos, derrubando a esfera quando a corda é tocada.
– Zero?
Yeong, com o rosto inexpressivo, balançou a cabeça.
– Não sei.
Até mesmo Sir Alpha, que era especialista em quebrar crânios de monstros em vez de cabeças humanas, tentou descobrir, mas não conseguiu nada.
No final, a esfera foi colocada na bolsa subespacial do alquimista. Se fosse algo que explodisse com o impacto, seria problemático, então eles tiveram que colocá-lo na bolsa subespacial para levá-lo.
– Vamos perguntar a Gray quando voltarmos ao lobby.
O belo rosto de Sir Alpha se contorceu diante da sugestão de perguntar ao assistente do príncipe sobre um objeto que nem mesmo um aventureiro veterano de labirinto e um alquimista genial entenderiam.
Parecia que ele tinha muito a dizer, mas talvez por achar que escrever era tedioso, o Cavaleiro Imperial decidiu omitir sua pergunta em vez de resolvê-la.
– Muito bem, já que todas as armadilhas foram desmontadas, vamos encontrar o livro… Meus senhores.
A guia declarou que o grupo estava livre para circular. Ralph apontou para os mímicos com as cabeças enterradas nas paredes.
– É aceitável deixar os mímicos assim?
– Deixe-os em paz. Se estiverem tão assustados, não vão atacar. Por precaução, Cavaleiro Negro, fique de olho neles. Se se mexerem, corte-os com seu machado.
– Então também ajudarei o Sir Alpha a vigiar os mímicos.
Enquanto os dois cavaleiros monitoravam os mímicos enterrando suas cabeças nas paredes, o resto do grupo partiu em busca do livro mal catalogado.
‘Aqui são livros de receitas, aqui são livros de arte, esta é uma genealogia de famílias nobres…’
Explorar as estantes, cada uma com um tema diferente, fazia a cabeça dela girar. De vez em quando, quando encontrava um título de livro que a tentava, era difícil resistir à vontade de pegá-lo.
Às vezes Serena e às vezes Yeong despertavam as mentes hipnotizadas uma da outra e, como resultado de sua busca diligente nos arquivos, elas chegaram a uma conclusão.
‘Não há nenhum?’
O grupo concluiu que não havia livros com classificação ou disposição incorreta.
– Esquecemos de algum?
– Como eu pensava, não bastava apenas verificar os títulos. Temos que verificar também o conteúdo do texto.
Serena expressou sua objeção à sugestão do Conde.
– Não, não podemos. Mesmo que não estejamos interessados, olhar o conteúdo pode nos hipnotizar.
Felizmente ou infelizmente, havia um espaço no 27º andar do Labirinto de Hudgee onde o grupo ainda não havia entrado.
– A sala de leitura? Ainda não fomos lá… Meus senhores.
A guia, que nunca havia usado uma biblioteca na vida, parecia ter dificuldade para entender o conceito de sala de leitura. Se não fossem as regras de silêncio na biblioteca, ela teria reclamado sem parar, dizendo: “Por que existe um lugar específico para ler livros? Não podemos simplesmente lê-los onde for confortável? Pessoas cultas são tão estranhas.” E assim por diante.
– Mas há livros na sala de leitura?
– Vamos verificar, Sir Hanson.
O grupo se virou e, depois de finalmente punir os Livros do Labirinto que os atacavam violentamente, seguiram para a sala de leitura.
Era tão espaçoso quanto a área com as estantes. Mesas e cadeiras grandes estavam dispostas em um padrão regular, e sobre as mesas havia pilhas de livros, grandes e pequenos.
Enfileirados nas paredes da sala de leitura, livros grandes e bonitos estavam espalhados em suportes de leitura da altura de um adulto.
Olive apontou para os livros enormes espalhados nas estantes.
– Por que estão dispostos assim? É preciso ficar em pé para ler? As cadeiras têm algum custo extra?
Perguntar se as cadeiras da sala de leitura da biblioteca eram pagas. Isso é algo que só quem nunca foi a uma biblioteca pensaria.
– Normalmente, dicionários, grimórios e livros antigos são vistos dessa forma.
– Então são livros caros?
A guia balançou o tronco e se aproximou dos livros grandes e belos. Parecia querer olhá-los porque eram caros, mas, no momento em que a guia deu alguns passos, um som alto e estrondoso quebrou o silêncio da sala de leitura.
“Au au! Arf au! Uau!”
O livro grande e belo que estava aberto sobre a estante de leitura de repente latiu como um cachorro e investiu contra Olive. A guia desviou rapidamente para o lado, mas o livro gigante não conseguiu alcançá-la e parou no meio do ataque.
Clank clank.
O livro enorme estava acorrentado ao suporte de leitura, de modo que não conseguia passar do comprimento da corrente.
“Au au! Grrrrr! Au au!”
Como se o latido animado do companheiro tivesse sido um gatilho, os enormes livros nos suportes de leitura ao longo da parede ganharam vida e começaram a se mexer.
“Au au! Grrrr! Graaar! Uau! Arf au!”
A sala de leitura, antes silenciosa, foi tomada pelo som de cães latindo. O barulho vindo de três direções era ensurdecedor. O grupo ficou aterrorizado pelos livros latindo alto o suficiente para sacudir a biblioteca inteira.
‘O tigre!’
O bibliotecário da Biblioteca do Labirinto não toleraria essa comoção. Eles tinham que correr ou se esconder antes que o tigre das sombras chegasse.
Uma mão forte agarrou o pulso da princesa enquanto ela corria em direção à escada. Sua temperatura era ligeiramente mais baixa do que a de uma pessoa normal. Era Yeong.
A arqueira puxou Serena para debaixo de uma mesa, e Olive, que estava esperando para ajudar a princesa a descer o caminho da estante, correu até ela.
‘Zero! Você está louca?’
Yeong empurrou a guia, que murmurou sua objeção silenciosamente, para debaixo da mesa. Então, fez com que o restante do grupo, que não conseguiu fugir porque Serena estava escondida embaixo da mesa, se escondesse também, e então acendeu a lanterna mágica e a colocou em cima da mesa.
Quando a luz se intensifica, as sombras se aprofundam. Se eles haviam se escondido na luz durante o primeiro encontro com o tigre das sombras, desta vez o grupo estava escondido na sombra espessa da mesa criada pela lanterna. Eles se perguntavam se aquela era a coisa certa a fazer contra um monstro que se move através das sombras, mas já era tarde demais para fugir.
O grupo, incluindo Serena, meio resignada, prendeu a respiração e esperou a aproximação do ceifador.
“Au au! Grrr! Au au au! Au!”
Os enormes livros sacudiam suas correntes e latiam alto. Por quanto tempo eles suportaram o som dos livros latindo? Depois de esperar por um longo tempo, o fedor e o cheiro de sangue para os quais se prepararam nunca chegaram, então os membros do grupo que haviam enterrado a cabeça entre os joelhos começaram a levantar a cabeça um por um.
– Não virá?
– Talvez esteja tudo bem porque não somos nós que fazemos barulho?
– Parece que não há problema em monstros serem barulhentos!
Quando pensaram nisso, o bibliotecário nunca apareceu, embora eles fizessem um pouco de barulho toda vez que lutavam contra um monstro.
– Certo. Há uma saída para tudo. Quando há um inimigo difícil, deve haver uma rota de fuga.
A guia tentou ouvir um som diferente em meio ao latido dos livros e, lentamente, saiu de debaixo da mesa. Após verificar o ambiente, a guia sinalizou para o grupo que eles podiam sair.
Serena, que foi a primeira a ser empurrada para debaixo da mesa, foi a última a sair.
– Zero, tivemos sorte dessa vez, mas da próxima vez, pegue a princesa e fuja.
– É isso mesmo. Foi muito perigoso.
– Concordo com a Olive. Por favor, priorize a segurança da Grã-Duquesa acima de tudo.
– Não me importo de ser uma isca para a princesa.
Yeong nem sequer se incomodou com os protestos. Serena também discordou deles.
‘Mesmo que o tigre tivesse vindo, ele não teria nos encontrado.’
Todos pensaram que a sombra da mesa tinha ficado mais espessa por causa da lanterna, mas Serena viu claramente com seu um olho.
‘Não estávamos numa sombra, estávamos na escuridão.’
A escuridão criada pela fiel serva das trevas deve ter escondido o grupo perfeitamente. A Sumo Sacerdotisa das Trevas, que raramente usava seu poder, se apresentou para salvar a todos.
Serena deu um tapinha no ombro da Sumo Sacerdotisa com gratidão.
“Au au! Auuuuuu! Grrrrrrr!”
Enquanto o grupo rastejava para fora de debaixo da mesa, os livros enormes latiam furiosamente, parecendo que iriam se lançar para a frente se não fossem as correntes. Quando Olive tentou lançar sua adaga, o Conde Randy a impediu.
– Esses são livros com presas.
– Livros com presas? O que é isso… Meu senhor?
Olive cruzou os braços, exigindo uma explicação para o surgimento de um novo monstro. O nível de dificuldade do labirinto já era de impressionantes 10, o que era perturbador, e o surgimento de dois novos monstros desconhecidos naquele andar parecia estar sobrecarregando sua mente.
– Um livro com presas é…
– Então são livros com presas?
O conde, que tardiamente descobriu a identidade dos livros, estava tentando ao máximo escrever letras claras para explicar, mas Sir Alpha agiu como se soubesse de algo.
Olive imediatamente arrancou o caderno e a caneta da mão do alquimista e os entregou ao Cavaleiro Imperial.
– Só conheço a lenda da origem dos livros com presas. Dizem que um certo mago rezou fervorosamente ao Deus da Magia por um feitiço, e quando o lançou sobre um livro, ele criou presas e atacou as pessoas, latindo como um cachorro.
Olive estalou a língua ao ver o aparecimento de um monstro que até tinha um mito de criação.
– O mago devia estar entediado. Por que ele aprenderia um feitiço desses?
Era exatamente isso que Serena queria dizer.
– Segundo a lenda, ele rezou fervorosamente ao Deus da Magia para punir as pessoas que lambiam os dedos para virar as páginas de um livro.
– Ele deveria ter colocado veneno no livro. Que mago estranho.
– Do que você está falando? Se você colocar veneno em um livro, ele ficará danificado.
O Conde Randy, que amava livros, ressaltou por que o envenenamento não era apropriado, mas todos concordaram com Olive.
– Nem lambemos os dedos, então por que estão fazendo tanto alarde? Vou matar essas coisas, com presas ou não! Meus senhores!
Desta vez, o Conde Randy e Sir Alpha pararam Olive ao mesmo tempo.
– Você não pode.
– Por que não?
Olive fez beicinho.
– De acordo com o mito da criação, eles não são monstros, mas livros enfeitiçados. Se o feitiço for quebrado, eles se tornarão livros normais, então você não deve atacar os livros com presas. Isso pode ser uma violação das regras.
– Não danificar os livros… Meus senhor?
– Isso mesmo.
Os dois homens imperiais assentiram com expressões sérias.
– Então o que fazemos? Temos que entrar no alcance de ataque deles para ler as capas. Devemos simplesmente sofrer todo o dano? Meus senhores?
Os dois homens imperiais assentiram com uma expressão séria mais uma vez. A guia praguejou silenciosamente, com uma expressão de descrença no rosto. Serena conseguia ler os movimentos dos lábios dela: “XXXXX, que droga.”
Era isso também que Serena queria dizer, então a princesa aplaudiu em seu coração.