Seduzindo o Duque do Norte - Capítulo 63
Talvez por eu já ter estado lá antes, o caminho pareceu mais curto. A carruagem parou sem uma chance de Kalcion trocar uma palavra com o cocheiro.
Era mais tarde do que minha visita anterior, então a área em frente ao Crange estava repleta de carruagens adornadas com magníficos brasões em suas portas, pertencentes aos nobres.
Porém, nenhuma superava a carruagem da família Lembord. Embora Kalcion não se entregasse a extravagâncias, o resultado de seu “deixa assim” e entregar a administração na mão de outras pessoas deve ter sido o melhor.
Selena imaginou quem seria a pessoa que deveria ter gostado de gastar dinheiro, de pedir as coisas mais caras e de sentir o prazer de gastar o dinheiro do Duque.
Quando os dois desceram da carruagem e se aproximaram da loja, com o braço de Kalcion no de Selena, foram recebidos pelos porteiros, como no Di Arte.
Os porteiros ficaram em alerta com as costas eretas, em resposta à energia incomum de Kalcion.
— Ah, bem-vindo! Desculpe, mas no momento estamos cheios, então é difícil entrar!
— Cheio?
Kalcion não estava familiarizado com a palavra “cheio”, como se nunca a tivesse ouvido antes em sua vida. Selena, que ficou curiosa sobre o que ele iria fazer, apenas observou em silêncio.
— Então, você está me recusando a entrar agora?
— N-não, de jeito nenhum! É que não há lugares disponíveis…
— Eu não entendo. Você está dizendo que não há lugar para eu sentar?
Os porteiros do Crange não reconheceram o brasão da família Lembord.
No passado, embora Irelle estivesse hospedada na mansão de Kalcion, ela ainda estava sob a jurisdição do Barão Jion. Se ela tivesse pedido a carruagem do duque, Kalcion teria prontamente atendido, mas Irelle não teve coragem de falar primeiro.
Claro, Kalcion nunca havia pisado em um lugar como este antes, e a última vez que uma duquesa andou aqui foi há muito tempo, então os porteiros mudaram várias vezes desde então.
Embora os porteiros tivessem aprendido grandes brasões de família como parte de sua educação básica, os Lembord eram uma família com relativamente pouca influência em termos de poder aquisitivo em comparação com sua reputação. Era natural que eles não pudessem reconhecê-los, a menos que fossem uma das principais famílias a serem lembradas como uma prioridade.
— Quem é o dono deste estabelecimento?
— Bem, hum, é o Sr. Annil!
— Chame-o aqui.
— Sim senhor!
Selena se perguntou como Kalcion resolveria a situação, mas como esperado, a resposta certa era chamar o gerente. O proprietário saiu correndo, provavelmente pela forma como o porteiro descreveu Kalcion.
— Ouvi que estava procurando por mim. Me chamo Annil, sou o proprietário do Crange.
Kalcion acenou com a cabeça em resposta à reverência educada.
— Eu sou o duque de Lembord. Estou de pé há algum tempo porque fui informado que não havia assentos disponíveis.
— Oh meu Deus! O Duque… Ah…
Annil organizou seus pensamentos enquanto olhava entre Selena e Kalcion.
A mulher que tinha aparecido no dia anterior dizia acompanhar o Duque de Lembord. Ela era a mulher que diziam ter cabelos pretos longos incrivelmente bonitos. E o próprio Duque estava acompanhando tal mulher.
Graças às jovens que uma vez foram pegas brincando na cama do duque e agora estavam pulando insistindo que não tinham ideia de como o mundo podia ser assustador, Annil tinha todo tipo de informação em sua cabeça.
As jovens senhoritas estavam dizendo que tratava-se de uma mulher que aquecia a cama do Duque, e por causa disso estava cheia de arrogância, sem saber como o mundo era assustador.
Era óbvio que, como o proprietário de uma cafeteria popular, Annil ficasse do lado das senhoritas nobres, já que eram sua fonte de renda, e graças a elas a reputação de seu estabelecimento crescia.
Se a mulher tivesse vindo sozinha, ele a teria chutado para fora e a insultado. Esse era o tipo de tratamento que as senhoritas nobres desejavam que ela recebesse.
‘…Mas por que o duque está com ela?’
Annil nunca havia esperado esse tipo de situação. Suor frio brotou em suas costas como condensação de inverno em uma janela.
Por mais famoso que seja o relacionamento de um casal, era extremamente raro um homem acompanhar uma dama durante as compras. Para o duque de Lembord, que nunca fez compras em toda a sua vida, aparecer junto a uma mulher, era como um lendário dragão pousando no jardim da frente com um pombo.
Selena definitivamente não era apenas uma prostituta, como as jovens senhoritas diziam.
Na verdade, independentemente do relacionamento deles, já que o duque de Lembord veio pessoalmente com a mulher, os planos de Annil precisavam ser completamente revistos.
— Sinto muito por não reconhecê-lo, Vossa Graça! É uma honra recebê-lo para nos visitar! Primeiro, por favor, entre!
— Acabaram de dizer que não há espaço.
— Sim. Não há espaço, mas vou criar um!
Tinha que existir mesmo que não existisse.
Kalcion fez um clique com a língua e passou por Annil com uma expressão desinteressada, apesar das tentativas desesperadas de Annil deagradá-lo. Seus passos eram naturais e confiantes, como qualquer outro cliente da loja.
Annil, que estava curvado, correu para abrir a porta para ele.
Quando a porta se abria, todos os olhos na loja tinham sua atenção atraída instintivamente. Algumas pessoas o cumprimentaram calorosamente se conhecessem o cliente, enquanto outras o ignorariam para mostrar seu desdém.
Quando as pessoas viram quem havia entrado pela porta aberta, ficaram surpresas.
Embora Kalcion não fosse conhecido por suas aparições públicas, ele ainda aparecia uma ou duas vezes por ano, então era impossível não reconhecê-lo. Sua aparência marcante tornava ainda mais perceptível.
‘É o Duque Lembord?’
‘Por que ele viria para um lugar como este?’
‘Seria por causa daquela mulher ao lado dele…? Ah, espera, aquela mulher é…?’
Embora houvesse alguns murmúrios, ninguém falou tão alto como quando Selena chegou sozinha.
Selena achou a atmosfera diferente particularmente atraente. Este era o sabor do poder.
Como ela já tinha um gosto do fruto do poder, não precisava olhar para ele com amargura; ela poderia apenas comê-lo. Mesmo que Selena não movesse um dedo, o mundo lhe daria frutos doces.
— Primeiro de tudo, arrumamos um assento para o Duque, por favor, por aqui…
Annil rapidamente os levou para uma sala isolada onde os olhos de ninguém podiam alcançar.
No entanto, Selena negou com cabeça.
— Esta sala está abafada. Prefiro uma área espaçosa.
— Ah! É isso mesmo! Moveremos para um espaço lá fora, para vocês dois aproveitarem confortavelmente… Vou levá-los agora mesmo!
Com a palavra de Selena, o sofá e a mesa se moveram como um todo. Selena começou a rir, observando até as decorações e plantas próximas a ela sendo movidas.
As pessoas observaram silenciosamente enquanto um novo espaço aparecia. Era um tratamento especial que ia além da simples autorização para entrar.
Mesmo aqueles que conheciam o rosto de Kalcion ou já haviam cumprimentado em festas, não podiam se aproximar por causa da barreira invisível.
Enquanto se sentavam no local preparado, um chá de boas-vindas e pequenos lanches foram servidos. Selena tomou um gole e largou o chá.
— Ouvi dizer que o bolo desta casa é delicioso. Queria vir experimentar.
— Isso mesmo.
— Não gosto muito de doces…, mas é famoso, então achei que deveria provar.
Selena falou e virou-se para Anil. Ela estava honestamente um pouco curiosa sobre até que ponto ele poderia lidar com as coisas por conta própria.
Annil ficou momentaneamente atordoado com as palavras vagas de Selena, mas rapidamente recuperou a compostura.
— …Ah! Ah, sim! A senhorita poderia me dar um tempo? Quero lhe apresentar o melhor sabor que temos a oferecer.
— Claro.
— Enquanto esperam, que tal tentar esses? São os itens do nosso menu com menos doçura possível.
O próprio Annil cortou o bolo.
Bolos fofinhos e bonitos, lisos que não pareciam conter erros foram alinhados. Havia um gosto satisfatório só de olhar para eles. Certamente era famoso o suficiente para fazer jus à sua reputação.
Quando ela estava prestes a dar uma mordida no bolo tão precioso que não dava vontade de estragá-lo, Kalcion agarrou o pulso de Selena.
— O que foi?
— Vou provar primeiro.
— Como?
Seus gostos eram semelhantes. Kalcion também preferia carne a peixe e não gostava muito de coisas doces.
Em outras palavras, ele não era o tipo de pessoa que se ofereceria para provar um bolo como aquele.
— Pode estar envenenado.
Clang.
Sem baixar a voz, Kalcion deixou escapar, causando uma mudança repentina na atmosfera. A reunião de pessoas nobres que Selena vinha observando nos últimos dias era sempre brilhante, deslumbrante e quente. Mesmo que uma batalha feroz estivesse sendo travada sob a superfície, não havia perigo visível.
No entanto, pela urgência em sua voz, Kalcion estar no meio de um campo de batalha.
Além disso, veneno. Embora não pudesse estar totalmente seguro, por conta do que já aconteceu com Selena e Irelle, mas dizer algo assim, não era o mesmo que apontar culpados?
— Aqui? Por que está dizendo isso?
— Não é uma preocupação comum?
— E se a comida estiver mesmo envenenada? É um problema mesmo que o Duque a coma.
— Eu posso distinguir aproximadamente o sabor. E tenho alguma resistência, então não há problema em comer.
— Certo… então por favor, vá em frente e coma.
Selena levou o garfo com um pedaço de bolo até a boca de Kalcion. Ele franziu a testa enquanto mastigava.
— …É doce?
— Muito.
— Ah, então eu não deveria comer esse.
Selena descobriu que poderia usar Kalcion como uma ferramenta para testar a doçura dos bolos, desconsiderando sua capacidade de detectar veneno. Ela alegremente cortou um bolo diferente e deu para ele e, como esperado, seu rosto se contorceu de desgosto depois que ele comeu.
— Esta é a expressão facial mais intensa que já vi — Selena riu.
Já descontente com a doçura, o rosto de Kalcion ficou ainda mais ameaçador com a provocação. No entanto, Selena não lhe deu atenção e continuou a alimentá-lo com mais pedaços de bolo sem hesitar.
— Este também é doce?
— Sim.
— Este é o último.
No final das contas, nenhum pedaço de bolo da seleção de Annil chegou à boca de Selena. Apenas a língua de Kalcion que sofreu o suficiente com o teste de doçura.
— Não tenho nada para comer.
Assim que Selena largou o garfo, Annil correu e abaixou a cabeça.
— Obrigado por esperar. Estes bolos foram feitos agora mesmo e não são muito doces. A senhorita gostaria de experimentar?
— Sim, por favor.
Não havia razão para recusar um bolo feito na hora. Selena concordou facilmente. Como Kalcion não tinha expressado sua opinião, Anil seguiu as palavras de Selena.
Os bolos que haviam sido colocados de um lado da mesa foram retirados e novos bolos foram trazidos para encher a mesa. Não havia apenas um, mas dez tipos diferentes de bolos que foram feitos durante o pouco tempo que estiveram lá. A cozinha deveria estar uma confusão.
Mais uma vez, Selena deu o bolo para Kalcion primeiro. Com uma expressão desconfortável e sem expectativas, ele deu uma mordida e então franziu as sobrancelhas em confusão.
— É bom.
— Huh? Está tudo bem?
A certificação do provador de sabor que discerne a doçura foi concedida. Selena comeu um pouco, apreciando o sabor, mas logo parou quando sentiu o olhar de Kalcion sobre ela.
— O que foi…?
— …Deixa para lá.”
Kalcion rapidamente virou a cabeça.
Tradução: Holic.
Revisão: