Seduzindo o Duque do Norte - Capítulo 39
‘…Isso vai ser difícil.’
Já era a segunda vez que acontecia uma tentativa de assassinato em Lembord. Se tivesse acontecido durante a jornada em outro lugar, não teria ferido o orgulho de Kalcion, mas tinha acontecido dentro de suas terras, debaixo dos seus olhos.
A primeira vez foi feita de forma tão inteligente que era difícil discernir se tinha sido um suicídio ou um assassinato, mas a ira de Kalcion se agravou pela segunda vez ter sido de maneira tão aberta.
‘Ele provavelmente está com raiva porque seu orgulho está ferido, e não porque eu me machuquei.’
Não esperava que esse fosse o caso, mas seria mais problemático se ele estivesse sinceramente preocupado com ela.
No entanto, sua vida quase tinha chegado ao fim, por isso, se sentiu triste de não ter a preocupação sincera das pessoas que a rodeavam. Mesmo que fosse o esperado, era amargo que não houvesse ninguém que a confortasse e cuidasse com sinceridade.
Selena estendeu o braço trêmulo para Kalcion.
— Por favor, me ajude. Minhas pernas… elas…
Não podia esperar um coração caloroso ou palavras ternas que a confortassem, mas o calor do toque dele poderia ajudá-la a se acalmar. Ele nunca recusaria uma mão pedindo ajuda.
Como esperado, Kalcion se inclinou sem dizer uma palavra, e, em vez de segurar a mão estendida, ele a levantou nos braços.
Isso a acalmou imediatamente. Pensou que seria bom se fosse um ato de carinho verdadeiro.
‘De agora em diante, devemos nos concentrar em atuações físicas.’
Kalcion era melhor nesse tipo de atuação do que seguindo um roteiro.
— Kyaa! O que está acontecendo?!
As criadas retornaram e pararam em frente à porta, gritando ao encontrar os cavaleiros. Um pouco depois, a Sra Janet apareceu. Sua respiração estava um pouco ofegante e seu cabelo bagunçado. Ela parecia ter corrido.
— Vossa Excelência, o que aconteceu aqui?
— Uma tentativa de assassinato.
A mandíbula dela enrijeceu com a resposta curta dele. Ela não fez barulho como as outras criadas, mas parecia surpresa.
— Vossa Excelência está ferido em algum lugar?
— O alvo era Selena, não eu.
— ….Ah.
Respondendo vagamente, ela apenas balançou a cabeça. Nem mesmo perguntou,por cortesia, se Selena estava bem.
Selena franziu a testa.
‘Como você pode não dizer uma palavra para alguém que quase morreu?’
Foi o mesmo com Kalcion. As pessoas neste mundo eram muito rudes, para não dizer nem mesmo palavras de consolo por educação.
— Investigue minuciosamente, e verifique se há mais pessoas envolvidas.
— Farei como desejar, Vossa Excelência.
Selena deu um tapinha no peito dele, irritada com a demora.
— Ah, vamos logo. Quero ir para o quarto descansar.
Kalcion se virou obedientemente ao sussurro nervoso de Selena. Enquanto se movia, as roupas molhadas de Selena grudaram em seu corpo, revelando sua pele.
— Meu Deus!
As criadas se apressaram para cobri-la com uma toalha. Kalcion rapidamente virou a cabeça e ordenou que os servos homens e cavaleiros também o fizessem.
— Verifiquem o caminho que o invasor percorreu. Irei descansar agora.
— Tenha um bom descanso, Vossa Excelência.
Kalcion se dirigiu ao quarto com Selena nos braços.
Atrás dele ouvia-se os gritos da Sra Janet, dispersando as criadas. Se havia uma lacuna na segurança e um invasor se infiltrou, era definitivamente erro da Sra Janet.
Ela estava irritada por ter cometido um erro pela primeira vez, ou porque o assassino falhou em matar o alvo?
Selena mordeu os lábios enquanto tal pensamento passou por sua cabeça.
Dessa vez, acabou como uma tentativa falha, mas se não fosse por Kalcion, tal incidente poderia ter levado à sua morte.
Ao analisar a situação de uma perspectiva mais objetiva, calafrios voltaram a percorrer seu corpo. Não era uma atuação num filme ou num programa de entretenimento. Ela quase havia morrido. O medo pelo que poderia ter acontecido a envolveu.
— Por segurança, seria melhor dormirmos no mesmo quarto. Ou prefere dormir separado?
Kalcion, que se dirigia naturalmente para o próprio quarto, de repente perguntou à Selena. Ele só poderia estar louco por perguntar algo assim em tal situação.
— Não, não, absolutamente não!
Selena balançou a cabeça violentamente. Gotas respingaram de seu cabelo molhado. Kalcion entendeu a mensagem e silenciosamente abriu a porta.
O quarto era simples, quase igual ao que usaram na noite anterior. Kalcion se abaixou e a colocou no sofá, e ela segurou a barra da camisa de sua camisa quando ele tentou se erguer. A mão que o segurava tremia de ansiedade. Agora que ela podia respirar corretamente, o medo a dominou. Seu corpo inteiro tremia incontrolavelmente.
Ela não queria se apegar a um duque do norte sem coração, mas ele era a pessoa que mais poderia lhe oferecer segurança no momento. Embora ele não pudesse dizer palavras de conforto, já a acalmava apenas por se sentar ao lado dele.
— Está com frio?
— Estou com frio… e com medo.
— Deve ser porque ainda está molhada. Primeiro troque de roupa.
Kalcion chamou as criadas para que trouxessem uma roupa seca.
— Hm… Onde a senhorita vai se trocar…?
A criada que trouxe a muda de roupa perguntou constrangida ao ver o quarto pequeno sem um espaço adequado para se trocar. Enquanto balançava a cabeça, Selena pegou as roupas.
— Eu cuidarei disso.
Agora, ela não queria nem mesmo ficar perto de uma criada. A criada saiu do quarto, deixando uma toalha extra.
— Se importaria de se virar por um segundo?
— Eu vou sair.
— Não!
Selena rapidamente segurou Kalcion.
— Este quarto é seguro. Estão vigiando desde a porta, as janelas, até o teto.
— Não! Tenho medo de ficar sozinha.
Ele suspirou brevemente antes de voltar a sentar, virando de costas para ela. O medo não era um sentimento que desaparecia apenas com persuasão, e Kalcion estava ciente disto. Mesmo cavaleiros que eram gênios no manejo da espada, durante uma batalha real paralisaram com medo. O duque do norte conhecia até certo ponto o que era sentir medo.
Só então Selena ficou aliviada, e começou a se trocar. Mesmo que ela não estivesse visível para ele, conseguia sentir os mais leves movimentos,enquanto ela se trocava às costas dele.
O som enquanto retirava o vestido molhado, afrouxando o nó da fita, e o som do tecido úmido roçando a pele dela.
Kalcion engoliu em seco com o estímulo auditivo que recebia sem estar preparado. Sua mão no braço do sofá se fechou, tornando suas veias visíveis. Por segurança não podia abrir as janelas para aliviar o calor no quarto… por isso, seu rosto estava ruborizado até o pescoço.
No entanto, após terminar o som de Selena se despindo, não ouviu nenhum barulho de roupas sendo colocadas.
— Selena?
— Ah… Espere um minuto.
— Não, eu… acho que está começando a doer.
— Está ferida?
Kalcion franziu as sobrancelhas em desgosto. Era sensível a feridas. Havia muitos casos em que feridas leves infeccionaram e causaram consequências graves. Seus próprios funcionários, já tiveram que pedir licença por causa de complicações com cortes de papel que não foram tratadas.
— Posso me virar?
— Ah, não. Espera um pouco.
Ela colocou a roupa apressadamente. Conseguiu vestir-se rapidamente porque era uma camisola. Depois que terminou, ela se sentou e Kalcion examinou seu corpo.
— Deixe-me ver.
— Aqui e…
Ela arregaçou as mangas para revelar um arranhão no antebraço. Ele também notou um hematoma no braço dela. Com uma expressão séria no rosto, Kalcion segurou o braço dela e o observou.
— Deve ter machucado o cotovelo também.
— Ah.
Estava tão ocupada resistindo que não percebeu quando provavelmente trombou em algo enquanto balançava os braços. Quando Kalcion falou, ela olhou e já encontrou um hematoma ficando roxo.
— Ugh.
Era a primeira vez que tinha um machucado tão grande em seu corpo, por isso, fez imediatamente uma careta.
— É apenas o braço que está ferido? É normal machucar os pés enquanto resiste.
— Ah, sério?
Ela inconscientemente puxou a barra da saia até as coxas.
— …..Ahem..
Pego de surpresa, Kalcion pigarreou, e olhou para a perna dela.
As mulheres deste mundo usavam vestidos longos que iam até os pés para não expor as penas. Mostrar as coxas era o mesmo que ficar nua, mas Kalcion tentou desesperadamente lembrar que ela provavelmente não tinha essa intenção.
No entanto, as marcas em sua pele exposta afastaram as ideias que ele estava tendo rapidamente.
— Precisamos aplicar um pouco de remédio.
Olhando para os grandes hematomas como se algum objeto pontiagudo tivesse raspado a perna dela, Kalcion mais uma vez ficou sem palavras. Seu joelho também estava machucado, e um dedo do pé parecia fraturado.
Eram rastros de quão violenta a luta tinha sido. Kalcion ordenou que uma criada trouxesse remédios e ataduras.
— Não vai chamar um médico?
— Só tenho médicos homens.
Ele respondeu. Selena ficou confusa no que isso influenciava nas habilidades médicas, mas ficou quieta. Já que, ele estava fazendo isso por consideração a ela, era melhor aceitar.
Kalcion aplicou remédios cuidadosamente em cada uma das feridas de Selena e a enfaixou.
Não foi uma escolha ruim deixar isso nas mãos dele. Ele era habilidoso. Não conseguia acreditar que mãos tão grandes pudessem se mover com tanta delicadeza e cuidado. Até a última ferida, ele agiu como se ela fosse um vidro que iria quebrar ao menor contato.
Não houve palavras doces de conforto, mas com o seu toque suave, o gelo no coração de Selena se rompeu.
— O próximo…
Os olhos de Kalcion que cuidadosamente procuravam por mais machucados para colocar a bandagem, pararam no dedo quebrado.
— Vou ter que cortar as suas unhas.
— Ah, eu faço isso.
Antes que ela pudesse terminar de falar, Kalcion segurou o tornozelo dela e o colocou em cima da própria coxa.
Selena fechou a boca, permitindo que ele continuasse gentilmente.
Provavelmente não estava com mau cheiro, já que, ela tinha acabado de se lavar, mas estava com vergonha dele tocar os seus pés.
Kalcion pegou a tesoura e começou a cortar as unhas dos dedos do pé dela.
A sensação de pressão nas unhas, fez o osso dos dedos parecer estar derretendo.
Tradução: Holic.
Revisão: Bússola.