Seduzindo o Duque do Norte - Capítulo 33
— Agora, imagine que alguém pergunte sobre mim, o que você diria?
— Naturalmente, diria…
Pensou que de alguma maneira tudo se resolveria se praticasse, mas quando abriu a boca, não conseguiu falar nada.
Kalcion se sentiu desconfortável diante da falta de suas palavras. Suas orgulhosas palavras de que poderia fazer bem se praticasse, logo perderam o valor.
— …Que se chama Selena.
Ela consentiu afirmativamente com a cabeça.
— Entendo. Nunca a tinha visto antes. Suponho que é nova na sociedade.
Selena não avaliou a atuação, mas deu continuidade atuando como nobre.
Kalcion se surpreendeu com sua forma de falar tão natural e próxima da realidade. Podia entrar no papel tão facilmente com uma breve explicação? Seu reconhecimento para a atuação de Selena aumentou ainda mais.
— Sim.
— Deve ser uma pessoa importante para fazer o debute na sociedade acompanhada por Vossa Excelência, o Duque, em pessoa.
Os olhos de Kalcion tremeram. Não conseguia pensar em um grande título para apresentar objetivamente na sociedade, mas também não poderia negar.
Ao não obter resposta, Selena continuou a série de ataques.
— Que parte dela é tão importante…? Tenho curiosidade.
— Tenho que dizer?
Ele se sentiu encurralado.
— Peço perdão se tiver sido descortês, Vossa Excelência. No entanto, espero que entenda que temos que escolher com quem nos associamos, principalmente quem tem muito a zelar como Vossa Excelência.
— Se atrever a tentar me ensinar agora?
Sem se importar que fosse apenas uma atuação, Kalcion a olhou fixamente com frieza.
— Inaceitável!
Selena falou ríspida.
— O que? Está me desafiando agora? Se fizer isso, me despeço de você para sempre. Por mais que não queira socializar, tem que parecer sociável por fora!
Ele baixou a cabeça com um forte suspiro. Sabia que não estava bom, mas estava frustrado com a colocação dela.
Selena tinha razão. Sua resposta foi um fracasso completo. Ele já esperava algo assim, mas se surpreendeu que fosse tão ruim.
— Agora já sabe que tem que continuar atuando, certo?
— …Sim..
Selena não era das pessoas que continuava incomodando alguém que já estava agitando a bandeira branca. Ao ver que o Duque do Norte baixava um pouco a cabeça, começou seu sermão com uma voz brilhante, tentando não deixar transparecer a frustração.
— Em primeiro lugar, como não tenho cartas, não tenho que esperar um ataque preventivo e revidar depois, mas é melhor que o nosso lado ataque primeiro.
— Qual a diferença?
As palavras em si não eram diferentes. Selena sorriu.
—Tem uma diferença no fato do Duque ser a pessoa que está desesperada para apresentar sua companheira.
Ele assentiu, expressando surpresa. Definitivamente tinha algo diferente entre apresentar depois que lhe pedissem e apresentá-la primeiro.
— Entendo. Mas então tudo segue o mesmo caminho, não é?
— Se o Duque me apresentar primeiro, naturalmente os outros teriam a cortesia de nos receber educadamente, queiram ou não.
— E então?
— Assim, se o Duque me apresentar rapidamente ao círculo social, posso encontrar uma maneira de invadi-lo. Isso é tudo.
— Então… Deixando de lado a complexidade da situação, só terei que te apresentar como minha amante, certo?
— Sim. Isso seria bom.
Selena não era uma pessoa que tivesse grandes esperanças em coisas que não funcionavam. Grandes expectativas só aumentavam a decepção.
— Acredito que seria mais fácil fazer isso sem brincar com as palavras.
— É difícil atuar sem falar ou só usando expressões faciais.
— Nunca se sabe. Vamos tentar.
Diferentes pessoas podiam ter diferentes talentos. Ele não era um bom conversador, mas o que podia fazer com seus gestos?
Selena assentiu, pensando por um momento.
— A base do afeto é a observação. Em primeiro lugar, que tal se observar meu rosto?
— Hmm…
Sem piscar nem uma só vez, ele estudou os traços do rosto dela obedientemente. Se fixou em suas têmporas e em seus olhos, na ponta do seu nariz e em tudo o que destacava no rosto dela. Ela lhe devolveu o olhar em silêncio.
Selena sabia o que significava esse olhar. Os olhos afiados diziam que estava caçando. Esperou que dissesse algo, mas ele permaneceu em silêncio.
— Ha, haha…
Ela explodiu em risadas, incapaz de aguentar mais. Sentiu como se tivesse chegado em um beco sem saída com este método.
— Então, o que sente quando observa meu rosto?
— Sentir? O que deveria sentir?
— Só me diga o que pensou.
Esse tipo de situação não era familiar para ele. Atrapalhadamente tratou de pensar no que ela havia falado.
— Sua testa é redonda.
— Sim.
Ela assentiu, fazendo um gesto para que ele continuasse.
— Hmm… Suas sobrancelhas são bem cuidadas.
— Sim.
— Seus olhos são grandes.
— Certo.
—Talvez seja por serem grandes… que tenham um brilho tão intenso.
— Brilho intenso?
Ele tinha estado olhando avidamente seus olhos como se estivesse tentando alcançar a alma dela sem se dar conta.
— Bom… Acredito que seus olhos são maiores que os de adultos comuns… Suas pupilas estão dilatadas? Agora que penso nisso, acho que estou olhando há um tempo.Talvez, por isso, pareça mais intenso. Assim como a cor preta que absorve toda a luz, seu olhar absorve toda a atenção.
— Oh.
Ela estava encantada com a explicação inesperada que ele lhe deu.
— Bom, tem algo mais que destaque em mim, no mesmo nível que isso?
— Hm… Posso te olhar mais de perto?
— Sim, naturalmente, faça o que quiser.
Ela se aproximou tanto do rosto dele que ambos conseguiram sentir a respiração um do outro entre suas faces.
Ela também se deu conta de repente que os olhos dele pareciam misteriosos quando observados de perto. Seus olhos eram como um bosque enevoado a refletindo.
Kalcion também viu o mesmo.
— Seus olhos são tão brilhantes que parecem que estou me olhando em um espelho.
Como uma criança que acaba de descobrir um novo jogo, Kalcion deu uma gargalhada. Selena riu sem querer do comentário. O ar quente que saia de suas bocas roçou os lábios um do outro.
— Ha ha ha…Ha…
A risada que se instalou foi se apagando.
Track. Track.
O tremor intermitente da carruagem invadiu rapidamente o silêncio.
O ar se tornou quente e desconfortável.
‘É como… Uma cena de beijo?’
Ao se dar conta, ela instintivamente enrijeceu. Tinha se aproximado demais dele porque estava muito motivada. Era demais rir e conversar com esta proximidade, mas havia se perdido na situação.
O clima era forte, ainda que não sentissem nada um pelo outro, caso se deixassem levar pelo clima, poderiam inclusive dormir juntos.
Seria desconfortável? Deveriam se aproximar um do outro? Ela deveria dizer o que estava pensando? Deveria pegar a mão dele ou beijá-lo?
A situação tornou-se cada vez mais desconfortável. Nenhum dos dois tinha a intenção de fazer isso, mas se o clima lhes obrigava a avançar, seus corpos poderiam se mover sem se dar conta.
Uma vez que eles se movessem, poderiam seguir seu coração. E se algo acontecesse? Seria como rolar juntos na lama?.
Estava nervosa, e queria mudar o clima rapidamente. No entanto, antes que pudesse abrir a boca, Kalcon a bloqueou.
— Incrível..
— …O que disse?
Seus olhos estavam cheios de admiração.
— Inclusive depois de fazer um contato visual como este, seus olhos continuam imutáveis.
— …Que?
— É uma boa qualidade. Uma das habilidades mais importantes no combate.
— …
Enquanto isso, ela parecia incapaz de entender, com absurdo e assombro surgindo em seus olhos. Ela queria estar de bom humor, mas…
‘Isso é a única coisa que encontra nos olhos mais bonitos do mundo? Sério?’
De repente, a raiva a envolveu. Era uma tonta por estar nervosa. Sentiu-se tão estúpida que não podia suportar.
— Está errado!
— …Errado?
— Errado! Está errado, errado, errado, errado!
Estava um milhão de vezes errado. Kalcion se surpreendeu pelo seu ataque.
— Como? O quê?
Tradução: Bússola
Revisão: Holic.