Seduzindo o Duque do Norte - Capítulo 29
— Por que acha que não existem monstros próprios do mar?
— …Entendo.
— A maioria deles não consegue cruzar as montanhas e ficam presos. No entanto, quando chega o inverno, conseguem ir para o Sul.
Kalcion, continuou explicando com alegria, como se seus olhos tivessem se aberto para a diversão de ensinar.
Selena era inteligente, mas não tinha talento para estudar. Portanto, raramente recebeu estrelinhas da professora durante seus dias na escola. Exceto nas disciplinas de artes e educação física.
No entanto, aqui estava, altamente concentrada como se tivesse sido absorvida sem saber.
— Por isso, Silenza é o melhor lugar para viver no Norte, além da terra ser mais habitável.
Essa era a razão da cidade ser tão populosa. Era tão grande como qualquer outra cidade metropolitana.
— Geralmente é difícil viver no norte.
— Sim, as outras terras em Lembord são. Só vale a pena viver em Silenza devido às águas termais que correm desde as montanhas Sigand.
— Oh, por isso fazia calor apesar de ser inverno.
Selena acompanhou a conversa brilhantemente, melhor do que o esperado. Kalcion assentiu satisfatoriamente, sentindo-se orgulhoso.
— Tem tubos de água termal que correm pelo subsolo de Silenza. A água quente entra em cada casa.
Em resumo, era como um gêiser para toda a cidade. Cada vez que abria a torneira saia água quente.
‘Não vale a pena viver por isso?!
Além disso, não era só água quente, mas sim água termal. Um recurso desejável economicamente.
Sem se dar conta das ambições econômicas de Selena, Kalcion continuou.
— Até agora estávamos indo bem, mas à medida que cresce a população, as necessidades da cidade do Silenza também aumentam. Necessitamos encontrar um meio para manter a água termal quente.
— Entendo… É como se estivesse mantendo um país.
— É algo próximo a um país. É uma terra sem interferência central.
— Não pagms nenhum imposto?
— Lembord está livre de impostos, já que contribuiu com a fundação do império.
Não só a terra estava separada, mas sim o sistema era completamente independente.
— Não acredita que é melhor ser independente? Assim não precisaria continuar indo e vindo da capital?
Era um comentário de senso comum.
— É verdade.
No entanto, Kalcion não deu importância.
— Estou certo de que todos os duques pensaram nisso, mas por que não o fizeram? Oh, é tão difícil de fazer?
— Não, não é tão difícil. Militar ou economicamente, já estamos separados e não temos nada a termer.
— Mas, por que então não resolveram?
— Porque é inconveniente.
— Oh…
‘Entendo… Não posso rebater isso.’
— É um incômodo ter que viajar todos os anos, mas é ainda mais trabalhoso realizar todos os processos para se tornar independente.
— Não acha que é melhor ter o trabalho só uma vez e resolver o assunto?
— Escutei que meus predecessores achavam dez vezes mais inconveniente e cansativo do que eu.
Então era “um gene malvado” responsável pelas más relações interpessoais que se transmitiu através das gerações da família do Duque do Norte.
— E, até que se nomeou o príncipe herdeiro, havia menos incômodos.
— O príncipe? Não é o príncipe herdeiro mais forte do que o duque?
Kalcion quase riu sem se dar conta. Sempre que estava com esta mulher, sentia que sua mente estava se bagunçando.
— Tem muitas razões para não ser. Em primeiro lugar tem o problema com a riqueza.
— Por que riqueza? Ele é um príncipe mas não tem dinheiro?
— Quanto maior for a riqueza, melhor. O poder provém da riqueza.
A conclusão disso era que o príncipe herdeiro é uma pessoa ambiciosa que quer ter tudo.
— Suponho que a cobiça de alguém como o príncipe não tenha fim.
— O príncipe Larsen se encontra em uma posição muito instável, por isso está tentando compensar.
— Então, ele também está metido em um conflito político.
Um cenário de confronto na família real cruzou seus pensamentos. Ainda sim, mesmo sendo um Príncipe Herdeiro, sua posição era instável, por isso, queria aumentar o seu poder conquistando a aristocracia. E um nobre com uma força tão poderosa como Kalcion era um grande risco para ele.
— Isso deve ser um incômodo.
O príncipe era persistente, rangendo os dentes em voz baixa até que seu oponente se esgotasse. Não renunciaria a menos que Kalcion se retirasse das lutas políticas ou caísse no fundo do poço.
‘Hã?’
De repente o olhou, quando o pensamento passou pela sua mente. Se não fosse Kalcion caindo no fundo do poço, seria ele morrendo.
Kalcion não tinha irmãos. Se morresse, esse imenso território e a riqueza seriam devolvidos para o tesouro real.
‘..Se trata de riquezas, então.. Assassinar a sua futura noiva para que não pudesse ter um herdeiro..? Para que Kalcion cumprimente sozinho a morte.’
Um arrepio percorreu pelas suas costas.
— …Poderia o príncipe herdeiro ser um dos suspeitos?
Kalcion parecia ter sentido o arrepio ao mesmo tempo. Inclusive seus olhos brilharam com frieza.
— Se ele é diretamente responsável ou não, acredito que está relacionado com isso.
Isto não era algo que as mulheres poderiam saber. Era uma relação política que Kalcion estava diretamente envolvido. Ela sentia uma grande segurança em estar com ele.
— Por favor, proteja a minha vida.
Selena exalou fortemente. Penso que logo teria que começar a negociar de novo.
***
Diferente da complicada mente de Selena, a carruagem continuou seu trajeto sem problemas. E chegaram a um grande castelo por volta da hora do almoço.
— Onde estamos?
— Este lugar é o território de Dunfel.
— Vamos comer?
— Isso mesmo.
Se sentiu um pouco melhor e um pouco mais aliviada quando ouviu falar em comida.
O território de Dunfel era maior do que pensava. Comparado com Silenza, era pequena, mas era uma cidade cercada com grandes muralhas e com um centro comercial ativo.
A carruagem entrou com um estrondo em um grande castelo.
— Ah.
Quando a carruagem se aproximou da porta, pode ver alguns dos cavaleiros de pé em frente a entrada, de constituição similar aos cavaleiros de Kalcion, mas levavam um uniforme mais simples.
— Oh, Deus. O que devo fazer? Achei que só tínhamos vindo comer.
Disse Selena, acariciando seu rosto como uma garotinha.
— O, o que devo fazer? Certamente que tem alguém comandando lá fora, não é?
— Sim, tem.
— Arg! O que faço? Não me vesti bem porque não sabia que íamos passar por algumas cidades! Meu cabelo está um desastre.
Gritou em pânico, ao perceber que o vento bagunçou seu penteado.
— Espera, pode se arrumar aqui…
— Aqui? Assim sem nada?
— Não, assim não.
Enquanto, Kalcion falou confuso, a carruagem se aproximou da entrada. Ansiosos, ambos começaram a perder a compostura
— Sim, pode pentear meu cabelo…
— Oh, só venha aqui e faça você mesmo!
— Espera.
Kalcion se levantou, indo para o seu lado. Nesse mesmo momento, a carruagem se deteve diante da porta.
— Arg..!
Kalcion perdeu o equilíbrio.
— Ah..!
Surpresa, gritou ao se sentir ejetada pela parada repentina. Kalcion, incapaz de manter o equilíbrio, cambaleou vacilante.
— O que está acontecendo?
Dion abriu apressadamente a porta da carruagem, correndo em sua direção para ajudar.
O gemido de Kalcion e o grito de Selena também poderiam ser interpretados de outras maneiras. E não estava errado ao abrir a porta. Só que o momento em que abriu foi péssimo.
— Ah…
— N… Não é isso…Ah.
Dion parou como se o seu circuito cerebral tivesse se quebrado diante da cena do interior da carruagem. O representante, que esperava na entrada do castelo, também teve uma reação similar.
Selena e Kalcion estavam envolvidos um com o outro. Seu cabelo estava revolto, sua boca seca e suas costas à mostra, suas mãos tocavam o peito dele e estavam meio emaranhados entre si.
O golpe final foi sua respiração desorganizada.
— …
— …
Ninguém podia falar. A primeira a retomar a razão foi Selena.
— Ahh!
Ela se agachou enquanto gritava, escondendo-se atrás de Kalcion. Enquanto que Kalcion abraçou seu corpo desconfortável, bloqueando-a dos olhos das pessoas.
— …Tragam uma criada para que a ajude.
— Ah! Sim! Farei isso!
A porta se fechou silenciosamente.
— …
— …
A carruagem ficou silenciosa. Nem sequer podiam mover uma só mecha de cabelo.
— Eu…
— Oh, eh, sim.
surpreso, Kalcion se afastou em um instante. Se sentou no assento oposto ao dela, mas o desconforto no ar não terminou.
Selena, nem sequer podia falar porque sentia como se estivesse afogando.
Nunca tinha acontecido isso antes. Era uma atriz profissional, que imediatamente após terminar de gravar uma cena romântica como um ‘encontro com seu amor depois de anos’, retomava sua expressão facial em um segundo. No entanto, mesmo que tenha sido só um acidente, seu rosto ainda estava ardendo.
‘…Só estou surpresa, sim, apenas surpresa.’
Tratou de se acalmar.
— Juna está aqui, senhorita Selena.
Ao mesmo tempo, Juna chamou da porta.
— Por favor entre!
Ela tinha trazido toda a sua roupa elegante e ferramentas de maquiagem para ela.
Kalcion não podia sair da carruagem, mas também não podia olhá-la se trocando. Se saísse, os demais pensariam que Selena foi abandonada. Para agir como alguém valiosa para Kalcion, Selena tinha que se mover com ele. Estando de acordo com isso Kalcion ficou na carruagem.
No entanto, seu coração não deixou em nenhum momento de bater terrivelmente acelerado. O lugar onde olhava era o canto da carruagem.
Nunca tinha feito uma coisa tão louca na sua vida. Se sentiu envergonhada. A ideia de descer da carruagem voltou a invadir a sua mente.
— Já está pronta.
Enquanto isso, Juna concluiu seu trabalho apesar do espaço limitado da carruagem.
A criada saiu e abriu oficialmente a porta. Desta vez, o representante se inclinou cortês e gracioso com um olhar severo em seu rosto.
— Dou as mais sinceras boas vindas a Vossa Excelência, o Duque. Por favor entre.
Selena fez um beicinho quando ele nem sequer a olhou. O fato de que sua imagem já estava suja a fez dar o próximo passo.
— Oh, meu amado duque.
As costas de Kalcion se enrijeceram diante da doce voz que o chamava.
Tradução: Bússola.
Revisão: Baby Bunny/Holic.