Seduzindo o Duque do Norte - Capítulo 26
A partir de hoje, Kalcion começou a assistir às aulas da Sra. Janet.
— Não tem muitas coisas que Sua Excelência deva aprender, como já está familiarizado com a maioria, nos concentraremos nas que são mais fáceis.
— Olha, a atitude dela mudou.
Selena falou em voz alta os próprios pensamentos. E imediatamente, os olhos da Sra. Janet se dirigiram para ela.
— Mesmo uma queixa, deve ser vista sempre como parte de uma conversa cortês aos olhos de uma terceira pessoa. Acredito que já mencionei isso.
— Ainda não estamos em cena. Costumo atuar bem em palcos e na televisão.
— Mesmo quando não tem olhos para julgar, sempre devemos prestar atenção ao nosso comportamento. E cuidar para convertê-lo em um hábito…
Kalcion se surpreendeu. Definitivamente nunca tinha visto antes a Sra. Janet agir de tal forma. A boca da criada se fechou depois que percebeu o olhar chocado de Kalcion.
— …Temo que tenha uma diferença entre a etiqueta que Sua Excelência e que a Senhorita deve conhecer.
— Por quê?
— É porque supõe-se que isso…
Selena inclinou a cabeça. Nunca tinha visto a Sra. Janet tão envergonhada.
— Supõe-se que deva ser assim.
Mas a Sra. Janet confessou que não sabia o motivo, nem as pessoas com quem costumava viver tinham a resposta.
Selena sorriu.
— Sabe, eu comentei que não anseio pela posição de Duquesa, não foi?
— Que?
A Sra. Janet se sobressaltou. Ela, talvez, estivesse convencida de que Selena estava atrás da posição ao lado do Duque.
— Não estou interessada nisso. Não quero passar toda a minha vida aqui. Sou bem capaz de cuidar de mim mesma assim que voltar.
Ela não estava mentindo. Já tinha acertado os termos do contrato com Kalcion.
— Quero dizer, não tem que me ensinar como se estivesse preparando a futura Duquesa. Bom, não sei você fez isso por outra pessoa.
A filha do barão, Irelle, estava em sua mente quando pronunciou as últimas palavras.
As pessoas estavam destinadas a cometerem erros, sem se importar com o quanto tenham aprendido em uma família aristocrática. Podem esquecer ou desenvolver um hábito sem se dar conta. Se todos eles fossem identificados, poderiam ser corrigidos tranquilamente?
Só então, Kalcion, começou a se sentir nervoso. E finalmente, se deu conta da mudança na atmosfera. Às vezes, a lealdade excessiva pode representar um perigo.
— Continuaremos com as aulas apenas na medida que necessitarmos, levando em conta sempre e quando não prejudicar a reputação de Lembord.
— …Sim, faremos dessa forma.
A senhora Janet se inclinou obedientemente diante de Kalcion. Ela agiu de forma submissa o suficiente para fazer com que Selena se perguntasse se era a mesma de antes. Então, Selena sorriu amargamente.
***
A lição começou momentaneamente. Selena foi muitíssimo bem, como a Sra. Janet tinha o informado antes.
Era Kalcion que estava perdido.
— Vossa Excelência, esse sinal significava “vamos nos encontrar no terraço”.
— Ah.
— Mas, Vossa Excelência não pode responder a isso com “solicito um duelo”.
— …
Kalcion conhecia a etiqueta social básica. Então, naturalmente, esperava que o resto fosse fácil.
Sua previsão saiu errado..
O nível de socialização que Kalcion conhecia, só chegava até as saudações básicas. A linguagem secreta era interminável, incluía gestos como expressões com os olhos, formar palavras com a boca, sinalizar com os dedos, sacudir e ou mover os ombros, etc..
— Está me dizendo que todos estão familiarizados com esses sinais?
— As damas estão. Porém no caso dos homens, muito pouco, já que preferem falar diretamente.
Kalcion suspirou olhando o teto. Por esta razão, não conseguia saber tudo que se passava na alta sociedade.
— O que significa, que elas poderiam ter estado conversando entre si, bem diante dos meus olhos.
A senhora Janet não respondeu, o que só confirmava sua suspeita.
Selena sorriu com malícia, levantando levemente a sobrancelha e tocando sua bochecha com o dedo anelar da sua mão direita. O que significava “Duque bobo”. Kalcion franziu o cenho diante de sua ação.
— Posso entender isso.
— Oh… Do que está falando?
Selena sorriu alegremente, inclinando a cabeça como se estivesse em uma festa. Ela passou o dorso de sua mão direita na palma esquerda e agarrou o dedo mindinho.
[Então, entende isso também? Então consiga um quarto.]
Kalsion demorou um pouco a aprender, ela no entanto memorizou facilmente todos os gestos que lhe foram ensinados.
[Tem muitos quartos disponíveis. Pode escolher um confortável.]
Kalcion replicou em silêncio.
Selena murmurou para si mesma: ’Mesmo agindo de forma brusca, seu lado sedutor não sai naturalmente?’
Selena, sorriu com malícia. Queria presenciar como o rosto de Kalcion se endureceria ou ficaria vermelho de vergonha.
[Sozinha?]
[Por que não?]
[Bem, vou me sentir sozinha]
[Por quê?]
[Não se sentiria solitário se passasse a noite sozinho?]
A Sra. Janet não disse nada, mas era fácil de imaginar o que ela estava pensando.
[Terei tempo para mim.]
[Fique comigo.]
A Sra. Janet fez uma careta, mas Selena não se deteve.
Não, não podia parar porque já tinha começado. Não importava o que dissessem, era uma conversa secreta entre os dois. Era assim que a sociedade funcionava. Ela tinha confiança o suficiente para ter uma conversa social secreta.
[Então, às 00h em ponto, com uma espada no anexo separado…]
[Na cama.]
— …
A mão de Kalcion se deteve.
— Senhorita Selena.
A Sra. Janet interveio, incapaz de continuar olhando seus gestos.
— Estamos tentando praticar aqui.
Selena, deu a desculpa com indiferença.
— E se outra mulher tentasse seduzi-lo assim? Temos que ensaiar.
— Não é como se…
— Não acha?
As palavras de Kalcion, foram interrompidas. Ninguém tinha certeza. Duas pessoas chegaram ao castelo de Lembord sem ser convidadas. Quantas mais poderia tentar se aproximar dele?
— Será bom se você souber recusar, certo?
— É melhor não aprender nada, e simplesmente ignorar tudo como fiz até agora.
— Se esse é o caso, como vai perceber o sinal que eu te enviar?
[A mulher do vestido vermelho está me encarando.]
Para exemplificar, passou tal mensagem. Kalcion negou com a cabeça. Já tinha perdido a motivação.
— Não pode ingressar sozinha no círculo social?
— O duque deveria me acompanhar pelo menos para me apresentar primeiro.
— Posso te dar o convite.
— Então, o que vou fazer sozinha em uma festa que não conheço ninguém?.
Kalcion disse algo ridículo. Estava tentando se esquivar porque não queria participar das festas. Mas se deteve novamente quando se deu conta de que Selena tinha razão.
— Não pense demais nisso, só tente dar o melhor de si.
— Sempre e quando não fique de brincadeira.
O rosto de Selena perdeu todas as suas emoções.
‘Quem está arriscando a própria vida?’
Mas, ela não pôde gritar por conta da presença da Sra. Janet. Por outro lado, Kalcion ficou quieto. Podia sentir a nova mudança no ar ao seu redor.
[Não olhe para outra mulher além de mim.]
Enviou um sinal para relaxar os ânimos. Naturalmente, isto também estava dentro do que a Sra. Janet havia ensinado. Como uma aluna brilhante, não deveria colocar em prática corretamente?
[Não olharei.]
[Está mentindo.]
[Te provarei.]
Esperava isso com ânsias. Se perguntou como Kalcion, o insensível, conseguiria provar isso.
Ele levantou do seu assento, estendendo a mão para Selena.
— A lição de conversação parece ser o suficiente, por isso, vamos parar por aqui e continuar com a lição de baile.
— …Do nada?
Kalcion olhou para Selena, ainda sem afastar a mão.
— Demonstrarei com meu corpo..
— Ugh…
Os olhos de Selena e da Sra. Janet se arregalaram ao mesmo tempo.
— Oh… M, meu Deus… Vo… Você deve estar louco.
Era ainda mais assustador quando uma pessoa calma se tornava louca.
— Quando recebe uma solicitação para dançar, deve aceitá-la. Exceto em situações nas quais te doem demais os pés, ou que não possa dançar por mais tempo.
A Sra. Janet interveio, tentando explicar um novo conhecimento.
— Posso recusá-lo com o pretexto de que me doem os pés, certo?
— Se negar, é de boa educação que vá ao salão com a ajuda da pessoa que te pediu a dança.
— …Isso significa que não tem uma forma de recusar alguém.
— Para que um homem possa pedir uma dança, deve intercalar sinais com antecipação e fazer contato visual ao menos três vezes antes de terminar uma música. É falta de educação pedir uma dança sem esse protocolo, por isso, pode ignorá-lo.
Era complicado pedir uma dança. Embora não tivesse sinais com Kalcion, estavam se olhando nos olhos durante todo o tempo, então poderia contar como sinal.
‘Então, isso é tudo. Vamos fazê-lo.’
Ela colocou timidamente a palma da sua mão sobre a dele, e a mão maior, áspera e calorosa de Kalcion envolveu a dela. Ele a puxou da cadeira, levantando a sobrancelha.
— Nosso Cion, ficava rígido só de encostar as pontas dos dedos. Então agora já conseguiu se acostumar?
Apesar de ele estar tranquilo com o toque, estava longe de se acostumar com as palavras dela. Assim que Selena falou, sua mão estremeceu.
— Para dançar, não pode evitar contato físico.
Era verdade, mas de alguma forma isso soava como uma desculpa. Segurando a mão de Selena, Kalcion a conduziu ao centro do salão.
Desde o início, a aula se realizou no salão para imitar ao máximo a atmosfera do banquete. Estavam sentados em cadeiras com uma mesa na frente, em uma esquina do pequeno salão. O espaço no centro era grande o suficiente para que pudessem dançar.
— Aprendeu a dançar?
— Ainda não.
— No centro do salão, primeiro nos cumprimentamos.
Kalcion então, lhe ensinou como se cumprimentava. Os parceiros deveriam se inclinar suavemente um para o outro.
A cumprimentou, antes de pegar novamente a sua mão.
— Agora, a outra mão.
Ela fez o que ele disse. Agarrando seus dedos, Kalcion levou o dorso da sua palma até os lábios.
Antecipando a sensação, os ombros dela estremeceram quando os lábios suaves encontraram seu destino. Fingiu não ficar nervosa, mas não pode ocultar isso de Kalcion, que tinha um sentido aguçado como cavaleiro.
Como era de se esperar, um lado dos lábios de Kalcion se levantou quando seus olhos se encontraram com as bochechas vermelhas dela. Sempre tinha sido Selena que zombava dele, por isso, esta era a primeira vez que devolvia a brincadeira. Ela engoliu em seco, tratando desesperadamente acalmar seu rosto. Kalcion, amavelmente deixou passar, sem mais brincadeiras.
— Agora, os passos básicos. Não é necessário que memorize o padrão. Se o homem a empurrar assim, dê um passo nessa direção, e se te puxar assim, é o contrário.
Quando começou sua aula, o fogo nas suas bochechas diminuiu rapidamente. Kalcion, se centrou só em lhe ensinar os passos.
— Entendeu?
— Acredito que saberei melhor se praticar.
— Muito bem, então pratiquemos.
Kalcion ajeitou seriamente sua postura antes de começar a dançar. Ele colocou sua palma ao redor de suas costas enquanto sua mão livre segurava a dela.
E logo, seus olhos se encontraram com os dela. E ambos suspiraram juntos.
Tradução: Bússola
Revisão: Baby Bunny/Holic