Seduzindo o Duque do Norte - Capítulo 25
— Tem certeza de que a Irelle não cometeu suicidio?
Ele estreitou os olhos.
— O que te fez pensar assim?
Ele não ficou com raiva. Precisava ouvir o motivo dela primeiro.
Por outro lado, não era fácil para falar, porque poderia afetar o motivo pelo qual eles tinham feito um acordo verbal. No entanto, eles talvez capturassem uma pessoa inocente enquanto procuravam por um criminoso que talvez nem existisse em primeiro lugar. Ou então, a busca poderia se prolongar infinitamente.
E se eles não encontrassem o tal criminoso, Selena eventualmente correria mais perigo. E se não fosse por Kalcion, ela não seria capaz de voltar ao seu mundo original.
Este lugar era como um palco de atuação para ela. Não importava o quão perfeito o enredo fosse, não queria passar o resto da vida atuando neste mundo.
— Acho que o inimigo pode não ser alguém de fora.
— A filha do barão talvez tenha cometido suicidio, por causa da pressão excessiva em torno dela. Você está pensando assim?
— Sim.
Ele rapidamente entendeu o que ela queria dizer.
— Seja mais específica.
Primeiramente, ela estava aliviada por ele ter considerado o que ela disse, apesar de ter falado coisas que poderiam levantar suspeitas sobre a família dele.
Kacion era mais racional do que o esperado. A Sra. Janet era quase como parte da família, baseado no fato de que ela devotou toda a lealdade à Lembord. Selena não queria ser pretensiosa sobre alguém que sempre foi leal.
No entanto, Kalcion não fez distinção. Selena se sentiu aliviada, bem como assustada também. Agora, estava próxima o suficiente para influenciar nas decisões de Kalcion.
‘Se ele achar que um problema precisa ser resolvido, provavelmente apenas se livrará dele com a espada.’
Ela riu nervosa, pensando no que falar.
— A “causa da morte” foi suicidio. Se alguém é levado a se matar, é suicídio. Como poderia ser assassinato?
Antes de fazer uma dedução, ela fez uma breve premissa.
Ele lentamente exalou, batendo os dedos no joelho. Tap, tap, tap.
A batida de tornou longa. Evidentemente, ele estava em problemas.
Não seria capaz de responder facilmente.
Se ele admitisse a possibilidade de ser um suicídio, também teria que considerar uma cena em que não existia um criminoso. Pelo contrário, se considerasse apenas que alguém matou a noiva, talvez acabasse se vingando de um assassino que na verdade não tinha sangue nas mãos.
Pessoas normais resolveriam tal problema de acordo com suas crenças pessoais, mas Kalcion era diferente.
Ele era o Duque de Lembord e senhor do Norte. Sua vontade é a vontade do Norte. Em outras palavras, sua vingança poderia acabar num duelo pessoal, ou em uma grande guerra.
— …Vou julgar como um assassinato.
O Duque do Norte era orgulhoso.
— De qualquer forma, também vou contar como suspeitos as pessoas que atormentaram ela até a morte pelo assento de Duquesa.
— A primeira será a Sra. Janet?
— Sim, em segundo lugar as damas de companhia da capital.
Ele perguntou, erguendo o queixo.
— O que você ouviu delas?
— A Sra. Janet disse “farei qualquer coisa pela honra de Lembord”, e as criadas fofocavam muito.
— Não parece ser uma informação grande.
— Do ponto de vista do Duque, sim.
Kalcion não falou mais nada. Seria difícil escolher o que dizer. Por isso, preferiu ficar em silêncio.
Selena se sentou, cambaleando com o movimento súbito. O Duque do Norte, que vivia sem nenhum motivo para simpatizar com os outros, precisava de uma conversa no mesmo nível.
— V..Veja bem.
— Estou vendo.
— O Duque alguma vez já teve sua posição ameaçada, por causa das opiniões de outras pessoas?
— Não, nunca.
— Você se sente desconfortável ao redor de pessoas que não gosta?
— Isso nunca aconteceu.
— Tem alguém que queria protestar contra o Duque por causa de sua grosseria?
— Aqueles que querem morrer?
Selena balançou a cabeça.
— Essa é a diferença. O Duque sempre teve tudo, diferente de mim que não tinha nada. Quando não se tem nada, você precisa se esforçar mais.
Kalcion olhou boquiaberto para Selena, e se calou. O silêncio continuou por um momento.
— Por que você acha que não tem nada?
— Ah, eu tenho beleza.
— …
Nenhuma refutação voltou.
— Ah, também tenho minha incrível personalidade. Isso foi o que a minha família me deixou, então sou grata.
— …
O silêncio persistiu.
— Mas no final, é a mesma coisa. Tenho que viver sendo cuidadosa com as minhas ações, especialmente com as pessoas que só estão comigo pela minha beleza.
— Não é um clássico “a mulher bonita que não se importa com nada”?
— Na superfície, você é muito autoconfiante. Mas por dentro, vive em miséria, porque é muito assustador pensar em morrer sozinha e com fome.
De fato, não importava o quanto sua habilidade de atuação e aparência fosse, não estava diretamente relacionado com o dinheiro. Era horrível não ter nada, nem mesmo o que comer. Quanto mais você tinha, maior era o medo de perder tudo.
Por exemplo, a honra do barão.
— E em relação à Irelle?
— O barão não era tão pobre a ponto de passar fome…
— E se ela se importasse com a honra do barão?
Ele franziu a testa.
Honra.
Era uma palavra delicada. O contrato com Serena também era devido à honra e orgulho de Kalcion Lembord. Ele entendia essa parte.
— Era um casamento político, e você não se importava com o que a Irelle fizesse, mas era o mesmo para ela?
— …
— Como se sentiria no meio de uma crise causada por um escândalo em que ela pudesse até mesmo ser expulsa?
Enquanto falava, Selena se sentiu emocionada sem perceber.
Seu trabalho envolvia se expor na frente de outras pessoas, por isso sempre haviam palavras ruins sobre ela. Inclusive se cometia um pequeno erro em sua vida privada, ou dizia algo imprudente, sempre se tornava público e recebia duras críticas.
Quando tudo passava, tentava apagar de sua mente. Eventualmente, conseguiu superar e focar no seu trabalho por pensar “estão apenas falando da imagem produzida”, “eles não me conhecem de verdade”. Mas às vezes, a pressão era tão grande que era difícil trabalhar.
Não importava o quão cuidadosa fosse, não conseguia evitar. A criticavam por seu olhar, ou por usar óculos escuros, por não responder quando a cumprimentavam, a chamavam de esnobe e mal educada.
Se tal situação continuasse, qualquer um teria enlouquecido.
Ainda assim, Selena era capaz de suportar graças aos seus veteranos e mentores que a orientavam.
Mas e se eles não estivessem lá?
Irelle tinha pessoas assim?
— E se fossem palavras tão duras que poderiam levar alguém à morte?
— Não entendo o que você está falando.
— De qualquer forma, não seria importante se ela tivesse um escândalo tão grande a ponto de ser expulsa?
— Não importa qual fosse o escândalo, eu poderia solucionar.
— Isso é o que o Duque pensa.
— Não, o acordo com o barão era simples. Eu fornecia o dinheiro, e eles me dariam uma duquesa sem presença, apenas para ocupar a posição.
— Não parece complicado, mas e se ela tivesse presença?
— Por exemplo?
Kalcion perguntou bruscamente.
— Como ter uma vida tão promíscua na capital ao ponto de que não exista nenhum homem que não a tenha tocado.
…Ah.
Selena mordeu a língua, surpresa com o que falou distraidamente. Ela tentou expressar o que ouviu de Juna, mas saiu de forma diferente do esperado.
Pensou em como poderia corrigir o que disse, mas Kalsion voltou a perguntar.
— Por que?
— …Sim?
Kalcion grunhiu e falou sarcástico.
— Qual o problema? O que tem de errado nisso?
— Uh, hm? O quê?
O sorriso frio de Kalcion se alargou.
— Isso não é normal? Todo mundo vive dessa forma. Um ou dois escândalos não são nada para a Duquesa de Lembord.
Selena segurou a respiração, sentindo a rispidez das palavras dele. Não sabia se ele estava com raiva ou não.
— O Duque pode pensar assim, mas algumas pessoas podem preferir morrer se fossem ignorados ou abandonados pela família.
Kalcion respirou pesadamente, enquanto Selena exalou repetidamente, tentando acalmar a mente agitada.
— …Mesmo se os rumores fossem verdadeiros, eu não me importaria.
— …Sim.
Seus olhos encararam Selena. Estavam tão afiados que assustavam.
— Por isso, não precisa se assustar, não importa o que outros digam. A menos que você fuja, já que eu não romperei o contrato primeiro.
Sentindo-se oprimida pelo olhar sério de Kalcion, ela apenas assentiu com a cabeça.
— E não se envolva em escândalos com outros homens enquanto o contrato estiver ativo.
Ele não disse o porquê.
***
— Bem, então lhe verei novamente na capital, Vossa Excelência.
— Nos vemos em breve, Vossa Excelência.
Na manhã seguinte, Fionel e Rosalyn anunciaram repentinamente que iriam embora.
— Vossa Excelência se despedir da Fionel, ela nunca vai se esquecer desse sentimento!
— Ocorreu por coincidência enquanto eu dava uma caminhada.
Era verdade, e Selina quem tinha pedido pelo passeio.
Escutou por Juna no dia anterior que Fionel e Rosalyn estavam se preparando para voltar à capital. Juna já atuava com uma criada leal.
— Provavelmente estão com pressa, porque sabem que a senhorita irá com o Duque para a capital. Elas irão encomendar roupas mais elegantes e jóias, e iniciarão algum boato antes da sua chegada.
Em outras palavras, elas iriam se preparar para a oprimir. Um vilão deve ser diligente.
— Te vejo na capital.
Selena nem teve a chance de cumprimentá-las já que nem olharam na sua cara, mas fingiu bem com isso. Sabia que quanto mais forte o oponente parecesse, mais irritante seria.
— Bem então, Vossa Excelência. Vamos embora agora.
— Adeus também, senhorita Rosalyn, nos vemos em breve.
Rosalyn não se incomodou em responder a Fionel. Nem mesmo virou a cabeça como cortesia.
— Se isso acontecer.
Rosalyn sorriu, entrando em sua carruagem após a curta colocação. O sol estava quente, mas falhou em elimitar o frio.
‘Se isso acontecer. ‘
Estava dizendo que Fionel iria morrer pelas mãos das pessoas que tinha contratado antes mesmo de chegar à capital? Ou alguma coisa aconteceria à caminho da capital?
Ela talvez não estivesse se referindo a uma resposta específica como “o duque vai te abandonar”. Isso era algo que Fionel diria, não Rosalyn.
— Devemos ficar mais juntos a partir de hoje.
Selena agarrou o braço de Kalcion. Ele congelou, até que a carruagem saiu de vista, antes de olhar para Selena. Ela apertava forte o braço dele.
— A partir de agora, eu acho que realmente entraremos num campo de batalha cheio de espadas voadoras.
Ele cerrou o punho em resposta.
Tradução: Holic.
Revisão: Bússola.