Seduzindo o Duque do Norte - Capítulo 18
‘Por… Por que vocês estão rindo?’
Não era para ser motivo de riso. Não havia nada de errado em ser a parceira do Duque.
— É completamente sua escolha, Senhorita. Não podemos opinar nisso.
— É..É verdade, mas… Se vocês apenas ajudarem…
— Se a senhorita conseguir se aproximar de Sua Excelência, vamos dar o nosso melhor para ajudá-la.
‘Ah, entendo. Mas por que vocês dariam o seu melhor?’
Não havia chance de Kalcion ter ordenado as criadas a não servir Selena, ou qualquer outra mulher. Na verdade, ele não deveria nem saber disso.
Uma criada se aproximou de Selena, que estava confusa, e sussurrou brincalhona para ela.
— Nosso Duque, Sua Excelência, não é muito bom em lidar com mulheres, e se não o ajudarmos, ele talvez acabe perdendo o título. Então, todas nós ficaremos desempregadas.
Era compreensível, mas mesmo assim não parecia ser desculpa suficiente.
— Mas o Duque não é popular? Ele deve receber inúmeras propostas de casamento de todo o Império.
— Mas não há garantia de que poderá suceder a família Lembord.
— Hã?
— Se você continuar pensando apenas no poder e nas riquezas da família Lembord, pode acabar desperdiçando uma oportunidade. Afinal, você pode acabar apenas criando o filho de outro homem, certo?
— Mas ao se tornar a duquesa…
Isso é muito secular.
— Na capital, é comum os nobres trocarem os filhos. Então, aqui não seria assim também?
Tinha algo de errado com esse mundo. Mesmo que as leis deste mundo estivessem abaixo dos padrões de Selena, o que mais a preocupava era a possibilidade de todas as pessoas do planeta serem piradas. Sua confiança em poder levar uma vida em paz, que anteriormente tinha sido elevada acima de sua imaginação, despencou em queda livre.
— …
Sentiu que precisava primeiro se acalmar.
Os Lembords já estavam em seu zênite. Eles preferiam manter sua estabilidade já alcançada do que correr riscos em busca de mais poder.
Como a família Lembord tinha dinheiro, honra e tudo mais, não era qualquer um que podia se juntar a eles. Esse era o motivo de não estarem levando Selena a sério.
Selena olhou a roupa com um olhar sombrio. Elas, talvez suspeitassem se continuasse a recusar o traje.
Qual é o ponto de atuar se você não estiver confiante da cabeça aos pés? O que importaria se ela vestisse tal roupa? Ela ocasionalmente tinha que vestir roupas reveladoras na frente dos membros da equipe por causa de seus filmes.
Era seu trabalho, e precisava ser capaz de fazer isso calmamente.
Demorou mais de um dia para ela aceitar dormir usando a roupa na mesma cama que Kalcion.
‘Não acredito que terei que me submeter a essa precária situação, enquanto estiver sob o contrato com Kalcion. Quando eu voltar ao meu mundo, vou exigir uma bolsa de barras de ouro.’
***
Kalcion já estava preparado para ir para a cama e estava sentado no sofá em frente à lareira, olhando as cartas na caixa.
— São as que Rosalyn entregou mais cedo?
Ssst.
O som da sua vestimenta arrastando no chão era audível enquanto se aproximava dele.
Assim que Kalcion, inconscientemente levantou a cabeça, seu rosto endureceu com a visão. Selena contraiu os músculos do rosto o mais forte que pôde para evitar corar.
— …
No entanto, Kalcion não parecia se importar com a expressão dela. Olhos quentes e intensos a seguiram a cada passo que dava.
Devido à natureza da roupa, partes de sua pele brilhante eram expostas quando o tecido se mexia, mesmo quando dava passos curtos.
Mesmo que ele nunca tivesse sonhado com nada do tipo, não conseguia evitar encará-la. Não era fácil para ele.
— Meu vestido vai acabar perfurado.
Ela disse quando sentou no sofá próxima a ele. Seus olhos se dirigiram às cartas na caixa.
As orelhas levemente vermelhas dele chamaram a atenção dela. Sentar em frente da lareira por muito tempo, não era o suficiente para fazer alguém corar instantaneamente. Selena ficou envergonhada e também surpresa com a reação de Kalcion.
— Hm… Elas me pediram para vestir isso ontem, e teria levantado suspeitas se eu recusasse hoje também. Elas sabem que estou aqui para seduzir o Duque, mas eu não tenho vontade de usar nenhum desses itens de sedução…
A sua desculpa se alongou, conforme ela tentava esconder o constrangimento.
— Não se sinta tão pressionado. Apenas vesti isso para evitar suspeitas.
— Ahem, hmm… Certo.
Ele tossiu e virou o rosto para as cartas.
— Você vai ler cada uma delas?
Selena rapidamente mudou o assunto.
— Bem, é necessário, se quiser viver sua vida sem nenhum inconveniente.
— É surpreendente que mesmo você precise tornar sua vida mais fácil.
Tirando os olhos das cartas, ele olhou para Selena. Sua timidez tinha desaparecido, e um par de dignos olhos frios a encararam.
— …Relaxa, falei por falar. Quase tive indigestão assistindo vocês dois brigarem.
Quando ela reclamou em voz baixa, os olhos de Kalcion suavizaram um pouco.
— Está se sentindo mal?
— Eu estaria se vocês tivessem continuado por mais um minuto sequer. Então, a partir de agora, não interfira.
— Vou pedir para que tragam um remédio.
— Não, está tudo bem. Vai melhorar depois de uma boa noite de sono. A propósito, o que tinha de errado com você hoje? Apesar de ter estado evitando a Fionel, você esteve bem ativo em relação a Rosalyn.
Kalcion respondeu, desviando os olhos para as cartas.
— A Rosalyn é fácil de lidar. Não é uma pessoa que pode oficialmente reclamar sobre alguma coisa.
Selena pegou uma carta da caixa.
[De Langeon. Para o Duque de Lembord.]
As palavras não eram automaticamente traduzidas na sua frente, mas também conseguia ler as cartas.
Ela se inclinou para frente e pegou uma carta da pilha no chão.
‘Tem tantas. Levaria muito tempo ler todas.’
Todos os envelopes, que estavam selados com diferentes selos de famílias, eram muito para um único homem suportar.
A desculpa de Rosalyn era verdadeira. Não foi à toa que Kalcion, fez com que o vento do norte soprasse sobre a mesa ao enfrentar um oponente adequado.
— A propósito, o que significa ser capaz de lidar com isso oficialmente?
— A minha mãe, a ex-duquesa, era uma mulher gananciosa. A razão, pela qual se casou com o meu pai, foi porque nasceu como a terceira filha de uma família nobre de classe baixa e tentou mudar a sua situação com dinheiro.
Ela tinha perguntado em relação a Rosalyn, mas sem aviso prévio, ele começou a falar do passado dele. As orelhas dela se ergueram enquanto ele continuava. Devia ter uma parte da história que envolvia Rosalyn.
— Proposital ou não, a família de Lembord permanecia presa ao seu castelo por gerações. No entanto, minha mãe queria ser o centro da sociedade.
— Hmm, entendo.
— Ela pensou que a melhor forma de alcançar os aristocratas da alta sociedade era por casamento. Mas como ela já era casada, queria fazer isso através do casamento do seu filho. Mesmo sendo uma aristocrata da fronteira, o ducado de Lembord era cheio de ouro e riquezas, por isso, ela se achou digna de tentar contato com a família Toilan. Naquele tempo, os Toilan eram a família mais famosa, e Rosalyn era conhecida como uma das senhoritas mais lindas do império.
No entanto, não importava o quão grande o Duque de Lembord fosse, não funcionou.
— O resultado foi uma recusa, sob o pretexto de “ser inadequado”.
Isso tinha ocorrido cinco anos atrás, quando a duquesa estava viva.
— Então, você se lembrou disso, e agora está se vingando.
— Não costumo esquecer meus rancores.
— Mas, isso, não parece mais um arrependimento?
— O quê?
Kalcion, soltou rude.
— Por que eu iria querer algum relacionamento com eles?
Ela sorriu.
— Não, mas você disse que ela era a senhorita mais bonita da família,a mais influente.
— Essa era a impressão da minha mãe.
— E qual é a sua?
— Uma mulher misteriosa, mas irritante.
— Ah sim, eu concordo.
Selena confirmou, lembrando-se do momento que esteve a sós com a mulher.
— Hm, por que você concorda? Hoje foi a primeira vez que a encontrou, certo?
— Fui arrastada e ameaçada por ela logo de manhã.
— Mas já?
— Nosso tempo juntas foi mais rápido do que a velocidade que normalmente se come, não foi?
Ele concordou.
— Como ela te ameaçou?
— Ela perguntou o preço que eu queria.
Kalcion riu.
Mesmo para ele parecia uma ameaça ridícula. Dinheiro não era nada, em comparação ao que ele tinha prometido à Selena. Dinheiro não podia criar um portal entre os dois mundos no território dos monstros.
— Quando ela está planejando te dar?
— Ela disse que pode me conseguir 100 dos vestidos que eu estava usando.
As sobrancelhas de Kalcion ergueram-se ligeiramente.
— Não sei o preço do mercado, mas não teria deixado passar se não tivesse a esperança de voltar para minha casa.
Selena disse brincando, mas sua risada logo sumiu quando a expressão de Kalcion se tornou ainda mais séria.
— …Por que você está tão sério?
— Porque o custo é equivalente ao orçamento de Lembord por vinte anos.
— …
‘Talvez eu devesse apenas ter aceitado.’
— Por falar nisso, ela está aqui para ser a Duquesa de Lembord?
— Tenho minhas dúvidas. Não há outra razão, para ela vir todo o caminho até aqui se esse não fosse o objetivo dela. Os pretendentes que o Marquês de Toilan escolheu, sempre foram os melhores.
O pilar da alta sociedade, queria tomar o assento de Duquesa de Lembord de qualquer forma.
‘Mas por quê?’
Selena agonizou, dando uma espiada em Kalcion.
— Talvez ela goste do seu rosto, Duque?
— Nunca poderia ser possível.
— Ou seu físico?
— Não é isso também.
Selena deu uma risadinha.
— Uau, quanta auto-confiança você tem.
— Como ousa ser descarada com o Duque de Lembord?
Mas, não era uma ameaça. A forma que ele falou foi bem leve.
Ele, continuou separando as cartas.
Selena pensou que um mordomo ou uma criada seriam responsáveis por separá-las, mas Kalcion fez tudo sozinho. Ele sempre tinha que estar atento sobre receber cartas de ameaça.
Mesmo uma ação ou palavra banal poderia ser uma pista de um inimigo. A maioria deles vacilava com a autoridade do Duque do Norte, mas era melhor para ele ser cuidadoso a cada passo.
A mão de Kalcion, que casualmente passava os envelopes e os jogava no chão, parou ao se deparar com um envelope com selo dourado.
— Ah, esse é importante.
Tradução: Holic.
Revisão: Bússola