Obsessão inofensiva pelo cativante protagonista masculino. - Capítulo 40
Rosenia pensou que seria beijada, mas ele apenas sorriu para ela. Então, pressionou um beijo muito recatado na sua testa e se afastou lentamente.
Apesar de ele ter feito isso, seus olhos esmeralda não conseguiam ocultar seu desejo.
O rosto dela ficou vermelho enquanto tentava desviar o olhar. Podia perceber que ele estava sendo franco e atencioso com ela.
Mesmo se controlando, ele ainda parecia uma bomba relógio a ponto de estourar. Ela sabia que não conseguiria sair do quarto até de manhã se o provocasse um pouco mais.
— Com licença.
— ….!
A grande mão de Luellin segurou os ombros dela e a ergueu. Ele a levantou facilmente, como se não fosse nada. Então, a colocou no seu colo e sorriu levemente.
Rosenia percebeu que tal sorriso era apenas para atraí-la. Então, Luellin gentilmente acariciou a bochecha dela e perguntou com uma voz doce:
— Rose, posso perguntar de onde surgiu essa ideia?
Para ser exato, ele estava a interrogando.
Ele obviamente não sabia os detalhes, mas percebeu facilmente que algo estava errado. De qualquer forma, a intuição dele era assustadora.
Quando ela inconscientemente tentou virar o rosto, ele o segurou, mantendo o olhar em seu rosto.
Ela piscou atônita e então encarou o olhar afiado dele que parecia ver atrás de sua alma.
Luellin repetiu a pergunta com um sorriso amável, o que era um contraste com seus olhos agudos.
— De onde surgiu essa ideia?
— Isso… Isso é porque…
Não conseguia encontrar as palavras certas, então apenas ficou quieta. O que quer que dissesse não soaria plausível, mas não conseguia pensar em nada porque estava sentada tão próxima de Luellin. Seu calor podia ser sentido através de sua roupa, as batidas de seu coração, a respiração quente que fazia cócegas. Tudo estava tão próximo que se sentia sufocada.
Mas a pior parte era o seu olhar claro e direto. Seus olhos eram tão claros que podia decifrar todas as emoções nele. Ela podia perceber o quão persistente ele era só pelo olhar.
‘Nesse ritmo, parece que vou ter que soltar algum absurdo.’
Ela engoliu em seco nervosamente e tentou se acalmar. Não poderia contar sobre a história original da novela nem sobre a heroína. Se o fizesse, ele a acharia louca.
Não seria bom para ela ser vista como insana, já que uma guerra entre os Hill e os Rayshin poderia ocorrer a qualquer momento. Ela rapidamente obrigou sua mente a pensar numa desculpa aceitável e então abriu a boca.
— É apenas minha desilusão.
— Sua desilusão?
— Sim, na verdade…
Rosenia não conseguiu dizer nada por um momento. Sentiu-se culpada e desconfortável por ter que mentir, mas era a melhor desculpa que conseguia pensar no momento.
— Não confio em você completamente. Por isso fico me perguntando como seria se você encontrasse outra pessoa, alguém melhor que eu. O que eu faria…?
— …
Os braços de Luellin que rodeavam a sua cintura, subitamente apertaram mais. Rosenia tremeu sem perceber, com a sensação de sentir-se presa. Luellin sorriu carinhosamente enquanto a olhava, mas seus olhos não estavam sorrindo.
Ele acariciou sua bochecha e murmurou em voz baixa:
— O que faria você…
— ….
— O que faria você confiar em mim completamente?
Rosenia murmurou de volta evitando o olhar dele.
— Confiança não é algo que possa ser ganhado do nada. Leva tempo.
— Entendo, o tempo que passamos juntos não foi o suficiente.
— Claro… é isso. Não foi longo o suficiente.
Obviamente, isso não era o caso para Luellin, que estava apaixonado por ela há um longo tempo. Mas para Rosenia, tudo aconteceu muito de repente.
‘Agora que penso nisso, não é totalmente mentira.’
Talvez pelo fato de que Sierra poderia aparecer qualquer dia e roubá-lo, Rosenia nunca realmente confiou nele. No geral, era um tempo muito curto para que uma confiança entre os dois se estabelecesse.
— Gostaria de pedir para você confiar em mim…
Antes de que ela percebesse, Luellin segurava sua mão firmemente e a olhava diretamente, sussurrando com uma voz pesada.
— Entendo você. Confiança é algo difícil de surgir instantaneamente. Então, darei o meu melhor a partir de agora para ganhar sua confiança.
— …
— Para isso, vou precisar passar mais tempo com você. Vou garantir que esse noivado aconteça.
Isso significava que, não importava o quê, ele nunca terminaria com ela.
Claro, Rosenia também não queria terminar com ele, mas a intensidade dos sentimentos que cada um deles sentia pelo outro era diferente. Para ser preciso, os dele eram muito mais…
‘…Sombrios.’
E tão profundos que não pareciam ter fim.
‘Se eu mergulhar neles, o que acontece comigo?’
— Apenas prometa-me uma coisa, Rose.
— …
— A menos que meu coração mude para sempre, você nunca vai deixar o meu lado.
Era uma promessa que não poderia ser feita de forma leviana. Então, ao invés de responder verbalmente, ela apenas concordou com a cabeça.
Rosenia tentou se levantar, mas Luellin a segurava apertado e não soltou.
O coração dele batia descompassado. Era como se estivesse sob muita ansiedade.
Luellin implorou com uma voz trêmula.
— Espera…
— ….
— Por favor, fique um pouco assim…
Rosenia suspirou baixo. Luellin choramingou como uma besta ferida com ela nos braços. Não teve escolha além de abraçá-lo apertado por um tempo.
***
Os rumores se espalharam numa velocidade assustadora. Em apenas algumas horas, Rosenia tornou-se uma celebridade no castelo ducal.
— Aquela pessoa ali…
— …É a primeira vez que eu a vejo.
— É verdade que o Duque se apaixonou à primeira vista?
— Pelo o que eu ouvi…
Após Luellin ser mais uma vez arrastado por seu secretário, as criadas correram para o quarto como esquilos e sugeriram que ela desse uma caminhada… O que a levou até o jardim.
Estava curiosa sobre o jardim do Ducado de Rayshin, e também queria uma mudança de ares.
‘Luellin está me deixando super preocupada.’
Talvez as preocupações em sua mente eram o motivo de ela não conseguir ouvir os sussurros das pessoas que passavam por ela. As criadas continuaram a olhando, para checar se ela tinha se ofendido.
‘Ao invés disso, devo procurar Sierra primeiro?’
Tudo não ficaria claro se Sierra fosse encontrada e levada até Luellin?
Ou deveria ajudá-la a se vingar sem ninguém saber…? Então, Luellin e Sierra nunca se envolveriam como na história original.
‘Mas isso não beneficiará Luellin.’
A única forma de ele se tornar um verdadeiro usuário dos poderes divinos era através das habilidades de Sierra Oscar.
‘Não quero perder Luellin para Sierra, mas também não quero que ele perca a chance de tornar seus poderes completamente divinos.’
Poderia isso ser chamado de amor?
‘Ai, não sei.’
Não era um problema para o qual a solução simplesmente apareceria, não importava o quanto ela pensasse sobre isso. A pessoa mais importante, Sierra, nem mesmo tinha aparecido ainda.
‘Ela vai aparecer um dia. Vou encontrá-la antes disso, mas não agora. Primeiro, preciso me acalmar.’
Rosenia passou um longo corredor da construção principal da mansão, e chegou à entrada do jardim, que estava cheio de lavandas.
Assim que pisou na grama verde bem cuidada, imediatamente sentiu uma presença próxima.
Virou-se e viu um rosto familiar.
Longo cabelo prateado firmemente amarrado, olhos cinza que pareciam cansados, e um rosto solitário. No entanto, assim que os olhos abatidos a encontraram, ganharam vida e brilharam.
Vendo tal reação sincera, Rosenia sentiu vontade de cair na gargalhada. Ela tinha uma ideia vaga da identidade dele quando o viu.
Henry Lovick.
O irmão mais novo do atual Margrave Lovick e o mentor de Luellin.
Também, o meio irmão de sua mãe, Ilunia Hill.
Rosenia sorriu enquanto fez uma reverência, cumprimentando-o graciosamente.
— Mestre Lovick…
Por ele ser o mentor de Luellin, achou que essa seria uma boa forma de chamá-lo.
Pelo que tinha ouvido, ele parecia ser chamado de “Sábio” ou de “Lorde Lovick”, mas vendo que ele permaneceu no Ducado de Rayshin por um longo tempo ao invés de voltar para a família Lovick, talvez ele não gostasse de ser intitulado assim.
Talvez ela tenha escolhido o termo correto, já que ele arregalou os olhos e riu.
A forma que ele ria parecia a como um adulto agiria ao olhar para uma criança que adorava. Era assim que ele a olhava. Rosenia tinha o encontrado apenas duas vezes, mas ele a tratava com muita gentileza, e pensava nela como sobrinha.
Ele hesitou um pouco e perguntou indiretamente.
— Se a senhorita não se importar, eu posso… chamá-la pelo nome, “Rosenia”?
— Sim, e por favor, fale confortavelmente.
Ela respondeu feliz com um sorriso.
Apesar de ele ser o irmão mais novo do Margrave Lovick e mentor do Duque de Rayshin, como um nobre sem título, ele estava numa posição inferior à dela, mesmo sendo seu tio.
Claro, isso se aplicaria a Rosenia também, considerando que ela também não tinha um título. Mas a família Hill sempre esteve um degrau acima nas posições sociais, mesmo entre os nobres.
Não era sem motivo que as pessoas a chamavam de “A princesa da Torre dos Magos” ou “Pequena mestre da Torre dos Magos”.
‘Não seria estranho continuar chamando o tio assim?’
Claro, seria uma história diferente se ele não pensasse nela como sobrinha… Mas esse não parecia ser o caso por sua expressão. Ele aparentava pensar nela como família e sobrinha.
Então, Rosenia decidiu tratá-lo como tio também.
‘Mas eu não acho que ele vai me pedir para chamá-lo de tio primeiro.’
Talvez chamá-la pelo nome tenha exigido toda a coragem dele, então, não seria bom se ela desse o primeiro passo?
Rosenia refletiu por um momento, e colocou o sorriso que usava para persuadir Adrian.
— Então, posso chamá-lo de tio também?
Com isso, os olhos de Henry Lovick ficaram tão grandes quanto pires. Seus lábios se moveram levemente e havia fortes emoções em seu rosto.
Tradução: Holic.
Revisão: Nopa.