Obsessão inofensiva pelo cativante protagonista masculino. - Capítulo 37
A visão escurecer era um tipo de efeito colateral que acontecia durante viagens de teletransporte.
Não era nada perigoso, e logo Rosenia recuperou a visão. Ela piscou, enxergando o cenário à sua frente. Um céu límpido, campos verdes, e uma vegetação abundante. No centro disso, estava uma bela cidadela, alta como uma montanha orgulhosa.
O ducado de Rayshin.
‘Finalmente, eu consegui…’
A tranquila cidadela, a qual só tinha visto de longe, estava tão perto que ela quase podia tocá-la.
Fascinada pela maravilhosa visão, olhou vagamente para o cenário verde, tomada por emoções estranhas. Nesse momento, escutou alguém grunhindo com dor.
— Ugh…
— …?
Quando olhou para o lado, arregalou os olhos ao registrar um belo rosto claramente contorcido pela dor. Luellin estava acocorado e suando intensamente.
‘Não acredito…. De novo? E nessa situação!?’
Teria sido por ele ter gastado os poderes divinos na luta com Adrian? Parecia que o mana, que estava colidindo com o poder divino dentro dele, tinha começado a se acumular novamente.
Rosenia ficou envergonhada, e sem saber o que fazer. Ela se aproximou de Luellin. Notando que havia algo de errado com ele, todos empalideceram de medo.
Especialmente o homem de cabelos pretos, que não conseguia esconder a preocupação do rosto, com os lábios se movendo levemente. Era surpreendente ver um homem estóico com tais expressões.
Tuk.
Luellin então deitou a cabeça no ombro dela. Ela agarrou os ombros dele com ambas as mãos para dar-lhe suporte, hesitando ao fazê-lo.
Ficou afogueada com os olhares cheios de preocupação e suspeitas que todos a lançavam. No entanto, para sair desse lugar e chegar na mansão do Duque, ela primeiro tinha que acalmar Luellin. Então, o abraçou forte, dando tapinhas em suas costas.
— Duque…
— Rose…
— Está doendo muito?
Quando ela perguntou ansiosamente, Luellin sorriu displicente e respondeu em voz baixa “Não”. Mas ela sabia que não era verdade. Tinha certeza que ele estava com muita dor.
[Uma dor tão terrível que parecia que o corpo estava sendo queimado…]
Era assim que o livro original descrevia. No início, a dor parecia a de uma queimadura, mas à medida que piorava, parecia que o corpo todo estava sendo estraçalhado.
‘…Ele me protegeu mesmo sabendo que sentiria essa dor.’
Arriscando a própria vida.
De repente, ele pareceu muito adorável e digno de pena, então ela o abraçou com mais força e suspirou. Podia sentir o mana feroz dele fluindo para ela.
‘Se ele continuar sofrendo assim no futuro… não seria melhor que conhecesse Sierra e através dos poderes dela se tornasse um usuário de poder divino puro?’
O coração dela doía com esse pensamento. Sabia que isso era o melhor para Luellin, mas se sentia péssima ao imaginar entregá-lo para a heroína.
‘Mas se Luellin quiser a ajuda de Sierra… Se isso acontecer, então…’
— Rose…
— …
— O que está pensando?
Antes que percebesse, Luellin tinha levantado a cabeça e estava olhando para ela tão de perto que seus lábios quase se tocaram. Ela chacoalhou a cabeça e limpou o suor frio que corria na bochecha dele com as costas da mão. Com um sorriso fraco, ele levantou as sobrancelhas.
— …Queria poder saber o que está pensando.
— Está se sentindo melhor agora?
— Não, não me sinto nada melhor.
Luellin respondeu com firmeza a pergunta que ela jogou para mudar de assunto. Rosenia tentou absorver o mana dele um pouco mais enquanto evitava o seu olhar. Mas Luellin não a deixou escapar. Ele agarrou a cintura dela com uma mão e o queixo com a outra e fez com que ela olhasse para ele.
— Acho que me sentirei melhor se você me beijar.
— …Aqui?
— Tenho certeza que todos podem virar de costas para nós.
Ela olhou ao redor para ver se era verdade, e, como Luellin havia dito, todos estavam olhando as montanhas distantes, com as costas viradas para os dois.
Apesar de ficar feliz por eles não poderem vê-los, ainda não conseguia evitar de sentir-se envergonhada. Ela corou e disse em voz baixa:
— Certo, então só um beijo.
Luellin pareceu algo insatisfeito, mas não a forçou a fazer o que ele queria. Ele assentiu gentilmente e imediatamente pressionou os lábios contra os dela.
Os lábios dele estavam tão quentes que ela se surpreendeu. Rosenia tocou o rosto dele com cuidado, fechou os olhos, e gentilmente alisou sua bochecha. Luellin a abraçou com mais força e a puxou para mais perto.
‘Quanto tempo faz desde que ele me abraçou forte assim?’
Ela podia sentir o mana que estava rugindo dentro de Luellin gradualmente se acalmar. Quando ela começou a sentir o mana fluir claramente como a água de um lago, abriu os olhos devagar.
— ….
Os olhos esmeralda a encaravam quietamente. No momento em que os olhos dos dois se encontraram, as bochechas de Rosenia ficaram vermelhas e ela afastou os lábios dele. Luellin parecia um pouco desapontado. Ele então se aproximou dela, segurou seu rosto com as mãos e a beijou de novo.
Muack!
Ele sorriu ao remover os lábios com um som estalado. Sentindo o rosto quente, Rosenia se levantou, querendo fugir.
Mas Luellin a levantou e a abraçou forte, impedindo-a de escapar. Ela tentou se desvencilhar dele, sentindo-se envergonhada.
— Pra onde vai?
— Ah, não… Só estava… criando espaço pessoal. Sabe?
— Não gosto disso.
‘Esse cara, sinceramente…!’
Enquanto ela e Luellin discutiam, Alex debochou, com as costas ainda viradas para os dois.
— Terminaram? Não vamos para a mansão?
Rosenia ficou tão envergonhada que queria cavar um buraco no chão.
Mas Luellin estava agindo como se não tivesse feito nada demais. Ele a carregou e começou a andar na direção da mansão. Parecia ansioso para chegar lá. Para alguém que tinha acabado de sofrer de acúmulo de mana, ele parecia bastante bem, como se o que tivesse acabado de acontecer fosse apenas um sonho.
Enquanto ele andava na dianteira, os outros três o seguiam atrás. Rosenia enfiou a cabeça nos braços de Luellin, que a carregava no estilo noiva. Quando apertou o colarinho dele com força e tremeu levemente, Luellin falou alegre.
— Por que você fica tão linda quando está com vergonha?
— Cala a boca…
— Também é boa em usar palavras duras.
— Como faço para que você cale a boca!?
— Bem, e se tentar me beijar?
Rosenia o encarou boquiaberta. Então, como ele havia pedido, ela hesitou por um momento e então impulsivamente puxou a cabeça dele para perto e pressionou os lábios contra os dele.
— …!
Vendo que Luellin estava chocado, sem nem hesitar, ela mordeu o lábio dele e então se afastou rapidamente.
Vendo ela ainda agarrando o colarinho dele e o lançando um olhar zangado, Luellin piscou sem expressão. Os lábios dele estavam visivelmente vermelhos após serem mordidos.
‘Bem, não sangrou. Então não deve ter doído tanto assim.’
— Parando para pensar, essa é a terceira vez.
Luellin murmurou, distraído.
— Que Rosenia me beija de surpresa.
‘…Por que está contando esse tipo de coisa?’
Enquanto ela olhava para Luellin com uma expressão abismada, ele sorriu brincalhão. Então a beijou de novo.
Muack!
Ele caminhava na direção da mansão ducal com passos leves. Ela se perguntou se era por ter sido beijado, mas ele parecia estar de bom humor.
Surpreendidos pela aparição repentina do Duque, os guardas abriram o portão apressadamente. Rosenia sentiu muitos olhares questionadores voltados a ela. Imaginava que todos estariam pensando “quem é essa mulher nos braços do Duque?”
Enterrou o rosto nos braços de Luellin para se esconder, mas ele não reagiu. Queria que ele a colocasse no chão, mas Luellin não mostrou sinais de que o faria.
— Rosenia?
— …
— Está tudo bem, levante a cabeça. Ninguém aqui vai falar nada de você.
‘Não, não está tudo bem! Como posso levantar a cabeça nessa situação?’
Rosenia agarrou os ombros de Luellin e murmurou com uma voz que misturava vergonha e raiva.
— Me ponha no chão.
— Eu gosto de andar desse jeito.
— Se não me puser no chão, vou usar uma magia de teletransporte e ir embora daqui.
O corpo de Luellin enrijeceu quando ela falou numa voz sombria, como aviso.
Rosenia não sabia que expressão ele estava fazendo porque estava com a cara enterrada no peito dele. Mas podia sentir que tinha algo errado.
Porque Luellin tinha parado de andar e estava quieto demais.
—….?
Rosenia não se sentia bem, então levantou a cabeça devagar e olhou para o rosto de Luellin. Ele estava sorrindo, mas era somente com a boca, pois o sorriso não alcançava seus olhos.
‘Não sei bem, mas o olhar dele nesse momento… Ah, ele ficou louco outra vez!’
Quando ela percebeu isso, se encolheu um pouco, mas Luellin continuou a sorrir lindamente. Era um sorriso doce, mas perigoso.
Luellin falou com um tom frio.
— Se você for desaparecer…
— Bem, eu….
— Então, vou ter que criar uma garantia.
— …Uma garantia?
Rosenia se sentiu insegura. Ela tinha falado aquilo descuidadamente, mas se perguntou se havia cruzado uma linha que não podia ser cruzada?
‘Será que acabei de pressionar o botão de auto-destruição?’
— Sim, uma garantia. Algo que irá amarrar Rosenia a mim com força.
‘…O que é isso? Estou com medo!’
Luellin a puxou para mais perto com seu sorriso distorcido, como se não fosse o protagonista masculino e sim o vilão.
Ela o olhou chocada enquanto ele começou a andar despreocupadamente de novo. Queria perguntar que diabos ele estava planejando, mas não conseguia falar nada.
O vento carregava um suave cheiro de lavanda. Ela então sentiu o perfume de rosas, mas demorou mais tempo para reconhecê-lo.
Quando percebeu, já estava na frente da porta principal da mansão ducal.
Ao inconscientemente girar a cabeça e olhar para frente, ela pôde ver muitos rostos pálidos. Eram todos os empregados do Duque de Rayshin.
Entre eles, um homem de cabelos grisalhos – que parecia ser o mais velho do grupo – falou, com uma expressão surpresa:
—Me, mestre… O que está acontecendo aqui…?
Tradução: Nopa.
Revisão: Holic.