Obsessão inofensiva pelo cativante protagonista masculino. - Capítulo 26
No mar escuro como o breu, as ondas se formavam sinistramente.
Tais ondas violentas foram causadas por uma besta marinha, buscando atentamente por qualquer oportunidade de engolir um barco.
Embora eles estivessem perto do esconderijo da besta, ainda não sabiam sua localização exata.
No entanto, foi uma enorme conquista, dado o curto período de tempo. Tudo graças à força motriz e ao talento de Adrian Hill.
Adrian havia deixado Rosenia na casa de férias, não querendo trazer sua preciosa irmã para este mar perigoso. Porém, ele sabia que a casa também não era completamente segura.
Existia a ameaça de Luellin Rayshin. Adrian acreditava que tal bastardo louco ainda estava atrás de Rosenia.
‘Ele esqueceu quem eu sou? Esse bastardo louco.’
Adrian estava disposto a cogitar a ideia de que um jovem nobre, de boa aparência e de boa personalidade iria querer cortejar sua irmã. Porém, aceitar era uma questão diferente.
Independentemente disso, não era qualquer cara. Era Luellin Rayshin. Mesmo que o céu se partisse, Adrian não permitiria. Os Rayshin e os Hill eram incompatíveis. Uma regra não falada decidida há muito tempo.
‘Além disso, os malditos Lovicks …’
Adrian olhou para a escuridão com um olhar sombrio. Cerrou os dentes ao pensar nos desgraçados dos Lovicks.
Os Lovicks, que seguiam o duque de Rayshin como cachorrinhos, nunca apoiariam os Hill entre os dois.
Adrian esperava que sua irmã ingênua nunca descobrisse que esses desgraçados eram os inimigos de sua família. Pretendia destruir os Lovicks com as próprias mãos se seu pai não o fizesse.
‘Só mais três dias. Não, dois dias.’
Pelo andar das coisas, Adrian acreditava poder lidar rapidamente com essa besta marinha irritante e depois voltar para a casa de férias.
Havia colocado um feitiço nas proximidades da casa e deixado um familiar com Rosenia, mas ainda se sentia desconfortável.
Estranhamente, situações perigosas sempre seguiam Rosenia desde que ela era criança. Para não correr riscos, Adrian a manteve escondida na segurança da Torre dos Magos.
Não podia deixar a inocente e ingênua Rosenia fora de sua vista.
‘Se ele insistir em ver Rosenia, terá que arriscar a vida. Não preciso de um bastardo que não pode nem oferecer a vida.’
Sem falar que era o duque de Rayshin quem tinha mais a perder.
‘De qualquer forma, é apenas uma paixãozinha barata. Se ele pretende se aproximar com algo assim, seja Luellin Rayshin ou qualquer outro, não vou deixá-los viver para ver a luz do dia.’
Adrian jurou segui-los até o inferno e torturá-los até a morte.
***
Rosenia estava sonhando com o passado.
Em seu sonho, ela tinha quatro anos e Adrian, oito. Sua mãe estava lá com eles.
— Rose, olhe o seu irmão. Ele não é lindo? Você não acha que ele deveria ter nascido menina?
Sua mãe disse, apontando para Adrian vestido de menina. Ela se aninhou nos braços da mãe com um sorriso. Sua aparência era hilária.
—…
Os olhos de Adrian a encarando pareciam perguntar: “Você está gostando disso?” e “Tá achando engraçado?”. Ela tinha certeza de que ele a “educaria” até a morte mais tarde se ela risse dele agora.
No entanto, rir de Adrian era um dos poucos prazeres de sua vida. Ela riu alegremente dele sem pensar nas consequências.
— Fica bem em você, irmão!
Adrian estava usando um vestido e um chapéu pretos que sua mãe havia escolhido cuidadosamente.
O vestido e o chapéu estavam fortemente amarrados, com uma fita vermelha que os rodeavam completamente.
Os sapatos eram de cor preta e laranja com alças cobrindo a parte de trás dos pés, combinando muito bem com o vestido. Além disso, Adrian usava meias de renda preta em seus pés pequenos.
A bela aparência de Adrian era como a de Branca de Neve do conto de fadas. No entanto, esta Branca de Neve em particular tinha um brilho feroz em seus os olhos jurando vingança.
— Ei, Rian. Leve Rosenia para passear na torre com essa roupa.
A expressão de Adrian endureceu com as palavras de sua mãe. Seus ombros tremiam, mas ele não conseguia dizer não ou se rebelar.
Olhando para sua mãe com relutância, seus olhos estavam muito mais infantis e inocentes do que o normal. Ele também parecia um pouco choroso.
Talvez a mãe deles o provocasse propositalmente para ver esse tipo de reação. E, na verdade, ela faria isso também se fosse mãe, para ter certeza de que seu filho era humano. E, acima de tudo, se seu filho fosse o Adrian.
— …Venha aqui, Rose.
— Sim! Unnie! (Irmã mais velha)
Rosenia fugiu enquanto acertava outro golpe em Adrian, chamando-o de irmã mais velha.
O rosto sem emoção de Adrian se enrugou naquele dia, mas ele não ficou com raiva dela. Ela podia ler seu humor através de seus olhos vermelhos.
— Hehe.
— Do que está rindo? Não ria.
Rosenia iria mostrar essa imagem de Adrian ao pai, achando que ele certamente riria.
Imaginando a cena se desenrolando, ela não conseguia parar de rir.
Foi uma tarde feliz na torre com sua mãe presente.
***
— …
Acordando de seu sonho, ela encarou fixamente o teto.
‘Sonhar com o passado… isso é novo.’
Talvez por causa da saudade ou sentimento de perda, seu coração batia irregularmente e ela se sentiu vazia.
O céu mostrava que já era de madrugada. Esse fato fez sua sonolência desaparecer completamente.
Admiração logo surgiu em seus pensamentos.
‘Eu acordei de madrugada!’
Rosenia se levantou surpresa. Virando-se com cuidado e olhando ao seu lado, Luellin ainda dormia pesadamente.
‘Eu acordei mais cedo do que esse cara!’
O fato deu-lhe uma sensação infantil de triunfo, porque até agora ela sempre dormira demais após uma noite bruta com ele. Queria acordar antes dele pelo menos uma vez.
A resistência de Luellin era simplesmente monstruosa e ele não aparentava nem um pingo de cansaço, mesmo ela estando exausta.
E então ele dizia: “A resistência de Rose é muito fraca. Olhe que eu esteja me segurando”.
‘Ai meu Deus. Isso faz sentido? Fazendo isso uma vez após a outra, e ele diz estar se segurando? Que existência tão assustadora.’
Saindo lentamente da cama, Rosenia teve o cuidado de não acordá-lo, com medo de que ele tentasse persuadi-la a ser devorada novamente.
Pegou seu roupão da cadeira e vestiu-o. Aproximou-se da janela e olhou para o céu e a luz que surgia sinalizando o raiar do dia.
Até as rosas do jardim ainda dormiam. A paisagem pacífica e pitoresca a fez sentir- se confortável.
‘Vamos para um penhasco com Luellin hoje.’
O pensamento natural que veio a sua mente a fez congelar. Não conseguia acreditar que estava tão calma nessa situação em que não sabia quando Adrian voltaria.
‘Mas … Não está tudo bem já que ainda tenho três dias de sobra? A besta marinha não é algo que pode ser derrotado facilmente, mesmo que seja Adrian.’
Por algum motivo, Rosenia sentia que estava ficando cada vez mais relaxada, mas achou que não haveria problema em ficar à vontade por mais alguns dias. Planejava entrar em contato com a família do duque de Rayshin qualquer dia desses.
‘Sim, um dia. Só não agora. De alguma forma, parece que os dias estão ficando mais curtos.’
Com medo de acordar Llewellyn, Rosenia foi ao banheiro em outro cômodo, lavou-se, trocou de roupa e saiu para passear no jardim.
Usava um vestido azul feito de material ondulado. Era de mangas curtas com um decote de renda branca.
Rosenia gostava da cor azul, então tinha muitas roupas azuis.
Adrian, por outro lado, sempre usava roupas pretas. Não apenas isso, mas ele preferia lugares escuros.
De qualquer forma, Rosenia não conseguia imaginar Adrian vestido de branco. Ela pensou que ele provavelmente preferia ficar nu.
‘Vou dar uma volta pelo jardim e preparar o café da manhã.’
Não queria deixar sempre tudo nas mãos de Llewellyn, então queria cozinhar hoje. Suas habilidades culinárias eram terríveis, mas não era tão ruim a ponto de ser impossível comer.
‘O que devo fazer? É melhor algo simples e fácil, certo?
Assim que Rosenia parou por um momento para pensar no cardápio, de repente, sentiu outra presença.
— …?
Com um pequeno arrepio, Rosenia olhou na direção onde sentia a presença. Caminhando por entre as roseiras e vindo em sua direção havia uma pessoa. Era impensável que tais passos relaxados pertencessem a um intruso.
Mas não era Luellin. O convidado não esperado era mais baixo do que ele. E a cor do cabelo era diferente. Seu cabelo loiro mel, que era tão claro quanto o luar e batia ligeiramente na altura dos ombros, estava cuidadosamente amarrado.
— Haa…
Finalmente parando na frente dela, o lindo menino loiro suspirou.
— Rosenia Hill?
— …
Em vez de responder, Rosenia observou o menino atentamente. Em todo caso, ela não conseguia entender como ele invadiu a propriedade sem fazer um único som mesmo tendo feitiços por toda parte.
Era impossível destruir os feitiços tão facilmente.
— Você está realmente sozinha? Capturar você é tão simples?
— …?
A testa dela franziu com o comentário dele. Não se achava uma pessoa fácil de capturar.
As pessoas estavam sempre prestando atenção em Adrian, o mestre mais jovem da Torre dos Magos, então não sabiam muito sobre ela. Ela sempre foi protegida pelo brilho de Adrian.
Embora Rosenia não estivesse particularmente insatisfeita com isso, sabia que muitas pessoas pensavam que ela era fraca porque vivia à sombra de Adrian.
Como agora.
— Você é a fraqueza daquele cara maluco da torre?
Estupefata com as palavras do loiro, Rosenia perguntou.
— Quem te disse isso?
O menino inclinou a cabeça, e como se não fosse grande coisa contar tudo a ela, respondeu.
— Quem me disse isso? Não é óbvio? Você não é a irmãzinha fraca do mestre da Torre dos Magos?
Estupefata, Rosenia corrigiu inconscientemente o erro do menino.
— Meu irmão mais velho tem me protegido, mas eu não sou sua fraqueza.
— Ah, sério?
Retrucou o menino, sorrindo como se não acreditasse nela.
‘Ele deve realmente pensar que sou fácil.’
Rosenia se perguntou se deveria lhe ensinar uma pequena lição.
‘Seja lá quem for esse menino, ele está invadindo a propriedade da família Hill, então atacá-lo seria legítima defesa. Mas seu deslumbrante cabelo loiro, e essas raras pupilas roxas como violetas, e esse rosto bonito! Não importa, ele está invadindo! E além disso, também me insultou.’
O lema da família Hill era retribuir tanto quanto se sentir insultado. Claro, no caso de Adrian, ele sempre retribuía dez vezes mais …
Olhando para o menino, Rosenia concentrou sua mente em usar magia. A magia era tão fácil de usar quanto respirar para os feiticeiros na Torre dos Magos.
E como Rosenia era uma feiticeira da Torre dos Magos, a magia fazia parte de sua rotina diária. Tanto que subjugar um garoto era fácil.
‘Certo, isso definitivamente vai ser fácil…’
— …?
A magia dela não funcionou.
‘O que?’
Surpresa, Rosenia olhou para o menino e piscou os olhos.
Sua magia conjurada deveria fazer o menino perder a visão por um momento. No entanto, ela se dissipou rapidamente quando o alcançou.
‘De jeito nenhum.’
Enquanto franzia a testa e se perguntava como isso era possível, o garoto falou em tom de zombaria.
— Princesa. Magia não funciona comigo.
— O quê…?
— Eu tenho uma constituição peculiar. Você nunca ouviu falar?
— …?
‘Uma constituição peculiar imune à magia?’
Naquele momento, uma memória de repente passou por sua mente.
Três anos atrás, logo após Adrian ter se tornado o mestre da Torre dos Magos.
Adrian e ela foram informados de que havia magos conduzindo experimentos em humanos.
O que eles encontraram no subúrbio na parte oriental do Império foi uma caverna estreita criada artificialmente por magos. Presos lá dentro, estavam cobaias em estado deplorável.
‘Tenho certeza de que um desses experimentos…’
Havia um caso assim. Uma constituição peculiar e um menino com uma perigosa habilidade de extinguir qualquer magia que o tocasse.
‘Mas, aquele menino…’
Os magos conseguiram descobrir a caverna e destruí-la e, sem dúvida, o menino deveria ter morrido…
‘Esse menino é o mesmo daquela época? Ou é outra pessoa?’
O rosto do menino estava tão nebuloso em sua memória que ela não conseguia se lembrar exatamente. Olhou para o garoto loiro em sua frente com uma expressão confusa.
Então, Rosenia viu. Nos olhos do menino havia Indignação, raiva e ódio.
— Eu odeio vocês, magos. E eu odeio aquele mestre maluco da Torre dos Magos.
O humor relaxado do menino havia desaparecido completamente, evidente por suas pupilas violetas brilhantes.
Rosenia ficou sem palavras com o ódio dirigido a ela.
— Então, princesa, você certamente será capturada e levada à minha porta. Mal posso esperar para te ver chorando e implorando por seu irmão.
— O que você quer dizer com captura? Do que você está falando…?
— Bem, tenho que ir agora. Confirmei que você realmente está aqui, então é o suficiente.
Rosenia tentou pegar o menino, mas ele desapareceu em um piscar de olhos. Ela pensou que provavelmente era graças a alguma ferramenta mágica de movimento.
‘… Ele odeia feiticeiros, mas usa o que eles desenvolveram?’
Rosenia olhou estupefata para o local onde o menino havia desaparecido.
O evento repentino a deixou muito perturbada. Ela continuou relembrando as palavras do menino.
‘Me capturar? E me levar à sua porta? Se não é ele quem vai me capturar…’
Então, um nome surgiu em sua mente.
Um nome familiar que ela não queria pensar.
‘… Aquele que vai me capturar…’
Na casa onde estava, havia apenas uma pessoa que poderia fazer isso.
Mas, incapaz de acreditar que pudesse ser tal pessoa, seu corpo estremeceu e ela ficou sem fôlego.
No entanto, seus pensamentos constantemente apontavam para uma pessoa.
Luellin Rayshin.
Tradução: Holic.
Revisão: Nopa.