Obsessão inofensiva pelo cativante protagonista masculino. - Capítulo 19
Adrian.
O sangue dele congelou ao ouvir tal nome.
Luellin olhou para Rosenia com uma expressão dura em seu rosto.
As bochechas dela estavam coradas com uma sutil cor rosa, semelhante a cor de seus cabelos, enquanto seus cílios grossos se remexiam e seus pequenos lábios se curvavam. Ela estava extremamente bonita e adorável. Ao ponto em que ele queria engoli-la de uma só vez.
Mas, com esses belos lábios e esse rosto indefeso, Rosenia tinha dito o nome de outro homem, não o dele.
Apesar de que não era necessário deixar claro que era o nome do irmão dela, para Luellin isso não importava.
O que importava era que ele próprio não era a pessoa mais importante no subconsciente dela.
Era o seu irmão, Adrian Hill.
— …
Um sorriso gélido se formou nos lábios pálidos de Luellin.
Ele não esteve durante a infância de Rosenia. Quem estava lá era Adrian Hill. Esse fato o irritava profundamente. Queria saber tudo sobre ela o mais rápido o possível.
E, se possível, Luellin queria tomar o lugar que Adrian hoje ocupava no coração dela.
‘Quero que o coração dela tenha somente a mim. Do início ao fim, tudo. Eu quero ele inteiro.’
Uma dor familiar despontou no peito dele. Olhou para Rosenia com uma expressão complicada.
Ela dormia profundamente com um rosto angelical. Totalmente inconsciente dos pensamentos perigosos que passavam pela cabeça de Luellin, que a estava encarando naquele momento.
‘Minha adorável Rosenia.’
Quanto mais Rosenia agisse com cautela, mais ele a queria. Queria abraçá-la com força e entrar profundamente em seu âmago quente.
Havia pensado que tinha capturado seu coração. No entanto, olhando para o rosto adormecido dela, ele ficou tomado por um sentimento de dúvida.
O que Luellin queria não era meramente uma relação física. Nunca teria tido uma ideia tão infantil, em primeiro lugar. O que ele queria era ela, por inteiro. Queria possuir seu coração e sua alma enquanto ela vivesse.
Luellin se perguntou em que momento esse desejo, uma doença chamada amor, havia se instalado tão profundamente em seu coração.
Pensando a respeito, lembrou-se que tudo havia começado há algum tempo. Muito antes do banquete que ocorreu no palácio real há 4 anos.
Luellin se lembrava que era o ínicio do verão, quando as lavandas floresciam lindas, com um doce odor no ducado.
Comemorando seu aniversário de treze anos naquele dia, Luellin, que sempre havia sido um garoto certinho e obediente, decidiu escapar por impulso.
***
O jovem duque era conhecido por sua natureza correta e direta. Todos o elogiavam, não importava onde fosse. Luellin Rayshin. Um órfão que perdeu ambos os pais e cresceu sozinho desde que se entendia por gente. As pessoas tinham pena de sua situação.
— Um presente de aniversário do Conde Andrico, Vossa Graça.
— …
Então, quando o dia 25 de Maio, o seu aniversário, estava se aproximando, todos os presentes e cartas que chegavam expressavam simpatia.
Luellin, se sentindo um pouco irritado, aceitou a carta e a leu silenciosamente. Era cortês aceitar e ler as cartas de nobres de alto ranking.
Essa carta, como todas, estava cheia de elogios pelas conquistas dignas de nota do jovem duque de Rayshin e o seu caráter impecável. Também havia menção a sua aparência, que ficava cada vez mais deslumbrante à medida que crescia.
E, com um estilo de escrita bastante aristocrático, como se para não ofender, a carta acabava com uma expressão de preocupação pelo tão jovem duque.
As cartas que recebia eram geralmente desse jeito. Os nobres, que haviam sido próximos dos falecidos Duque e Duquesa de Rayshin, não tinham ideia de como poderiam ajudar o jovem Luellin, ainda que sentissem pena dele.
Apesar de saber que eles tinham boas intenções, Luellin estava de saco cheio de tudo. Ainda assim, sempre os respondia porque era cortês fazê-lo.
— Aqui, leve essa carta.
Luellin, que havia escrito de volta para o Conde Andrico sem cometer um único erro, selou a carta e entregou ao mordomo.
Ele recebeu a carta com modos polidos como sempre e se afastou silenciosamente.
Uma vez que o mordomo saiu e os servos foram mandados embora, somente o som da respiração de Luellin podia ser ouvida no gabinete. Era um silêncio pacífico.
Luellin sentiu que o silêncio familiar era reconfortante no meio de sua irritação.
Nunca demonstrando tais emoções, as pessoas pensavam que ele era apenas uma criança esperta e de bom coração.
No entanto, isso não era verdade. Somente Luellin sabia que na verdade não era assim.
‘Estou de saco cheio de tudo’.
Estava cansado das celebrações e presentes de aniversário. Estava cansado no grande banquete anual e da missa que era celebrada em seguida para seus pais falecidos. Estava cansado de que todos pensassem que ele podia se sentir culpado pela morte de seus pais.
O senso de responsabilidade por ter sido a causa da morte deles. Esse tipo de culpa.
‘É tudo besteira’.
Apesar de Luellin fazer seu melhor para respeitar e agradecer a seus pais falecidos, como nunca tinha visto seus rostos, sentia dificuldade em sentir afeição por eles.
Os pais que haviam o deixado eram como estranhos para ele. Ainda assim, as pessoas queriam acreditar que ele era um garoto gentil e amável que sentia falta dos pais que nunca vira. Infelizmente, não era o caso. Era apenas o que eles queriam ver.
‘Nesse 25 de Maio, vão me olhar com pena mais uma vez.’
Sem ninguém por perto, o sorriso de Luellin se distorceu, transformando-se em um que jamais havia mostrado em público.
Na verdade, em vez de se preparar para o banquete e a missa, Luellin queria viajar para algum lugar no dia 25 de Maio. Pensou que assim se livraria de todas essas coisas tão cansativas.
‘No entanto, é um desejo impossível.’
Luellin sempre tinha o hábito de pensar nesse tipo de coisa, mas como os sussurros de um diabinho em seu ombro, as dúvidas iam surgindo uma atrás da outra.
‘Realmente é um desejo impossível?’
— …
Luellin se reclinou na sua cadeira, sonhando em ser livre algum dia.
Uma bela praia, com ondas cintilantes, um sol imponente, um jardim cheio de flores que não fossem lavandas.
Luellin queria ir pra esse lugar de seus sonhos.
Mas sabia que isso era uma loucura total. Se ele desaparecesse, o castelo ia ser revirado de cabeça para baixo à sua procura. Mesmo que deixasse uma carta explicando, iam suspeitar que ele tivesse sido sequestrado por algum rival político. Mas mesmo sabendo de todos esses riscos, Luellin ainda queria fugir.
Ele queria largar essa vida tediosa e mundana e experimentar a liberdade pela primeira vez.
E para fazer isso, teria que ousar e agir impulsivamente.
Luellin queria se arriscar.
‘De qualquer modo, mesmo que eu suma por uns dias, tudo ficará bem quando eu retornar. Vou voltar assim que terminar de aproveitar uma folga rápida. Ainda tem tempo até 25 de Maio, então sair por 3 dias deve ser ok.’
Luellin pensou que ninguém poderia culpá-lo, o Duque de Rayshin, por se entediar e fugir de casa, de qualquer modo. Afinal, ele era o mestre desse castelo, dos territórios ao redor, e todos eram seus empregados.
‘Vou fazer isso’.
Com 13 anos, Luellin Rayshin ficou de pé, levado pela impulsividade pela primeira vez em sua vida. Em vez de ter medo, seu coração estava martelando com antecipação agora que tinha decidido se libertar.
Luellin terminou suas preparações com rapidez e discrição. Então, deixando uma carta para trás, saiu do ducado.
Uma hora depois, o castelo de Rayshin estava de cabeça pra baixo.
***
Luellin havia se disfarçado.
Mesmo fora do castelo, muitas pessoas o conheciam, então, não poderia andar por aí sem um disfarce.
‘Meus empregados devem estar correndo por todos os lados no castelo à essa hora. Desculpem, mas não tenho intenções de revelar onde estou.’
Tendo escondido todos seus rastros, Luellin havia planejado três dias perfeitos.
Por essa razão, a imagem de Luellin Rayshin no momento era a de uma garota em um vestido arrumado, com longos cabelos presos por uma fita. Naturalmente, o cabelo era uma peruca. Sentiu-se constrangido em se disfarçar de garota no início, mas conseguiu se acalmar após se acostumar. Ele até mesmo achou engraçado.
Tendo se libertado, Luellin riu impressionado com como estava se divertindo.
‘Algumas vezes, é bom ser imprudente.’
Luellin agora estava no sul do território da Família Rayshin, na estação Ives. Havia usado uma magia de deslocamento para ir direto até Ives. Era a melhor opção para não ser pego.
De pé na plataforma da estação, Luellin entrou num trem que havia acabado de parar. O corpo dele se moveu sem que soubesse para onde o trem estava indo.
Sentado em um assento duro e experimentando a sensação pela primeira vez, ele cochilou.
O trem parou na última estação três ou quatro horas mais tarde.
Luellin saltou do trem, tentando não pensar na experiência novamente.
O trem era muito rápido, já que se movia por magia. Ele tinha chegado até a fronteira do sul. Saiu da estação devagar, pensando que de repente, estava com problemas.
A área onde estava era propriedade da família Hill.
Tradução: Nopa.
Revisão: Holic.