Não é seu filho - Capítulo 83
[Hum?]
A testa de Belgian estava franzida enquanto mexia sua mão mergulhada na sombra.
[Nada? Engraçado, isso não está certo.]
Um buraco se abriu no peito da sombra, feito pela mão do velho, que balançava sem hesitação.
Uma escuridão cintilou no buraco e o interior do buraco pôde ser visto nitidamente.
Naturalmente, ele estava vazio.
[Humm… Eu tenho certeza que senti algo suspeito.]
Belgian coçou o queixo e encarou a sombra.
No entanto, não existia algo como o medo em uma sombra inferior.
— O que está fazendo?
[Então, eu senti algo de errado… Bem, se não há nada, não há…]
Ele balançou suas mãos relutantemente e se alongou para relaxá-las.
O gesto de alongar o pescoço e girar a cabeça com um corpo de mais de 70 anos, foi sem hesitar.
Não importa que havia um demônio no corpo, o olhar de Borph sob ele era frio, mesmo que o corpo fosse de “seu pai”.
Desde quando o velho rei matou sua mãe de fome e tentou forçar-se na serva de sua mãe na frente do cadáver da rainha…
Para Borph, ele já estava morto.
[Primeiro…. Vou invocar mais uns dez, pois preciso deles, mas será mais difícil do que achei.]
As palavras de Belgian, Borph olhou para Lyric, que esperava atrás dele.
— Lyric, como está o exército?
— Eu só consegui quinhentos. Oh, falando nisso, como estão as crianças que você levou dessa vez?
— Eram fracos, foram lançados para longe pelo rei das fadas.
— Bem, terei que fazê-los bem mais fortes. O rei de Angelo está na sala de conferências, então pode pedir a cooperação dele.
Eles saíram do quarto, em direção ao anexo do oeste.
Tanto o primeiro piso, quanto o porão do anexo, eram laboratórios de Lyric; e os pisos superiores eram os escritórios administrativos e as salas de conferências.
O caminho para o palácio estava em silêncio.
Não havia um guarda sequer no caminho pelo qual os três passaram.
Parecia que o palácio real estava dando passagem para eles.
O único lugar de trabalho, no silencioso palácio, era o escritório do anexo.
Todos os nobres responsáveis por tarefas administrativas estavam lá.
Todos os ministros-chefes de Akan eram marionetes de Borph.
Eles se esforçavam sem o rei e os príncipes.
Isso porque Lyric tinha trabalhado por um tempo para que eles e suas famílias ficassem viciados.
O efeito do remédio só durava uma noite.
Eles precisavam voltar para o castelo de manhã para tomar o remédio de novo.
O terrível remédio era feito de sangue de demônios.
Se eles não o tomassem para combater o vício, eles enlouqueceriam e machucariam seus familiares.
Várias noites terríveis se passaram e os nobres tentaram se rebelar.
No entanto, eles finalmente aceitaram o pesadelo que seu príncipe havia causado.
Borph, então, controlou o primeiro-ministro, os feiticeiros e os funcionários administrativos um a um.
— Não duvide, não faça perguntas, não pense, será mais fácil se adaptar do que parece.
Rebeldía era inútil.
Como o príncipe disse, seria mais seguro se eles se adaptassem.
— Vou acompanhar Vossa Majestade até o porão. Vossa Alteza, gostaria de ir para a sala de conferências? Devo chamar um servo?
— Bem, Daimon deve estar lá dentro.
Borph balançou sua mão impaciente e subiu para o terceiro andar.
Cerca de vinte nobres, que estavam na sala de conferência, se levantaram para cumprimentá-lo.
Daimon, que o aguardava, grudou nele.
Borph, que sorria languidamente, sentou-se no trono e olhou ao redor.
— Como está indo o trabalho?
— Estou fazendo o meu melhor para que não se preocupe.
— Isso é bom.
— Como foi a viagem?
Quando perguntado, Borph coçou seu queixo, pensativo.
— Kalia Tacskate…
Uma mulher que está constantemente sempre em vista.
O olhar de Borph se estreitou e parou no ar.
Seus dedos batiam ritmicamente no encosto do trono.
A humana mais forte que conhecia.
Para Borph, que era fraco o suficiente para sofrer alucinações só por respirar, “força” era um charme irresistível.
Era o suficiente para deixá-lo interessado, mas ele não conseguia acreditar na relação desconhecida com as fadas.
— Você tem uma parte fada, assim como eu?
De outra forma, que tipo de relação teria? Borph estava cheio de curiosidade.
Ele queria saciar sua curiosidade, baseado em seu olhar, escondido sob sua boina militar.
Ele queria saber. Queria tanto, que usaria todos os meios possíveis.
Tap. Tap. Tap.
Ele continuava a bater seus dedos enquanto olhava para o nobre.
— A conferência do Tratado Imperial de Comércio é daqui a três meses?
— Dois meses e vinte e um dias, para ser exato.
— Não é razoável que meu reino participe?
— Irei contatar o reino anfitrião.
— Muito bom.
Borph concordou satisfeito, e levantou-se.
— Então, vamos para a sala de conferência pequena.
Naturalmente, o reino anfitrião do tratado era Lohas.
Daimon observou Borph se levantar e ir em direção à sala de conferência pequena.
***
Kalia colocou o Shasha na cama, que foi amamentado com leite em pó.
Shasha recusava o leite materno e só podia beber da fórmula de Allen.
Mesmo assim, Kalia gostava de alimentar o bebê diretamente da mamadeira.
Encarando o bebê, que estava com os lábios sujos e a barriga cheia, era uma visão pacífica, que dissipava a ansiedade do mundo.
Mas…
— …Por que você continua pensando em Sheyman?
Ela olhou Shasha brincando sob o móbile feito por Sheyman e eventualmente saiu.
— Bem…
Kalia, que estava andando em círculos, ansiosa, voltou para o lado de Shasha de novo.
Ela encostou seu rosto no peito do bebê, sentindo o cheiro de leite e murmurando em uma voz dolorida.
— Mas, está tudo bem mesmo?
— Sheyman e eu? É possível para Sheyman e eu, gostarmos um do outro?
Não há dúvidas sobre a ofensiva amorosa de Sheyman, mas a questão era seus próprios sentimentos.
Não conseguia acreditar que seu coração batia mais forte por Sheyman.
O que era difícil de acreditar teria sido o suficiente para evitá-lo nos últimos dois dias.
No entanto, era covardia continuar a evitá-lo.
Sabendo disso, Kalia precisava de tempo para resolver seus sentimentos.
A sua cabeça era complicada quando se tratava dele, mas seus verdadeiros sentimentos eram bem simples.
“Por que ainda estou evitando Sheyman? Será que ele não gosta de seu sentimento? Não, não é isso. Então, o que é este sentimento?”
Ela continuou a pensar enquanto olhava Shasha brincando debaixo do móbile.
Em certo ponto, ela sentiu que era inevitável.
Afinal de contas, não podia ficar evitando-o para sempre. Haviam coisas que só podiam ser faladas se eles se encontrassem.
Pensando assim, a partir de agora, Kalia não podia evitar Sheyman.
Era educado responder a seus sentimentos sinceros.
E quanto Kalia, que havia organizado seus pensamentos, estava determinada, ela ouviu uma batida na porta.
— É a Hemming, posso entrar agora, senhorita Kalia?
Quando Kalia a mandou entrar, Hemming trouxe um cesto de fraldas de pano.
— Eu trouxe panos limpos e alguns lanchinhos. Há algo mais de que precise?
Era Kalia quem ficaria com Shasha hoje.
Foi uma decisão que a babá, Hemming, Allen e Sheyman perderam.
Por que estavam todos tão ocupados passando a noite em claro? Desse jeito, a competição para cuidar de Shasha ficava acirrada.
— Está tudo certo, Hemming. Você deveria ir descansar agora. Você não conseguiu dormir porque o Shasha ficou acordado a noite toda.
— É porque eu gosto de ficar acordada. Você realmente conseguirá descansar ao lado de Shasha? Allen te falou para não se esforçar muito.
As palavras ansiosas de Hemming fizeram Kalia sorrir.
— Eu acho que o remédio do Allen irá me deixar mais forte do que antes de ter um bebê. O gosto parece ser capaz de trazer os mortos de volta à vida.
O remédio que dizem ser feito misturando raíz de Sansho e abóbora e até o anel de inseto que diz diminuir o inchaço…
Era estranho imaginar onde conseguiram esses ingredientes.
O que a fazia se sentir ainda melhor era sentir que sua força estava voltando.
O inchaço que se acumulou também estava diminuindo a cada dia.
— Eu acho que é só uma questão de tempo até eu voltar ao meu peso pré-gravidez.
Kalia se sentiu insatisfeita, apertando suas bochechas macias.
Ao contrário de antes, ela gostava de passar a impressão de fofura, que logo iria desaparecer.
Por isso, era melhor começar a se cuidar.
— Sim, até a hora de voltarmos para a Capital…
Era natural que as coisas ficassem agitadas.
Ela teria que lidar com o trabalho que ela colocou de lado, e haveria muito a ser investigado.
Tinha que recuperar sua condição física e não podia negligenciar Shasha.
— E o mais importante…
Kalia segurou a mão de Shasha e olhou Hemming que estava se divertindo.
Hemming se tornou uma parte indispensável dela nos últimos dez meses.
— Hemming…
— Sim.
Hemming olhou-a e respondeu em voz baixa.
As bochechas redondas da jovem Hemming chamaram a atenção da Kalia.
Apertando suas bochechas, Kalia sussurrou seus verdadeiros sentimentos:
— …Obrigada por tudo.
— Ohh, você está fazendo isso de novo…
Hemming arregalou os olhos com um rosto avermelhado, como se estivesse tendo um ataque cardíaco.
De vez em quando, Kalia fazia isso.
Allen não tinha tanto contato físico com ela, mas Hemming tinha e mostrava seus sentimentos.
Toda vez que Hemming se sentia bem, envergonhada e especial, seu coração batia mais rápido. E em todo caso, Kalia atraia muitas pessoas.
— Oh, o que eu fiz para você dizer isso para mim?
Vendo Hemming falar envergonhada, Kalia sorriu um pouco tímida.
Ainda assim, Kalia não pode resistir à vontade de falar seus verdadeiros sentimentos. Ela presenciou muitas mortes em sua infância.
Tudo deve ser feito ainda em vida, enquanto ela ainda está acontecendo.
Nunca se sabe quando ou onde seu fim chegará, então é sempre bom fazer o seu melhor na vida agora.
Se viver assim, no último momento antes da morte, poderá ter alguns arrependimentos sobre querer viver mais um pouco, mas nenhum será de partir o coração.
Por isso, quando ela teve que demonstrar sua sinceridade, ela decidiu não hesitar.
Para Hemming agora, e… para o Sheyman.
Tradução: Kaon.
Revisão: Michi.