Não é seu filho - Capítulo 67
Kalia, que havia corado sem jeito, se apoiou em Sheyman com uma sensação confusa e olhou Kalekshia.
Só então, Kalia se sentiu mal.
Sheyman a havia hipnotizado, não deixando que ela percebesse que Kalekshia estava ali.
— …Haa.
Ele estava olhando os dois e não sabia se ria ou se franzia a testa. Parecia complicado e sutil.
— Estou em apuros.
Era o mesmo Rei das Fadas que dizia ser fiel ao seu mundo.
Diziam que havia vivido durante centenas de anos, mas não havia rastro de rugas em seu rosto.
Sem dúvida, a experiência estava enterrada em seus olhos pesados.
Sentindo uma energia suspeita no quarto onde seu bebê dormia, Kalia voltou a si e correu para ele.
Assim que olhou Kalekshia nos olhos, se sentiu um pouco envergonhada por seu encontro com Sheyman, então não pôde mais ver de perto que tipo de energia era.
“Um ser humano que recebeu o nome de Kalia Tackskate… Como é possível que continue minha linhagem de sangue?”
Aquela era a voz do Rei das Fadas, que havia escutado durante o parto.
“Como é possível que continue minha linhagem de sangue?”
Ela estava ligada ao Rei das Fadas pelo sangue?
Não significava que havia fadas em sua família por parte de mãe ou de pai? Dessa forma, seria família do Rei das Fadas… Mas, como era possível?
Se fosse uma fada, pela sua natureza de fada, não deveria ter energia de fada?
Kalia olhou Kalekshia, parado na sua frente, como se buscasse por respostas.
Sem dúvidas, parecia difícil encontrar uma resposta completa em seus olhos.
Ao contrário, ele disse algo.
— Uma fada recém-nascida pode ser abençoada pelo Rei das Fadas somente uma vez na vida.
— Abençoada pelo Rei das Fadas?
— Sim. Todas as crianças da família das fadas são abençoados por mim. Cada um de nós… Pais que querem que cresçam saudáveis, ou sem nenhuma razão especial, ficam felizes por serem abençoados.
Kalekshia, que sorriu com o rosto firme, olhou o bebê. Olhando o bebê com olhos cálidos, falou na linguagem dos espíritos antigos friccionando os lábios.
[Noa rium de Zarcar]
Enquanto uma cálida luz amarela envolvia o corpo da criança, Kalekshia acariciou as bochechas redondas do bebê com a palma de sua mão e falou.
— Os olhos de um homem sábio que penetram na essência dos braços e das pernas que nunca se cansam de avançar em direção ao que desejam, a inteligência que não se turva na névoa da ignorância. E tem uma voz charmosa que aos ouvidos soa como o canto dos pássaros cantores de onde só brotam palavras doces.
Woosh!
A luz que continha as palavras de Kalekshia se reuniu gradualmente e se concentrou na testa do bebê.
A luz dourada se concentrou entre as sobrancelhas do bebê em forma de folha.
O bebê, que dormia tranquilamente, como se sentisse a energia quente, se contorceu e mordeu os lábios.
Kalekshia, que colocou os lábios na testa do bebê que se movia fracamente, murmurou:
— Finalmente… nunca se vá antes de seus pais, não faça tal coisa, bebê.
Quando afastou seus lábios com um beijo curto, a luz em forma de folha que brilhava na testa do bebê ficou verde de repente.
Kalekshia, surpreso, olhou o bebê com olhos semicerrados e a luz voltou a ser dourada. Neste momento, o bebê brilhou e abriu os olhos, olhando para Kalekshia.
Era um pouco cedo para os recém-nascidos abrirem os olhos. Além disso, era difícil de focar porque a visão do bebê não estava completa.
Mas este bebê era diferente.
O bebê brilhou deslumbrante e olhou exatamente para Kalekshia. Os olhos dele brilharam transparentes como um céu limpo, e seus lábios mastigados se contorceram como se quisesse dizer algo.
Kalekshia olhou o bebê como se estivesse possuído.
A criança, sacudindo-se, tirou sua mão do interior da manta e a colocou sob a mão de Kalekshia.
Ele se virou para ver se era difícil controlar o braço, que se movia arbitrariamente, mas ele era menor que uma pedra, mais redondo e macio que uma bola de algodão, e tocou a bochecha de Kalekshia com precisão.
(N/T.: O rei tem umas comparações diferentes –’)
Com esses olhos claros fixos em Kalekshia, o bebê mexeu sua barriga. No momento em que viu seu rosto sorridente, o coração de Kalekshia se apertou e bateu com força.
“Oh, bebê…!”
Seus lindos olhos redondos de cor verde claro que se pareciam com os de sua mãe estavam curvados, suas bochechas, levantadas; e o coração do Rei das Fadas se iluminou severamente.
Era tão lindo que nem sequer a palavra adorável podia descrevê-lo.
Kalekshia olhou a barriga do bebê com o rosto mais bobo do mundo, um que nunca havia usado.
— Oh, meu Deus… Nunca havia visto um bebê tão perfeitamente lindo.
Sua voz chegou até em Kalia e Sheyman, que se sentiram profundamente comovidos com seus murmúrios.
Com os olhos umedecidos pela crescente emoção, Kalekshia estendeu sua mão trêmula e a levou à criança. Kalia o observou em silêncio levantando o bebê com cuidado.
— Abuu, abuuu…
Como se não tivesse medo ou preocupação, o bebê balbuciou incoerente nos braços de Kalekshia.
Se Allen o visse, ficaria surpreso.
Não poderia acreditar que uma criança que só havia nascido no dia anterior abriu os olhos e balbuciou… Iria se transformar em o gênio do século por ter dito algo assim que nasceu.
Invés de olhá-lo com estranheza, Kalekshia abraçou o bebê várias vezes com um sorriso amável. O bebê riu várias vezes em seus grandes braços, mas logo começou a resmungar como se algo o incomodasse.
— U-Uáááá!
Hemming, que dormia em uma cadeira ao lado do berço do bebê, abriu os olhos enquanto ele chorava.
— Hã? U-um…? Quando vocês chegaram?
O rosto de Hemming ficou vermelho quando viu Kalia, Sheyman e Kalekshia no meio.
— Ah, não. Não cai no sono se é o que estão pensando…
— Buáá! Buááá!
— Ack, bebê! Por que está chorando? Ah! Deve estar faminto! Allen disse que os bebês necessitam comer a cada 2 horas.
Antes que as palavras de Hemming saíssem, Kalia abraçou rapidamente o bebê.
— Então levarei o bebê para o meu quarto.
Enquanto isso, o choro do bebê ficou mais forte e Kalekshia começou a andar com uma expressão incômoda.
Kalekshia falou com urgência, atrás de Kalia, que estava prestes a sair:
— Posso vê-lo de novo depois?
O Rei das Fadas se sentiu incomodado pela primeira vez na vida frente a três olhares. Kalia, que o viu tossir incomodado, assentiu lentamente.
— Volte mais tarde.
Depois da breve resposta, rapidamente saiu do quarto, seguida por Sheyman. Hemming também saiu do quarto, dizendo que tinha algo para preparar, e Kalekshia, que ficou só, finalmente relaxou seus ombros, que haviam se tensionado, como se estivesse aliviado.
Quando se lembrou do rosto do bebê que sorriu para ele há pouco tempo, sorriu novamente. Pronto, sem dúvidas, naquele quarto cheio de luz solar apareceu uma sombra escura em um canto do quarto.
Estendeu a mão para a escuridão, tão imóvel como se estivesse morta.
— Venha aqui.
A sombra, que não havia se movido nem um centímetro antes de sua palavra, começou a se mover lentamente. Como se possuída, a sombra foi arrastada até a mão de Kalekshia.
— Estava observando este tempo todo, correto?
Rodando como uma bola na mão de Kalekshia, respondeu a suas palavras com um ronronar. Kalekshia mostrou um sorrisinho e disse para a escuridão.
— Está bem, tente isso.
Os dedos de Kalekshia brilharam, segurando a luz dispersa como névoa. A escuridão, que havia se agrupado em um círculo, engoliu um de seus dedinhos.
A luz do rei impregnou o núcleo mais profundo e escuro daquela sombra. Pouco depois, nas profundezas da sombra, uma parte do rei brilhou azulado e desapareceu.
— Agora, é minhas mãos e pés.
Um dos dedos de Kalekshia havia desaparecido em um instante, mas não lhe importava. Não ficou desapontado com só um dedo.
Levaria décadas para se recuperar, mas era algo de carne que se regenerava de qualquer modo.
— Então, volte a seu antigo dono que te enviou. Vá e mostre o que viu em detalhe. Exceto por este momento.
A temerosa sombra caiu embaixo de sua mão.
Enquanto se arrastava, se moveu rapidamente para fora da janela onde o mago das trevas o estava esperando.
Kalekshia, que o estava olhando, deu a volta com um leve sorriso.
Levou um piscar de olhos para que o lugar onde o rei estava, ficasse vazio.
*****
Waaaagh~
Um lindo arroto saiu de sua boca depois de tomar todo o leite. Depois de apoiar o bebê em seu ombro, como explicou Allen, Kalia, que lhe deu um tapinha nas costas, olhou Allen com um rosto assustado.
— Bom trabalho. Depois de dar o leite, deve arrotar com tapinhas. Se não arrotar corretamente, os bebês frequentemente continuam comendo.
— Entendo. Os bebês são incríveis.
Kalia, segurando o bebê, que estava apoiado em seu ombro, olhou de perto seu rosto. Não importava quantas vezes o via, era incrível.
Não podia acreditar que havia dado à luz a um bebê. Além disso, era lindo.
Como podiam seus olhos, nariz e boca serem lindos?
Kalia, que estava olhando o rosto do bebê emocionada, chamou Allen, com surpresa:
— Allen! Olhe isso! O bebê fez uma careta estranha!
Como se estivesse cheio e de bom humor, o bebê mordeu os lábios e logo formou uma espécie de “o”.
“Eh? Que tipo de expressão é essa?”
Não era uma cara sorridente, mas sim uma cara ligeiramente franzida, mas extremamente linda.
Allen, que estava olhando com ela, gargalhou.
— Os recém-nascidos às vezes fazem essa expressão quando se sentem bem. Não conseguirá vê-la depois, exceto quando é um recém-nascido, então olhe bastante.
— Faz essa cara quando está feliz? Céus…
Como podia ser tão adorável?
Kalia finalmente gargalhou.
Como essa estranha expressão pode significar que se sentia feliz?
Era tão lindo que sentia que podia morrer. Seu bebê era tão lindo que iria morrer.
Quando Allen e Kalia riram da expressão estranha do bebê, alguém bateu na porta. Mesmo antes de perguntar quem era, puderam escutar a voz da outra pessoa.
— Sou eu, Kalia. Posso entrar agora?
Era Sheyman, que estava esperando Kalia, que havia entrado para alimentar o bebê.
Tradução: Kaon.
Revisão: Michi.