Não é seu filho - Capítulo 63
Naquele momento, uma luz espalhada explodiu do bracelete. A luz branca era deslumbrante, mas não machucava, e lentamente desapareceu, se misturando com um calor moderado.
Sheyman encarou o centro da luz, suspeito pela repentina liberação de poder e luz de fada. Era uma fada, com forma de mulher, que apareceu da luz irradiante. Ele era familiarizado com aquele cabelo, cor de limão-siciliano, ondulado. Sem perceber, seu olhar endureceu quando Sheyman viu a fada sair da luz.
Neste mundo, tanto o cabelo dourado, que brilha feito mel, quanto o loiro queimado são comuns. Do contrário, ele nunca viu essa cor amarelada, de um tom tão vibrante, que parece explodir com frescor só de olhar, ninguém além de Kalia.
Mas por que a fada tem um cabelo tão similar ao de Kalia?
Nada além deste simples fato abalou seu coração e despertou sua suspeita e intriga.
— Quem é você?
Gaia só olhou para Sheyman com um olhar passageiro, mas não manteve o olhar nele por muito tempo. Seus olhos imediatamente deslizaram para onde Kalia gemia atrás dele. A tez de Gaia se escureceu assim que seu olhar caiu na Kalia ensopada de suor, cabelos molhados bagunçados em sua testa.
— Kalia.
Com um olhar surpreso e confuso em seu rosto, Gaia correu para Kalia, mas foi parada no caminho, sem permissão para se aproximar.
Paah!
Uma barreira transparente circundava a cama onde Kalia estava deitada, Sheyman, que criou a barreira, perguntou a Gaia de novo, parado, em guarda atrás da cortina.
— …Eu perguntei quem você era.
Boom! Boom! Boom!
Uma Gaia impaciente bateu na cortina transparente que estava em sua frente, loucamente.
— Sem tempo, vamos. Rápido! Abra!
Ela estava fazendo bico para ser deixada entrar, mas Sheyman não o faria tão facilmente.
Fada.
Ela era definitivamente uma fada.
Ela era incrivelmente similar à Kalia em aparência, mas ela era, sem dúvidas, uma pessoa diferente.
Se fosse a Kalia normal, ele não estaria tão vigilante. Ela era forte o suficiente para que ele não precisasse protegê-la. Mas, agora, Kalia tinha uma criança lutando em sua barriga e não conseguia nem abrir os olhos direito. Quando estava enfraquecida, ele precisava defendê-la.
“…Devo ter cuidado com tudo.”
Ter uma criança pode, facilmente, ser acompanhado de vida e morte, então Sheyman não tinha escolha além de ser super sensível. Porque era sua Kalia, e não de nenhum outro.
Boom! Boom! Boom!
Gaia mordeu seus lábios em frustração, e cutucou a barreira sem parar. Ela abriu a boca para dizer algo, mas não conseguiu pronunciar nenhum som, então estava apenas mexendo os lábios.
— Você tem alguma intenção de responder ou…?
— Essa criança é minha, da Gaia, filha.
Foi neste momento.
Um pesado e elétrico som, parecendo sinos, soou de algum lugar, de repente; e o quarto encheu-se com uma presença inigualável e mergulhou em luz. Foi apenas um minuto ou dois de emissão, mas a luz desse ser era magnífica o suficiente para colorir o quarto todo de branco. O poder do mundo natural estava concentrado naquela luz. Apesar de ter sido por alguns poucos segundos, Sheyman pode sentir o imenso poder de seu oponente, contido naquela luz.
Era realmente esmagadora.
Não importava que ele era um mago que alcançou a linha da Iluminação, ainda era incomparável com a essência da natureza.
Havia tal poder nessa luz de agora.
O poder de nossas origens.
Ele instintivamente colocou mais mana poderoso na barreira. Ela era pequena, só o suficiente para cobrir a cama e Kalia, então não drenava muito de sua força, era o suficiente para ele enriquecer o mana injetado. A barreira contendo o mana de Sheyman irradiava uma luz azul, bloqueando o poder do mundo natural.
Em seguida, um homem grande se materializou no centro do quarto.
Cabelos branco acinzentados esvoaçavam gentilmente no ar que fluía e olhos verde escuros, de profundezas desconhecidas, o encaravam. Ele era um homem de enorme presença e aparência atemporal.
O homem que olhava Sheyman encarou além dele e suspirou brevemente, como se estivesse aflito.
“Vai ser uma bagunça agora.”
Durante a reunião com os anciãos das doze florestas, ele foi chamado de repente. Ele deixou a sala de reunião sem nenhuma palavra de explicação, assim que sentiu o poder de invocação, então os anciãos devem ter ficado bem surpresos. Entre esse grupo, estavam seu primeiro e terceiro filho.
O bracelete de Amuntia, que foi confiado a Kalia, estava inscrito com o nome de Gaia e o seu. Se Gaia fosse invocada, ele, naturalmente, também seria.
“Mas eu realmente não esperava que o dia chegaria, em que a guria o usaria…”
Kalekshia, Rei das Fadas, encarou Kalia que estava deitada na cama, gemendo. Ela parecia estar em apuros, suando e abafando seus gemidos. Sua lisa testa amassou-se.
Ele só podia imaginar o quanto de dor ela sentia pelo quanto seu rosto se distorcia, um grande contraste com o rosto reservado, calmo e determinado que encontrou na floresta a alguns dias atrás. Ele sentiu uma estranha ansiedade e pontadas de dor vendo-a.
Como descrever… era bem desagradável.
E o estava incomodando.
“O que aconteceu para você chegar neste estado?”
Qual o ponto de fazer alguém, que encara tantas adversidades e dificuldades do que os outros, sofrer tanto?
Kalekshia olhou para Sheyman, como se o responsabilizasse. Da mesma forma, Sheyman o olhou com um olhar duro.
“Alas, ele é um homem de espírito bom para um ser humano.” O Rei das Fadas o observou, examinando-o.
Apesar de enfrentar o Rei das Fadas era como entrar no reino dos deuses, Sheyman o encarou sem vacilar. Ambos se encararam, olhos atentos e cheios de vigor.
— Transcendeu além do reino dos humanos. Hm, alcançou a linha da Iluminação.
A luz do mundo natural brilhou nos olhos do rei enquanto ele examinava a cor da alma de Sheyman, com olhos espremidos.
— Entendi. É uma mistura com sangue de Elfo.
Boom! Boom! Boom!
O som de batidas interrompeu a guerra de olhares entre o rei e Sheyman, que consideravam o outro com interesse. O som de poderosas batidas na barreira atraíram a atenção de Kalekshia para focar em sua filha.
— Oh, Gaia… – Kalekshia, que estava olhando para sua filha, lamentou.
Uma leve névoa saia do corpo de Gaia. Era um sinal de que um fragmento de sua alma estava se separando.
Suspirando tristemente, o Rei das Fadas imediatamente invocou seus poderes. O pequeno quarto ficou cheio de poder do mundo natural. O corpo de Gaia, que estava transparente e desfocado, ficou sólido de novo, enquanto sua alma recuperava estabilidade. O quarto se encheu de ar fresco, favorito das fadas. Um fragmento da alma que deixa a Floresta das Fadas ficaria tão instável que precisaria ser reabastecido de poder ou desapareceria para sempre.
Essa era a teimosia de um pai tolo que teve que se despedir de sua primeira filha.
(N/T.: A Gaia é só um resquício de alma Ç_Ç)
O desejo de se segurar a um pedaço de sua filha, mesmo que seja uma alma que mal podia se manter com constante suplemento de seu poder e continha apenas alguns anos de memória da original.
Kalekshia olhou para o, agora, estável corpo de Gaia e encarou a barreira azul que ela estava urgentemente batendo.
— O que é essa barreira?
— Gostaria de te perguntar primeiro.
Sheyman não reagiu muito na frente de uma presença tão avassaladora, apenas franziu a testa. Não era importante para Sheyman quem estava na sua frente. A única coisa com que se importava era se esses seres iriam machucar ele ou Kalia.
— Rei das Fadas. Por que você veio até aqui?
Sheyman perguntou com uma voz calma, mas fria, controlando a intensidade de seu mana para manter a barreira.
O Rei das Fadas inclinou a cabeça, calmamente olhando de Sheyman para Kalia, a quem ele estava protegendo atrás de si.
— Viemos ajudar a criança a dar a luz para uma vida jovem.
Apesar de sua voz ser monótona, ele coçou a cabeça como se indicasse seu desgosto por algo.
Como no mundo, o Rei das Fadas estava relacionado com o parto de Kalia?
O Rei das Fadas era um aliado de Kalia?
A “ajuda” que ele ofereceu seria útil mesmo?
Sua “ajuda” tem algum segundo interesse por trás?
Sheyman rapidamente pensou em centenas de possibilidades, sua guarda aumentando. No silêncio, a tensão estufou e cresceu no quarto.
Boom, boom, boom, boom!
Enquanto isso, desimpedida pelos dois homens atrás dela, a impaciente Gaia continuou a bater rapidamente na barreira azul.
Foi então que ela, que estava protestando em silêncio, gritou:
— …Rápido! Vamos, ela ficará em apuros. Ela vai morrer!
Fumaça saiu de seu corpo assim que sua voz alta e aguda soou pelo quarto.
Foi porque ela espremeu todo seu poder para falar alto. O rei, vendo seu fragmento de alma se espalhando no ar em frente aos seus olhos, rapidamente entoou um feitiço. A alma que estava para desaparecer, se juntou de novo em seu corpo.
— Eu acho que realmente não temos muito tempo.
O Rei murmurou, irritado e encarou o Sheyman.
Haa, “O que infernos está acontecendo aqui?”
Soltando um suspiro frustrado, Sheyman cerrou os pulsos, tentando medir se ele conseguiria conter e manter o Rei das Fadas em cheque se algo acontecesse.
Falando sério, era impossível. Mas droga! O que de bom faz, perceber que é impossível? O importante não era se ele conseguiria ou não, mas o fato de que ele precisava fazer.
Sheyman pressionou sua ansiedade e perguntou ao Rei das Fadas.
— O que quer dizer, morrendo? Até que me fale os detalhes, eu não permitirei.
— Cuidado é algo bom. Mas você deve saber como tomar decisões em casos de emergência, mago.
— Eu preciso saber qual a emergência, não quero brincar com a vida dela.
— Bom, o poder do mundo natural é necessário para o bebê sair da barriga daquela criança. Se essa necessidade não for satisfeita, o bebê morrerá e a mãe também será afetada. Você entenderá os detalhes se observar a situação.
Encarando-o, a mão do Rei das Fadas se aproximou da barreira criada por Sheyman. O poder que o rei liberou, envolveu-se na barreira e brilhou em cinco cores, suprimindo o poder de Sheyman. Ele queria quebrar a barreira, à força.
Sheyman aumentou seu poder, sugando o núcleo de mana no seu coração. Quando o acúmulo de mana passa uma certa quantia, até humanos podem ter núcleo de mana. Como o coração de dragão, um núcleo de mana acumula mana infinitamente.
Woosh!
Vendo a magia de Sheyman aguentando contra o poder da natureza, Kalekshia o julgou com olhos admirados.
— Você é um garoto muito talentoso. Eu não sentia um mana tão puro desde Isaac. Eu acho que é a primeira vez que senti poder tão puro desde Isaac.
Mesmo com o elogio murmurado pelo interessado Rei das Fadas, o único interesse de Sheyman era Kalia.
— Posso confiar em você?
Seu rosto estava fixo em calma arrogância, que respondia sem medo mesmo em face de poder turbulento.
Mas Kalekshia não desgostava dessa arrogância. Porque aqueles que traziam mudanças inesperadas para o mundo, tinham essa arrogância neles.
— Você é um garoto arrogante. Você não precisa acreditar em mim se não quiser. Você só precisa ceder.
Mesmo assim, a força de Kalekshia que estava empurrando a barreira não cedeu. Do contrário, ele aplicou mais força para rasgar a barreira.
Tradução: Kaon.
Revisão: Michi.