Me tornei uma criada em uma novela de romance adolescente - Capítulo 60
Finalmente entendi porque a taxa de analfabetismo era tão baixa.
Então, era isso. As pessoas aprendiam a ler porque todos valorizavam a existência dos livros.
Falei com um sorriso sem graça.
— Então, Ibéria não acredita em vidas passadas e vidas futuras.
— Eu acredito.
Espera, você acabou de dizer que era um único livro! Se você morrer, seu livro chega ao fim, então por que acreditar em outras vidas?
— Não tem como um livro finalizar em um único volume. Eu acredito que uma nova história começa num novo livro, então…
Ele não continuou. Apenas apontou silenciosamente para o lado com o queixo. Eu me virei para a direita.
‘Ai meu Deus!’
Havia um casal ao nosso lado. Então, o homem falou, segurando a mão da mulher:
— Se existir uma próxima vida, quero ser a sua família!
— Liam!
— Mas não posso esperar até lá. Então, por favor, seja minha família nessa vida, não na próxima. Lilyette, seja minha esposa! (N/T: Que brega.)
A mulher cobriu a boca com a mão livre, enquanto o homem beijava a outra mão apaixonadamente.
Então, de repente, todas as pessoas ao redor começaram a bater palmas. Fui arrastada pela atmosfera e fiz o mesmo. Foi uma situação muito aleatória, mas o casal parecia feliz.
Clap. Clap. Clap.
Quando as palmas chegaram ao fim, o casal olhou ao redor agradecendo. Voltei a cabeça para Dio, e ele falou bruscamente:
— Isso foi uma proposta.
— Uma proposta muito bonita.
Dio me encarou.
Por que ele continuava me olhando estranho? Tinha feito algo de errado?
‘Eu não devia ter batido palmas?’
Mas todos ao redor tinham feito isso. Havia alguma regra que adolescentes não podiam participar nesse tipo de situação?
Tentei mudar o assunto.
— Suponho que isso deve ser comum.
— Esse lugar é conhecido por ser uma referência para propostas na capital. Então, acontece toda hora.
Sorri sem perceber. Ibéria era mais romântica do que eu esperava.
‘Mas já ouvi isso em algum lugar antes…’
Coloquei o garfo de volta no prato, perdida em pensamentos. Algo parecia estranhamente familiar. Então, me lembrei.
— Ah!
Bati as mãos inconscientemente. Um som abafado foi ouvido.
— Você lembrou?
Meu rosto ficou imediatamente vermelho. Encostei a cabeça na mesa. Realmente, eu tinha dito isso para o Leo.
— Se eu tiver uma próxima vida, quero que alguém como o cavaleiro seja minha família.
Me curvei como uma bola, engolindo um grito silencioso.
‘Mas que merda eu fiz?’
Como Leo deve ter enxergado a situação? Uma criança de 15 anos propondo para o comandante dos cavaleiros!
‘Só posso estar louca! O que eu fiz?’
Fiz isso sem saber de nada, mas agora que sabia, não conseguia erguer a cabeça de tanta vergonha. Aguentei a vontade desesperada de gritar e respirei profundamente. Estava com tanta vergonha que queria simplesmente me enterrar.
— Fiquei sabendo pelo Leo.
Por que mesmo eu tinha dito isso??
— Ele disse que você não entendia o significado do que tinha dito.
Concordei. Eu realmente não sabia. Não teria dito isso se soubesse.
— A mesa está balançando.
Havia vários pratos na mesa, se algum deles caísse seria um desastre. Tentei me acalmar, com medo de que o homem na minha frente me achasse patética.
‘O quê?’
O cabelo ruivo brilhou sob a luz do sol. Semicerrei os olhos. Existem esses momentos perfeitos que apenas as pessoas que presenciam conhecem o valor.
Um leve sorriso repousava nos lábios de Dio. Era quase imperceptível, mas muito bonito.
Parei para olhá-lo hipnotizada. O sorriso foi breve.
— Leo não se importou.
Balancei a cabeça concordando. Bem, se ele tivesse ficado incomodado, não falaria comigo outra vez.
‘Mas eu continuo envergonhada.’
O que eu deveria fazer? Me desculpar?
Queria bater no meu antigo eu. Por que demônios você disse isso?
Então, Dio falou.
— Não fique pensando em coisas inúteis e continue a comer.
Ele até mesmo recolocou o garfo na minha mão. Olhei alternadamente para o homem e o bolo em meu prato.
O que isso significava?
Não era ruim ele me dizer para comer, mas era um pouco estranho. Por que essa pessoa estava me comprando bolos?
‘Está apenas me fazendo um favor, certo?’
Comi outra fatia com o garfo de prata. O bolo, decorado com frutas vermelhas, também era delicioso.
— Bem, Dio, por que você me comprou esses bolos?
— Eu queria comprá-los para você.
Obrigada, mas qual é a razão? Estou muito curiosa.
— Me desculpe.
‘O quê?’
Não conseguia entender o que ele estava falando. Não tinha motivos para esse homem se desculpar comigo.
— Pelo que a enfermeira fez.
Ah, então era isso.
Balancei a cabeça, não era culpa dele.
‘Isso é por causa da beleza de Sua Majestade.’
Não era uma tragédia que havia acontecido porque a beleza era um pecado? Definitivamente, não era culpa de Dio.
— Nunca pensei que ela faria algo assim, já que sempre tinha sido uma pessoa diligente.
— Ela foi apenas impulsiva.
— Não tente amenizar.
Ele estreitou os olhos.
— Você não recebeu nada nutritivo desde que estava na cama. Foi algo planejado.
Ri sem jeito. Estava planejando me graduar de ser uma pessoa mole, mas fiz novamente sem perceber.
— O que aconteceu com ela?:
— Foi expulsa do castelo.
Balancei a cabeça. Isso era esperado.
— Você deve estar ocupado agora que está com menos pessoal.
Dio franziu a testa. O homem ruivo bonito suspirou profundamente, como se estivesse nervoso.
— É difícil encontrar alguém decente.
— O trabalho é muito difícil?
— Tem muita informação a se saber, e não pode cometer erros. Mesmo que o salário seja bom, não há muitos candidatos. Para ser sincero, já contratamos alguns outros médicos anteriormente, mas todos eles se demitiram após um tempo.
Concordei. A enfermaria nunca estava parada. Além disso, parecia haver muito trabalho para fazer.
— C-como posso me tornar uma médica?
Perguntei, esperando ouvir sobre algum protocolo ou escola médica.
— Você precisa de uma carta de recomendação e realizar um teste.
Não precisava fazer um vestibular!
— Um médico é quase sempre o aprendiz de alguém. O mesmo vale para as enfermeiras. Basta trazer uma carta de recomendação com um selo, e então realizar um teste individual.
Era um sistema estranho.
‘Acho que é a mesma coisa para as criadas.’
Balancei a cabeça. Parando para pensar, era assim que as profissões eram passadas adiante na idade média, por meio de aprendizes.
Fiquei um pouco interessada.
Terminei outro bolo e abaixei o garfo. Olhei para minhas pequenas mãos. Nina era uma criada com habilidade. Poderia se desintoxicar de qualquer veneno rapidamente.
— Dio, meu corpo é estranho, né?
— É mais raro do que estranho. Graças a você, estou recebendo bastante pela minha pesquisa.
— Como?
Disso eu não sabia. Eu era uma fada de fazer dinheiro?
— O óleo da árvore oleaginosa se tornou muito útil graças a você. Se não fosse a sua ajuda, eu teria ficado empacado na pesquisa talvez por anos.
— Por que você não podia realizar testes?
— Sem você, teríamos que testá-lo em animais e contratar um homem forte. Além disso, o fruto da árvore oleaginosa era um veneno sem antídotos.
Ah, parecia que vários problemas tinham sido resolvidos. Bem, suponho que a redução de custos foi bem grande, já que não teriam que comprar os animais.
Balancei a cabeça. Eu não era uma simples fada. Era mais como uma deusa.
— Já existiu alguma criada responsável por provar a comida no passado?
— Você é a primeira em Ibéria. A família real não pode ser envenenada graças a sua magia. O rei de Ibéria nunca foi envenenado.
Então, senti como se um raio tivesse atingido minha cabeça. Inesperadamente, tive uma boa ideia. Imediatamente a verbalizei, com medo de que desaparecesse da minha mente.
— Dio, e se eu me tornar uma pesquisadora? E fazer exatamente o mesmo que você?
Dio estreitou os olhos.
— Posso fazer os testes em mim. Acredito que vou conseguir resultados incríveis. Não acha que seria bom se eu pudesse testar no meu corpo e desenvolver novos remédios?
Ele não disse nada, apenas me encarou. Me senti um pouco incômoda. Seus olhos estavam tremendo implacavelmente. Meu rosto ficou vermelho.
— Eu disse algo estranho?
Me perguntei se deveria me desculpar ou não.
— O que você quer?
— O quê?
— Peça qualquer coisa. Pesquisadores podem fazer o exame da Academia. Vou garantir que você o passe rapidamente. Seja minha aprendiz.
— Vo-você está animado.
Ele estava quase para pular da cadeira. Mesmo seu rosto estava tão excitado que parecia estar em chamas.
— Você é a essência dos cortes de orçamento. Posso fazer qualquer coisa se a tiver em minha mãos.
Surpresa por suas palavras, olhei ao redor rapidamente, com medo de que alguém interpretasse errado a situação.
— Levante-se. Vamos agora mesmo.
— P-para onde?
— Precisamos de livros. Ah, parando para pensar, eu tenho um. Espero que esteja bom.
— A-acalme-se!
Eu o entreguei um copo de água próximo a mim. Dio deveria estar com sede, então esvaziou rapidamente o copo.
— Você não está tão empolgada quanto eu.
— B-bem…
— Meu coração está acelerado. Tem muito a ser estudado. Vou fazer de você uma discípula perfeita.
‘Ai meu Deus. Ele é um esquisitão.’
O homem cujos olhos estavam em chamas, olhou para mim como se fosse me queimar. Seu olhar estava tão quente que me escondi atrás do livro.
— Ouvi dizer que a habilidade de provadora só funciona enquanto você é jovem.
— Não temos nenhuma informação concreta sobre a habilidade para confirmar. Você tem certeza?
— Isso foi o que ouvi no orfanato. Quando você cresce, os efeitos do envenenamento não aparecem tão rápido. Isso está certo?
Dio balançou a cabeça.
— É um pouco estranho. Estou dizendo isso porque tenho testado as drogas no seu corpo. Conforme você cresce, a velocidade não tem diminuído.
Abri e fechei as mãos novamente. Ainda havia muitas coisas estranhas sobre o meu corpo.
— Dio, quero saber mais sobre o meu corpo.
Havia muitas dúvidas a serem respondidas. A habilidade de provar venenos era devido ao poder divino, mas, estranhamente, também tinha compatibilidade com o mana. Não importava o quanto pensasse nisso, não fazia sentido.
‘A relação com o Mosca também é estranha.’
Por que o rei se sentia bem me tocando? Além disso, mesmo a criatura mágica que odiava poder divino também não se sentia incomodada comigo.
— É muito diferente do poder divino usual.
Com minhas palavras, Dio também ficou pensativo. Eu não podia mais ignorar a constituição peculiar de Nina.
‘Já descobri que a Nina morreu na Torre Oeste, agora preciso saber mais.’
Por que a Nina original morreu? Era estranho, não importava o quanto pensasse nisso. Quanto mais eu conhecia a Sua Majestade, menos provável parecia que esse homem tivesse matado uma jovem criada pelo único motivo de ter ajudado a Santa a escapar.
— Vou te mostrar como fazer o procedimento e…
Dio de repente cobriu minha mão com a dele. Quando o calor me atingiu, fiquei um pouco surpresa, já que ele sempre estava de luvas.
— Obrigado. Eu sei que você tem seus próprios motivos, mas não consigo ocultar minha empolgação com a ideia de que vou tê-la nas minhas mãos.
— O-obrigada…
O rosto do homem, que sempre era frio, ainda estava ruborizado.
‘Isso é um bom sinal?’
Foi um pouco incomum, mas parecia uma reação bem-vinda. Puxei uma breve respiração. Eu tinha dito isso no calor do momento, mas não era uma escolha ruim.
‘Primeiro de tudo, vou deixar de ser uma criada.’
Pesquisador parecia ser uma profissão respeitada. Além disso, Dio era um homem decente.
‘Então, vou me tornar sua aprendiz?’
Era um relacionamento adequado. Não um favor inconstante e fraco, e isso me fez sorrir por algum motivo. A ideia que surgiu em minha mente como um raio, tornou-se uma salvação.
Que tipo de procedimento deveria seguir? Como era o exame da Academia? O que precisava estudar?
‘É como um farmacêutico dos tempos modernos?’
Com estudo, poderia conhecer bem Ibéria.
‘Se eu tiver uma profissão adequada, mesmo que não consiga sair do castelo, a futura rainha não vai ver minha relação com o rei de maneira estranha.’
Endireitei meu peito. Senti que havia saído de um túnel escuro. Havia muito a se fazer no futuro, mas agora conseguia ver uma luz.
Tradução: Holic.
Revisão: Yenny.