Me tornei uma criada em uma novela de romance adolescente - Capítulo 59
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- Capítulo 59 - Coma o que puder e vá embora.
Eu a perdoei por gentileza, mas ela não podia mudar a atitude ruim nem um pouco? Por que ela era tão agressiva? O irmão dela era um cavaleiro, mas por que ele também era tão cheio de espinhos?
— Acho que ela vai causar problemas de novo.
Não terá segunda chance, então fica atenta, sardenta. Para ser sincera, já estou cansada disso.
— É muito provável que a vítima seja novamente eu, certo?
Não foi a toa que as pessoas me chamaram de mole. Cavei minha própria sepultura. Sou o saco de pancadas de Ibéria. Nina, sinto muito. Não vou deixar isso acontecer novamente. Se eu tivesse ouvido os conselhos que me deram, meu local de trabalho não estaria tão ruim.
Não adiantava suspirar enquanto a terra desabava. Dio, sabendo ou não como eu me sentia, levantou a mão e chamou o garçom.
O garçom de calça preta rapidamente trouxe o cardápio.
— O que gostaria de pedir?
Foi um pouco inesperado.
Dio queria comer algo? E queria que eu ficasse olhando?
Não tive nem tempo de dizer que estava com fome. Dio falou enquanto passava o dedo de cima a baixo na lista do cardápio:
— Daqui até aqui, por favor.
O garçom pegou o cardápio novamente, enquanto eu piscava atônita.
— V-você está com tanta fome assim?
— Não.
— Então por que pediu tanto?
O homem ruivo, elegante e bonito olhou para mim.
— Coma.
— Não consigo comer tanto.
— Eu só pedi cinco ou seis.
Essa pessoa achava que eu era uma glutona. Apesar de Nina não ser exigente com a comida, cinco ou seis pratos eram demais.
— Não acho que consigo terminar tudo isso. Cancele o pedido.
— Coma o que puder e vá embora.
Ele era realmente frio. Mas ele tinha razão. Existia a opção de simplesmente ir embora. Eu não tinha pensado nisso porque sempre estava com fome.
Balancei a cabeça calmamente. Agora entendia as intenções do homem.
‘Você quer que eu coma porque não pareço saudável?’
Era algo que um médico faria, mas também estava exagerando.
— O-obrigada.
Mas era para mim.
‘Quem compra comida para você é uma boa pessoa.’
O olhei com outros olhos. Achei que ele era o chefe das violações dos direitos humanos, mas na verdade era uma boa pessoa.
‘Não, ele é gentil.’
Ele estava me ajudando.
Ri um pouco. Talvez por ter me sentido aliviada.
Ele tirou o livro da mesa e disse:
— Foi uma escolha tola. Você é mole.
Ah, aqui está novamente. Estendi os 10 dedos calmamente.
— Parabéns. Você é a décima pessoa a me dizer isso! Está um pouco atrasado, outras nove pessoas vieram antes. Já entendi que fui mole e estúpida.
— Leo lamentou.
— O quê?
Fiquei um pouco surpresa.
— Ele veio ao laboratório a semana toda e conversamos um pouco. Disse que ficou chocado por você não ter feito nada.
Baixei a cabeça. Meu rosto estava queimando.
Foi chocante, certo? Mas eu estava feliz de saber disso agora, ou poderia ter continuado como um saco de pancadas pelo resto da vida.
‘Além disso, daquela vez…’
Pensando no que Leo tinha me dito, fiquei feliz.
‘Tenho que me desculpar.’
Eu era Nina, uma órfã e estrangeira. No entanto, o fato do comandante dos cavaleiros dos Grifos me proteger era uma honra incrível.
‘Eu fui muito dura com ele.’
Mordi meu lábio ligeiramente.Graças a isso voltei a sentir o gosto de sangue do local que mal tinha se cicatrizado.
‘Mas mesmo que voltasse no tempo, acho que diria a mesma coisa.’
Nina ainda era suspeita de ser espiã. Estava muito feliz e agradecida, mas o fardo que Leo teria que carregar seria muito pesado.
— Desculpa.
— Não é para você se desculpar.
O garçom trouxe as cinco ou seis fatias de bolo. Todas pareciam deliciosos.
— Coma.
Peguei sem jeito meu garfo e inclinei a cabeça ligeiramente.
— Obrigada.
Peguei um pouco da ponta do bolo rosa e comi. Uma leve doçura se espalhou pela minha boca. A geleia vermelha brilhante era tão gostosa que não conseguia parar de comer.
‘Que delícia.’
Assim conseguiria comer três ou quatro pedaços de bolo.
Não gostava muito de doces quando era Lee Hwa-yoon, mas Nina parecia gostar. Devorei o bolo mesmo com os lábios sangrando.
Quando já estava na metade, levantei a cabeça para agradecer novamente.
‘Hã?’
O homem ruivo com o cabelo bem amarrado estava olhando para mim e sorrindo. Era um sorriso muito leve, então não dava para perceber se não olhasse de perto, mas eu já conseguia identificar.
— Você come bem.
Ele parecia orgulhoso dizendo isso.
‘É um pouco constrangedor.’
Eu estava apenas comendo um bolo na frente dele, mas por algum motivo, meu rosto queimava. Abaixei a cabeça e voltei a comer. Logo, o bolo rosa desapareceu.
‘Ah!’
Só quando terminei de comer é que percebi que tinha esquecido de falar.
— Obrigada. É muito delicioso.
— Não precisa agradecer.
Ele inclinou a xícara de chá graciosamente.
— Porque sua expressão já diz tudo.
Meu rosto voltou a queimar. Tenho prestado atenção nas minhas expressões faciais desde a última vez que o rei comentou, mas eu ainda era jovem, e meus sentimentos eram revelados facilmente.
— Coma bastante.
— O,obrigada.
Peguei outro bolo. Desta vez era um decorado com frutas pretas.
— Me diga de novo.
O que eu devia dizer?
O bolo cheirava a leite. A fruta preta era um pouco azeda, mas também cheirava bem.
— Como você tem estado? Tem dormido o suficiente?
Sorri levemente. Ele perguntava isso porque desmaiei sem fazer nenhum esforço.
— Tenho dormido e comido bem.
— Isso é um alívio.
— Já estou conseguindo andar no corredor que fui ferida. No início foi difícil, mas agora já está tudo bem.
— Você não tem que passar por lá.
Balancei a cabeça. Não era culpa do corredor. E sim da rainha que passou por lá.
— Está tudo bem. Não vai acontecer nada. É mais rápido ir por ele, e não quero apenas desistir como uma covarde.
Pressionei levemente a fruta preta com o garfo. A polpa, envolta numa casca fina, estourou e um suco saiu.
A sardenta, como essa fruta, eventualmente se rasgará?
— É como a calmaria antes da tempestade.
A fruta partida sujou o prato branco. Sentia que o prato sujo era a minha vida.
— Espero que chova bastante.
Foi uma fala fora do lugar.
— O quê?
Inclinei a cabeça e o homem falou.
— Ouvi dizer que há uma seca severa no oeste do país. Sua Majestade não tem escolha além de enviar o pilar de nuvem, porque a região já atingiu o seu limite.
Lembrei-me do pilar negro que vi quando entrei pela primeira vez no castelo.
‘É algo que possa ser enviado a qualquer lugar?’
Iria causar uma chuva torrencial, não? Uau, não podia acreditar que existia uma chuva artificial. Em Ibéria, se houver um rei, a seca não é nada para se preocupar.
— Sua Majestade usa magia de fogo.
Soltei o garfo de prata, que se chocou contra o prato branco.
— O poder que não corresponde ao atributo pessoal é o mais doloroso.
— Ouvi falar sobre isso.
— Estou feliz por termos a Santa, mas isso não significa que a dor em si desaparecerá.
O que isso significava? A dor não sumiria completamente mesmo com a Santa?
— Ele não fica bem?
— A dor em queimação vai embora, mas a sensação de ter sua respiração cortada ainda persiste.
— Mesmo se mantiver o contato com a Santa?
Dio concordou com a cabeça sem falar nada.
‘Falaram algo sobre isso em Pássaro Enjaulado?’
Parando para pensar, o rei em dor não estava satisfeito em apenas estar em contato com a Santa. Ele disse que precisava sentir algo…
‘Mais profundo.’
Coloquei a mão na testa. Bem, havia algo assim. Então era isso que significava.
Pensar em Pássaro Enjaulado depois de muito tempo fez meu rosto esquentar. Estava tudo bem quando eles eram apenas personagens de um livro, mas agora que eles eram pessoas de verdade ao meu lado, parecia que eu tinha pensado em algo que não deveria pensar.
— Sua Majestade é uma pessoa estranha.
Acalmei meu rosto abanando com a mão.
Dio olhou para mim.
— O que foi?
— Eu concordo.
— Não é?
Balancei a cabeça. Ele também era uma pessoa estranha. O silêncio voltou.
Comi o bolo sem falar mais nada. Uma doçura sutil permaneceu em minha boca.
— Eu realmente…
Não sabia se podia dizer algo assim. Poderia perguntar? Não conseguia entender.
— Você é apreciada como um coelho.
Dio respondeu. Sussurrei um pouco.
— O que diabos isso quer dizer? Ele vai realmente me manter ao lado dele até eu morrer?
— Talvez.
— Por que?
— Porque ele decidiu fazer isso.
Que coisa de louco. Então como eu poderia reverter essa decisão?
— Ele não vai se entediar algum dia?
— Ninguém sabe quando isso vai ser.
— Se um servo fiel o pedisse para se livrar do coelho, ele não o enviaria para outro lugar?
Ele olhou para mim novamente.
Seus olhos estavam estranhos e meio assustadores.
— Eu disse algo estranho?
— Eu perguntei isso.
— O quê?
Dio respondeu casualmente com o queixo apoiado na mão.
— Eu estava interessado em sua constituição, então pedi para que ele me desse você quando não precisasse mais.
Fiz uma careta. Dio era tão ruim quanto o rei.
O que ele queria dizer com estar interessado em minha constituição? Estava se referindo à habilidade de provadora?
‘Vai me usar para fazer experimentos?’
Quer me usar para detectar venenos?
O bolo ainda estava delicioso, mas perdi o apetite.
‘Meus direitos humanos estão flutuando no mar aberto.’
O rei me via como um animal de estimação, e o médico como um rato de laboratório. O que tinha de errado com esse mundo? Nina, isso me deixa triste.
— Por que essa cara?
Você sorriria felizmente se alguém te dissesse isso?
— Quando vou sair dessa situação?
Olhei para o “A crueldade de uma criada ibérica”. Agora eu percebia. Antes achava que ser criada não era ruim. O salário era bom e havia folgas.
‘Ser uma criada é um péssimo trabalho.’
Eram apenas espinhos, não importava aonde eu fosse.
‘Vamos nos acalmar e encontrar outro emprego.’
Afinal, só poderia ser provadora de alimentos enquanto fosse jovem. Porque uma criança mostrava sinais de envenenamento muito rápido.
‘Com o passar do tempo, não poderei mais fazer isso!’
Vamos encontrar uma nova profissão! Se eu continuar pesquisando, algo vai surgir!
Cerrei o punho e perguntei.
— Sabe se tem algum livro de profissões na biblioteca?
Dio semicerrou os olhos para mim. Só então percebi que tinha dito algo aleatório.
— Não, estou apenas curiosa.
— Tenho certeza que sim.
— Fiquei surpresa com a biblioteca. Quando Mary me falou sobre ela, pensei que era apenas um prédio pequeno, mas na verdade parece um pequeno castelo. Foi difícil escolher porque havia muitos livros.
O médico silenciosamente removeu o prato vazio da minha frente e empurrou outro com um bolo para perto de mim. Ri sem jeito.
‘Você está me dizendo para comer.’
Cortei a ponta do bolo novamente. Cheirava a queijo macio.
— Ibéria dá importância para os livros.
— Há um motivo para isso?
— Descrevemos a morte como a capa do livro da vida.
Não sabia disso, então fiquei surpresa.
— O que deus nos deu foi um “livro”, e acreditamos que a cada dia escrevemos uma página.
Algo estava estranho.
Olhei para o “A crueldade de uma criada ibérica”. Era apenas um livro comum. Instantaneamente, Pássaro Enjaulado me veio à mente. Nos tempos modernos, era apenas um romance de smartphone de uma santa e um rei.
‘Isso é uma coincidência?’
Senti um frio na nuca. Esfreguei a nuca sem perceber.
— O lugar onde inúmeras vidas se reúnem, onde todos os livros do mundo estão localizados, é chamado de “Registros Akáshicos”¹. Por isso bibliotecas são valorizadas.
Notas:
- Espécie de espaço transcendental onde ficam registrados os tempos de nossa vida (tudo que já realizou, pensou e viu, bem como presente, ações cotidianas e todos os segredos e seu futuro, com todas as possibilidades e pretensões que tem para o destino).
Tradução: Holic.
Revisão: Holic.