Me tornei uma criada em uma novela de romance adolescente - Capítulo 53
- Home
- Me tornei uma criada em uma novela de romance adolescente
- Capítulo 53 - Quem é Charlotte?
— Vossa Majestade, eu não confio em ninguém.
Mantiveram o olho em mim. Me trocaram de um quarto de quatro pessoas para um individual. Monitoram tudo que eu faço, exceto ir ao banheiro. Até mesmo tomo banho com três pessoas me assistindo.
— É uma preocupação desnecessária.
Suspirei de frustração. O rei deu um tapinha nas minhas costas como se quisesse me consolar.
— O coelho é inteligente, embora não entenda o seu próprio valor.
Ele afagou minhas costas lentamente. Um ventilador humano tem tanto valor quanto um ar-condicionado? Não tenho certeza.
Quando suspirei, ele apertou seu toque.
— Suas bochechas estão infladas.
— O que?
— Quando está insatisfeita sempre faz isso.
Fiquei surpresa e toquei na bochecha. Estavam realmente infladas.
— Eu sempre fiz isso?
O rei riu sem responder. Só então percebi porque sempre fui pega de surpresa por esse homem.
‘Minhas emoções ficam expostas no meu rosto.’
Por algum motivo, perdi toda minha energia. Trabalhei muito construindo uma fachada, mas me pergunto se foi uma perda de tempo.
‘Tenho certeza que ele já tinha percebido há muito tempo.’
É por isso que o rei vivia brincando com a minha cabeça. Todos sabiam disso?
Pensei em Leo, Dio, Sabina e Mary. Me encolhi. Inclinei a cabeça. Estava com tanta vergonha que não conseguia levantá-la.
O rei ainda estava rindo de mim. Ele me deu um tapinha no ombro. A intenção era me confortar, mas só fazia eu me sentir mais miserável.
‘Eu tenho mais de 30 anos…’
Talvez eles estejam se divertindo comigo desde que cheguei aqui.
‘Deve ter sido engraçado.’
Se uma expressão de uma criança de 15 anos fosse óbvia apesar de ter um comportamento maduro, não seria divertido?
‘Estou tão envergonhada.’
Quero me enfiar em um buraco. Minhas bochechas estavam queimando e eu não conseguia levantar a cabeça. Respirei fundo e mordi os lábios.
O rei continuou me dando tapinhas no ombro enquanto ria. Acho que estava tentando me acalmar, mas minha vergonha só aumentava.
Ouvi um barulho de pessoas ao longe. Abanei as mãos para acalmar o calor no meu rosto.
O rei, apesar do barulho, ainda estava me segurando.
— Vossa Majestade!
Era a voz do Leo. Levantei a cabeça do ombro do rei. Um grupo de cavaleiros se aproximavam.
‘Quero descer aqui.’
Muitas pessoas estavam se aproximando. Mas ele apenas continuou me segurando sem se mexer um centímetro.
— Sir Leo.
— Não esperava vê-lo aqui. Vossa Majestade montou no Grifo?
— Dei uma volta no Mosca.
Ouvi soldados tentando conter o riso. Eu ri sem jeito nos braços do rei. Era constrangedor ser vista nessa situação.
— Por favor, mude o nome dele se possível.
— É o meu Grifo, escolhi esse nome com todo o coração.
— Vossa Majestade fez isso de propósito.
Leo fez contato visual comigo e sorriu gentilmente.
— Você está melhor, garotinha?
Ri para não chorar.
‘O que diabos está acontecendo aqui?’
Por que Leo estava sendo tão casual na frente dos cavaleiros? E ainda mais comigo no colo do rei.
‘Você será mal interpretado’
Senti minha reputação caindo em queda livre. Eu realmente queria chorar.
‘Se eu pedir agora, ele vai me baixar?’
Neguei com a cabeça, se ele quisesse me descer, teria feito isso há muito tempo.
Ele me deu outro tapinha no ombro, parecendo entender como eu me sentia. As pessoas pensariam que era sobrinha dele.
Falei com um pequeno suspiro.
— Estou melhor. Você ficou surpreso, não foi?
— Sim, fiquei surpreso, garotinha.
Leo acariciou meu cabelo naturalmente. Ri sem jeito. Era irônico receber carinho de Leo nos braços do rei.
— Você estava comigo quando desmaiei.
— Eu te levei para a enfermaria. Criança, por que você desmaiou?
Respondi honestamente.
— Eu não comi carne.
— O quê?
O toque dele parou. Os cantos da minha boca já estavam doendo, mas continuei sorrindo.
Ele podia não acreditar, mas era a verdade. Esse é um dos motivos.
‘Sinto muito, Leo. Mas não posso falar sobre a magia, ou o estresse causado pelo poder santo. Falaremos sobre isso quando estivermos sozinhos.’
Então ouvi uma risada alta. Não era o rei ou Leo. Eram os cavaleiros à nossa volta.
— Não morra de fome, garotinha.
— Sim, não seja tão exigente.
— Não acredito que não comeu a ponto de desmaiar, parece minha sobrinha…
Seus olhos ardiam. Felizmente não me olhavam de forma suspeita ou com repulsa. Era como olhar para algo interessante.
Respondi sorrindo.
— Comerei bem a partir de agora.
Os cavaleiros voltaram a fazer barulho. Disseram que era o natural para que eu crescesse. Leo tirou a mão da minha cabeça e disse a eles:
— Não falem alto, vão embora! Cuidem de seus problemas!
Os cavaleiros rugiram e se espalharam. Fiquei surpresa com a gritaria repentina e meus ombros estremeceram.
— O coelho ficou surpreso.
— Ah, me desculpe. Você se surpreendeu?
Balancei a cabeça. Realmente não era nada. Além disso, esse era um local de treinamento para os cavaleiros.
‘Não é o meu lugar.’
Seria melhor desaparecer rápido como o vento. Era tão desconfortável que eu poderia morrer.
— Garotinha, seu cabelo está uma bagunça.
Tentei arrumar o cabelo nos braços do rei. Estava tão distraída que nem tinha percebido.
— Vossa Majestade levou a garotinha no Grifo?
— Sim, no Mosca.
— Realmente a levou naquele cara tão rebelde?
— Ele gostou do coelho.
Leo olhou para o lado, acariciando o queixo.
— Você deve ter sido amarrada.
— É impossível para o coelho andar no estribo.
Lembrei-me da minha postura de cavalgar igual a de um sapo. Então essa era uma exceção. Havia outra forma padrão.
— Ela poderia ser jogada para fora, é muito pequena.
Me imaginei sendo jogada do Grifo. Mesmo se tratando de um cavalo, a pessoa já ficava gravemente ferida, de um Grifo então…
‘Então como as pessoas treinam?’
Colocam almofadas no chão?
— É impossível para alguém com músculos tão pequenos.
— Ela gostou de voar.
— Que surpresa. Normalmente as pessoas ficam com medo.
Enquanto eles conversavam, fiquei perdida em pensamentos.
‘Acho que os músculos na coxa são importantes.’
Por quê? Bem, pensei que eram necessários no equilíbrio.
Sua Majestade e Leo devem ter coxas muito fortes.
Baixei o olhar para a coxa de Leo. A armadura e a capa cobriam e eu não conseguia ver nada.
‘Queria tanto ver.’
Estava apenas curiosa. O quanto precisava treinar para montar esse pássaro grande?
Então, alguém correu para Leo.
‘Ai meu Deus?’
Os cavaleiros normais estavam cobertos de armadura, mas esse era diferente.
‘Calção?”
Era do comprimento de um calção curto. Então consegui ver as coxas muito bem.
‘Uau.’
Baixei ligeiramente os olhos e apreciei as coxas do homem.
‘Não é um músculo normal.’
Não era só um monte de volume. Estava próximo a um jogador de futebol ou um atleta moderno.
‘Talvez seja porque as pernas são longas. Por isso não parece um amontoado de músculos mesmo com tantos assim.’
A linha que conectava as coxas até a panturrilha era boa também. Eu gostava que a pele não era muito pálida, mas tinha marcas do sol.
‘As coxas de Sua Majestade são assim também?’
Virei meus olhos para ele que ainda me segurava. Ele tinha um corpo do qual não conseguia tirar os olhos quando o vi pela primeira vez.
Montar grifos era um bom treinamento. Espero que ele monte com frequência pelo bem da humanidade. Vou apoiá-lo de todo o coração e alma!
— Os olhos do coelho estão brilhando.
Eu rapidamente baixei o olhar. Por um momento, pareceu que meus sentimentos tinham sido revelados.
— Capitão! Estou indo embora!
— Você realmente cavalgou assim?
— Eu e a Hilde somos almas gêmeas! Ela não me jogaria. A propósito…
Era um homem com cabelos cacheados e sardas. Ele caminhou descalço e olhou para o rei.
Leo tocou sua testa.
‘É um cavaleiro?’
Ele parecia um pouco jovem. Eu calmamente examinei a situação.
— Quem é você?
Leo suspirou. O rei me apertou em seus braços e apenas sorriu suavemente.
‘Você não tem uma boa personalidade, sabe.’
Os cavaleiros experientes deveriam conhecer bem o rosto do Rei. Então, só restava uma conclusão.
‘Você é novato.’
Senti pena do cavaleiro sardento por algum motivo. Será que ele iria rolar depois?
— Quem você acha?
O cavaleiro novato deu uma boa olhada no rei e em mim.
— Um cara bonito. Mesmo assim, por que há uma criança aqui? E ela é uma criada.
— Estou ficando louco.
Leo tentou cobrir a boca do sardento com a mão, mas antes disso ele falou:
— Ei criança! Esse não é o lugar para uma criada! E cara bonito! Por favor, saia daqui! Teremos problemas se acontecer algum acidente.
O corpo do rei tremia tentando conter o riso. Eu respirei calmamente. Mas nem mesmo eu conseguia aguentar.
— Oh, capitão! Não tente cobrir minha boca, mas faça algo sobre o Grifo do rei. Hilde foi ao lago sem saber nada e foi espancada.
— Você e seu Grifo são exatamente iguais.
— Obrigado pelo elogio. Hilde vai gostar também.
Agora sentia que ia rir também. Leo estava sendo sarcástico, mas só o novato não entendeu. Abaixei minha cabeça, tentando evitar o olhar.
— Ela é fofa e pura, mas por algum motivo não é muito forte.
Quando se trata de um cavaleiro ou de uma criada, a primeira coisa a ser observada é ter tato.
— A propósito, quem é você? Que cor única. Cabelos loiros e olhos vermelhos, como uma aberração.
Ah meu Deus, o que ele tinha dito?
Um monstro ou uma aberração? Com certeza não era um elogio.
‘Não acredito que ele chamou a aparência de Nina de monstro…’
Tadinho, é retardado.
Ficava pasma toda vez que me olhava no grande espelho do quarto interno. Depois que me tornei a Nina, não me surpreendi mais com ouro e jade com motivo. Os olhos, nariz e lábios… Estava realmente ansiosa para como eu ficaria no futuro.
— Ei, pare de falar.
Leo o parou, mas o cavaleiro sardento me olhou de cima a baixo. Era um olhar tão incômodo que tentei virar a cabeça.
— Ah, entendi.
A voz dele era cortante.
— Ela é a criada famosa? Não é lá muita coisa. Ei, desça. Quem é você para incomodar a Charlotte?
O que era isso agora?
Estava ouvindo o que o cavaleiro sardento dizia, mas não conseguia entender.
— Desça logo! Sei quem você é. Charlotte estava chorando por sua causa. O que você fez para a minha irmã?
Quem era Charlotte? Por que ela estava chorando por minha causa?
Uma enfermeira passou pela minha cabeça. Ela que não me deu carne. Era eu quem deveria chorar.
‘Não posso evitar.’
Levantei os olhos e fiz contato visual com o cavaleiro. Os olhos castanhos turvos me olhavam com raiva.
— Quem é Charlotte?
— O quê?
— Quem está chorando por minha causa? O que eu fiz?
— Você não conhece a Charlotte?
Neguei com a cabeça;
— Você trabalha com a tia Mary.
— A Mary eu conheço. Charlotte, não faço ideia de quem seja.
Os olhos do cavaleiro se arregalaram. As criadas na sala de espera eram Mary, a sardenta e eu.
— Ah!
Bati as mãos pequenas.
— Charlotte é a sardenta?
Finalmente entendi.
O silêncio caiu por um momento. Leo tocou a testa, o rei apenas olhou para baixo.
— Como é?
O cavaleiro se aproximou.
— Você nem sabia o nome dela? Se acha tão incrível? Quem você pensa que é?
Tradução: Holic
Revisão: Yenny