Esposa Perfeita - Capítulo 06

Min Yuan

– Nós decidimos suportar por agora.

Três dias depois, o presidente Min chamou sua filha. A mão de Yuan tremeu enquanto segurava o celular perto do ouvido.

– O quê ?

A chuva de primavera, inevitavelmente forte, já tinha parado e podia ver a grande árvore bétula branca em frente a sua janela. Os dias de calor haviam passado e o clima primaveral parecia belo hoje. O vento já estava diferente.

– A HyunJin fez um acordo.

Um acordo? O que significava isso? Quando se tratava de dinheiro, seu sogro só sabia mantê-lo perto de si. A R&K havia tomado um golpe imperdoável de HyunJin, então por que ofereceram um acordo? Não tinha sentido nenhum.

– Um acordo?

– Devem ter se sentido responsável por tudo isso.

‘Sentir-se responsável? Que idiotice…’

– O que…

O presidente Min a cortou rapidamente.

– Não faz pouco tempo que seu aniversário de casamento passou?

Ela mordeu os lábios. Depois que seu esposo lhe disse aquelas inquietantes palavras, ela se sentiu nervosa. Olhou o desenho em que vinha trabalhando.

Em um bosque escuro, uma garota perdida continuava olhando para o céu. Havia estado trabalhado neste desenho por três dias. Os ramos estavam entrelaçadas como teias de aranha. Yuan sentiu que monstros ocultos a sufocavam.

-…Sim.

Apesar de que os ramos de árvores estarem somente no papel, Yuan sentiu como se eles estivessem se expandindo e a estrangulando. Crack. Faria esse som quando seu pescoço, finalmente, fosse quebrado?

– O presente que enviarei ao genro Seo chegará logo. O dê adequadamente e se assegure de que ele não se decepcione.

Apertou a mão que segurava o celular. Não podia acreditar que seu plano não funcionou.

-…Entendo.

– Haa, outra coisa.

Mesmo que ela quisesse desligar o telefone, parecia que ainda não podia.

– Não está na hora de que termos um neto seu?

‘O que?’

Estava tão surpresa que baixou o telefone e o olhou.

– Isso…

– Confio em você para isso.

Com essas palavras a chamada foi encerrada. Olhou inexpressivamente o celular e apertou os lábios. Um filho dela e de Seo JoonHun? Que loucura era aquela? Até agora, Seo JoonHun nunca esqueceu de colocar um preservativo.

Ela também estava sendo precavida. A cada 3 meses, utilizava uma injeção contraceptiva. Entretanto ainda restavam dois meses para que a dose perdesse o efeito. Não podia ter um filho dentro durante esse período de tempo.

Então, HyunJin fez um acordo. O que significava isso? Pressionou o sino e se levantou de seu assento. Não podia deixar as coisas como estavam.

– Me chamou?

Com uma expressão estranha no rosto a secretária Yoon recebeu a chamada e se apressou para chegar. Yuan entrou em seu armário e pegou um casaco fino antes de colocá-lo.

– Preciso sair.

– Onde vai?

Para as lojas de departamento. O que deveria comprar lá?

– Aniversário…

Sem pensar as palavras saíram de sua boca.

– Ainda não preparei um presente para meu marido.

– Ah, entendo. Chamarei o carro.

Diante das palavras dela, a secretária abaixou a cabeça.

Yuan apenas tentou acalmar seus pensamentos e apertou o cinto de seu casaco. Uma vez que chegou o carro, entrou e fechou os olhos.

Lá fora era um dia lindo de abril, mas ela tinha uma horrível dor de cabeça. Sentiu como se o sol estivesse fervendo o sangue atrás de seus olhos.

– Não chore, Min Yuan.

Uma voz fria soou dentro de seus pensamentos.

– Se chorar irei arrancar seus olhos.

As horríveis imagens passaram por sua cabeça.

– Não!

– O quê?

Ela imediatamente recuperou seus sentidos. Percebeu que estava sentada no assento traseiro do carro. Através do espelho retrovisor, a secretária Yoon olhou inquisitivamente para o rosto dela.

– Eh..não é nada.

Apenas respondeu com calma. Entretanto, seu coração batia violentamente em seu peito. Pavor e medo. Essas emoções estrondavam dentro dela. Apertou os dentes e olhou para a janela.

O carro se dirigia para Cheongdam-dong. Igual ao ano passado, não lhe pediram sua opinião sobre onde ir para comprar o presente dele.

– Não está se sentindo bem?

A secretária perguntou suavemente. Olhou pelo espelho retrovisor e respondeu com um sorriso.

– Não é nada. Estou bem.

A voz de uma pessoa podia ser tão boa para mentir. A secretária a olhava como se estivesse preocupada com ela. Yuan respondeu com calma enquanto regulava sua respiração. Todos eram ótimos mentirosos.

Voltou a cabeça para a janela. Estavam na ponte que passava sobre o rio Han. O carro fez ruídos surdos quando passou pela ponte. Se sentiu como a sua versão mais jovem olhando o céu enquanto observava através das vigas das pontes. Correndo tão rápido como possível com seus pés descalços sobre a ponte…Rapidamente deitou a cabeça para trás e fechou os olhos.

Entrelaçou os dedos em seu colo. Quantos anos levaram para chegar a este ponto?

Sufocada pelo sofrimento e pela ira, buscando uma saída que não estava ali… Quanto tempo suportou?

Isso era o suficiente.

Riu amargamente. As emoções não ajudavam de nenhuma maneira. Ansiedade, tristeza, temor e até mesmo sofrimento. Não a ajudavam em absoluto. Só era um obstáculo. Ela não precisava de algo assim.

– Senhora?

Levantou a cabeça quando escutou a voz da secretária Yoon. Todos as preocupações que haviam no rosto de Yoon foram abandonadas.

Saiu do carro e entrou por uma luxuosa entrada dos grandes armazéns. Os seguranças já haviam saído do carro atrás do seu. Ela nem mesmo os olhou, mas eles já estava olhando ao redor dela de maneira natural.

Como se já fossem alertados de sua chegada, as melhores lojas de relógios de marca estavam abertas. Era normal que as lojas permitissem apenas um cliente VIP por vez. Logo que ela entrou as cortinas da entrada da loja fecharam e a gerente se aproximou e apresentou-se côrtes.

Olhou sem palavras para a mulher. A gerente já sabia o que ela veio comprar e o que estava buscando.

– Só há dois relógios novos que podemos lhe apresentar este ano. O outro foi pego pelo diretor Seo quando veio da última vez, pois era de acordo com seu gosto.

Detrás dela, haviam duas pessoas que seguravam os relógios como se fossem jóias preciosas. Como deveria ser. Um relógio, aqui, custa 100 milhões de wons. Até mesmo haviam relógios que estavam na faixa de preço de 600 milhões de wons.

Pegou o relógio mais informal dos dois. De repente, a secretária Yoon falou.

– O diretor Seo já possuiu um relógio similar a este, senhora.

Um sensação de dor atravessou o seu coração. Era como uma fúria violenta. Se surpreendeu por sua emoção. Não pode bloquear o desagrado venenoso que a sobrecarregava.

‘O que acha que está fazendo Yoon HeeSoo? Está achando que conhece meu esposo melhor que eu?’

A secretária, frequentemente, fazia coisas assim. De um jeito que não chamasse a atenção de ninguém. De forma inteligente, deixaria passar que conhecia seu marido melhor que ela.

Isso se sentia uma merda.

Porém, nessa situação, não pode continuar com sua escolha. Entretanto, não queria que a secretária Yoon escolhesse o relógio.

– É assim? Para dizer a verdade não gostei de nenhuma destas opções. Poderia me mostrar seus outros relógios?

Falou friamente. Sentiu os olhos da secretária em suas costas. Mesmo que ela não dissesse explicitamente, a mensagem foi dada alta e clara.

Não interfira.

Tudo que tinha haver com Seo JoonHun passava primeiro pela secretária Yoon. A mulher conhecia os gostos e interesses intelectuais dele. Era a mais conhecedora quando se tratava dele. Os tipos de presentes que gostava, os tipos de roupas que preferia até mesmo os detalhes sutis de seus relacionamentos. Quando se trata dessas coisas, Yuan tinha que pedir conselhos para a secretária.

Por que estava tão brava?

Olhou inexpressivelmente enquanto os empregados voltavam para devolver os relógios a seu lugar. Ele logo voltaram com outro.

– Este é algo que nós…

– Vou levar esse.

Cortou a gerente e se levantou de seu acento. Não importava o que escolheria. O presente de aniversário podia ir para o inferno ou tudo que importava para ele.

Queria outra coisa.

– Preciso ir ao banheiro por um momento.

– Vamos para a sala VIP no terceiro piso.

Com as suas palavras, a secretária Yoon avisou aos guardas costas.

Todo esse caos por uma pessoa. Era incômodo e um pouco ridículo, mas não expressou seus pensamentos. Essas pessoas só estavam fazendo seu trabalho.

Os seguiu até o elevador. Enquanto estivesse no elevador ninguém poderia subir. Todos a olhavam com curiosidade, mas não se incomodou, já que estava acostumada.

Para todos, parecia que uma jovem de uma família rica só estava exercendo sua influência. Antes que alguém pudesse tirar uma foto com o celular seus guarda costas a escoltaram habilmente detrás deles.

‘Eles sabiam?’

Se perguntou.

Que ela tão pouco gostava disso…Mesmo que estivesse caminhando como se fosse a dona do lugar, nem sequer tinha o direito pela sua própria vida. Mesmo que parecesse que estava sendo protegida, na realidade estava sendo vigiada por eles. Mesmo que parecesse que o dinheiro comprava liberdade, na verdade só trazia restrições.

Eles não sabiam sobre isso.

Tinha inveja deles. Queria mais que qualquer coisa viver uma vida comum como a deles. Queria ser uma filha adorável de uma família. Queria rir, chorar, expressar sua ira e amor de acordo com sua própria vontade. Queria saber como era viver em paz.

– Por aqui.

O salão acarpetado era amplo. Não era diferente de uma sala de um apartamento. O fato de ser um banheiro era quase incrível.

De um lado, havia um sofá e uma poltrona. Do outro lado tinha uma fila de espelhos no banheiro. Mais para dentro estava o banheiro em si. Como aquele espaço só era usado pelas damas da elite, tudo era luxuoso e limpo. Mais importante ainda não havia ninguém.

Nem sequer a secretária Yoon podia entrar. Quando entrou, rapidamente colocou sua bolsa sobre a mesa e atirou sua jaqueta na poltrona.

Tradução: Lorrane.

Revisão: Holic/Tsubaki.