Como esconder o filho do imperador - Capítulo 78
Kaizen, naturalmente, não se opôs.
— Como o anfitrião desejar.
Astella deu ao seu irmão um olhar de gratidão. Pedir uma valsa foi uma excelente escolha.
Isso porque, diferente do Minueto, a valsa se realizava entre duas pessoas com contato perto uma da outra, onde o homem poderia apoiar a mulher como se a estivesse segurando no colo.
— Lembra de quando éramos crianças e dançávamos por diversão?
— Claro.
Quando Astella tinha uns 6 ou 7 anos, subia nos pés de seu irmão e praticavam a valsa como se fosse uma brincadeira.
Fritz parecia feliz de escutar que Astella ainda mantinha as lembranças dessa época.
— Então façamos isso.
Logo se escutou a doce melodia de uma valsa.
Astella seguiu os seus passos, mantendo os pés dela sobre os dele, com os saltos fora dos sapatos de seu irmão. Quase perdeu o equilíbrio várias vezes, mas seus pés se moviam primeiro, antes que chegasse a se resvalar com os sapatos.
O que mais lhe ajudou foi o firme e forte agarre de Fritz ao seu corpo. Mesmo quando Astella perdia o equilíbrio, a mão de Fritz a segurava com força, apoiando o corpo de Astella nele.
Cada vez que Astella tremia enquanto deslizavam, ele a segurava firmemente e girava formando círculos.
Fritz, que segurava Astella, em nenhum momento pareceu estar desconfortável ou com dificuldade. Astella olhou para seu irmão e o admirou no seu interior.
‘É tão gentil e forte.’
Ainda que parecesse ser um jovem mestre tranquilo, Fritz foi uma vez o líder dos cavaleiros da Guarda Imperial.
Não devia ser muito difícil suportar o peso do corpo de Astella. Depois de algumas rodadas como essa, a música terminou.
Fritz cruzou o centro do salão, apoiando Astella.
Astella, sussurrou com os lábios imóveis e um sorriso em seu rosto.
— Por favor, me leve até a sacada.
As pessoas pareciam olhá-los de uma maneira um pouco estranha, mas ninguém lhes perguntou para onde iam. Porque não era incomum tomar um descanso depois de uma dança.
Astella subiu até o segundo andar com Fritz.
Enquanto se apoiava na borda da sacada, Astella deu um suspiro e agradeceu ao seu irmão com um rosto cansado.
— Muito obrigada.
Fritz lhe perguntou, preocupado.
— Por que não pede permissão para Sua Majestade e volta para casa?
— Não.
Não era necessário. Agora que ela terminou a primeira dança, já não tinha que dançar mais. Podia passar seu tempo aqui e observar um pouco.
Além disso, ela não sabia se Kaizen lhe deixaria ir se lhe perguntasse.
Hannah a seguiu apressadamente até a sacada, pois tinha se dado conta que algo estava mal.
— Lady Astella, está bem?
— Estou bem, os meus sapatos quebraram.
Astella tirou os sapatos enquanto se segurava na borda da sacada.
— Tenho certeza que os revisei…Deve ter sido difícil dançar.
— Que travessura tão inútil, quebrarem o salto.
Hannah foi até a sala de espera das criadas, lhes pediu uma sapatilha e voltou.
Era um calçado de salto baixo, feito de um tecido suave, que se parecia mais a sapatilhas de balé do que a um calçado.
Hannah também trouxe taças de espumante para os dois.
Astella bebeu um pouco de espumante fresco. O refrescante líquido, com aroma frutado, esfriou sua garganta.
— Lady Astella.
— Sir Lyndon?
Lyndon abriu a porta da sacada e entrou. Se inclinou ante Astella e lhe deu a ordem de Kaizen.
— Sua Majestade a está chamando.
— Agora?
‘Ele não disse que me chamaria depois das danças?’
Depois de trocar olhares com Fritz, Astella abriu a porta da sacada e saiu.
Estava silencioso no interior do baile. Assim que Astella entrou, chamou a atenção da multidão.
‘Não sei quantas vezes isso me aconteceu só hoje.’
Cada vez que ela entrava no salão de banquetes, vários pares de olhos viravam para observá-la.
— Astella.
Quando ela olhou para trás, Kaizen se levantou.
Astella pensou que ele estava um pouco diferente do habitual. Sua expressão estava tensa e seus olhos vermelhos, sempre gelados, pareciam estranhos.
Ele se aproximou de Astella. Logo, lentamente inclinou a cabeça, como um cavaleiro nobre que pedia uma dança para uma dama.
Astella endureceu o corpo com surpresa. As pessoas os observavam com interesse.
Os numerosos aristocratas reunidos no salão centraram o olhar neles e arregalaram os olhos.
Astella gaguejou, desconfortável com a situação caótica.
— V-Vossa Majestade…O que….
Kaizen ignorou todos os olhares surpresos que estavam sobre ele.
Olhava apenas Astella, como se fossem os únicos ali.
E então disse, lento e claramente.
— Astella, por favor, seja minha esposa.
O mundo parou por um minuto.
‘O que acabei de escutar?’
Tudo ao seu redor estava nublado.
O fluxo do tempo, na cena do salão de banquetes, se desvaneceu rapidamente. Só Kaizen permaneceu diante de seus olhos.
De pé e com orgulho, no centro do salão de banquetes, Kaizen olhava para Astella.
Vestia a túnica cerimonial do Imperador e portava a dignidade de um monarca forte e de sangue frio.
Enquanto isso, todos os outros demais convidados ficaram sem fala, e Astella rompeu o silêncio primeiro.
— Vossa Majestade, o que quer dizer?
Não podia entender que demônios era tudo isso.
Astella perguntou com a voz trêmula. Kaizen respondeu sem duvidar.
— Estou te pedindo em casamento.
Houve um silêncio surpreendente no salão de banquetes. Normalmente, se teria escutado murmúrios ou exclamações.
Isso era incrível. Uma coisa tão impactante.
Sua Majestade o Imperador queria se casar com a ex-Imperatriz, de quem se divorciou há seis anos atrás.
Todos estavam surpreendidos de tal forma que não podiam respirar.
Astella também encarou Kaizen.
Esse Kaizen, o de suas fragmentadas lembranças, tinha apenas dez anos.
O jovem príncipe herdeiro propôs matrimônio a Astella, entregando-lhe um colar com uma joia azul.
—Astella, case-se comigo.
De tudo o que estava acontecendo, a única coisa que ela sabia era que não entendia porque ele estava lhe propondo matrimônio.
‘Por que isso está acontecendo?
Astella estava muito envergonhada para responder.
A primeira a reprovar a Kaizen foi a senhora Croychen.
De pé no canto, a marquesa saiu correndo e se plantou diante dele, com um olhar de ressentimento e gritou.
— Vossa Majestade!
Seu grito chamou a atenção de todos no salão de banquetes.
— Vossa Majestade! Lady Astella está criando um filho ilegítimo e está enganando a todos o fazendo se passar como seu sobrinho!
— Mãe!
Florin veio atrás de sua mãe para detê-la.
Diferente da marquesa, Florin parecia ter julgado que não seria útil dizer algo assim na atual situação.
Agora que o Imperador propôs matrimônio a Astella, se alguém quisesse criticar suas ações, seria um insulto para ele e o Império. Mas a marquesa perdeu sua compostura quando viu o Imperador propondo matrimônio a Astella.
A senhora Croychen afastou a mão da filha e apontou para Astella.
— Ela teve um filho ilegítimo sem pai, e aparece descaradamente no Palácio Imperial tentando enganar a todos…
A revelação da marquesa se estendeu no salão como uma onda.
A ex-Imperatriz deu a luz a um filho ilegítimo
Os nobres, que pensavam que não haveria uma comoção maior no mundo do que a proposta de matrimônio do Imperador para a ex-Imperatriz, novamente se surpreenderam.
Naturalmente, o mais chocado de todos foi o Duque de Reston, que ficou surpreso diante daquela incrível cena.
O Duque, com um rosto de quem estava provavelmente na beira de um desmaio, perguntou.
— Quê…?!
A expressão de Fritz também era de perplexidade pela reação feroz do seu pai.
— Astella, isso é verdade?
Astella não respondeu a pergunta de seu pai.
Era possível que seu engenhoso pai a descobrisse tão rápido quanto fez o primeiro som.
Astella não tinha nenhum motivo para explicar cada detalhe do seu passado para o seu pai. O duque gritou.
— Astella!
No meio da confusão, Kaizen abriu a boca.
— Lyndon.
No salão de banquetes retumbou uma voz fria e em um instante o lugar ficou em um silêncio sepulcral, como se tivessem vertido água fria sobre os convidados presentes.
Kaizen voltou a olhar para Lyndon que estava próximo a porta e ordenou.
— Tire a marquesa daqui. Como se atreve a insultar a Astella dentro do palácio?
— Sim, Vossa Majestade.
A marquesa gritou.
— Não estou mentindo! Tenho testemunhas! A trouxe, basta perguntar a ela!
Uma testemunha. Ela tinha uma testemunha.
Diante dessa palavra, Astella descobriu o que aconteceu.
‘Já entendi.’
Ela se perguntava como a marquesa havia descoberto, e foi porque tinha encontrado a única testemunha possível.
Havia a parteira que a ajudou a dar a luz, mas ela já era idosa e não sabia exatamente quem era Astella. A única testemunha que restava era a criada.
‘Pelo jeito, ela se esforçou muito nisso…’
Deveria ter sido difícil encontrá-la, mas eles tinham feito isso de imediato.
A marquesa continuava guardando rancor contra Astella pelo que aconteceu com Marianne no castelo de Dentz, então fez todo o possível para encontrar alguma forma de humilhá-la.