Como esconder o filho do imperador - Capítulo 76
Fritz pegou a mão dela.
Astella olhou para o irmão. Ela podia sentir que ele estava tentando confortá-la.
—Astella.
No entanto, entre aqueles que agiram com indiferença e frieza, Kaizen, que estava cercado por seus súditos, caminhou em direção a eles.
A atenção das pessoas tornou-se ainda mais centrada neles.
Astella agarrou a ponta da saia e fez uma reverência.
—Tenho o prazer de saudar Vossa Majestade, o Mestre do Império.
Ela o cumprimentou, mas não houve resposta. Quando ela levantou a cabeça, viu que o par de olhos vermelhos a olhava cheio de emoções indecifráveis.
‘É tão desagradável assim me ver?’
Embora divorciada, ela foi noiva de Kaizen na infância e por um momento foi a mulher que estava na posição de Imperatriz.
Que assim que se divorciou e foi para o interior, ele pensou que ela deu à luz e começou a criar um filho ilegítimo.
Astella nunca havia pensado nisso do ponto de vista de Kaizen, mas pensou que poderia ser ofensivo para ele.
‘Então por que organizou este baile e me fez vir aqui?’
Ela podia entender que ele tenha sentimentos desagradáveis por ela, mas não podia entender seu comportamento.
Se fosse simplesmente com o propósito de atormentar pessoalmente a própria Astella, não teria sido necessário realizar um baile de caridade no Palácio Imperial para forçar sua presença.
Fritz, que estava ao lado dela, também cumprimentou educadamente.
— Majestade, é uma honra infinita celebrar o baile beneficente de nossa família no Palácio Imperial.
Kaizen continuou sem responder. Ele só disse para Astella.
— Tenho algo para te dizer depois do baile.
— Não pode me dizer agora?
— Isso mesmo, agora não.
Ela pensou que ele estava com raiva, mas seu tom era inesperadamente calmo.
Os olhos vermelhos ainda refletiam emoções desconhecidas.
— Irei te dizer formalmente quando terminar.
— …
O que poderia ser? Sobre o que ele estava tentando falar? Agora que todas as suas vontades foram cumpridas, Kaizen não deveria ter nada sério para dizer a Astella.
‘Obviamente é sobre Theor.’
Fritz, confuso, olhou para Astella que parecia preocupada.
Astella teve uma sensação desconfortável, mas não a expressou, e em vez disso sorriu com a troca de palavras.
Ela abaixou a cabeça ligeiramente com um sorriso no rosto.
— Como ordena, Vossa Majestade.
Kaizen observou Astella sair. Ela e Fritz subiram as escadas.
Os convidados ficaram no salão de banquetes enquanto não começava o baile, ou passavam um tempo na sala de recepção ou na varanda perto do salão de banquetes.
Ainda havia um tempo até a primeira dança, então as pessoas aproveitaram para passar um momento tranquilo.
No salão de baile, Astella era apenas um objeto de curiosidade, ao invés de um ser não bem-vindo.
No momento em que Kaizen enfrentou Astella, várias emoções surgiram emaranhadas uma após a outra.
Ele estava com raiva de Astella.
‘Ela teve um bebê sozinha e o criou enquanto estava escondida.’
No dia em que se viram depois de seis anos, ela descaradamente havia mentido na sua cara, dizendo que o menino era sobrinho dela, e era ridículo apenas pensar nisso.
‘Quem diabos é o pai do menino? ‘
Quando ele estava investigando o paradeiro de Astella, descobriu que durante os últimos seis anos ela não teve nenhum relacionamento com nenhum homem.
Portanto, parece que ela não estava profundamente relacionada com o pai da criança.
O homem não deve ter sido um ser humano adequado se ele acreditava ter o direito de abandonar a mulher que ia dar à luz seu filho.
Quanto mais ele pensava em Astella dando à luz ao filho de tal homem, mais surpreendente parecia. Por outro lado, Astella deve ter se sentido triste e desapontada.
Depois de ser a mulher mais importante de toda a nação, ela foi isolada e abandonada pela própria família e deu à luz um filho sem o apoio do pai.
Kaizen não conseguia nem imaginar o quão difícil deve ter sido dar à luz e criar uma criança nessas circunstâncias.
Além disso, Astella nem sequer podia revelar que o menino era seu próprio filho.
Suas emoções conflitantes o confundiam ainda mais. Mas em meio à confusão, uma coisa era certa.
Kaizen não queria que Astella sofresse mais uma vez.
Kaizen olhou para o Marquês Croychen e sua esposa, que estavam sentados perto da pista de dança. Esperava se livrar deles mais cedo e evitar que isso fosse revelado.
No entanto, era impossível esconder as origens do menino para sempre.
Astella não lidou com o nascimento da criança perfeitamente. Não foi possível encontrar a empregada que havia se passado pela falsa mãe biológica da criança, e as parteiras não ajudaram muito.
Além disso, a criada foi levada pela família Croychen antes que Kaizen colocasse as mãos nela.
Segundo suas pesquisas, esse fato já era do conhecimento de alguns da nobreza.
Se eles revelassem esta notícia, Astella poderia ser insultada e humilhada por ser uma mulher que deu à luz a um filho ilegítimo.
Kaizen certamente não queria que isso acontecesse.
— O que aconteceu com o que eu disse para prepararem?
Hesitando em responder à pergunta de Kaizen, Velian disse, com uma voz tímida.
— Vossa Majestade, está pronto…
Velian deixou escapar suas palavras, impotente. Ele estava com dor de cabeça desde ontem.
Pelo amor de Deus, esperava que Sua Majestade fosse racional e emitisse um julgamento normal até agora, mas Kaizen não tinha intenção de mudar de ideia ou opinião.
— Seguiremos conforme planejado, então tome cuidado com os preparativos.
* * *
— Está bem?
Assim que deixou o salão de banquetes e atravessou o salão de baile, Fritz perguntou, preocupado.
—Estou bem. Não aconteceu nada.
Astella tinha acabado de ver Kaizen. E ele falou que tinha algo que dizer a ela.
‘Não sei do que se trata, mas tenho certeza de que é sobre Theor.’
— Vou para a varanda fazer uma pausa.
— Sim, isso seria bom.
Se ela ficasse ali, mais cedo ou mais tarde veria o pai. Astella estava cansada de encontrar Kaizen, mas queria evitar ver o seu pai.
Fritz tomou a iniciativa e se dirigiu para as escadas. Estavam no palácio externo do Palácio Imperial, usado como salão de banquetes, então a varanda estava no andar de cima.
—Fritz.
Alguém chamou Fritz enquanto subiam as escadas para ir para a varanda de cima.
Olhando para trás, era um dos velhos amigos de Fritz.
— Senhorita Astella, faz muito tempo que não a vejo. Ouvi dizer que está de volta à capital…
O amigo de Fritz deixou escapar o final de suas palavras com vergonha.
Quando soube que Astella havia chegado na capital, não pôde cumprimentá-la, então sentiu que estava sendo rude.
Fritz e seu amigo também estavam sendo tratados com frieza pelo mundo social.
No passado, apenas um pequeno número de aristocratas de elite eram chamados de grande nobreza, e só eles podiam dispor de tudo.
Esses nobres sempre comandaram a sociedade como reis e rainhas, sendo os mestres dos camponeses desprezados.
Mas agora, os grandes nobres perderam seu poder, e as famílias restantes mal conseguiram salvar seus próprios pescoços.
O jovem tinha a plena certeza de que tinha que trabalhar duro na sociedade para manter seu status.
— Estarei lá em cima.
Astella não queria ficar no caminho dos dois amigos que queriam conversar.
Uma pessoa estava descendo as escadas. Era uma empregada, que carregava uma bandeja com ela. Certamente era uma refeição.
Astella subiu as escadas sem pensar muito, levantando a bainha da saia. No meio da escada, a empregada parou para dar passagem para Astella.
— Ah!
De repente, a criada perdeu o equilíbrio e caiu, e a bandeja tombou, espalhando a sopa em todas as direções.
A empregada deitou-se no chão e implorou por perdão.
— Sinto muito! Cometi um erro. A culpa é toda minha.
A sopa manchou a barra do vestido de Astella. Mas o pior era que havia molhado suas sapatilhas porque ela segurou a barra da saia para subir as escadas.
A tigela virou, espirrando sopa bem na frente dos seus sapatos.
‘Oh… eu não posso voltar para o salão de baile assim.’
— Está bem, Lady Astella?
Hannah olhou para a criada de joelhos. A empregada ergueu lentamente a cabeça, olhou nos olhos de Hannah e balançou a cabeça em direção ao chão.
— A conhece?
— Sim. Ela é uma criada do palácio vazio.
O palácio da Imperatriz.
Nos últimos seis anos, o palácio da Imperatriz não teve uma dona.
No entanto, mesmo um palácio sem um mestre não podia ser deixado abandonado. Lá dentro, haviam permanecido as criadas que administravam o palácio.
Hannah deu uma risada para a empregada que caiu no chão.
— Estava tão estável e firme, como cometeu esse erro na frente de um superior?
A voz fria continha uma repreensão cheia de intenção. A criada estremeceu por um momento.
— Me perdoe, por favor me perdoe. Foi um erro.
— Está tudo bem, Hannah.
Astella, que estava olhando para a sua saia suja, acalmou Hannah.
Parecia que tinha sido intencional, mas não fazia nenhuma diferença questionar a empregada.
Ela não queria se preocupar com esses truques baratos.
— Lady, precisará trocar de roupa… Devemos voltar para a mansão?
Com o olhar preocupado de Hannah, Astella olhou pela porta do salão de banquetes sob as escadas. Havia algum tempo antes do baile começar, mas não parecia suficiente para voltar para a mansão.
— Lady…
A criada, deitada no chão, ergueu delicadamente a cabeça e apresentou uma oferta.
— Os seus vestidos e sapatos permanecem no Palácio vazio.
— Ainda estão lá?
— Não minta, todas as coisas de Lady Astella estão no depósito do príncipe herdeiro.
O palácio do príncipe herdeiro foi onde Astella se casou com Kaizen e passou a primeira noite, isso porque Kaizen era o príncipe herdeiro naquela época.
No dia seguinte, ele se tornou o Imperador, mas Astella nunca cruzou o limiar do palácio da Imperatriz. Assim que obteve o status de Imperatriz, ela se divorciou e deixou o Palácio.
Com as palavras de Hannah, a empregada refutou, como se tivesse sido tratada injustamente.
— Sua Majestade ordenou que nós os transferíssemos! Vamos ao Palácio da Imperatriz!
— Quê?
‘Por que ele deu essa ordem?’