Como esconder o filho do imperador - Capítulo 68
Poucas pessoas tinham essa alergia. A Lichia era uma fruta comum na capital, então todo mundo gostava.
Astella era a única da família que tinha essa peculiaridade. Nos últimos seis anos morando no leste, Astella nunca tinha visto Lichia. Então Theor nunca havia provado a fruta antes.
‘Theor herdou minha intolerância à lichia?’
Ela pensava assim, mas não conseguia colocar em palavras. Era um pensamento que
não deveria ser expresso na frente de Kaizen.
Theor teoricamente era apenas seu sobrinho e filho do primo Sigmund.
‘De jeito nenhum, não pode ser.’
Caso contrário, seria um problema maior. Porque isso poderia trazer mais problemas.
Astella olhou para Theor com o coração confuso.
Felizmente, a carruagem logo parou. Chegando na mansão, os criados saíram para encontrá-los, mas pararam surpresos ao ver Theor.
Hannah saltou entre os espectadores de olhos surpreendidos.
— Lady Astela? Jovem Mestre Theor…
—Hannah. Por favor, traga-me uma toalha molhada. Theor está tão febril que perdeu a consciência.
A explicação urgente de Astella deixou a mansão agitada, como se tivessem sido bombardeados.
Hannah preparou uma toalha molhada e os criados correram para chamar um médico. Astella colocou Theor na cama e enxugou a sua testa com a toalha que Hannah trouxe.
O calor era tão intenso que o lenço frio se esquentou rapidamente.
— Vossa Majestade.
Um médico do Palácio Imperial entrou na sala.
Ele foi o mesmo médico que o imperador trouxe quando estava com febre, durante a peregrinação.
O médico olhou atentamente para Theor e inclinou a cabeça, franzindo a testa entre os olhos. Então, com uma expressão estranha, ele perguntou a Astella, que estava ao seu lado.
— Isso é estranho. Não parece ser uma doença grave. Ele comeu alguma coisa incomum? Algo que nunca provou antes.
— Ouvi dizer que ele tomou um suco de fruta, mas não sei que tipo de fruta era.
Astella respondeu sem confiança e olhou para Kaizen.
Kaizen se afastou da porta.
Um dos guardas que esperava do lado de fora da porta entrou.
— Você já analisou?
— Sim, não havia veneno no copo que continha a bebida. Não havia nada suspeito sobre o comerciante que vendia a bebida. Os ingredientes são três frutas.
O cavaleiro disse os nomes das três frutas.
As três eram frutas comuns e facilmente encontradas na capital. Uma delas era a lichia, que era a única fruta que só podia ser obtida na capital.
O médico perguntou novamente a Astella, que ouvia sua explicação sem entender.
— Entre essas, há alguma fruta que ele nunca provou? Algo a que ele possa ser sensível?
— Sim.
Astella caiu em si e respondeu calmamente.
— Lichia… Ele nunca a comeu antes. Talvez seja por isso.
O médico assentiu e fez outra pergunta.
— Você tem algum parente sensível a lichia? A maioria das pessoas que têm intoxicação alimentar a tem porque está nos antecedentes familiares.
No momento em que ela ouviu isso, seu coração gelou. Enquanto tentava respirar, Astella não conseguia encontrar uma resposta.
Uma voz calma do lado substituiu as respostas de Astella.
— Pensando bem, minha esposa tinha esse tipo de problema.
Quando ela virou a cabeça, viu o seu avô, o Marquês de Calenberg, que se aproximava ao lado da cama de Theor.
O Marquês respondeu com uma voz indiferente sem olhar para Astella.
— Ela disse que se comesse aquela fruta, teria febre. Mas é estranho, meus filhos não tinham esse problema… Nem meu neto Sigmund.
— Ah, bem… é verdade que as doenças genéticas muitas vezes pulam alguma geração.
O médico pareceu acreditar, e anotou o que foi dito.
— ….
Sua avó materna não tinha tal problema.
Astella sabia do fato, mas não disse nada e fixou o olhar em Theor.
Ela entendeu porque o avô mentiu sobre sua avó. A Sra. Calenberg, sua avó materna, estava morta há muito tempo.
Ninguém na capital agora se lembra dela em detalhes, então não havia perigo em ser pego mentindo.
No entanto, alguns dos primos de Sigmund ou suas esposas estavam na capital e poderiam saber que é mentira.
— Este antipirético vai fazer ele se sentir melhor logo.
O médico tirou um pequeno frasco de remédio da bolsa que trouxe com ele.
— Se a febre baixar, não haverá problemas, mas ele ainda é jovem, então terá que manter repouso por pelo menos duas semanas para que não tenha efeitos colaterais.
— Sim, obrigada.
Astella cuidadosamente levantou Theor, e apoiou sua cabeça para dar-lhe o remédio na boca, com uma colher.
Embora Theor estivesse pouco inconsciente pela febre, ele bebeu o remédio que Astella lhe deu. Ela colocou Theor de volta na cama.
Ele ainda estava um pouco febril, mas parecia mais confortável do que antes, com o passar do tempo.
Uma mão quente tocou o ombro de Astella. Seu avô materno, o marquês, olhou para Astella e apertou seus ombros, para tranquilizá-la.
Astella também pegou a mão da avó.
Kaizen estava observando tudo isso em silêncio.
* * *
O redutor de febre administrado pelo médico funcionou bem e depois de uma ou duas horas de medicação, a febre começou a cair.
A febre alta gradualmente diminuiu e desapareceu, e a tez que se tornou branca gradualmente recuperou sua tonalidade rosada e saudável.
— Está bem. Você verá que logo acordará.
Astella ergueu a mão e tocou com cuidado o cabelo de Theor, que estava dormindo profundamente.
Cabelo preto de textura fina enrolava em seus dedos.
A condição de Theor estava ficando cada vez melhor. Agora a febre quase havia passado e apenas um leve calor permanecia.
O som da respiração, que antes era difícil, agora parecia confortável. Felizmente, a febre estava mais baixa.
— Hum…
Um momento depois, Theor, deitado em um cobertor macio, abriu os olhos lentamente
— Theor? Se sente bem?
Lentamente suas pálpebras começaram a se abrir, e um par de olhos azuis apareceram, ele olhou para Astella e depois para os outros presentes, e então de volta a Astella.
Então, lentamente, ele moveu a cabeça para cima e para baixo.
— Hã… Sim, estou bem.
Astella abraçou Theor.
Kaizen caminhou até a cama onde Theor estava deitado.
O cachorro deitado ao lado da cama o reconheceu e abanou o rabo.
—Theor.
— Vossa Majestade…
Theor olhou para ele com um olhar fraco.
Kaizen lançou um olhar confuso ao redor de Theor.
Então ele disse a Astella:
— Este é um lugar muito pequeno para um paciente. Eu acho que devemos dar a ele um quarto maior.
O lugar onde estavam não era um quarto usado pela família do proprietário, mas sim pelos convidados. Tinha também uma sala pequena, dando aos hóspedes um degrau mais alto do que alguém de classe baixa.
Foi Theor quem escolheu este quarto.
A razão de sua escolha foi que os galhos da árvore do jardim, que floresciam em uma cor roxa clara, pairava sobre a janela, e as flores estavam tão perto que ele poderia estender a mão e tocá-las.
Além disso, a vista da capital podia ser observada sem dificuldade. Theor insistiu em dormir aqui com Panqueca.
Eles só iriam dormir por um dia ou dois de qualquer maneira, então Astella permitiu que ele
fizesse o que quisesse por hora.
Mesmo que fosse um pequeno quarto de hóspedes, havia de tudo e era muito bem decorado, era lindo.
Mas a sala era tão pequena que era um pouco desconfortável agora que havia muitas pessoas lá dentro. Seria melhor ficar em um espaço amplo e agradável, de onde os médicos
e as criadas pudessem ir e vir.
Um quarto bem ventilado também seria melhor para os pacientes.
— Sim, Vossa Majestade. Obrigada pela sua atenção.
Kaizen olhou para Theor deitado na cama por um tempo, depois se virou e saiu.
Pouco depois Kaizen voltou, e imediatamente escolheu o quarto mais espaçoso no segundo andar.
As criadas moveram as malas de Theor e trouxeram uma nova manta, e em pouco tempo Theor estava em sua nova cama.
Panqueca, que tinha seguido Theor, estava junto dele ao pé da cama. E depois de observar tudo, o Marquês se aproximou de Astella.
— Querida, você também deveria descansar um pouco.
Astella fechou os olhos e escutou as angustiadas palavras do seu avô. Seu coração estava a ponto de explodir de remorso e preocupação.
— Não sabia que Theor herdaria a minha alergia.
Não esperava que isso acontecesse.
Astella era a única pessoa na sua família que tinha essa intolerância à lichia. Nem seu pai, irmão ou mãe a tinham. E Theor nunca antes tinha sido sensível aos alimentos ou coisas em particular.
Ela culpava a si própria, e seu coração batia fortemente. Um calor reconfortante veio ao redor do seu corpo.
O Marquês abraçou Astella e a consolou.
— Foi inevitável, você também não sabia.
— Sim.
Se soubesse, ela nunca o teria levado para o mercado noturno ou algo assim. Era inútil olhar para trás e lamentar o que já tinha acontecido.
Astella suspirou em silêncio, apoiando sua cabeça nos braços de seu avô.
— Mas tivemos sorte, Theor está a salvo.
— Sim…
Se alegrava muito de que tudo acabou bem e sem problemas. Theor estava profundamente adormecido em uma cama limpa e arrumada.
Astella limpou cuidadosamente o suor na testa do menino com uma toalha molhada.
E então se deu conta tardiamente da seriedade da realidade. Afinal, agora teriam que ficar na capital mais duas semanas contra a sua vontade.