Como esconder o filho do imperador - Capítulo 67
Alguns meses atrás, quando Kaizen perguntou sobre o paradeiro de Astella ao Duque de Reston, com lágrimas nos olhos, ele lhe disse.
— Minha pobre filha saiu da mansão e sumiu assim que terminou o julgamento de divórcio. Quanta dor sofri, a única filha que tenho se foi com uma criada de repente, deixou a cidade e desapareceu…
Embora ele parecesse ser um pai desolado de coração partido que havia perdido a filha, tudo não passava de mentiras, e todos esses anos não fez nada além de lutar contra Kaizen.
Isso significava que, como ele abandonou Astella, a pobrezinha tinha desaparecido depois de ser ferida assim.
— Nem sequer pensou em procurá-la quando não conseguiu contactá-la?
Diante da pergunta de Kaizen, o Duque voltou a chorar, fingindo ser alguém lamentável.
— Tentei procurá-la, mas não a encontrei, por mais que a procurei… Passei seis anos me preocupando se minha pobre filha poderia ter tomado uma decisão extrema.
Dramaticamente, houve um relatório na época de que eles haviam encontrado Astella.
— Sua filha estava na mansão do seu sogro.
Kaizen riu dele friamente enquanto lia o papel, uma nota, sobre Astella.
— Por acaso não sabia onde morava seu sogro?
O duque rapidamente tirou sua máscara triste e respondeu com um olhar furioso e insatisfeito.
— … É porque já faz muito tempo que meu relacionamento com meu sogro foi rompido.
* * *
Kaizen lembrou-se daquela vez e clicou a língua.
‘Aquele bastardo.’
Era óbvio que o mandante por trás da tentativa de assassinato era o duque. Mas se o povo descobrisse, o duque se tornaria um traidor, e Astella também seria punida por ser filha de um traidor.
‘Eu não posso fazer isso dessa maneira.’
Ele não poderia matar o Duque de Reston como um traidor. Em vez disso, Kaizen pretendia assassiná-lo em segredo.
Nunca tinha pensado em matar alguém antes. Ele puniu publicamente e destruiu famílias segundo os trâmites da justiça, mas agora tinha que levar Astella em consideração.
Não podia fazer de Astella a filha de um traidor e humilhá-la.
Em vez de revelar a culpa do Duque e destruir sua família, ele tinha que disfarçar a tentiva de assassinato como um acidente e anulá-la.
‘Isso é o correto?’
Ainda assim, em um canto de sua mente, ele se sentiu desconfortável fazendo isso. Astella, como Kaizen se lembrava, costumava sempre obedecer seu pai, o Duque.
Ela perdeu a mãe quando era pequena, então só teve o pai, e era natural segui-lo. E embora tenha sido repudiada por sua família, Astella ficaria triste se seu pai morresse.
E ele não se sentia confortável ao pensar em fazer isso.
‘Seria melhor se ela deixasse a capital antes que tudo acabe.’
Era bom deixar Astella ir para o interior por enquanto.
Depois que terminasse o trabalho, ele poderia procurar algum motivo e trazê-los de volta. Além disso, se o duque morresse, Astella receberia sua herança e voltaria para a capital para ver seu irmão se tornar o duque.
Kaizen não desistiria de Astella.
Depois de terminar o assunto com o Duque e remover todos os riscos, ele os traria de volta.
* * *
─Theor.
Astella caminhou até Theor, que ainda assistia ao espetáculo de marionetes.
Kaizen a seguiu e caminhou com ela.
─ Quanto tempo quer ficar?
─ É muito engraçado. Quero ver mais.
No pequeno palco, o coelho e o urso iam voltar a andar.
‘Parece que vão repetir a peça…’
Parece que assim que a performance terminava, outra recomeçava.
No entanto, Theor continuou a se concentrar e assistir ao espetáculo de marionetes. O rosto de Theor, que brilhava olhando intensamente o show, era fofo.
De qualquer forma, ele nunca tinha visto um show de marionetes.
─ Está com fome ou com sede?
─ Um pouco… Estou com um pouco de sede.
─ Então eu vou pegar um pouco de comida e bebida. Espere aqui.
─ Sim.
─ Astella se aproximou de Kaizen e falou sobre Theor.
─ Então… Por favor, cuide bem do meu sobrinho.
Ele não podia ser chamado de Vossa Majestade, então ela falou com ele informalmente.
─ Não se preocupe.
Astella saiu pelo corredor da praça e disse que iria comprar comida.
Kaizen estava olhando para Theor.
Um momento depois, uma mulher se aproximou deles, com uma cesta cheia de copos.
─ É suco de fruta fresca, acabamos de espremer.
Ele nunca tinha comprado bebidas assim antes, mas nessa hora estava com sede. Talvez fosse porque ele estava um pouco cansado.
Kaizen chamou a mulher.
─ Quanto custa?
─ Um xelim a caneca.
Ele deu o dinheiro à mulher e pegou duas canecas.
Era um suco simples, misturado com várias frutas comuns espremidas, adicionado um pouco de água e açúcar. Tinha um aroma frutado profundo e um sabor agridoce, que permanecia na boca depois de tomar um gole.
‘Tenho certeza que as crianças gostam dessas coisas.’
Kaizen entregou a outra xícara para Theor, que não conseguia tirar os olhos do palco enquanto segurava o copo.
─ Estava com sede? Beba isso enquanto assiste.
─ Obrigado.
Theor segurou a caneca com as duas mãos e tomou um gole do suco. No entanto, ele não tirou os olhos do espetáculo de marionetes.
‘Ele realmente gostou disso.’
Ele se perguntou se ficaria aqui até que o mercado noturno acabasse.
Ainda assim, o menino gostou tanto que ele achou bom ter saído nesse passeio turístico.
Enquanto bebia o suco, Theor ainda estava brilhando enquanto olhava para os fantoches.
‘Ele é um menino bonito.’
Kaizen nunca gostou de crianças em sua vida, mas quanto mais ele via esse menino, mais bonito ele o achava.
Kaizen observou as marionetes se moverem pelo palco, bebendo de seu suco de fruta distraidamente ao lado de Theor.
Havia uma boneca que pendia de uma corda e movia os braços e as pernas. Ele estava olhando para o palco, quando sentiu algo caindo aos seus pés.
As pessoas em pé começaram a balbuciar.
Theor estava agachado no chão e tremendo.
Um copo de suco vazio rolou ao lado dela.
Kaizen ficou surpreso e olhou para o menino.
─ Theor!
A testa branca do menino estava úmida de suor frio.
O brilho gradualmente desapareceu dos olhos azuis que olhavam para Kaizen.
* * *
Astella caminhava rápido entre as pessoas.
Ela estava voltando depois de comprar um sanduíche para Theor.
Em uma das mãos ela segurava um copo de leite com mel e baunilha, e na outra estava segurando uma pequena tigela de biscoitos recheados com manteiga e frutas em conserva coloridas marinadas em açúcar.
Os arredores estavam cheios de pessoas que vinham ao mercado. Cada vez que dava um passo, esbarrava em alguém.
‘Eu tenho que voltar logo. Theor está esperando por mim.’
Ela havia deixado Theor com Kaizen, mas não estava tranquila.
Comprou os lanches o mais rápido possível, por isso escolheu algo para comer no local mais perto. Não buscou muito, mas conseguiu coisas que Theor gostava, então já estava bom.
Além disso, também não era hora do jantar.
Foi com esse pensamento que Astella chegou ao lado da praça, onde estava o espetáculo de marionetes.
─Astella…
De repente, Kaizen encarou Astella com o rosto pálido.
— Sua respiração…
Quando Astella estava prestes a chamá-lo, parou quando viu Theor nos braços de Kaizen.
Theor estava nos braços de Kaizen com os olhos fechados.
─ Theor?
À primeira vista, ele parecia estar dormindo, mas quando se aproximou, viu que seu pescoço estava branco e suado.
Kaizen, que estava segurando Theor, falou em um tom amedrontado e incomum.
─ Theor… Teve febre e de repente perdeu a consciência.
Astella perdeu as forças e deixou cair o que tinha. A caneca rolou e o leite encharcou o chão, junto das frutas coloridas que rolavam no chão.
─ Theor!
Astella tocou a testa de Theor.
Sua testa estava molhada de suor frio, mas quente como uma bola de fogo.
─ Eu tenho uma carruagem pronta. Vamos voltar para a mansão agora.
Antes que Astella pudesse carregá-lo, Kaizen segurou Theor em seus braços e se levantou, dirigindo-se à carruagem.
Astella correu para segui-lo.
Pouco antes de a carruagem retornar à mansão, Astella se sentiu irritada, como se todo o inferno tivesse sido desencadeado. Não sabia como conseguiu voltar calmamente para a mansão na carruagem.
Theor não estava totalmente consciente até que voltou para a mansão. Suor frio encharcou a testa pálida do menino.
Os olhos dolorosamente fechados tremiam, embora já tivesse perdido a consciência.
Quando a carruagem partiu após chegar à mansão, Astella conseguiu ser capaz de entender a situação.
─ Enquanto você foi comprar comida, eu comprei suco de fruta para Theor. Assim que ele pegou, ele desmaiou.
Kaizen respondeu silenciosamente, olhando para Astella, que estava com o rosto pálido. Seus olhos vermelhos também estavam cheios de vergonha e indignação.
— Suco de frutas…
─ Era normal… Eu também bebi.
Kaizen explicou claramente que era um suco de fruta comum, e ele bebeu porque queria eliminar a suspeita de que o suco havia sido envenenado.
Mas se era apenas suco de fruta, porque Theor de repente ficou assim?
Kaizen olhou nos olhos confusos de Astella e explicou.
─ Pedi a eles que trouxessem os copos, para que você possa vê-los.
Enquanto conversavam, Theor estava com os olhos fechados, ainda não havia recuperado os sentidos. O calor o deixou um pouco fraco, como se fosse cortar sua respiração.
Naquele momento, Astella tinha algo a dizer.
─ Você se lembra que tipo de fruta era?
Kaizen, que estava enxugando o suor da testa de Theor com as mãos, levantou a cabeça olhando para Astella.
A dúvida apareceu nos seus olhos vermelhos.
─ Não sei… Eram várias frutas misturadas.
─ Entendo.
Ela nunca disse a Kaizen, mas de certa forma, a própria Astella tinha uma peculiaridade incomum.
Se comesse lichia, sofreria de uma febre alta.