Como esconder o filho do imperador - Capítulo 66
Era natural que um imperador usasse essas roupas em seu palácio .
Mas ela não conseguiu reconhecê-lo, porque antes estava sempre vestido com roupas casuais, como um aristocrata comum.
─ É uma honra me encontrar com Vossa Majestade, o Mestre do Império.
Kaizen caminhou até os dois e olhou para Serbel.
— Serbel, o que você está fazendo aqui?
─ Majestade.
Serbel respondeu educadamente.
─ Vim entregar um presente para Lady Astella por ordem do meu padrasto.
Kaizen parecia um pouco desconfortável com alguma coisa. Ele dirigiu um olhar penetrante para Astella.
— Qual é o presente?
─ É um livro.
Ela apontou para o livro de história que havia colocado sobre a mesa.
Kaizen franziu a testa e olhou para Serbel.
─ Se você terminou a entrega, volte.
─ Sim, Majestade.
Serbel caminhou até Astella.
─ Espero ter a oportunidade de vê-la novamente, Lady Astella.
— Sim, espero vê-lo novamente.
E então, Serbel saiu. Quando ele desapareceu, fez-se um silêncio pesado na sala.
Kaizen apenas olhou para Astella com um olhar desagradável, como se estivesse
de mau humor.
´Por que ele não fala nada depois de vir até aqui?´
─ Por que Vossa Majestade está aqui?
─ Não estou aqui para te ver…
Kaizen falou, um pouco irritado.
— Eu vim ver Theor.
─ Theor?
Quais eram as razões pelas quais Kaizen queria ver Theor?
─ Onde está o menino?
— Ele deve estar com meu avô.
─ Bom.
Uma empregada foi chamada para buscar o garoto. Pouco tempo depois, Theor correu em direção à biblioteca.
— Vossa Majestade!
Theor ficou feliz em ver Kaizen, então correu direto para ele.
Kaizen pegou Theor e o segurou em seus braços.
— Olá, como tem passado?
— Bem, adorei o presente. Os soldados de prata.
Era estranho ver os dois tão próximos. Era amargo e desconfortável.
‘ Ficará tudo bem. Theor e Kaizen nunca mais voltarão a se ver se partirmos amanhã.’
— Eu tinha prometido ao Theor levá-lo ao teatro, mas já que estarão indo embora amanhã, não haverá tempo para isso…
Astella ficou surpresa ao ouvir as palavras de Kaizen. Quando ele fez tal promessa a Theor, seu filho estava triste.
Kaizen beliscou as bochechas macias de Theor e disse.
— Mas o mercado noturno está aberto hoje. Você quer ir lá?
— Sim!
— Espera um pouco, mercado noturno?
Enquanto Astella gritava de surpresa, os dois olharam de volta, intrigados.
— Bom… Eu prometi, então vou levá-lo.
— Querem ir sozinhos, Vossa Majestade?
— Escoltas nos seguirão.
— Não, não é isso…
Quando um Imperador sai para um mercado ou algo assim, a guarda real que protege o Imperador o segue secretamente. Mas toda essa proteção fica nos bastidores.
Então, para olhos curiosos, Kaizen e Theor estariam sozinhos.
Ela não podia acreditar que Kaizen achou uma boa ideia ir ao mercado da cidade sozinho com Theor ao lado.
Isso não fazia sentido. Ela não podia deixá-los irem sozinhos…
Kaizen provavelmente perderia Theor antes que os guardas os encontrassem. Astella se viu forçada a se levantar.
— Eu também vou.
O rosto bonito de Kaizen se encheu com um olhar incrédulo.
—Não confia em mim?
— …
Por acaso ela deveria confiar nele para cuidar de Theor sozinho?
Ele não tinha mais ninguém para assumir o comando. Kaizen, como imperador, era alguém muito competente.
Mas ela nunca cuidou de uma criança antes… Não era alguém em que se podia confiar uma criança de cinco anos.
Era melhor deixar Theor nas mãos de Velian do que nas de Kaizen.
Kaizen parecia se divertir com a expressão chocada de Astella, pedindo que a levasse. Ele riu baixo e disse em voz alta.
— Ok, se você quiser nos seguir, fique à vontade.
— Tia Astella virá conosco?
Theor ficou feliz em saber que os dois estavam indo.
Astella respondeu, engolindo um suspiro.
— Sim. Vamos juntos.
Dessa forma, os três foram juntos ao mercado noturno.
* * *
A capital era uma cidade muito grande.
Havia uma série de áreas densamente povoadas no norte, sudeste e oeste, centradas nas ruas movimentadas ao sul do palácio.
O mercado noturno era realizado no grande parque da capital, e uma longa viga de mármore cruzava o centro da praça na fonte octogonal era a marca registrada do parque.
A praça tinha uma paisagem linda e charmosa, estava sempre limpa e era segura para os cidadãos. E havia muitos deles.
— Theor, você deve ter cuidado. Nunca solte minha mão.
Theor, que nunca tinha visto tanta gente, estava constantemente distraído, olhando ao redor e observando as coisas.
— Uau.
Quando eles passaram pelas principais ruas da capital na carruagem, ele nem olhou para Astella, porque estava muito curioso olhando para as inúmeras pessoas andando do lado de fora.
— Sim. Não soltarei.
Após sair da praça, Theor ainda a seguia com as mãos entrelaçadas, temendo que se soltasse de Astella.
Theor olhou para a passagem da praça, onde muitas pessoas entravam e saíam, e seus
olhos tinham um olhar assombrado.
Para ele, que raramente olhava para o mundo exterior, tudo era simplesmente incrível.
Havia muitos tipos de pessoas brincando e vendendo itens coloridos, e Kaizen, que os estava seguindo por trás, se queixou.
—Tem gente demais.
Astella olhou Kaizen, que estava sendo empurrado pelas pessoas. Ele era alto, então tinha que caminhar cuidadosamente, mantendo a cabeça baixa, para não ser golpeado pelas decorações.
A situação do império tinha mudado rapidamente, os grandes nobres decaíram quando a guerra civil explodiu, mas agora a capital estava crescendo e prosperando mais pacificamente do que antes.
E esse mérito era de Kaizen.
— Já esteve aqui antes?
— Naturalmente.
Kaizen pareceu se surpreender ao escutar a resposta de Astella.
— Por que está surpreendido? Eu gosto do mercado noturno.
—Não sabia que você gostava de vir aqui. No passado, parecia que só queria estar dentro da mansão. Além disso, seu pai não aprovava esse tipo de lugar, então nunca pensei que te permitiria vir.
As damas das famílias aristocráticas não deviam ir aos lugares onde os plebeus se reúnem. Astella murmurou, evitando seu olhar.
— Bem…Não sai com a permissão do meu pai.
Haviam inúmeras famílias nobres na capital, mas poucas delas estavam dispostas a permitir que seus filhos viessem para esses lugares.
— Vim com meu irmão Fritz, e mais tarde vim com Sigmund.
Agora, lembrando dessa época, Fritz, assim como Kaizen, se queixou da multidão quando foi golpeado por ela.
— Então o que tem de divertido em um mercado lotado? Absolutamente não consigo entender.
Astella sorriu amargamente com a lembrança.
Era verdade que tinha muito pó e muita gente, mas queria ver mais do mercado se a oportunidade lhe fosse dada.
‘Fiz isso porque pensei que, quando entrasse no palácio imperial, já não poderia mais sair à vontade.’
Kaizen, que se queixava, se surpreendeu com a repentina solidão no rosto de Astella.
Quando estava a ponto de dizer algo mais, Astella de repente sinalizou a esquina de uma praça.
— Theor, tem um espetáculo de marionetes. Vamos ver?
— O que é um espetáculo de marionetes?
— É como uma obra de teatro, mas com bonecos.
Diante dessas palavras, Theor estava pronto para correr na direção do espetáculo.
— Quero ver!
Astella se dirigiu até ali com Theor.
Tinha um pequeno cenário simples na esquina da praça. Na frente do cenário, estavam dispostos assentos no chão para que as crianças pudessem se sentar e assistir.
As crianças se deitavam na frente do cenário.
Astella escolheu um assento com uma boa vista e sentou Theor.
— Pode se sentar aqui para assistir.
No cenário, um boneco de coelho e um de urso pendurados com fios se moviam. Era um conto de fadas para crianças.
Era uma história sobre sair para caminhar e comer algo delicioso. Theor assistiu, fissurado.
Kaizen também se aproximou e parou junto de Astella. Esteve observando os bonecos se moverem durante um tempo, e logo Kaizen que estava do seu lado, falou de repente.
— Encontrou seu pai?
Astella se perguntou se ele a estava espionando.
Mas no final de contas, ela estava ficando em uma das mansões que oimperador havia cedido, e pensou que qualquer um dos serventes que trabalhavam ali poderia ter lhe informado.
Por outro lado, lhe ocorreu que Kaizen poderia estar investigando os passos de seu pai, o Duque de Reston, e não as visitas dela.
‘Como está sendo a investigação da tentativa de assassinato?’
Definitivamente foi um trabalho de seu pai.
‘O que acontecerá quando for revelado esse fato?’
A princípio, tanto seu pai como seu irmão morreriam por traição. E ela não estaria de todo a salvo.
Astella respondeu, ocultando a sua crescente ansiedade.
—Sim, vi meu pai.
— O que ele disse?
— Não tinha muito o que dizer. Foram só assuntos familiares.
Kaizen franziu a testa ao escutar as palavras ambíguas de Astella.
Quando escutou que o Duque de Reston tinha ido ver Astella, a notícia lhe deixou de mau humor.