Como esconder o filho do imperador - Capítulo 61
Fritz se aproximou de Theor e o olhou.
─ Então você é o filho de Sigmund. Tinha muita vontade de conhecê-lo.
─ Quem é você?
─ Theor, esse é o tio Fritz. Ele é irmão da sua tia.
Diante da explicação de Astella, Theor sorriu brilhantemente enquanto observava
a Fritz de perto.
─ Oi, tio Fritz.
─ Que lindo menino.
Theor era muito lindo. Seu cabelo negro era macio e seus olhos azuis eram lindos como
um lago claro e profundo. Seus olhos curiosos eram brilhantes e sua pele branca como o mármore não tinha nem mesmo uma mancha.
─ É mais lindo com um sorriso. E além disso, é muito educado.
Fritz acariciou a cabeça do menino, com admiração.
Astella, que os olhava disfarçadamente, disse com palavras indiferentes:
─ Se não tem outro assunto a tratar, por favor vá embora. Acabei de chegar e quero descansar.
─ Astella…
Fritz, que estava a ponto de pedir de novo, olhou para Theor e se calou. Suspirou e disse a razão de ter vindo:
─ Vim te ver pelos pertences da Imperatriz viúva.
─ Pertences?
‘Que demônios é isso? Tenho pertences da imperatriz viúva, não era só o testamento?’
─ Sim, Sua Majestade não o mencionou, mas a imperatriz viúva te deixou algumas coisas.
Esta era a primeira vez que ela escutava isso. Astella rapidamente disse para Theor que se retirasse.
─Theor, vá para o seu quarto. Se me esperar quietinho, te darei biscoitos deliciosos.
─ Sim!
Antes de partir, Theor se despediu e inclinou a cabeça diante de Fritz.
─ Tchau, tio Fritz.
Fritz não podia tirar os olhos do menino, mesmo após desaparecer.
─ Que lindo é esse menino. Você o criou bem.
Astella exigiu que ele voltasse sua atenção para o assunto.
─ Fale sobre os pertences.
─ Sim.
Fritz explicou:
─ Não são muitas coisas. Se soubessem que itens valiosos tinham desaparecido, a Imperatriz viúva temia que Sua Majestade descobriria aonde estavam, por isso ela escolheu somente as coisas que realmente queria te dar. Pinturas, joias e outras coisas mais que queria te presentear.
A Imperatriz viúva se preocupava muito com Astella.
Deixar tal cláusula em seu testamento também era sua própria consideração por Astella. Inclusive o fato de que lhe deixasse pertences secretos não era uma surpresa.
─ Ela os enviou à nossa mansão em segredo antes de morrer por temer que Sua Majestade ficasse zangado se descobrisse.
─ Onde estão essas coisas agora?
─ Bom, o nosso pai…
Fritz suspirou antes de responder.
─ Ele está com elas e não me deixa pegá-las, mesmo que eu lhe implore.
Astella franziu a testa. Seu pai agora estava sendo ganancioso pelos bens da Imperatriz viúva.
‘Não acredito que sejam cobiçadas relíquias.’
Não importa quão pequena fosse sua fortuna na atualidade, seu pai, um Duque, não podia estar interessado nos pertences deixados pela Imperatriz Viúva.
Era muito provável que seu pai estivesse sendo teimoso não por querer esses pertences, mas sim por ter raiva de Astella. Seu pai era originalmente esse tipo de pessoa.
Astella falou com firmeza ao seu irmão.
─ Por favor, vá para casa e diga ao nosso pai que se ele não me enviar os pertences da Imperatriz viúva agora mesmo, falarei com Sua Majestade e irei acusá-lo.
Fritz perguntou com os olhos surpresos:
─ Isso… Então Sua Majestade confiscaria os pertences.
─ O nosso pai não vai querer que isso aconteça, então não lhe restará outra alternativa a não ser aceitar. São coisas que eu deveria ter, mas ele recebeu secretamente pelas costas do Imperador, por isso não lhe faria diferença devolver ou não.
Era possível que seu pai tenha pensado que mesmo se Astella quisesse os bens, não poderia apresentar uma queixa ao imperador, já que, se essa história vazasse, o Imperador odiaria Astella por tentar levar os pertences da Imperatriz novamente. Ela não poderia fazer nada se ele se negasse a entregá-las. Astella estava levando em conta essa possibilidade.
─ Não importa. Prefiro entregar as relíquias da Imperatriz viúva ao seu neto, o Imperador, do que deixá-las com meu pai.
Diante das frias palavras de Astella. Fritz deu um sorriso simples.
─Tem razão.
Fritz desejava cumprimentar seu avô, então disse que estava indo, pronto para ir para o gabinete. Mas, antes de sair do quarto, parou por um momento e perguntou a Astella:
─ Quanto tempo vai ficar na capital ?
─ Estarei aqui por dois dias.
─ Não pode ficar aqui um pouco mais…? O dia do baile da mamãe será daqui alguns dias.
Sua mãe, todos os anos, celebrava uma festa de caridade na mansão nesta mesma época do ano, até o ano em que morreu.
O evento se converteu em tradição na casa ducal.
Era uma forma de incentivar os convidados a coletar doações e doar dinheiro para ajudar os necessitados e os pobres. No entanto, depois da morte de sua mãe, não se celebrou nenhum baile de caridade durante muitos anos.
Depois de fazer sua estreia na sociedade, Astella retomou o baile de caridade para honrar as memórias da mãe. Todos os anos, ela realizava o baile na mansão, até que se casou com Kaizen, e depois do divórcio, ela deixou a capital. Depois de sair da capital, ela não era mais a anfitriã da mansão ducal, e por isso, não voltou a trabalhar no baile anual.
─ Sim, já é essa data.
Astella perguntou, enquanto estava recordando.
─ Você continuou mantendo o evento enquanto eu estava fora?
─ Sim, eu mesmo me encarreguei de organizá-lo.
Astella estava surpresa.
A festa deveria estar a cargo de uma mulher, então Fritz, que era um homem, nunca deveria ter se tornado o anfitrião. No passado, Fritz não se importava com o baile, só aceitava fazê-lo porque Astella estava encarregada.
‘Será que ele realmente está arrependido?’
Não podia acreditar que Fritz, um homem teimoso e orgulhoso, se arrependesse do que tinha acontecido no passado.
‘Mesmo que seja assim agora, não se pode mudar o passado.’
Não importa o que Fritz pensasse, Astella não estava interessada. Ela não tinha intenção de ficar mais dias, nem mesmo para o baile de caridade. Ela nem sequer podia ir ao baile neste momento.
─ Sinto muito. Não posso comparecer, porque tenho que ir em dois dias.
Diante da firme resposta de Astella, Fritz suspirou com pesar.
─ Se é assim, então não tem o que ser feito.
Ele acreditava que tudo o que podia dizer, já tinha dito. E tinha medo de continuar falando e falar coisas desnecessárias.
─ Se você não se importa, por favor vá embora. Eu tenho que dar banho em Theor e alimentá-lo.
Os olhos verdes claros de Fritz se entristeceram novamente pelas frias palavras de Astella.
Mas ele simplesmente seguiu sua vontade.
─ Sim, irei ver o nosso avô. Gostaria de lhe pedir perdão por não tê-lo visto em muito tempo. Se importa se eu me reunir com meu avô?
‘Deve estar ok para ele ver o vovô.’
─ Acredito que ele está no jardim.
─ Bem…
Fritz olhou para Astella por um momento e disse.
─ Se tiver algo para me perguntar ou do que precisar, não hesite em me contatar.
─ Sim, te chamarei se precisar de alguma coisa.
‘Eu realmente não quero pedir a ajuda de Fritz, mas sempre pode haver uma possibilidade. Poderia acontecer algo pelo qual eu venha a necessitar de sua ajuda como herdeiro da família.’
Astella disse que entraria em contato se precisasse de algo, e que não o contataria se não precisasse de nada, mas Fritz parecia estar satisfeito com essa resposta.
─ Obrigado.
─…
Fritz se virou e saiu para o jardim.
Astella olhou as costas dele se afastarem e fechou a porta.
* * *
─ Sua Majestade, o Imperador, está chegando.
A porta se abriu com as palavras ordenadas pelo guarda, e as pessoas sentadas em torno da mesa redonda se levantaram. O escritório do Imperador no Palácio Imperial da capital era grande e bem decorado. Não era comparável ao escritório dos castelos em que tinha parado durante o percurso.
No longo teto arqueado haviam grandes candelabros que cintilavam de acordo com o ângulo da luz, e desenhavam pinturas coloridas simetricamente. Era uma imagem da história da família Imperial e as realizações do Imperador fundador.
Kaizen se sentou na cabeceira da mesa.
─ Vossa Majestade.
Virou a cabeça, encontrando o marquês Croychen.
De repente, a sala ficou em silêncio. Havia uma atmosfera cada vez mais escura e sombria.
De repente, o Marquês levantou-se da cadeira e ajoelhou-se no chão. Em um instante, todos os olhos estavam nele, e mesmo os cavaleiros de pé ao redor da mesa o olhavam.
─ O que está acontecendo?
─ Vossa Majestade, lamento lhe haver causado problemas com minha esposa e a filha. Essa foi uma resposta esperada. Kaizen franziu a testa.
As mulheres dessa família fizeram dois distúrbios inúteis no caminho. Marianne ainda estava presa no castelo por ser pega tentando incriminar Astella. A mãe de Marianne, a Marquesa, foi desonrada e conduzida a sua mansão.
─ Esse assunto está terminando.
Kaizen ordenou friamente, com sua voz indiferente.
─ A Senhorita Marianne se atreveu a acusar falsamente a alguém que eu havia convidado, assim que a enviarei para um convento na ilha, e sobre a esposa do Marquês…
Kaizen fez uma pausa, pensando na esposa do Marquês. Ele odiava a mulher mais que a Marianne, pois ela inclusive tentou sequestrar o jovem Theor.
‘Mas não posso castigá-la porque não tenho provas.’
A criada, que foi identificada como a sequestradora, morreu sem revelar o nome da Marquesa enquanto era torturada.
Kaizen olhou de maneira irritada ao marquês Croychen.
Se ele castigasse duramente a esposa, também deveria castigar o seu marido, o Marquês Croychen. Não se lamentaria se a matasse, mas ele não podia permitir que seu esposo, que havia sido fiel a ele todo este tempo, fosse despedido pelos pecados da esposa.
─ A Marquesa tem problemas de conduta. Deve ser educada ficando confinada em sua mansão.
O Marquês Croychen abaixou a cabeça com emoção.