Como esconder o filho do imperador - Capítulo 58
— O Marquês de repente jogou uma espada em mim!
— Como?
Segundo Vellian, os assassinos apareceram de repente. Então, o marquês puxou uma adaga que tinha e com ela golpeou o assassino, então pegou a espada do assassino e a jogou para Vellian.
O hematoma na sua testa foi causado por ter sido golpeado pelo cabo da espada.
O Marquês observou Vellian com um olhar incrédulo, não podendo acreditar no que estava escutando. Era algo inédito.
— Pensei que lutaria ao meu lado se te entregasse a espada. Não que iria ser golpeado por ela.
— Se de repente, alguém lhe joga uma arma sem aviso prévio, obviamente essa pessoa seria golpeada.
O Marquês acabou ferido ao lidar com os dois homens restantes sozinho.
Seu avô estava irritado com Vellian, porque não podia acreditar no que o jovem Conde dizia.
— Como alguém que é um Conde não é capaz de usar uma espada?
— Sou um funcionário público.
Vellian grunhiu, evitando o olhar do Marquês.
Os homens nobres do Império deviam aprender a usar a espada, pelo menos no nível básico. Deviam ser capazes ao menos de saber como proteger seu corpo, isso era fundamental.
Mas parece que Vellian nunca aprendeu isso.
— Tia Astella…
Theor, que estava enterrando seu rosto nos braços de Astella, levantou lentamente a cabeça.
— Sim Theor, está tudo bem agora. Voltaremos para a casa do anexo onde Blynn está nos esperando.
— Hum…
Astella pôs seus dedos ao redor dos olhos de Theor e secou suas lágrimas.
O Marquês, então, tranquilizou Astella:
— Felizmente, Theor não viu nada. Esse jovem Conde o estava abraçando.
O Marquês disse que Vellian tinha ficado escondido atrás dele abraçando Theor para que o mesmo não pudesse ver nada.
— Obrigada por proteger a Theor, Conde.
Ela tinha odiado Vellian por um tempo devido a situação com o farmacêutico e a vistoria nas suas coisas. Mas agora estava agradecida por ele ter protegido Theor.
Vellian falou desastradamente quando recebeu o agradecimento de Astella:
— Não, não estaríamos a salvo se não fosse o Marquês.
Kaizen, que estava instruindo os soldados para resolver a situação, chegou até eles.
O largo corte era visível através da roupa rasgada.
— Estão todos bem?
— Sim.
Seu olhar pousou em Theor, que estava sendo segurado por Astella.
— Você está bem?
Theor, que estava escondendo seu rosto nos braços de Astella, levantou sua cabeça cuidadosamente quando escutou a voz de Kaizen.
Seus olhos azuis claros estavam úmidos.
— Sim, Vossa Majestade.
Kaize se aproximou para limpar as lágrimas ao redor dos olhos de Theor.
— Tudo está bem agora. Não tenha medo.
Theor escutou as suas palavras e assentiu fortemente. Enquanto observava os dois, Astella se deu conta de que Theor confiava profundamente em Kaizen.
Em algum momento, devido às coisas que aconteceram, parece que os dois se apegaram um ao outro.
Kaizen olhou para Astella e logo se virou.
— Regresaremos ao castelo.
— Sinto muito, Senhorita Astella.
Vellian lhe pediu perdão com um olhar sério, como nunca antes.
— Isso foi uma tentativa de assassinato contra o Imperador, então ninguém poderá sair do castelo.
Astella acabou sendo escoltada até a casa do anexo pelos guardas.
Não podia tirar a roupa e nem banhar a Theor, portanto brincou com ele um pouco e lhe deu alguns calmantes para que dormisse.
Theor, que no início estava assustado, gradualmente recuperou a compostura e dormiu. Assim que ela confirmou que Theor dormia, Vellian chegou e pediu sua compreensão.
Significava que eles ainda não poderiam ir embora devido a tentativa de assassinato.
— Sinto muito, mas o Marquês, Theor e a senhorita…Terão que vir conosco até a capital.
Astella assentiu com o rosto confuso.
— Está bem, não se pode evitar, devido a situação.
— Obrigado por entender.
Astella fingiu manter a calma até que Vellian se foi, mas, assim que estava sozinha, se deixou cair na cadeira.
A fadiga que tinha suportado chegou até ela. Sua cabeça dava voltas.
O Marquês abriu a porta e entrou na sala de recepção de Astella. Ela se pôs de pé quando viu seu avô.
— Vovô.
— Você está bem? Seu rosto está pálido.
O avô acariciou as mãos de Astella com as suas, para tranquilizar a neta.
O calor familiar a tranquilizou um pouco. Astella revisou as portas e janelas.Todos estavam firmemente fechadas.
— Sobre os assassinos…
Ela contou ao seu avô o que tinha visto.
— Seu rosto me pareceu familiar. Era uma pessoa que eu conhecia.
— Um subordinado do seu pai?
Astella assentiu.
— Não posso acreditar…
Os olhos do Marquês tremeram de surpresa. O que aconteceu no bosque foi obviamente um trabalho do Duque de Reston.
‘Se isso não fosse obra do pai dela, não teria porque estar familiarizada com o rosto de um dos assassinos que viu.’
O Marquês, que estava irritado, disse em voz baixa:
— Os assassinos enviados pelo seu pai também iam nos matar?
— Não importa para meu pai se morremos ou não.
‘Porque ele pensa só em si mesmo.’
Provavelmente não lhe interessava saber que Astella estaria aqui. Poderia inclusive ter pedido que matassem ela também, já que a considerava um incômodo.
Astella reprimiu a crescente ira para com o seu pai e olhou os fatos.
‘Meu pai tentou matar Kaizen. Descobrirão o que ele fez? O que me acontecerá quando se revele o que realmente aconteceu?’
Astella era a filha da família Reston, mesmo que tivesse sido deserdada, se sua família fosse marcada como traidora, é possível que também fosse executada.
Ela não tinha medo de morrer. Mas se ela morresse,Theor…
— Querida.
O Marquês estreitou a mão de Astella com firmeza.
Astella, preocupada, levantou a cabeça e olhou para o seu avô, pálida.
— Fico feliz de que Theor seja da família Calenberg.
Astella pensou que esse dia poderia chegar. Um dia, seu pai faria algo realmente mau e seria executado por traição, e a própria Astella teria que morrer pelos pecados de sua família.
Astella, então, sentiu um grande alívio quando converteu Theor no sucessor da sua família materna.
Como a mãe de Astella já estava morta, a família Calenberg não se irritaria se a família Reston fosse destruída.
No pior dos casos, os Calenberg poderiam perder algumas mansões ou títulos, mas ao menos não seriam castigados com o exílio nem a morte.
— Vovô, se acontecer algo comigo, por favor dê a Theor…
Ela lamentava ter que pedir esse favor ao seu avô já de idade, mas agora não tinha ninguém mais a quem pudesse pedir esse favor.
— Temia que algum dia Gretel e eu não pudéssemos mais fabricar os medicamentos para mudar a cor dos olhos dele, então enterrei a receita debaixo da árvore da mansão.
Se algo acontecesse a Astella, alguém mais deveria fazer o medicamento. Pensando nisso, ela escreveu a receita e a enterrou.
— Lamento continuar te pedindo ajuda, vovô… Mas tenho que fazer isso.
Desde o início até o final, ela só estava sendo uma carga pesada para o seu avô. Os olhos de Astella estavam repletos de culpa.
O Marquês abraçou a sua pobre neta, que estava sentada com um olhar miserável.
— Não se preocupe demais. Tudo ficará bem.
Tinha um pouco de ansiedade na voz do Marquês ao dizer isso, mas Astella foi segurada pelos braços do avô por um longo tempo.
O seu calor era caloroso e reconfortante.
— Não deve ter sido a primeira vez.
Podia escutar a voz baixa do seu avô. Então, Astella levantou a sua cabeça. O avô baixou a voz e continuou falando:
— Esta não deve ser a primeira vez que tentam assassinar o Imperador. Tenho certeza de que já tentaram antes.
— …
Astella também esteve de acordo com as palavras do seu avô. Seu pai devia ter estado procurando uma oportunidade de matar Kaizen ao longo dos últimos anos. Deveriam ter tido já varias tentativas de assassinato.
— Mas como seu pai continua ileso, significa que não foi pego ainda. Não é mesmo?
— É verdade.
O pai de Astella, o Duque de Reston, era uma pessoa cautelosa e estrategista.
— Seu pai é um homem meticuloso, então deve ter tomado precauções para que não houvesse evidências de seu envolvimento, caso falhasse.
— Isso é verdade.
— Sim, o homem que você viu deve ter sido preparado de antemão para não ser correlacionado com o Duque.
Astella estava de acordo com seu avô. O corpo deveria ter sido preparado para que seu pai escapasse ileso caso falhasse. Todos os corpos dos assassinos certamente foram preparados para isso.
‘Por favor, seria bom que não se dessem conta disso.’
Astella, que estava pensando nisso, riu de si mesma. Por sua própria segurança, ela esperava que o culpado não fosse revelado.
‘Kaizen foi apunhalado por uma espada tentando me salvar. Não posso acreditar que eu esteja pensando assim.’
A imagem de Kaizen, ferido e sangrando, veio a sua mente, então, os sentimentos de culpa e medo complicaram a sua mente.
Mas se fosse revelado o que seu pai o fez, Astella não estaria a salvo.
Mesmo que ela acusasse seu pai ao imperador e pedisse para ser salva, o resultado poderia ser o mesmo.
No passado, Kaizen matou o filho de um nobre que acusou de maneira similar o seu pai, por dizer que não poderia confiar no sangue de um traidor.
Toc Toc
De repente bateram na porta do lado de fora.
A voz urgente de Hannah soou:
— Senhorita Astella!
— O que está acontecendo?
Assim que Astella estava a ponto de se pôr de pé, as palavras de Hannah endureceram a ambos.
— Sua Majestade está aqui.
Astella se limpou rapidamente e lavou o rosto. Seus olhos ainda tinham um tom avermelhados das lágrimas.
‘Me alegro que meus olhos não estejam tão inchados.’
Se não olhassem de perto, não acreditava que fosse tão óbvio que ela estava chorando.
Astella se dirigiu ao lugar onde o Imperador estava esperando, o salão.
— Vossa Majestade.
Quando Astella entrou, Kaizen, que estava de pé junto da janela, se virou.
Felizmente, Kaizen parecia bem.
Foi apunhalado profundamente no ombro e perdeu muito sangue, mas parecia bem, como sempre.
— Astella.
Depois de caminhar lentamente, Kaizen parou assim que viu o rosto de Astella.
— Você chorou.