Como esconder o filho do imperador - Capítulo 57
Astella também notou a situação e assentiu.
─ Mate-o!
Quando os assassinos começaram a atacar, Kaizen se decidiu e evitou as espadas dirigidas para ele. Deslizou com agilidade.
Sua espada foi diretamente no corpo do assassino.
─ Ahhhhh!
Tinham visto vários oponentes, mas Kaizen era muito mais habilidoso do que eles, e seu manejo da espada era mais rápido. E então, Kaizen facilmente os derrubou, um por um.
O último assassino em pé quis fugir, mas a espada de Kaizen rapidamente lhe cortou o peito.
O oponente caiu enquanto gritava.
Nesse momento, outro assassino apareceu no bosque atrás de Astella. O assassino mascarado desembainhou a espada e correu na direção de Astella.
Kaizen estava muito angustiado nesse momento e a chamou:
─ Astella!
Astella, surpreendida, se inclinou para evitar a espada. E então a espada de Kaizen bloqueou o ataque. A ponta da espada dirigida a ela ficou bloqueada, e ambas as espadas ressonam com a força do choque entre elas.
Nesse momento, a espada do assassino atravessou o ombro de Kaizen.
─ Agh…
Nesse instante, a espada negra perfurou o seu ombro esquerdo. Sangue começou a sair da ferida.
Mas Kaizen não tinha sido morto.
E no momento em que a espada do adversário cruzou seu ombro, Kaizen atravessou o pescoço do seu oponente.
Depois de uma breve luta, os corpos dos sete homens jaziam no chão.
Ao ver a ferida sangrenta, Astella se aproximou de Kaizen.
─ Vossa Majestade! Está bem?
─ Tudo bem.
Assim que caminhou até Kaizen, Astella pisou no corpo de um assassino. Sem se dar conta, Astella pousou seus olhos no corpo inerte.
Seu rosto estava coberto de sangue.
‘Esse homem…’
Ela pensou que ele era familiar. Então, percebeu que já o tinha visto antes. Astella conhecia esse homem.
Era um dos servos que tinha visto desde a sua infância.
Astella tinha visto o homem várias vezes, o suficiente para identificá-lo com apenas um olhar, mesmo que o rosto estivesse encoberto. Não sabia seu nome, mas sabia quem era ele. Era um dos homens que seu pai mantinha em segredo ao seu lado.
‘Por que ele está aqui…’
─ …
Ao ver a cara pálida de Astella, Kaizen se sentou, segurando seu ombro apunhalado.
─ Agh…
─ Vossa Majestade!
Astella voltou a si e se aproximou de Kaizen.
Kaizen se recostou em uma árvore.
─ Ah.
Astella pegou ervas de sua cesta, limpou com um lenço e amassou com as mãos.
Tinha levado consigo algumas ervas para tratar feridas, no caso de que as necessitasse.
‘Nunca imaginei que a utilizaria assim, mas me alegro muito de tê-las.’
Limpou a ferida com um lenço seco e o sangramento se deteve quando ela pressionou a ferida com a mão. Kaizen, que suportava a dor pulsante, disse:
─ Eu não teria me machucado se não tivesse lutado para te proteger.
Astella o olhou em silêncio.
‘Isso é verdade.’
Se Astella não tivesse ficado atrás dele, Kaizen não teria se machucado. Ele foi quem deteve sozinho os sete assassinos.
Sem Astella, ele teria saído de forma mais fácil dessa situação.
‘Sabia que ele era bom no manejo de espada, mas não sabia que era tão bom.’
Nos dias em que ele era o Príncipe Herdeiro, só gostava de caçar e tinha uma habilidade levemente superior à média durante a prática de espadas. Até mesmo quando treinava contra os cavaleiros, não parecia ser um homem tão poderoso. Entre os filhos aristocratas de alto ranking, ele simplesmente era um bom oponente.
‘Não devia estar mostrando suas habilidades reais.’
Isso significa que ele não confiou em ninguém durante muito tempo. Não era incompreensível. Naturalmente, tendo em conta a posição de Kaizen, ele tinha que esconder suas garras e agir com cuidado.
Porém, Astella esteve comprometida com ele durante dez anos. E mesmo tendo crescido juntos, ele não confiou nela. Foi algo decepcionante saber que nem a confiança foi algo que eles compartilharam.
‘Não se pode evitar.’
Tendo em conta o pai e a família de Astella, era compreensível que Kaizen não confiasse nela e a mantivesse afastada.
─ Sim, obrigada por sua proteção. Vossa majestade, não me esquecerei dessa bondade.
De qualquer forma, Kaizen tinha mantido Astella a salvo e foi ferido no processo. Isso era algo pelo qual tinha que agradecer. Assim, Astella agradeceu Kaizen com sinceridade. Ele murmurou mau humorado:
─ Isso é tudo?
─ Então, o que quer que eu faça?
Astella não queria brincar, principalmente nessa situação, então lhe respondeu com um tom de voz um pouco frio.
Realmente, Astella se surpreendeu quando Kaizen foi apunhalado. Estava tão surpresa que não pôde gritar, ficando congelada.
Kaizen sorriu brincalhão.
─ Quê, vamos deixar assim?
‘Não sei como essa pessoa pode ser tão odiosa, mesmo ao realizar boas ações.’
Astella pressionou o tecido mais forte na ferida. Kaizen franziu a testa diante da dor.
─ Agh…
─ Tudo bem.
Kaizen lhe lançou um olhar de reprovação, mas ela o ignorou em silêncio.
Astella aplicou ervas trituradas com sua mão na ferida de Kaizen. Quando aplicou o líquido da folha azul escura, o sangue da ferida diminuiu aos poucos. A ferida parecia melhor depois que o sangue se deteve. Podia se notar que era profunda, como se quase chegasse até o osso.
Quando Kaizen viu todo o sangue que tinha estancado, arrumou sua roupa, como se nada tivesse acontecido.
─ Está tudo bem agora.
Astella se sentiu culpada. Lhe preocupava que um homem tão forte tivesse sido gravemente ferido enquanto a defendia.
‘Não acredito que haverá algum efeito colateral, certo?’
Ela não podia saber, porque não era médica. Estava preocupada por querer saber se poderia voltar a usar o seu ombro corretamente.
Foi então que se escutou passos vindo do outro lado.
Automaticamente, ambos ficaram nervosos, já que pensavam que poderiam ser mais assassinos, mas quem apareceu dentre as árvores foram pessoas conhecidas.
Eram os cavaleiros do Imperador.
─ Vossa Majestade, está tudo bem?
─ Estou bem.
Kaizen se levantou quando viu o Sir Lyndon, que chegou preocupado.
─ Senhorita Astella, está bem?
─ Sim, estou bem. Não estou ferida.
Kaizen perguntou, olhando aos guardas que Lyndon tinha trazido:
─ Como souberam que houve um ataque?
─ Vim rápido porque pensei que algo tinha acontecido quando vi a fumaça saindo do bosque.
─ Fumaça?
─ Sim, por ali…
Lyndon sinalizou para onde havia uma coluna de fumaça que se destacava. O lugar para o qual apontava era onde estavam Theor e seu avô.
Astella correu até lá, angustiada. Ouviu o grito de Sir Lyndon atrás dela, mas não virou para olhar, apenas correu pelo caminho do bosque.
─ Theor!!
Quando correu para onde estava a tenda, a fumaça se levantava, e a tenda em si tinha caído. Pôde ver Vellian e seu avô de pé, ambos ao lado de uma pilha de lenha seca. A fumaça saia dessa pilha de lenha.
Theor estava nos braços de Vellian.
─ Theor, você está bem?
Astella abraçou Theor com lágrimas nos olhos. Theor, por sua vez, enterrou seu rosto nos braços de Astella.
─ Uh, uh… Pessoas más vieram, uh…
O pequeno corpo de Theor tremia levemente. Astella abraçou Theor e lhe deu umas palmadinhas nas costas.
─ Sim. Está tudo bem, está tudo bem, Theor.
Astella sussurrou ao menino com a voz tranquila, para que Theor pudesse se acalmar.
Os assassinos também vieram aqui. Talvez estivessem tentando se desfazer de Vellian e seu avô, já que eles poderiam ser testemunhas. Inclusive Theor e seu avô poderiam ter estado em perigo. Só de imaginar isso já era aterrador.
Astella abraçou o pequeno corpo de Theor com mais força.
Seu avô estava parado ao lado do fogo, e perguntou para Astella com ansiedade enquanto se aproximava dela:
─ Astella, está bem?
─ Vovô, está ferido?
Tinha sangue no seu pulso.
─ Não é grande coisa. Simplesmente roçou em mim.
Kaizen, que tinha seguido Astella, chegou logo depois e logo atrás dele, vieram Sir Lyndon e os outros guardas, que foram se aproximando.
Vellian se aproximou de Kaizen.
─ Vossa Majestade, está bem?
─ Sim, assassinos também vieram por aqui?
─ Sim, só tinha três.
Vellian apontou para a tenda derrubada. Daquela distância, pensou que poderia ter caído sozinha, mas quando olhou de perto, o corpo de uma pessoa estava encoberto pelo tecido branco.
‘Cobriram o corpo.’
Deve ter estado tentado evitar que Theor visse o cadáver.
─ Acendi o fogo para criar fumaça e chamar os soldados. As árvores estavam todas molhadas, então a fumaça se propagou bem.
Astella abraçou Theor e entregou algumas ervas para o seu avô. Era a mesma erva medicinal que ela tinha acabado de aplicar em Kaizen.
─ Vovô, use isso primeiro.
Ao ver o avô segurando a erva, Vellian murmurou em voz baixa:
─ Eu também estou ferido.
Astella o olhou de perto e viu uma marca vermelha na sua testa.
─ Oh, parece que sim, mas agora não tenho uma erva para contusões.
O Marquês, a quem tinha entregado a erva, o olhou como se ele fosse patético.
─ Se é que pode se dizer que foi ferido…