Como esconder o filho do imperador - Capítulo 43
A empregada estava perplexa.
— E-eu não entendi.
Astella se aproximou da empregada.
Ela manteve a postura mas tinha um olhar tenso.
Astella observou a empregada por um momento e perguntou em voz clara para que todos pudessem ouvir.
— Pode me mostrar a parte de trás da barra da sua saia?
— A parte de trás da minha saia?
As empregadas da corte vestiam saias que chegavam até o chão.
Praticamente todos os cortesãos usavam este tipo de roupa.
A empregada se virou com um olhar ansioso e ergueu a saia.
A saia estava bastante limpa.
— Você trocou de roupa.
Saias longas eram elegantes e bonitas, mas a barra rapidamente se suja.
A saia limpa significa que ela tinha trocado de roupa recentemente.
Todas as roupas das empregadas eram providas pela corte.
A não ser que as roupas estejam realmente sujas, não há necessidade de trocar pela manhã enquanto trabalha.
Astella virou em direção a Kaizen.
— Vossa majestade, Theor disse que Blynn mordeu a manga da empregada enquanto ela tentava levá-lo.
— Não, eu não troquei de roupa.
A empregada finalmente caiu em si e protestou que não tinha trocado de roupas.
Astella inclinou a cabeça.
— Então por que sua saia está tão limpa?
O rosto da empregada estava pálido.
— P-porque….
Kaizen deu as ordens.
— Vão e revistem o quarto dessa empregada. Procurem por mangas rasgadas ou roupas faltando.
— E-eu estava errada…Eu menti, vossa majestade…
A ruiva percebeu que ela não poderia fugir da situação e prostrou-se no chão implorando pelo perdão do imperador.
— E-eu fiz isso porque eu quebrei o vaso.
A outra empregada que acusou Theor de quebrar o vaso também confessou.
Kaizen ordenou aos cavaleiros:
— Prendam as duas.
Os cavaleiros levaram as empregadas que choravam e imploravam por perdão.
Astella chamou uma das suas empregadas.
— Leve Theor até o anexo e deixe ele com o marquês.
— Sim, senhorita Astella.
— Theor, está tudo bem. Você pode ir ficar com o vovô. Eu já volto.
Astella tranquilizou Theor e se separou dele.
Kaizen e Astella eram os únicos que estavam no caminho do jardim.
— Astella.
Kaizen fitou a Astella, que estava imóvel e em silêncio.
Ela tinha um rosto inexpressivo, como uma estátua de pedra, fitando o vazio.
Kaizen estava nervoso. Já havia algum tempo que seu coração oscilava por causa de Astella.
Astella se virou lentamente em sua direção.
— Soube que salvou Theor. Obrigada, Vossa majestade.
Ela respondeu de forma educada e cortês, mas sem demonstrar emoção alguma.
Astella suprimiu a raiva fervente e agradeceu Kaizen.
‘Se Kaizen não tivesse aparecido…’
Theor teria sido sequestrado e só apareceria muito tempo depois.
Entretanto, ninguém acreditaria em um garotinho que diz ter sido sequestrado e solto depois, e não havia como provar sua inocência quando alguém disse tê-lo visto quebrando o vaso.
‘Felizmente, Kaizen estava por perto.’
Se fosse outra pessoa, a situação não teria sido tão fácil.
Kaizen devolveu um olhar complexo.
— Não se preocupe, eu irei interrogá-la e investigar a fundo.
— Sim, vossa majestade.
— Theor ainda deve estar assustado. Pode ir cuidar dele.
— Sim, obrigada pela preocupação.
***
A atmosfera no anexo estava pesada.
Astella explicou a situação atual para avô e entrou no quarto onde estava Theor.
Theor estava deitado na cama, abraçando Blynn.
Astella sentou na ponta da cama e acariciou as costas de Theor.
— Theor, você está bem?
— Estou. Blynn me ajudou a fugir.
Astella acariciou o pêlo de Blynn .
— Obrigada, Blynn.
Blynn lambeu a mão de Astella.
— Ah! Sua Majestade me salvou também.
— É mesmo?
— Sim! Eu gosto dele!
O sorriso inocente dele partiu o coração de Astella. Astella beijou a testa de Theor.
— Vamos tomar banho e jantar. Se tem alguma coisa que você queira comer, me diga. Hoje você pode comer qualquer coisa. Eu vou pedir ao chefe para fazer para você.
— Mesmo?
— Uhum – Astella assentiu.
Toque toque
A porta se abriu e um assistente do imperador entrou no quarto.
— Senhorita Astella, Sua majestade, o imperador, enviou um presente.
—…Presente?
— Um presente?!
Theor se levantou depressa.
O assistente acenou e os servos entraram com várias caixas de presente.
— Sua Majestade ordenou que fosse entregue ao Jovem Mestre.
Dentro das caixas havia vários brinquedos.
Outra caixa veio com guloseimas. Uma jarra de vidro cheia de biscoitos e doces.
— Uau…
Theor abriu a boca maravilhado vendo os doces e brinquedos espalhados, vindo um após o outro.
“Ele está tentando consolar Theor?”
Não era algo do feitio de Kaizen, mas os presentes funcionaram.
Theor estava surpreso com os presentes inesperados.
Ele olhava os brinquedos com curiosidade.
Astella se virou para o assistente e disse:
— Obrigada. Leve meus agradecimentos a sua Majestade.
Theor olhou para o pote de vidro com doces azul-bebê.
— Posso comer isso antes do jantar?
Em casa, ele não poderia comer doces antes do jantar.
Theor olhou para Astella com olhos ansiosos.
“Bem, não faz mal só um dia.”
— Tudo bem, mas só um. O resto só depois do jantar.
Astella guardou o resto dos doces e saiu para chamar a empregada. Ao chegar no corredor, Hannah a chamou com um olhar preocupado.
— Lady Astella, o que aconteceu hoje…deve ter sido ela.
Ninguém mais sabia que Theor era o filho do imperador.
A única pessoa que ousaria fazer mal a uma criança indefesa era a marquesa, que tinha rancor de Astella.
Apesar de Astella ter aguentado tudo sozinha, dessa vez não seria possível.
— O que você vai fazer?
— …
“Vou fazê-la desaparecer daqui”
— Hanna, vou precisar da sua ajuda.
Tradução: Harumi.
Revisão: Bússola.