Como esconder o filho do imperador - Capítulo 40
Astella afastou os pensamentos sinistros e se exortou por isso.
‘Eu nunca vou levá-lo à capital.’
— Não se preocupe, avô. — Astella falou em tom confiante. — Eu nunca levarei Theor para a capital.
toc toc
Ela escutou uma batida rápida e um servo abriu a porta e entrou.
— Senhorita Astella.
— O que houve?
— Sua Majestade lhe enviou presentes.
Nesse momento, a sala ficou silenciosa como se água fria fosse derramada nela.
***
Astella se dirigiu com pressa até a sala de visitas do anexo.
Uma grande agitação podia ser ouvida do lado de fora da porta.
— Tomem cuidado!
O cenário era o mesmo de antes.
Os servos e criados enviados pelo imperador traziam caixas grandes para o anexo.
Incontáveis caixas foram movidas para dentro.
A procissão de vestidos deslumbrantes continuou sem fim.
Também havia inúmeras jóias e acessórios.
Eles pareciam mais luxuosos do que os anteriores, enviados no dia do jantar.
Astella chamou um dos servos e perguntou:
— O que é tudo isso?
O servo se curvou educadamente e respondeu.
— Esses são presentes de Sua Majestade para a senhorita Astella.
‘Eu já sei disso.’
‘Por que diabos você me mandou tantos presentes de novo?’
Ela estava prestes a perguntar ao servo, mas ele respondeu primeiro:
— Quando a senhorita atender ao baile, precisará de vestidos e acessórios. Então Sua Majestade enviou estes presentes.
— …
Não fazia nem um dia desde que ela disse que iria ao baile.
Foi uma ação realmente rápida.
‘Bem, eu preciso mesmo de um vestido para ir ao baile.’
Até o dia do baile, melhor não piorar o humor de Kaizen.
Astella curvou a cabeça.
— Diga que estou agradecida à Sua Majestade.
Não foram só presentes, Kaizen também enviou quatro empregadas.
— Senhorita, fomos ordenadas a servi-la.
— Certo, estarei aos seus cuidados.
‘De qualquer forma, eu também precisava de empregadas.’
— Primeiramente, coloque essas coisas em ordem.
Astella apontou para as caixas empilhadas.
Theor correu até onde Astella estava.
— Tia Astella!
Theor perguntou enquanto vagava entre as caixas:
— Tia Astella, o que é tudo isso?
— São presentes de Sua Majestade.
Respondeu Astella com uma voz seca.
Em seguida, ordenou a Hannah, que a seguia:
— Hannah, escolha um vestido para o baile e prepare para mim.
— Sim, senhorita Astella.
Os vestidos eram de tamanhos comuns.
Não serviam no corpo de Astella então para usá-los no baile, ela precisava ajustá-los.
Theor correu entre as caixas, olhou em volta e voltou correndo até Astella.
— Sua Majestade gosta de você, tia?
— Como?
Astella observava as empregadas organizarem as caixas e foi surpreendida.
— Como assim, Theor?
— Um cavalheiro não envia um presente apenas para a dama de quem ele gosta?
‘Onde foi que você viu isso?’
‘Não acho que foi de um livro de crianças. Foi das aulas de etiqueta do meu avô?’
Astella riu amavelmente da pergunta ingênua de Theor.
— Não, não é isso. Eu tenho que ir ao baile, mas não tenho vestidos, por isso, Sua majestade me mandou alguns.
— É mesmo?
— Sim. E você não deve falar coisas como quem gosta de quem. Deixa as pessoas desconfortáveis, entendeu?
— Sim!
Astella acariciou a bochecha de Theor e falou:
— Se você estiver entediado, pode brincar no jardim.
Theor saiu para ir ao jardim do anexo.
Os olhos dele se encontraram com os de Hannah, enquanto ela tirava um vestido da caixa.
Diferentemente de Theor, os olhos de Hannah estavam confusos.
Era o mesmo para Astella.
As duas não entendiam a bondade de Kaizen.
Por que ele continuava agindo dessa forma?
Sua generosidade para com Astella pode ser devido ao sentimento de culpa pelos últimos anos.
Astella conseguia compreender até certo ponto.
O que era incompreensível é que Kaizen estava colocando Astella em problemas para aliviar a própria culpa.
‘Da última vez, eu tive uma certa briga por causa de algo assim.’
Mesmo naquela vez, Kaizen enviou presentes e forçadamente a convidou para o jantar, onde ela precisou lidar com Marianne, que parecia ter algum rancor contra ela.
Agora, a mãe de Marianne estava aqui.
E Astella recebeu presentes de Kaizen.
Cedo ou tarde, a Marquesa iria descobrir.
‘Eu não posso mandar tudo isso de volta…’
Ela poderia retornar os presentes para evitar problemas, mas Kaizen ficaria irritado.
Kaizen poderia acabar forçando-a a aceitar sua proposta, algo pior do que só ficar irritado.
Assim como quando ele enviou Lyndon para forçá-la a comparecer no jantar.
Só era importante para ele se livrar da culpa, sem se importar com os danos que causaria a outros por causa de suas ações.
Astella suspirou silenciosamente, tirando um vestido da caixa.
Os rubis bordados no vestido brilhavam de forma deslumbrante.
‘Não há o que fazer.’
Ela poderia apenas esperar que seu trabalho aqui terminasse logo.
***
Nos dias seguintes, Astella continuou ocupada.
Ela gerenciou o anexo, cuidou do marquês e de Theor, e se preparou para o baile durante o tempo livre.
Hannah também estava ocupada escolhendo um vestido para o baile e ajustando-o para servir no corpo de Astella.
Theor agarrou-se em Astella e perguntou:
— Tia Astella, posso sair para brincar com Blynn no jardim?
— Tudo bem.
Astella ordenou que uma empregada cuidasse de Theor:
— Cuide de Theor. Não deixe ele brincar muito longe.
— Sim, senhorita.
Theor pegou a mão da empregada e saiu.
Hannah, que colocava alfinetes no vestido, observou Theor sair e sorriu.
— O jovem mestre Theor é realmente agitado, um contraste com mestre Sigmund que era bastante calmo.
Astella, que levantava a bainha da saia, parou por um momento.
Hannah, que interpretou errado a reação dela, se desculpou de imediato.
— Me desculpe, senhorita Astella…Eu disse algo-
— Não, está tudo bem.
Hannah acreditava firmemente que Theor era filho de Sigmund.
‘Um dia, terei que contar a ela a verdade.’
Astella não poderia continuar escondendo a cor dos olhos de Theor de Hannah, que logo iria morar com eles.
***
Theor brincava próximo ao anexo.
Astella fez uma pequena bola de brinquedo para ele brincar com Blynn.
Theor jogava a bola e Blynn ia buscá-la.
Depois de brincar por um tempo, Blynn ficou cansado e deitou perto do campo de flores.
Theor andou ao redor do campo de flores iluminado pela luz do sol, chutando a bola sozinho.
— Hã?
Depois de um tempo, Theor olhou ao redor.
Ele estava junto com a empregada, mas de repente ela havia sumido.
— Blynn, onde está a empregada?
Blynn, que estava deitado, levantou e inclinou a cabeça.
Depois de Blynn balançar a cauda sem resposta, Theor procurou ao seu redor novamente.
Passos foram ouvidos do outro lado.
Uma empregada de cabelos vermelhos se aproximou.
— Jovem mestre, o que faz aqui?
— O quê?
— Eu fui enviada por Lady Astella. Tem um lanche delicioso logo ali. Vamos entrar e comer?
A empregada chegou até Theor com um sorriso.
Theor ficou feliz de ouvir sobre o lanche e estava quase seguindo-a.
Grr…
Blynn levantou a cabeça e rosnou.
Theor parou na hora.
— Jovem mestre?
— Você…eu não conheço você, não vou!
Sua mãe sempre o ensinou a não seguir estranhos.
Além de Hannah, havia quatro empregadas no anexo.
Theor conhecia seus rostos.
Se sua mãe tivesse enviado alguém, seria uma das quatro.
— Jovem mestre…venha comigo, está tudo bem.
Enquanto a empregada tentava se aproximar, Blynn pulou e latiu.
Aau! Au! Aau!
A empregada viu os dentes afiados do cão e parou.
Theor deu um passo para trás.
‘Blynn também não gosta dela.’
Quando a empregada viu que Theor tentava fugir, ela se aproximou rapidamente.
— Jovem mestre, venha aqui.
— Não!
Foi nesse momento que ela correu em sua direção.
— …!
Tradução: Harumi.
Revisão: Bússola.