Como esconder o filho do imperador - Capítulo 183
O grupo dirigiu-se rapidamente para a carruagem sem sequer ter tempo de olhar em volta.
Quando Astella recobrou o juízo, estava na carruagem.
Ela foi segurada nos braços de Kaizen e carregada até a carruagem. O imperador a sentou e a cobriu com um cobertor.
─ Chegaremos em breve, então seja um pouco paciente.
A carruagem viajava pela estrada capital a toda velocidade.
─ Mãe, doi muito?
Theor, sentado em frente, perguntou com uma voz inquieta. Ao lado dele, havia três bonecos de coelho alinhados.
Theor, que estava sentado com as bonecas, olhou para Astella com uma expressão assustada.
─ Theor, mamãe está bem.
Astella rapidamente acalmou o menino.
─ Você está realmente bem?
─ Sim. O bebê deve estar cansado porque de repente andei muito.
Ela não sentiu nenhuma dor depois de entrar na carruagem.
‘Não andei muito, certo?’
Ela entrou no mercado, comprou as bonecas e andou só um pouco…
─ Ugh!
Então, sentiu dor novamente.
Astella colocou a mão na barriga e de repente sentiu medo.
‘Ainda não é hora de dar à luz.’
Por que, tão repentinamente?
Kaizen abraçou Astella silenciosamente, tremendo de ansiedade.
─ O médico estará esperando, então espere um pouco.
Astella colocou o rosto no peito dele e acalmou sua mente. Era um alívio estar em seus braços no meio de tudo isso.
─ Sim, ficarei bem.
Assim que o grupo chegou ao Palácio da Imperatriz, o lugar ficou barulhento como se houvesse uma tempestade.
Astella teve uma sensação de déjà vu. Quando foi com Theor e Kaizen pela primeira vez ao mercado noturno, os três também sofreram um acidente inesperado.
‘É melhor evitarmos sair juntos.’
Nunca houve um dia em que os três saíram e voltaram confortavelmente.
Astella deitou-se na cama pensando naquele momento.
Quando estava na carruagem, teve a sensação de que foi um acontecimento de azar, mas ao entrar no Palácio Imperial, até aquela esperança superficial desapareceu.
Enquanto estava deitada na cama, a dor continuava periodicamente. A lacuna entre a dor estava ficando cada vez mais rápida.
O médico que examinou Astella disse com um olhar preocupado.
─ Acho que deveríamos chamar uma parteira.
Quando uma imperatriz estava prestes a dar à luz, uma parteira que ajudava no parto esperava ao seu lado.
No entanto, Astella ainda não havia encontrado uma parteira. Ela achava que ainda faltava muito tempo antes do nascimento.
Ia esperar até quando estivesse grávida de oito meses para trazer uma ao palácio. Kaizen ordenou ao servo antes que as palavras do médico terminassem.
─ Chame uma parteira agora mesmo.
Astella suportou a dor de outra contração e virou a cabeça para Hannah.
─ Hannah. Cuide de Theor.
Theor foi mandado de volta para seu quarto. Embora tenha dito inúmeras vezes que estava bem, Theor voltou para seu quarto com sua empregada com uma expressão que parecia prestes a chorar.
Até que ela terminasse de dar à luz, alguém teria que estar atento e cuidar bem dele.
Hannah tranquilizou Astella com o rosto pálido.
─ Não se preocupe com o Príncipe, Vossa Majestade.
Astella assentiu e depois abaixou a cabeça fracamente sob o travesseiro.
Quando pensou que teria que dar à luz de repente, sua energia acabou e sua cabeça ficou tonta.
─ Antes da parteira chegar, preparem panos, desinfetante e água morna…
As empregadas estavam ocupadas indo e vindo, e o médico ia a algum lugar preparar alguma coisa.
Os arredores ficaram em silêncio por um tempo. Kaizen nunca saiu do lado de Astella, a observando Astella e dando ordens ao seu redor.
Olhando para cima, ela viu seu rosto frio e endurecido e olhos vermelhos escuros. Astella confortou Kaizen, que estava parado com olhos ansiosos.
─ Tudo ficará bem.
Kaizen caminhou silenciosamente e pegou a mão de Astella. Um tremor ansioso foi sentido na mão que estava unida.
O que o preocupava era óbvio. Na verdade, a própria Astella agora estava com medo.
O nascimento começou muito antes do esperado. Ambos sabiam o quão perigoso isso era.
Kaizen apertou a mão dela para não transmitir sua ansiedade a Astella.
O tremor do coração, que havia sido transmitido fracamente, foi coberto por um forte calor.
Kaizen tirou um pequeno nó que colocou em seus braços. Foi o talismã que ele comprou no mercado. Era um amuleto para mulheres grávidas.
─ Vou dar para você.
Astella riu do pequeno talismã em sua mão. Quando o olhou de perto, o formato do nó parecia uma estrela.
─ Você ia me dar mesmo?
─ Sim. Eu não queria dar isso a você dessa maneira.
Então, como planejava lhe dar isso? Astella piscou enquanto olhava para Kaizen.
‘Talvez ele estivesse tentando me surpreender.’
Embora ela estivesse muito curiosa para saber, não podia perguntar agora.
─ Tudo ficará bem.
Astella se perguntou se deveria contar a ele mais uma coisa. No caso improvável de uma emergência, era ele quem decidiria se escolheria salvar mãe ou filho.
Porém, Astella não disse nada a ele.
Se fosse confrontado com tal escolha, para Kaizen, qualquer escolha que ele fizesse seria dolorosa.
E Astella sabia quem Kaizen escolheria. Mesmo que ela lhe dissesse o contrário, nada a faria mudar de ideia.
─ Estou bem, então por favor cuide bem de Theor. Ok?
Astella disse isso no tom mais confortável possível. Mas ambos sabiam o que isso significava.
O aperto era mais forte com as duas mãos.
Nesse momento, Astella também apertou sua mão com firmeza.
─ Não se preocupe com nada.
Ao ouvir sua voz reconfortante, Astella fechou os olhos por um momento.
* * *
O nascimento de um filho é um acontecimento de alegria e felicidade.
Pelo menos na imaginação Kaizen.
Ele pensou que se lembraria diversas vezes do momento em que ele e Astella tivessem seu segundo filho. O momento em que Astella sorria enquanto segurava o bebê após um parto difícil.
Mas a realidade era muito pior do que ele imaginava.
─ Ahhhh!
Os gritos de Astella vieram pela porta fechada. Seu coração se partiu em pedaços com o grito reprimido.
No quarto escolhida como sala de parto, parteiras e empregadas ajudavam.
Kaizen não podia fazer nada além de esperar e ouvir gritos intermináveis.
Ele sabia que dar à luz era um desafio inimaginável. Mas nunca imaginou uma espera tão terrível.
─ Por que está demorando tanto?
Depois de ouvir a explicação da parteira, o médico tentou tranquilizá-lo.
─ Está indo bem, então não precisa se preocupar.
Kaizen ouviu o médico e andou nervosamente pela sala.
Ele já deu ordens claras. Não importa o que aconteça, ele ordenou que Astella fosse salva.
No entanto, mesmo tendo dito isso, não conseguiu se acalmar.
─ Vossa Majestade, tudo ficará bem.
O Marquês Carlenberg, sentado à sua frente, confortou Kaizen. Ele tinha ficado com Theor e então entrou na sala de espera.
─ É a segunda vez, então terminará mais fácil que a primeira. Não se preocupe muito.
Mas o marquês, que disse isso, olhava nervosamente ao redor da porta, mordendo os lábios cada vez que ouvia um grito doloroso na sala.
Kaizen ficou angustiado ao ver o velho marquês. Sempre que o via, ficava pensando no fato de que a Duquesa, mãe de Astella, havia morrido em decorrência do parto.
Mas por um lado, ficou grato pela sua presença.
─ Obrigado.
Ele olhou para ele como se o marquês não tivesse nada a dizer sobre esta situação. Certamente não era algo para dizer agora, mas Kaizen mais uma vez queria agradecê-lo.
─ Obrigado por estar aqui comigo. Graças a você, Astella também se sentirá muito reconfortada.
Astella, que amava profundamente o avô materno, só teria um bom descanso com a presença do Marquês. Só por isso, Kaizen ficou grato a ele.
─ Definitivamente não é algo que possa ser falado nesta situação.
Kaizen evitou os olhos do marquês.
O marquês parecia vê-lo como um homem com uma mente estranha. Mas aceitou inesperadamente suas palavras com uma voz calma e serena.
─ Com todo o respeito…
Kaizen ficou um pouco surpreso quando inadvertidamente se virou para o marquês.
Isso porque os olhos azuis do marquês tinham um calor amigável.
Esta foi a primeira vez que ele se dirigiu a Kaizen com um olhar tão caloroso.
O marquês disse lentamente, suspirando.
─ A Imperatriz se sentirá completamente confortada com sua presença.
─…
De repente, ele se lembrou de Astella segurando sua mão e sorrindo antes de ele ser retirado da sala de parto.
Astella, que segurava o pequeno talismã na mão, olhou para ele com carinho.
Naquele momento, ele podia sentir claramente que Astella o amava e confiava nele.
Foi isso que o marquês quis dizer.
‘A Imperatriz ama Vossa Majestade de todo o coração…’ era o que significava.
Kaizen ficou profundamente comovido com o conforto do marquês.
─ Obrigado, sério.
Porém, o momento de excitação não durou muito. Naquele momento, um grito agudo irrompeu na sala.
─ Ahhhhh!
Foi um choro muito mais urgente e doloroso do que antes.
Kaizen se levantou ao ouvir seus gritos como se fosse ficar sem fôlego imediatamente.
─ Vossa Majestade!
Ele correu direto para abrir a porta. A porta bem fechada se abriu.
Assim que ele entrou, o cheiro de sangue se misturou e o ar quente e úmido explodiu.
As empregadas, ocupadas, curvaram-se, surpresas.
Os olhos de Kaizen só viram Astella na cama. Ela estava com o rosto pálido e cansado, deitada sobre um lençol branco, manchado de vermelho e molhado, com os olhos fechados.
Ele correu para a cama.
─ Astella!
Mesmo gritando, Astella fechou os olhos e não se moveu.
A área ao redor da inconsciente Astella estava cheia de sangue manchado.
─ O que aconteceu? Como…..
Ele estava prestes a olhar para as parteiras e gritar com elas.
─ Buaaaaa!!
Houve um choro fraco, mas claro, de um bebê.
Kaizen desviou o olhar inexpressivamente.
Nos braços da parteira estava um bebezinho coberto por cobertores brancos.
Hannah, de pé ao lado da cama, aproximou-se dele. Um sorriso feliz floresceu em seu rosto encharcado de suor frio.
─ Vossa Majestade, o bebê nasceu.
Só então Kaizen percebeu que o bebê havia nascido antes de entrar correndo na sala. Ele se distraiu com o grito de Astella e abriu a porta.
Depois daquele grito, o bebê finalmente conseguiu nascer.
─ Astella…
A velha parteira curvou-se rapidamente e disse.
─ Vossa Majestade está bem. Ela perdeu a consciência por um tempo, então não se preocupe muito.
Ao ouvir essas palavras, Kaizen recobrou o juízo e olhou para Astella.
Embora seu rosto estivesse pálido como a neve, ele podia ouvir sua respiração fracamente.
Por outro lado, ela parecia confortável. Na verdade, Astella fechou os olhos por um breve momento.
Kaizen levantou-se depois de enxugar a testa de Astella, que estava úmida de suor frio.
Pela porta aberta, o Marquês Calenberg lançou-lhe um olhar surpreso com o que ele fez, mas Kaizen não se importou nem um pouco.
Ao contrário de Kaizen, o Marquês, cuja razão permaneceu, não conseguiu entrar no local de nascimento e olhou do lado de fora da porta.
Kaizen se aproximou da parteira que segurava o bebê. Ele viu cabelos platinados enrolados em um cobertor branco.
O bebê não era grande, talvez porque ainda faltasse um mês para nascer.
Mas os gemidos fracos e a respiração curta podiam ser ouvidos claramente.
─ O bebê…
A parteira sorriu feliz e abaixou ligeiramente a cabeça.
─ Parabéns, Vossa Majestade. Ela é uma princesa saudável.