Como esconder o filho do imperador - Capítulo 182
Depois disso, a vida cotidiana tranquila continuou.
No outono, Astella compareceu ao casamento de Fritz e Gretel.
A cerimônia aconteceu em um lindo e simples jardim com folhas coloridas. Apenas alguns amigos estiveram presentes, incluindo o casal imperial.
Fritz queria um grande casamento, mas Gretel disse que queria algo tranquilo e simples.
O nome de Gretel teve grande impacto no mundo social da capital nas últimas semanas. Na verdade, foi chocante. Porque ela uma apotecário plebeia e se casou com o duque, único irmão da imperatriz.
Gretel inclusive já estava grávida. O casamento dos dois foi tão chocante quanto quando Astella voltou à capital.
O próprio imperador concedeu a Gretel um título de nobreza e um território, mas uma confusão barulhenta era inevitável.
— Parabéns, Gretel.
Apesar de todos os rumores ouvidos lá fora, ela, de vestido branco, parecia muito feliz.
— Estou tão feliz por sermos uma família. Desejo sua felicidade.
Astella estava falando sério.
Ela pensava que Fritz se casaria com uma senhorita de prestígio, mas ela gostava mais de Gretel como Duquesa.
Ela era a melhor amiga de Astella e uma pessoa em quem ela confiava.
— Obrigada, Vossa Majestade.
Gretel agarrou a mão de Astella e chorou.
A imperatriz queria ajudar sua nova cunhada a se dar bem com as nobres damas do mundo social, então ela queria convidar Gretel para ir ao palácio.
Mas no momento, se adaptar à sua nova vida na mansão ducal já parecia opressor, então não disse isso.
Foi porque não queria colocar um fardo sobre ela.
Então ela pensou.
‘Será que, após ter bebê, ela se acostumará com isso?’
Quando o sucessor do ducado nascesse, ela se tornaria uma duquesa mais confiante? A essa altura, os boatos também iriam se acalmar, então ela poderia gradualmente conhecer pessoas.
O casamento aconteceu em silêncio em um pavilhão do jardim.
Por ter sido um casamento tranquilo, o número de convidados era muito pequeno.
Astella, Kaizen, Theor, o Marquês de Calenberg, Hannah e Serbel, Lyndon e três ou quatro outros jovens amigos de Fritz e dois ou três membros da equipe da escola de ervas de Gretel.
E Sir Lyndon só estava lá porque Kaizen estava presente no casamento.
—É um casamento muito simples.
—É assim que é.
O Marquês de Carlenberg, sentado ao lado de Astella, disse calmamente enquanto olhava para o pavilhão.
— Eu queria que seu pai estivesse vivo. Astella perguntou o que ele queria dizer e virou a cabeça na direção dele.
O Marquês disse.
— Eu me pergunto como seu pai teria ficado depois de presenciar esse casamento. Seria uma ótima visão. Lamento não poder ver isso.
—…
Astella balançou a cabeça levemente diante dos palavrões do avô materno.
—Se ele estivesse vivo, teria morrido.
Seu pai, o duque, teria desmaiado de raiva ao ver seu único filho se casar com uma plebeia. Theor correu em direção aos dois.
—Mãe, vou me arrumar agora!
Theor acariciou uma pequena cesta branca com as duas mãos. Ele ficou encarregado de jogar as flores.
Na verdade, Astella achou que deveriam convidar uma garota, mas Theor insistiu que queria o papel de jogar as flores no corredor.
Felizmente, Gretel gostou bastante da ideia.
—Bem. Não fique muito nervoso e faça isso naturalmente.
—Sim! Eu posso fazer isso bem. Eu também pratiquei esta manhã.
Para não cometer erros, Theor praticou diversas vezes com uma cesta de flores no Palácio da Imperatriz.
Era uma prática em que Theor caminhava na frente espalhando pétalas, e a “noiva” o seguia com um buquê.
O papel da noiva foi desempenhado por Hannah e pelas criadas.
Astella se perguntou se seria muito complicado, mas deixou passar porque parecia divertido.
— Seu corpo está bem?
Depois que Theor saiu, o Marquês perguntou novamente a Astella.
—Tudo bem. Já não tenho enjoos matinais e me sinto confortável.
Depois que os sintomas difíceis do início da gravidez desapareceram, Astella se sentiu confortável e sem dificuldades.
Seu apetite melhorou dia após dia e seu estômago funcionava bem. Agora, até a barriga dela estava inchada, era perceptível mesmo que ela a cobrisse com roupas.
— Estou feliz que esteja confortável.
O marquês ainda estava preocupado.
—Parece ser muito diferente de quando você teve Theor. Talvez desta vez ela seja uma menina?
—Não sei.
Astella sorriu levemente e acariciou a barriga.
—Acho que seria bom se fosse uma princesa. Mas Theor ficará desapontado. Ele acredita firmemente que terá um irmão mais novo.
Então, um servo anunciou o início do casamento. Astella parou de falar e virou a cabeça.
Theor entrou primeiro com uma cesta de flores. Depois disso, Fritz e Gretel caminharam juntos.
— Estão lindos.
Gretel, ao lado de Fritz, usando um vestido branco, era linda como um espírito de flor.
—Bem. Eles ficam bem juntos.
Astella parabenizou o casal com sentimentos felizes.
No entanto, havia algumas pessoas que não conseguiam compartilhar toda essa alegria.
Era Kaizen.
Ele não se sentiu confortável com o casamento. Isso porque ele ouviu todas as notícias de que Fritz reformou a mansão ducal para Gretel e construiu uma nova estufa de vidro para ela cultivar ervas.
Kaizen não tinha interesse nas coisas do duque, mas ouvir essa notícia o deixou irritado.
‘Por que Fritz é tão desesperado para agradar sua mulher?’
O próprio Kaizen estava construindo um palácio para Astella e seu novo bebê, mas naquele momento, isso foi apagado de sua mente.
Olhando para as duas pessoas que construíram um relacionamento e se tornaram um casal feliz, ele se lembrou de seu passado insatisfatório e teve um sentimento sutil.
Assim que o casamento acabou, ele chamou seu secretário.
—Assim que retornar ao Palácio do imperador, chame o ministro de finanças.
O jovem secretário parecia preocupado, mas rapidamente abaixou a cabeça, tentando não ofender o imperador.
– Sim, Vossa Majestade.
* * *
O outono daquele ano passou rápido e confortavelmente.
Assim que o casamento terminou, Gretel e Fritz embarcaram em uma viagem de lua de mel para as terras do leste.
Superficialmente, a razão era para mostrar-lhe o território, mas Fritz pensou em sair com Gretel até que o povo se calasse, evitando a forte atenção da capital.
Depois que os dois partiram, Astella, segundo o costume, deixou suas atividades de Imperatriz e passou algum tempo tranquila no palácio.
Ela continuou a viver uma vida tranquila, comendo alimentos saudáveis todos os dias, visitando um médico e descansando confortavelmente.
Via de regra, as mulheres grávidas da família imperial permaneciam dentro do Palácio nos últimos meses de gravidez, por isso ela não saía.
Enquanto vivia no tédio de cada dia, a primeira neve caiu e cobriu tudo de branco. Embora confortável, Astella ficou frustrada com sua rotina diária.
A essa altura, Kaizen sugeriu uma saída.
—O mercado de Ano Novo está a todo vapor lá fora, vamos para a cidade?
Na movimentada capital, um grande mercado abria durante os feriados de Ano Novo.
Ao contrário do mercado noturno de verão, o mercado de inverno era um mercado de grande escala que só abria durante os dias ensolarados.
—Posso sair?
— O tempo está quente hoje. Se você se vestir bem, não sentirá frio.
Como ele disse, este inverno estava menos frio que o habitual. A neve, que caía há dias, parou e havia um cenário branco lá fora.
— Eu também quero ir ao mercado!
Theor, que estava ouvindo a conversa entre os dois, também pediu para sair. Como Astella ficava apenas no palácio da imperatriz, Theor estudou sozinho na residência por muito tempo.
—Então, vamos sair juntos?
Ela assentiu, tocando a barriga protuberante, prestes a completar seu ciclo.
—Isso seria bom, mas temos que voltar logo.
Seria bom ter mais lembranças dos três juntos antes do bebê nascer. Então, eles deixaram o Palácio Imperial em uma carruagem.
— Você deve se vestir bem para evitar pegar um resfriado.
Antes de entrar na carruagem, Astella vestiu Theor com um casaco de pele quente. Ele parecia um ursinho gordinho graças ao seu casaco volumoso.
Kaizen pareceu divertido vendo Theor sendo vestido por Astella.
—O mesmo é verdade para você. Você deve se vestir bem.
Ele trouxe um casaco forrado de pele e o vestiu em Astella. Era feito de veludo índigo e o interior era de couro branco.
‘Sinto um pouco de calor porque está muito quente.’
Mas ela pensou que depois de sair, usá-lo seria melhor. Não estava muito frio, mas depois da nevasca, o frio podia ser sentido no ar.
Pela janela da carruagem, ela viu os telhados e a estrada cobertos de neve.
—Já faz muito tempo que não saímos juntos assim.
Parecia que eles haviam saído juntos depois de muito tempo.
O mercado era perto da praça. Havia muita neve nas ruas, mas perto do mercado, ela já havia derretido completamente e mal podia ser vista, embora alguns restos de neve estivessem em todos os cantos como uma sombra branca.
Talvez por ser um mercado que se realizava durante o dia, havia muitas pessoas que iam ao mercado com as suas famílias.
Crianças pequenas andavam rindo com brinquedos e petiscos nas mãos.
Astella entrou no mercado e entregou a Theor uma pequena bolsa.
— Aqui, um pouco de dinheiro. Compre o que quiser.
—Mesmo?
— Sim, é uma boa experiência gastar dinheiro.
Theor nunca tinha comprado nada por si mesmo. Mesmo que ele fosse um príncipe, seria bom experimentar comprar coisas pelo menos uma vez.
— Eu sei contar moedas. Aprendi isso na aula.
Theor pegou a sacola com uma expressão confiante e correu até uma barraca que vendia bonecas.
—Vou comprar um bicho de pelúcia!
Astella ia perguntar se os que ele tinha não eram mais que suficientes, mas, como tinha dito a ele comprar o que quisesse, decidiu deixá-lo em paz.
Kaizen, que estava ao seu lado, virou-se para Astella e murmurou.
— Seria melhor deixá-lo ficar sem dinheiro antes que lhe ofereçam um animal.
Havia pequenas tartarugas e peixinhos dourados sendo vendidos como animais de estimação.
Obviamente seria melhor deixá-lo comprar um monte de bonecas em vez de uma tartaruga.
Theor já tinha um cão e um pônei, então parecia que ele poderia aumentar lentamente o número de animais.
Felizmente, Theor estava distraído com os bichos de pelúcia fofinhos. Depois de um tempo, Theor escolheu um grande boneco coelho feito de lã bege.
– Quero este.
— São 3 moedas de bronze.
Theor tirou cuidadosamente a quantia do bolso e entregou-a ao vendedor.
Como Astella disse, não seria ruim se ele aprendesse sobre compras. Mas ele escolheu as moedas marrons corretamente.
Theor olhou para o dinheiro e pegou outro boneco de coelho branco.
—Este também.
—Você vai comprar dois?
—Sim…
Theor, vestido com pele grossa, segurava um grande boneco de coelho em cada um dos braços.
— Isto é para o meu irmão mais novo.
—Quê?
Theor disse, abraçando um bicho de pelúcia amarelo e um branco de cada lado.
— Vou esperar e dar de presente para ele quando meu irmão mais novo nascer.
Ver Theor, que tinha apenas 6 anos, cuidando do irmão mais novo, foi adorável. Astella sentiu um carinho caloroso e sorriu.
—Bem. O bebê vai gostar.
No entanto, Theor pegou o dinheiro novamente. Então ele escolheu outro novo bichinho de pelúcia.
— Ah, esse também.
Era um coelho azul claro.
—Eu deveria dar isso ao meu primo.
O primo de quem Theor falava era filho de Gretel e Fritz.
Em um instante, Theor estava abraçando três grandes bonecos de coelho e gemendo com o peso. Astella riu, mas ela não o impediu.
— Sim, compre o que quiser.
Finalmente, Kaizen e Astella seguraram cada um um bicho de pelúcia. Os três caminharam pelas ruas do mercado carregando um coelho de pelúcia cada.
Quando Theor viu um peixe, se distraiu novamente e foi até lá. Ao se aproximar do local, uma senhora idosa, que vendia artesanato rudimentar, viu a barriga de Astella e chamou-a.
—Senhora. Este é um talismã para mulheres grávidas.
Astella disse que estava tudo bem e continuou andando, mas Kaizen parou. Continuando em frente, ela sentiu que ele não a estava seguindo e se virou.
Ela viu Kaizen pegando um pequeno amuleto e dando dinheiro para a velha.
Astella olhou para o amuleto que ele comprou. Era um objeto rústico feito de linha azul e decorado com linha colorida.
Ela ouviu falar que existia uma área nas montanhas do sudoeste do país que fazia esse tipo de artesanato, e se perguntou se tinham trazido de lá.
—Você está me dando de presente?
—Não…
Kaizen sorriu significativamente e guardou o amuleto.
—Isso será útil para outra coisa.
Astella lançou-lhe um olhar curioso. Onde ele planejava usar aquele amuleto para mulheres grávidas?
Mas logo encontrou a resposta. Foi uma resposta simples.
—Você vai dar para Gretel?
—Quê?
Kaizen olhou para Astella com um olhar perplexo.
—Por que o daria para Gretel? O duque cuidará disso.
Quando ele perguntou, como se isso fosse ridículo, Astella permaneceu em silêncio.
‘Então, para quem você vai dar?’
Não importa o quanto ela pensasse sobre isso, as únicas mulheres grávidas por perto eram ela e Gretel.
Nenhum de seus tenentes ou secretários tinha uma esposa grávida.
Enquanto Astella olhava para ele com curiosidade, Kaizen olhou para ela e sorriu, divertido.
—Está curiosa para saber onde vou usá-lo?
Astella estava curiosa e queria continuar perguntando, mas virou o olhar intencionalmente e fingiu não se importar.
—Não estou nem um pouco curiosa. Vossa Majestade pode fazer o que quiser.
Astella começou a andar com um olhar indiferente.
Kaizen, que a seguia de lado, reclamou com uma expressão abatida.
—De quem mais eu me importaria em cuidar senão de você?
Então por que ele disse que não daria a ela? Astella estava muito curiosa e preocupada com isso.
—Então por que…
Naquele momento, uma dor que parecia perfurar sua barriga tomou conta dela.
—Ugh…
— Astella!
Kaizen ficou chocado e a segurou apressadamente.
—Astella, o que há de errado?
Ela levantou lentamente a cabeça. Nesse momento, sentiu uma dor aguda e tudo ficou embaçado diante de seus olhos, mas a dor repentina desapareceu.
—Tudo bem. Só estou com um pouco de dor. Acho que estou andando há muito tempo.
Ela nunca havia sentido aquela dor antes. Será que foi por andar muito?
Astella respondeu com indiferença, mas Kaizen a segurou com uma expressão fria e rígida.
—Vamos voltar ao Palácio Imperial.
— Estou bem agora.
Parecia possível ficar mais um pouco, mas Kaizen não mudou mais sua intenção.
— Não, seria melhor se você voltasse para descansar hoje. Se você estiver bem, voltaremos amanhã.
Ele gesticulou para o cavaleiro que o seguiu alguns passos atrás.
— Chame a carruagem.
Astella suspirou silenciosamente e se virou para chamar Theor.
Num instante, ela sentiu dor, como se seus intestinos estivessem se retorcendo novamente.
—Oh!
Astella agarrou a barriga e sentou-se no chão.
— Astella!
Agora, as pessoas ao seu redor também se viraram para ela com rostos surpresos. Cavaleiros à paisana correram apressadamente.
Kaizen abraçou Astella e gritou para eles.
—Tragam a carruagem! Agora mesmo!