Como esconder o filho do imperador - Capítulo 178
Gretel gaguejou de espanto com a sugestão de Fritz.
— Não, estou bem…
—Você precisa fazer uma longa caminhada para descer a montanha, se me permitir, gostaria de acompanhá-la.
Gretel sentia-se envergonhada cada vez que ele lhe demonstrava essa cortesia cavalheiresca.
Mas ela não queria dizer não abertamente e se curvar friamente. Por outro lado, realmente queria ir com ele.
‘Bem, vai ficar tudo bem.’
Devia ser um pouco frustrante para Fritz ficar confinado nas montanhas.
Certamente a estrada da montanha é perigosa. Sempre que ela viajava sozinha, fazia-o com cuidado, mas com o duque, se sentiria mais aliviada.
—Sim, tudo bem. Eu apreciaria se você viesse comigo.
Gretel aceitou prontamente, mas um momento depois, quando viu Fritz sem guardas, entrou em pânico.
— Você vai sozinho?
Fritz, parado ao lado do cavalo, virou-se para Gretel e disse como se fosse óbvio.
—Acabei de voltar de lá, então não preciso de guardas nem servos.
—Mas…
Seria estranho levar um grupo inteiro, mas ela se sentiu ainda mais estranha ao perceber que os dois iriam sozinhos.
Enquanto Gretel hesitava, Fritz mostrou um sorriso amigável e educadamente aproximou-se dela e ofereceu-lhe a mão.
—Senhorita Gretel.
Ela podia ver contra o céu avermelhado. Seus traços elegantes e um visual amigável com aqueles lindos olhos verdes claros.
O cabelo loiro platinado brilhava sutilmente à luz dourada do brilho quente do pôr do sol. No meio daquela paisagem montanhosa, Fritz parecia impressionante e lindo.
Gretel hesitou por um momento e pegou sua mão.
Na margem do lago havia um mercado noturno que se estendia ao redor do cais.
A balsa que transportava as mercadorias movia-se incessantemente para frente e para trás perto do cais.
Luzes brilhantes e ruídos altos fluíram.
Assim que Gretel chegou ao mercado, entrou em uma loja que já conhecia. Era uma barraca com mercadorias de uma área distante, do outro lado do lago.
O dono, que estava sentado na barraca, a conhecia e ficou feliz em vê-la novamente.
— Você já esteve aqui antes.
—Encontrou o item que encomendei?
— Sim, aqui está.
O que ele tirou foi uma caixa de madeira onde parecia que poderiam guardar livros. Gretel examinou o conteúdo da caixa, abraçou-a e entregou-lhe o dinheiro.
Fritz, que estava observando por trás, estava curioso para saber porque ela estava tão animada.
—Quer ver?
—Isso é algo que você pode me mostrar?
Gretel pegou a caixa e saiu da rua lotada de barracas.
Eles caminharam por um pequeno caminho até um lago calmo. Havia uma cerca de madeira ao redor do local.
Gretel escolheu um local limpo e tirou o que havia na caixa. Fritz, que a seguia, pareceu um pouco chocado ao ver o que ela tirou.
— Uma boneca?
—É um boneco urso.
O que saiu da caixa foi um ursinho de pelúcia marrom com uma fita no pescoço. Gretel rapidamente colocou uma pequena mola nas costas do urso.
Ao girar a mola e colocá-la no chão, o ursinho de pelúcia começou a andar em círculos, movendo os braços como se estivesse dançando.
Uma doce melodia fluía do ursinho de pelúcia ambulante. O urso dançou ao som da música.
Um pequeno sorriso divertido apareceu na boca de Fritz.
—É uma combinação de caixa de música e boneca de mola? É peculiar.
Era uma coisa incomum de se ver. Gretel sorriu e abraçou o ursinho de pelúcia.
A boneca continuou a se contorcer nos braços de Gretel.
—O Príncipe vai adorar. Ele realmente gosta de ursos.
Quando o inverno passasse e a primavera chegasse, seria o aniversário de Theor.
Gretel vinha trabalhando há meses para comprar essa boneca antecipadamente para aquele dia.
—Você está aqui para pegar isso?
—Claro. Entrei em contato há meses e estou esperando. Certamente Sua Alteza vai gostar.
Fritz olhou para o ursinho de pelúcia nos braços de Gretel e disse baixinho.
— Estou sempre grato.
—Hein?
—A Senhorita Gretel é a benfeitora que ajudou minha irmã e o Príncipe Herdeiro.
— Não diga isso. Na verdade, também gostei muito de ajudá-los.
Gretel morou com a mãe desde a infância e depois de adulta passou a morar sozinha.
Ao conhecer Astella por acaso, conseguiu se aproximar de Theor, e se deu bem com a família como se fizesse parte dela.
—Eu recebi muita ajuda de Lady Astella para desenvolver o medicamento que muda a cor dos olhos.
A poção para mudar a cor dos olhos foi inspirada em parte pelas receitas do livro que ela herdou de sua mãe, e só conseguiu desenvolvê-la rapidamente graças ao papel de Astella como cobaia.
Gretel disse triunfantemente.
—Graças a isso, pude colocar minha própria receita no livro.
Era um livro que continha segredos de família, uma herança que foi transmitida de geração em geração em sua família.
A mãe herdou da avó materna e a avó materna herdou da bisavó. A pessoa que recebia o livro tinha que colocar nele um remédio que havia desenvolvido.
Fritz, ao ouvir a história, ficou francamente surpreso.
—Isso é ótimo.
— É mesmo?
— Acho incrível manter as tradições familiares de geração em geração que tenham trabalhado como apotecárias.
Ela não tinha pensado assim.
Nesse sentido, o homem à sua frente era semelhante. O pai de Fritz era um duque e lhe foi dito que tanto seu avô quanto seu bisavô também o foram.
‘Essa pessoa algum dia alcançará essa posição?’
Gretel estava preocupada se esse homem gentil diante de seus olhos poderia lidar com uma responsabilidade tão pesada.
— Existe alguma razão especial para transmitir esse conhecimento apenas às filhas?
—Na verdade…
A família de Gretel também transmitia essas habilidades aos filhos.
Porém, embora aprendessem fitoterapia, eles preferiram ir para a cidade e estudar para trabalhar como médicos.
Ser médico formal formado pela academia era bom para gerar renda e trazia muitos benefícios.
Por outro lado, as mulheres não podiam ser médicas no Império, por isso não tiveram escolha senão trabalhar como apotecárias.
Isso continuou por gerações, então eles preferiram fazer essa tradição apenas com as filhas.
Mas a mãe e a avó de Gretel não tiveram filhos homens, então não havia outra escolha. Já fazia muito tempo desde isso.
— Algum dia você terá que passar esse livro para sua filha.
Sua mãe costumava dizer isso a ela.
Mas Gretel realmente não queria se casar e não confiava em si mesma para criar filhos.
‘Bem, eu poderia conseguir um discípulo e transmitir esse conhecimento.’
Na verdade, quando a conheceu, Gretel estava tentando conseguir Astella como estudante. Porque gostava da personalidade calma e meticulosa da imperatriz.
Ela também era boa no manuseio de ervas.
Seria bom ter Astella como discípula, ensiná-la sobre ervas medicinais e trabalhar juntas.
Se Theor estivesse interessado em fitoterapia, ela poderia lhe passar o livro. Se ele tivesse preferido outro emprego, ela o teria dado à esposa ou aos filhos de Theor… Talvez um deles ficasse interessado em fitoterapia?
Gretel imaginou um futuro pacífica onde ela cultivava ervas com a filha pequena de Theor.
Perto deles, uma Astella idosa os repreendia para não sujarem as roupas.
Foi uma imaginação feliz.
Era uma pena que ela não pudesse manter a tradição de sua família, mas ela não iria se forçar a dar à luz um bebê apenas para transmitir conhecimentos fitoterápicos.
De repente, seu olhar caiu sobre Fritz.
Ele não era alguém que pensaria assim. Porque ele era um nobre.
Mesmo que recusasse por enquanto, eventualmente teria que encontrar uma parceira adequado para cumprir as suas responsabilidades para com a família, se casar e ter filhos.
Ao pensar isso, ela ficou deprimida. Foi um sentimento inútil.
Gretel lutou para afastar aquele sentimento.
Os dois caminharam um pouco pelo caminho próximo ao lago. Claro, não foi apenas uma caminhada tranquila, pois depois de alguns minutos, Gretel sentou-se na trilha e se agachou no mato que crescia nas rochas do lago.
—Isso é…
— Grama Nekem. É difícil de obter porque é cultivado em água.
As ervas que Gretel apontou estavam entre as grandes pedras do lago submersas na água.
Quando as viu de cima, pareciam muito próximas, mas quando colocou a mão na água, eram mais profundas do que ele pensava.
Não importa o quanto ela estendesse a mão, as pontas dos seus dedos não conseguiram alcançá-las.
—Ugh…
Observando Gretel estender a mão e dar tapinhas na água, Fritz se aproximou com um suspiro.
– Eu posso ajudar.
—Hein?
Fritz colocou a mão na água. Não se importando muito se suas roupas ficassem molhadas no processo, ele estendeu a mão e colheu algumas ervas.
—É assim que é coletado?
— Sim, sim. É assim. Obrigada.
Fritz embrulhou a grama em um lenço e entregou a Gretel.
Ela, com ótimo humor, recebeu as ervas finamente embrulhadas. De alguma forma, sentiu uma sensação de formigamento no coração, embora Fritz estivesse simplesmente sendo educado com ela.
‘É porque nunca estive perto de um alto nobre?’
Podia ser porque ela nunca foi tratada como uma dama por um nobre.
Longe de ser tratada como uma dama, ela tinha vagado sem rumo com a mãe e a irmã e só vivenciou coisas perigosas.
Ela se sentia estranha por ser tratada como uma dama por causa de seu estilo de vida. Claro, sabia que não era só por causa disso. Se fosse o ex-duque, pai de Fritz, quem a tratasse assim, ela não teria se emocionado…
Isso a teria assustado mais.
‘Mesmo que fossem outros jovens nobres como Sir Serbel ou Lyndon… eu não me sentiria assim.’
Os dois caminharam novamente pela margem do lago, até chegarem ao caminho da montanha.
O lago ondulante estava coberto pela sombra de uma noite tranquila. No alto do céu azul havia uma lua cheia emitindo sua pura luz branca, que coloria o lago escuro com uma luz calma.
As balsas que transportavam as mercadorias cruzavam o lago sem parar, quebrando a calma da água azul escura.
Uma luz pendurada na balsa iluminava a escuridão profunda. O lago escuro e a luz branca da lua se derramam na água. Pequenas lanternas foram acesas nos navios mercantes.
Era uma paisagem romântica. Gretel caminhou pela borda e apreciou a vista noturna do lago.
—Senhorita Gretel.
Uma voz baixa a chamou.
Olhos verdes pálidos que afundavam tão profundamente quanto o lago iluminado pela lua estavam à sua frente.
—Depois de refletir sobre os últimos dias, pensei que deveria ser honesto com o que está em meu coração. Você é livre para me dar qualquer resposta.
—Quê…?
Gretel gaguejou confusa. Os olhos de Fritz também estavam cheios de uma tensão rígida.
— Gosto muito da senhorita Gretel.
Naquele momento, sua mente estava completamente nublada. Sua visão também ficou um pouco turva.
De repente, ela sentiu que ia cair no lago se desse um passo em falso. Gretel conseguiu se recompor e falar.
— Hã… Desde quando?
Fritz respondeu à sua pergunta estranha com um leve sorriso.
— Não sei exatamente quando. Não tive tempo de prestar atenção aos meus sentimentos. Mas tenho observado a senhorita Gretel de perto e isso me ajudou a sentir segurança em meus sentimentos.
Não havia sequer um indício de falsidade no tom sério. Gretel olhou para ele sem expressão e engoliu em seco.
Seria mentira dizer: “Não imaginei ouvir essas palavras”.
Ela supôs que havia mais do que apenas favores gentis no cuidado de Fritz para com ela.
E esse sentimento estava se espalhando cada vez mais, assim como as ondas se espalhavam enquanto eles caminhavam juntos até ali.