Como esconder o filho do imperador - Capítulo 175
A forte luz do sol derramou-se sobre o lago azul.
Era um dia claro que fazia as pessoas se sentirem revigoradas só de olhar para ele.
Depois que o grupo chegou, o céu ficou limpo por dois dias consecutivos.
Astella, sentada no terraço, olhou para o céu azul claro. Estava tão quente que ela não podia sair.
─ Mãe!
Theor, encharcado, acenou com as mãos para o Astella. Ele estava brincando na água junto com Panqueca no lago abaixo do terraço.
Astella também olhou para Theor, acenando e sorrindo.
─ Você não pode ir muito fundo.
Theor correu de volta para o outro lado do lago, talvez para não ouvir.
‘Ele não está sozinho, então vai ficar tudo bem.’
Quando Theor entrou no lago, Kaizen chamou o garoto. Ele sorriu levemente ao encontrar o olhar de Astella.
‘Está cuidando bem dele.’
Kaizen estava brincando com Theor. Provavelmente era a primeira vez que o imperador brincava na água.
Astella, por outro lado, estava numa situação em que só podia assistir do terraço. Não conseguiu sair do castelo depois do primeiro dia, quando quase desmaiou de tontura.
O problema era que ela estava estranhamente melhor desde então.
Assim que chegou, ela ficou tonta. Mas logo depois disso, se sentiu bem e seu apetite voltou.
Apenas dois dias se passaram, mas ela sentiu sua força melhorar.
‘Estou relaxada porque estou aqui.’
O ar fresco e a paisagem clara deste lugar pareciam ter lhe dado energia. Ela se sentiu frustrada porque não poderia sair apesar de se sentir melhor.
‘Estou entediada porque só estou observando eles daqui.’
Ela não gostava de ficar nesse lugar sem fazer nada.
Então, viu alguém na porta de vidro do terraço. Eram Fritz e Serbel.
─ Vossa Majestade a Imperatriz.
─ Fritz, Sir Serbel.
Astella deu as boas-vindas aos dois.
─ Achei que os dois estavam no lago.
─ Saí para a margem do lago próximo pela manhã e voltei porque estava quente.
Astella não via os dois desde de manhã.
Depois de chegar, o grupo naturalmente se dividiu em dois.
Por um lado, Astella e Kaizen. E Hannah, que servia Astella, estava com ela, e do outro lado estavam seu avô e Fritz. Serbel, que estava vagando, estava com eles.
O pequeno Theor naturalmente se dividia entre os dois lados.
‘Por que está dividido assim?’
De repente ela se perguntou, mas logo encontrou a resposta. Era por causa da condição física de Astella.
Enquanto Astella permaneceu no castelo desde o primeiro dia e Kaizen sempre esteve perto dela, outras pessoas, entediadas, procuravam atividades recreativas.
─ Vou até o Marquês agora, gostaria de ir comigo?
─ Sim.
Astella rapidamente se levantou para sair com os outros depois de muito tempo.
O Marquês estava no terraço do outro lado do castelo.
─ Vossa Majestade, está se sentindo melhor?
─ Sim, me sinto melhor agora.
Havia bebidas geladas e lanches na mesa. Astella comeu um refrescante sorvete de melão.
Ela estava com bom apetite desde que chegou lá.
Talvez por causa da gravidez, ela ansiava por aquela fruta azeda.
─ Estou feliz que tenha recuperado sua saúde.
Ao ver Astella comendo sorvete, o Marquês pareceu se sentir um pouco aliviado. Fritz olhou para ela e perguntou.
─ Eu gostaria de ir à capela à noite, gostaria de vir comigo?
─ A capela?
─ Sim, há uma antiga capela em uma floresta próxima.
─Oh, eu ouvi isso quando vim aqui antes. Eu nunca estive lá.
O comentário surpreendeu um pouco Serbel.
─ Você já esteve aqui?
─ Sim, a Imperatriz Viúva me trouxe aqui algumas vezes quando eu era criança.
Cada vez que a Imperatriz Viúva vinha ao palácio de verão, ela queria que Astella a acompanhasse.
Mas ela só brincava perto do castelo e nunca ia longe. Estava pensando nisso quando ouviu passos atrás.
Quando a porta de vidro se abriu, as três pessoas sentadas em seus assentos se levantaram.
─ Astella.
Kaizen entrou no terraço. Ela se levantou e perguntou.
─ E Theor?
─ Mãe!
Theor, que chegou, foi segurado nos braços de Astella.
Seu cabelo ainda estava molhado, mas ele havia colocado roupas novas e calçados novos. Devia ter tomado banho e trocado de roupa.
─ Levei ele ao castelo para fazer uma pausa e comer um lanche. Ele estava brincando na água desde a manhã.
Definitivamente era hora do almoço.
─ Você está bem?
─ Sim, estou bem agora. Não estou nem tonta.
Ela estava prestes a dizer: “Tive uma boa refeição”, mas quando viu as pessoas perto dela, ficou em silêncio.
Ela não era uma criança em idade pré-escolar. Era muito constrangedor para uma Imperatriz confirmar a quantidade de comida que comia.
Kaizen, no entanto, não mostrou sinais de constrangimento.
─ Você come muito melhor do que antes.
Kaizen parecia muito aliviado. Astella não perdeu a oportunidade e disse rapidamente.
─ Ouvi dizer que Sir Serbel está indo para uma capela próxima, posso ir lá também? É frustrante ficar sozinha no castelo.
Ao fazer a pergunta, Astella não esperava receber a permissão.
Depois de quase cair no primeiro dia, Kaizen ficou mais atento a Astella. Ele nunca saiu do lado dela, exceto quando era para cuidar de Theor.
Kaizen olhou para Serbel novamente. Seus olhos eram um pouco penetrantes.
Mas o brilho em seus olhos, ao olhar para Astella, estava cheio de carinho.
─ É perigoso sair, e a capela é antiga e não há muito para ver.
Ela sabia que ele diria isso. Astella o ouviu e continuou rapidamente.
─ Eu quero ir.
Theor, que a ouviu, agarrou a manga de Kaizen e perguntou.
─ Posso ir também? Eu quero ir para a capela.
A expressão de Kaizen endureceu um pouco, mas isso não impediu Theor.
─ O Príncipe Herdeiro pode ir conosco?
─ Claro, seria uma honra se Sua Alteza Real pudesse me acompanhar.
Serbel respondeu em tom extremamente educado. Ele estava ciente do humor desagradável de Kaizen.
Embora planejasse apenas dar um passeio, de repente ele se sentiu um pouco desconfortável por causa da raiva do Imperador.
Fritz interveio com cautela porque sentiu pena dele.
─ Se não se importa, irei com vocês. Já estive neste castelo antes, mas nunca estive na capela. Vovô, você vem conosco?
─ Sim, irei.
O Marquês respondeu casualmente. Kaizen olhou para Theor e perguntou:
─ Você não está com fome?
─ Um pouco.
Ele se virou para Astella desta vez.
─ Fiz eles prepararem o almoço do Theor no seu quarto. Vamos juntos.
Astella levantou-se gentilmente da cadeira, despediu-se dos três e saiu.
─ Volto mais tarde.
Fritz ficou constrangido ao ver a situação sem dizer uma palavra. Ele não odiava Kaizen.
No passado, tinha rancor dele por causa de Astella.
Porém, ao ver sua irmã se tornar a Imperatriz novamente e ser feliz, ele não se ressentiu mais.
Vendo Kaizen cuidar de Astella e Theor com muito cuidado, o ressentimento desapareceu.
Considerando as ações de seu pai, o falecido duque, o próprio Fritz sentiu pena de Kaizen.
No entanto, ele não sabia que tipo de comportamento deveria mostrar quando o imperador agia com ciúme excessivo de Astella.
Fritz, em particular, entrava em pânico sempre que Kaizen achava Serbel desagradável.
O imperador mostrava sinais de descontentamento sempre que Serbel ficava perto de Astella. No começo, Fritz ficou um pouco preocupado.
‘Ele está duvidando dos dois?’
Serbel foi o professor do jovem príncipe e uma pessoa que ajudou muito Astella.
Ninguém estranhou que a Imperatriz fosse próxima de Serbel, exceto Kaizen.
Fritz não conseguia entender por que ele estava fazendo isso. Depois de um tempo, Serbel voltou ao seu quarto e ele contou o que pensava ao marquês.
─ Não se preocupe com isso.
Este último estalou a língua como se não valesse a pena se preocupar.
─ É tudo coisa da cabeça dele.
O marquês estalou a língua enquanto levantava a xícara de chá.
Fritz riu das palavras do avô. O Imperador parecia odiar homens mais jovens e bonitos que chegassem próximos de Astella.
‘Não é que eu não entenda.’
Fritz pensou que poderia confortar Kaizen, mas decidiu não dizer nada.
O tiro poderia sair pela culatra se ele interviesse.
* * *
O grupo que se dirigiu à capela regressou ao castelo ao anoitecer.
─ É mais antigo do que pensei.
Fritz parecia um pouco cansado, talvez desapontado com a aparência da capela. Theor, por outro lado, estava muito feliz por conhecer um novo lugar.
─ Mãe, eu vi um coelho na floresta!
─ Havia um coelho?
─ Sim. São coelhos que vivem na floresta, e havia muitos cavalos selvagens.
Theor ficou mais impressionado com os coelhos que viu ali do que com a capela.
─ Panqueca tentou pegá-lo, mas eu o impedi, temendo que ele se machucasse, e toda vez que eu o via, Panqueca tentava correr e tio Fritz o pegava.
─ Bom trabalho.
Se ele não tivesse feito isso, o pequeno Theor teria visto uma cena terrível. Fritz parecia particularmente cansado porque teve que segurar Panqueca.
─ Jantarei no quarto do meu avô. Decidimos jogar damas juntos depois do jantar.
Theor disse isso e correu em direção ao quarto do avô. Claro, ele era a pessoa mais feliz.
Mas quando Theor brincava com os outros, Astella realmente não tinha nada para fazer.
‘Estou um pouco decepcionada.’
Sentada na sala pensando assim, Kaizen bateu na porta.
─ Astella.
Ele se aproximou dela, que estava vestida com roupas confortáveis.
─ Tenho o jantar pronto, você pode sair um pouco?
─ Jantar? Fora?
─ Achei que seria frustrante ficar presa dentro, então pedi que servissem a comida do lado de fora. Theor saiu com o Marquês.
Astella pensou no terraço no primeiro andar. Parecia um bom lugar para comer “fora”.
Ela caminhou com ele em direção à porta. Antes que percebesse, o céu estava ficando azul escuro, assim como o lago.
─ Isso é…?
Astella saiu para o lago e parou sob a luz do pequeno cais. Um pequeno barco iluminado estava próximo ao lago.
─ É um barco.
─ Eu sei…
Era uma pequena embarcação para passear ao redor do lago. Agora estava cheia de pequenas lamparinas de vidro, brilhando lindamente.
Kaizen a conduziu. Havia quatro pilares no pequeno barco.
Um pano fino pendia como uma cortina entre os pilares. Enquanto isso, lamparinas de vidro também foram penduradas.
A luz quente pintou um círculo amarelo nas cortinas finas e na cobertura, atravessando o convés e derramando-se sobre o lago.
─ Você gostaria de jantar aqui?
Astella olhou para ele. O barco iluminado movia-se lentamente pela água.
No lago, a luz amarela se espalhou pelos arredores em uma onda suave.
O lago onde o céu noturno azul escuro e a escuridão caíam. Um pequeno barco flutuando nele. E até a luz quente que brilha ao seu redor.
Era uma visão linda e romântica.
Enquanto Astella olhava em volta atordoada, Kaizen falou primeiro, um pouco nervoso.
─ Você gostou?
Astella se virou para Kaizen. O brilho quente da lanterna lançou uma sombra opaca em seu belo rosto.
─ É realmente maravilhoso.
Só então Kaizen sorriu e pegou a mão de Astella e a conduziu para dentro do barco.
─ Preparei uma refeição aqui.
Havia uma mesa com uma toalha branca dentro da cortina onde brilhavam as luzes, e sobre ela uma refeição preparada.
Os dois sentaram-se frente a frente com uma mesa no meio. Ela podia ver a visão noturna do lago sombreado de relance.
‘Em que momento ele preparou tudo isso?’
─ O que você está pensando?
─ Estava pensando que os servos devem ter tido dificuldades para preparar tudo.
Kaizen ergueu uma sobrancelha como se estivesse pasmo com sua franqueza.
─ Achei que seria frustrante ficar confinada no castelo.
Então ele preparou seu próprio evento – uma noite romântica no barco.
A quantidade de comida preparada era pequena, mas maravilhosa.
Costela de cordeiro marinada com mel e frango grelhado crocante e molho de frutas azedas.
Houve também saladas com legumes frescos e bolos com frutas e nozes coloridas.
Astella provou aos poucos as deliciosas comidas. Kaizen sorriu de satisfação ao vê-la comendo.
─ Que bom que seu apetite voltou.
* * *
Depois de terminar a refeição e a sobremesa, Kaizen virou o barco.
Agora era hora de voltar ao castelo. Astella saiu e o vento frio soprou.
O barco estava se aproximando da costa, e os olhos dela giravam continuamente.
Kaizen a pegou com pressa.
─ Você está bem?
Ela nem bebeu. O que acontecia?
─ Sim… estou bem. Só estou um pouco tonta.
─ Você deve estar cansada de novo.
Com isso, ele se aproximou. Kaizen levantou Astella em seus braços sem ouvir resposta. Surpresa, Astella lutou para sair.
─ Vou caminhar. Apenas me dê sua mão.
─ O que acontece se você cair na água?
Kaizen olhou para o lago escuro. Então eles se sentaram, mas ele ainda a segurou mesmo depois de sair do lago.
O barco ainda não havia chegado à costa, mas ele já abraçava Astella. O barco navegou pelas águas escuras em direção à margem do lago.
Astella sentiu a sensação de balanço, então seu corpo ficou um pouco rígido. Ela não pôde evitar, porque não poderia tropeçar novamente depois de dizer que estava bem.
─ Não sou pesada?
─ Estou preocupado porque você é mais leve que Theor.
Ela não era tão pequena quanto Theor, então tal ideia era ridícula.
Mas Kaizen não parecia ter problemas em levá-la. Não foi muito diferente de quando ele segurava Theor.
O corpo e o calor familiares a fizeram gradualmente sentir-se sonolenta. As suas pálpebras fecharam-se suavemente.
Ela não bebeu nada, então não conseguia acreditar que seus olhos estavam se fechando.
Definitivamente não se sentia bem.
Astella achou que melhorou porque seu apetite voltou.
‘Mas agora ainda não consigo dormir.’
Ela tinha que recuperar o juízo antes de retornar ao castelo, tomar banho e deitar na cama.
Astella conteve seu sono com esse pensamento.
Kaizen observou silenciosamente Astella em seus braços murmurar e disse em voz baixa.
─ Sinto muito.
A voz repentina a fez perder o sono.
─ O que você quer dizer?
─…É porque você parece cansada da gravidez.
─ Você está cuidando bem de mim. Não precisa se desculpar.
─ Mas na época da sua primeira gravidez… Eu não pude cuidar de você.
Astella de repente se lembrou de quando estava grávida de Theor.
Foi difícil se esconder na floresta, mas seu avô materno cuidou dela incondicionalmente, então ela não teve muitos problemas.
─ Meu avô cuidou bem de mim naquela época.
─ Eu sei. Eu ouvi isso do Marquês.
─ O vovô te contou?
Kaizen virou-se para o lago sem responder. Ela entendeu porque parecia tão sombrio.
— Você sente arrependimento por aqueles dias.
Claro, naquela época, Astella também se ressentia dele. Mas agora ela não desejava culpar Kaizen.
─ Você não precisa mais se desculpar.
Astella sorriu e enterrou o rosto no peito de Kaizen. Um murmúrio silencioso veio junto com uma respiração fraca.
─ Porque estou muito feliz agora.
Kaizen a abraçou como se ela estivesse prestes a desaparecer. Ele podia sentir o corpo magro de Astella e o calor em seus braços. Um sentimento de felicidade encheu seu coração.
─ Já te falei várias vezes, mas obrigado.
‘Porque você ficou ao meu lado.’
Ele havia chegado ao fim do lago. Kaizen desceu do barco e caminhou ao longo da costa.
A água corrente varreu a margem do lago.
Sempre que tocava as águas calmas, havia pedras brilhantes a seus pés. Kaizen segurou Astella nos braços e entrou no castelo.