Como esconder o filho do imperador - Capítulo 166
O grupo se preparou para partir o mais rápido possível.
Astella tinha planejado arrumar o quarto e a bagagem, mas assim que viu a neve, desistiu e entrou na carruagem vestindo apenas as roupas que já usava.
Coisas como bagagem não importavam.
Se a neve parasse, depois eles poderiam voltar para buscá-los.
Kaizen ficou estupefato com a aparência nervosa de Astella. Mas como ela solicitou, o grupo imediatamente começou a se mobilizar.
— Não se preocupe muito. Tudo estará bem.
Mas Astella olhou pela janela com olhos preocupados.
Seria bom se a neve parasse um pouco, mas infelizmente a neve ficou mais pesada com o passar do tempo.
“Nesse ritmo, ficaremos presos na neve antes de chegarmos à mansão.”
Depois de um tempo, como ela havia previsto, a caravana teve problemas.
A estrada congelou e eles não conseguiram acelerar.
A visibilidade também era um problema.
Flocos de neve enchiam o céu noturno escuro e bloqueavam a visão.
A estrada escura da noite estava coberta de branco e ele não conseguia ver nem um centímetro à frente.
— Sinto muito, Majestade. Não podemos seguir neste ritmo.
O cavalheiro do capitão, que o seguia no comando, relatou com uma cara desconfortável.
—Não tem jeito, a vista é muito ruim.
Kaizen também disse com uma voz frustrada.
Eles podiam parar um pouco e esperar que a neve parasse, mas isso seria muito complicado. Os soldados poderiam congelar quando enterrados na neve.
“Já é noite.”
Estava escurecendo. Felizmente, Theor já estava dormindo na carruagem.
Ele estava cansado de brincar, então adormeceu logo depois que saíram da velha casa.
Se ele estivesse ciente dessa situação, teria ficado apavorado, então Astella ficou feliz por ele ter adormecido.
—Há um lugar perto daqui onde podemos ficar.
Astella abriu ligeiramente a janela e disse a Kaizen.
—Tem uma casa por aqui. É uma fazenda, mas é uma casa forte e tem estábulo, então podemos passar a noite lá.
O lugar poderia ser pequeno demais para todos do grupo ficarem, mas no momento não havia outra opção.
A casa era o único lugar perto dali.
Astella sentiu pena de visitá-lo no meio da noite e causar problemas ao dono, mas não pôde evitar neste momento.
—Então vamos lá.
Astella mostrou o caminho. A carruagem percorreu a estrada por mais alguns minutos e parou em uma rua lateral.
Quando chegaram ao fim da estrada, havia uma pequena casa de dois andares com um estábulo e um celeiro.
Assim que o grupo chegou, a casa silenciosa explodiu em caos.
O antigo proprietário, que já tinha visto Astella várias vezes, correu para cumprimentar o Imperador.
—É uma honra tê-lo em minha casa, Vossa Majestade o Imperador.
— A visibilidade na estrada é tão ruim que queremos ficar um pouco.
Dentro da casa estavam os dois proprietários idosos e alguns trabalhadores.
O proprietário arrumou apressadamente as camas improvisadas para o grupo de pessoas.
Quartos vazios foram esvaziados para fazer camas para os soldados e criadas.
Não havia espaço suficiente para todos, então limparam o armazém e fizeram camas com cobertores e palha.
Astella agradeceu.
— Obrigada. Você fez um ótimo trabalho para nós, apesar dos problemas.
— Oh não, Vossa Majestade a Imperatriz.
O proprietário trouxe uma pequena cama feita para crianças e a deixou no pequeno armazém ao lado do quarto do casal imperial e do príncipe herdeiro.
Astella deixou Theor lá. Deitado na cama, ele murmurou sem abrir os olhos.
—Ele adormeceu completamente.
Depois de dar um tapinha nas costas de Theor e colocá-lo novamente para dormir, Astella entrou no quarto ao lado.
Era uma sala pequena, mas era tudo o que havia. Uma cama pequena e um guarda-roupa simples de madeira. Mesas e cadeiras.
A lareira estava cheia de lenha e o calor atingia a sala.
O único problema era…
—Não há sofá.
Não havia outro lugar onde eles pudessem dormir, exceto na cama.
— Isso…
Astella pensou por um momento e depois falou com o dono.
O proprietário, que não entendeu a reação dela, abaixou a cabeça apressadamente antes que Astella pudesse falar.
— Sinto muito, sinto muito, Majestade. O quarto é tão miserável…
Ele pensou que iria reclamar do quarto ruim.
— Oh, não. Não é assim.
Astella se apressou em acalmá-lo.
—O quarto é aconchegante. Eu só queria agradecer pela sua atenção cuidadosa.
— Obrigado! É um prazer, Vossa Majestade a Imperatriz.
O proprietário continuou a gaguejar nervosamente, mesmo enquanto ouvia os elogios.
Nesta situação seria estranho pedir que lhe trouxessem um sofá.
Astella desistiu no sofá e tirou o casaco.
‘Devo dormir com Theor?’
Teve esse pensamento, mas seria ridículo tentar por causa do tamanho da cama.
A cama do quarto era pequena o suficiente para que ambos se sentissem desconfortáveis ao dormir, embora tivesse o dobro do tamanho da cama onde Theor dormia.
Disseram-lhe que a cama em que Theor estava descansando havia sido usada pelo filho do proprietário quando ele era jovem.
Astella despediu-se do proprietário. Ela se lavou com a água que a empregada havia aquecido e vestiu um pijama que uma criada lhe trouxe.
Era um manto branco comum usado pela esposa do proprietário.
Depois de trocar de roupa, a empregada que a atendia foi embora.
— Você também deve estar cansada, então vá para o seu quarto e descanse.
Depois de um tempo, Kaizen abriu a porta e entrou.
—E quanto a Theor?
— Ele adormeceu completamente.
Debaixo da cama de Theor, Panqueca ressonava em um cobertor.
Ambos estavam cansados, então apenas ouviram a respiração calma.
A empregada que saiu bateu novamente na porta.
— Trouxe bolo de carne e álcool quente.
A empregada deixou a comida em uma travessa fumegante e algumas tigelas de madeira na mesa ao lado dos dois.
— Agradeça ao proprietário.
Eles não conseguiram comer bem, mas também não estavam com muita fome.
Era porque ele comeu todos os sanduíches que sobraram no almoço? Kaizen tomou um gole do álcool em vez de comida, e Astella também o colocou na boca.
Kaizen riu.
— Essa experiência realmente me faz sentir como se estivesse viajando.
— Estamos incomodando os agricultores comuns.
Claro, Kaizen lhes daria uma boa recompensa, mas um incômodo ainda era um incômodo.
O céu escuro da noite era visível através da pequena janela.
Ainda estava nevando lá fora.
Pouco tempo depois, o caminho percorrido pelo grupo nem era visível devido à neve que caía.
—Devo agradecer ao dono amanhã. Se continuássemos viajando, ficaríamos presos no meio do caminho sem conseguir ver nada.
Astella ouviu Kaizen e enquanto olhava para o copo de álcool.
Os olhos dele olharam pela janela, de volta à mesa e depois de volta para Astella.
—É assim todos os anos?
— Sim, se você está falando da neve, é assim todos os anos.
Às vezes as famílias acabavam isoladas em casa.
Felizmente, estavam bem preparados para cada inverno, e já sabiam que tinham que estocar lenha e esperar.
— Fiquei surpreso ao ver a casa onde você morava com Theor.
A voz baixa quebrou o silêncio aconchegante da sala. Astella largou o copo e caminhou em direção a ele.
Kaizen observou as chamas queimando na lareira.
— Eu sabia que vocês tinham passado por dificuldades, mas não sabia o quanto…
— Já terminou.
Astella falou deliberadamente em tom claro.
—E também gostei do tempo que passei aqui.
Foi difícil às vezes, mas tinha sido uma vida simples. Quando ela deixou de viver como princesa, pôde vivenciar muitas coisas que nunca havia imaginado.
— Você quer voltar aqui?
Astella olhou para Kaizen diante da pergunta inesperada.
O olhar sério dele olhou diretamente para ela.
—Se é isso que você quer, pode vir para cá, não precisa abrir mão do seu lugar de Imperatriz. Podemos consertar a casa, ampliá-la, transformá-la em um palácio e torná-la um resort para a família real.
—Esta é a terra do meu avô.
— Vou perguntar ao Marquês.
Ela presumiu que isso significava que ele pediria ao vovô que lhe vendesse as terras.
— Tudo está bem.
Esse lugar fazia parte de seu passado. Era melhor mantê-lo como lembranças.
—Se eu sentir falta deste lugar, então irei visitar as propriedades do meu avô. Você não precisa fazer nenhuma construção por minha causa. De qualquer forma, decidi viver o resto da minha vida no Palácio Imperial.
A mão de Astella, que havia sido mantida no apoio de braço, pegou a mão quente e áspera dele.
Astella ergueu os olhos e procurou por Kaizen. Olhos da cor das chamas olhavam para ela.
De repente, seu reencontro com Kaizen veio à mente, 16 anos após o primeiro encontro, aos dez anos de idade. Já tinham se passado muitos anos desde que ele conheceu Kaizen.
O relacionamento dela com esse homem era como a casa velha. Ela tinha muitas lembranças felizes, mas também momentos tristes e difíceis.
Mas no final, Astella decidiu deixar tudo isso no passado e seguir em frente.
— Vossa Majestade.
Astella segurou as mãos dele e as colocou nas bochechas.
As luzes da lareira acrescentavam calor às bochechas e ao queixo, pintando uma cena doce.
Houve um pouco de tensão no olhar triste de Astella.
— Astella.
Kaizen inclinou-se cuidadosamente sobre ela.
Astella fechou os olhos lentamente, sentindo os olhos vermelhos se aproximando.
Aproximando-se lentamente, Kaizen beijou seus lábios.
Não foi o primeiro beijo deles.
Eles já haviam passado a primeira noite juntos.
Ainda na época do noivado, Astella se lembrava de ter trocado vários beijinhos em seus aniversários.
Mas esta foi a primeira vez em sua vida que seu coração tremeu assim.
Nenhum som foi ouvido na sala silenciosa.
Astella permaneceu por muito tempo nos braços de Kaizen.
* * *
A neve que caiu do lado de fora da janela encheu a moldura da janela durante a noite.
Os cavaleiros que saíram em busca da caravana do Imperador chegaram à fazenda antes do amanhecer.
Eram os guardas e soldados que ficaram na mansão de seu avô.
Quando a caravana não chegou, apesar de já ser tarde da noite, o seu avô enviou uma equipa de resgate.
Astella acordou do sono devido ao barulho da comoção. A luz branca do amanhecer entrou na sala.
A neve acumulada no parapeito da janela brilhava à luz da manhã. Kaizen, deitado ao lado dela, abraçou seus ombros.
—Temos que voltar.
O calor familiar se espalhou por todo o seu corpo.
Astella sorriu silenciosamente e se virou para ele.
— Sim, Vossa Majestade.
Agora era realmente hora de voltar.