Como esconder o filho do imperador - Capítulo 153
Velian ficou surpreso ao ouvir uma palavra que nunca imaginou.
─ Uma flor?
Essa palavra chamou sua atenção.
─ Sim, a julgar pela investigação, o que o jovem duque Fritz mandou trazer deve ser uma flor.
O pesquisador olhou para ele com um olhar curioso, como se perguntasse por que ele estava tão surpreso.
─ Ah, que tipo de flor é essa?
O pesquisador permaneceu indiferente. O comportamento do jovem não parecia nada suspeito.
─ Não era uma planta venenosa nem nada. Era um vaso de flores.
─ Você conhece flores que são usadas como ervas medicinais ou algo parecido?
O pesquisador balançou a cabeça diante da pergunta urgente de Velian.
─ Não pelo que percebi. Eu só… não sei. Só ouvi dizer que não era venenoso e não investiguei.
Como o pesquisador não era um apotecário, não teria conseguido descobrir de que se tratava a erva.
─ Há mais alguma coisa suspeita?
─ O que seria suspeito? É um hobby que os filhos de uma família de prestígio teriam.
O investigador ainda parecia não estar muito interessado nas ações do jovem duque Fritz quando viu Velian surpreso.
Velian olhou para ele sem expressão.
‘Essa pessoa é tão sem noção, por que ele se tornou pesquisador?’
Velian, que olhou friamente para o pesquisador, percebeu isso.
O fato de Astella ter amplo conhecimento sobre ervas medicinais era conhecido por poucas pessoas, incluindo Velian.
Se não soubessem, ninguém estaria interessado em saber que o irmão da Imperatriz mandou buscar flores numa área remota.
Mas parece que não eram venenosas. Ainda assim, foi difícil para Velian deixar esse fato passar facilmente.
─ A apotecária da Imperatriz permanece por perto. O que você descobriu sobre ela? Algo particularmente suspeito.
Velian pediu para seus homens investigarem a mulher.
─ Não muito. Aquela mulher, a apotecária, ia de um lugar para outro vendendo remédios. Pelo que sei, não ouvi nada sobre vendas suspeitas de drogas e ela nunca teve problemas.
─…É mesmo?
─ Sim, e não tenho conseguido ficar de olho nela desde que ela está no palácio da imperatriz.
Velian continuou preocupado, tocando o queixo.
Quando o imperador desmaiou, a imperatriz o manteve no seu palácio.
Enquanto isso, o jovem duque de repente encomendou flores suspeitas do sul. Mas a tal flor ainda não tinha chegado.
Antes da chegada das flores, o Imperador se recuperou da doença e voltou ao Palácio do Imperador.
‘Bom…’
Pensando dessa forma, certamente Velian pôde chegar a uma conclusão.
A Imperatriz tentou matar o imperador sob a desculpa de que ele estava doente.
A apotecária podia ter desenvolvido um medicamento que iria matá-lo como se tivesse uma doença.
As flores encomendadas pelo jovem duque eram um ingrediente importante em tal remédio.
Porém, houve uma confusão na obtenção dos ingredientes. É por isso que o imperador se recuperou antes da chegada das flores.
‘Isso é muita especulação?’
Ele não tinha certeza sobre o que aconteceu e nenhuma evidência.
Suspirando, Velian finalmente ordenou que o pesquisador voltasse.
─ Observe um pouco mais a apotecária. Então dê uma olhada na erva trazida pelo jovem duque… Não, quero que você me conte mais sobre essas flores.
* * *
Astella estava na estufa de vidro com Theor.
A estufa de vidro da imperatriz ficava numa entrada que dava para o jardim do palácio.
Do teto à parede, era preenchido com vidro transparente e, em dias claros, o sol brilhava.
A superfície da parede de vidro estava coberta de padrões delicados.
No verão fazia calor, mas à medida que o dia esfriava, muitas vezes ela ficava por lá.
─ Panqueca, traga!
Theor jogou a bola na direção da fonte.
─ Uau, uau!
Ao lado do canteiro ensolarado, Panqueca correu atrás da bola.
Ele rolou muito tempo a bola redonda de pano e depois entrou no canteiro de flores.
─ Aqui está você.
Kaizen, esperando do outro lado, pegou a bola e jogou para Theor.
Tanto Theor quanto Panqueca perseguiram a bola e correram de volta.
Astella suspirou enquanto observava.
─ Vossa Majestade, por favor, não exagere.
Já se passaram alguns dias desde que ele se recuperou e quatro dias desde que voltou ao trabalho.
Ocupado com atrasos, Kaizen tentava brincar com Theor sempre que tinha tempo.
Ele se aproximou de Astella e fez um gesto mal-humorado.
─ Eu não acho que seja grande coisa…
─ Você ainda está ocupado com o trabalho. Tem que fazer uma pausa.
Kaizen sentou-se em frente a Astella com uma expressão desamparada.
─ Eu não sabia que você era uma guardiã tão rígida. Foi dura com Theor, mas é pior para mim.
Embora contivesse reclamações sobre Astella, que o incomodava para descansar, ao mesmo tempo, tinha um tom de voz brincalhão.
─ Vossa Majestade e Theor são diferentes.
─ Você quer dizer que sou menos obediente que Theor?
─ São semelhantes.
Kaizen riu da resposta fria de Astella. Ela lhe serviu chá.
A xícara de porcelana branca estava cheia de um chá perfumado e delicioso. Ela estava olhando para o chá vermelho e lembrou-se da conversa que teve com Gretel.
Astella tentou impedir que seu rosto expressasse seus sentimentos confusos.
Ontem à noite, a erva trazida do Sul chegou ao Palácio Imperial.
Gretel rapidamente fez medicamentos e Kaizen bebeu o novo remédio.
Depois disso, ele foi examinado pelo médico imperial.
Aparentemente nada mudou. Kaizen parecia saudável e bem como antes.
‘Acho que ele já se recuperou, mas…’
O médico relatou com um olhar um pouco confuso.
─ Seu corpo ainda está envenenado?
Astella perguntou com uma voz tensa. A pergunta não poderia ser respondida facilmente. Por outro lado, Gretel hesitou em responder.
─ Teremos que esperar para ver.
─ …
Astella percebeu a verdade em sua voz vacilante.
A reação do antídoto em seu corpo não foi totalmente compreendida.
Depois, o desespero a preencheu.
Ele tomou dois desses antídotos, mas não conseguiu se livrar de todo o veneno.
─ Astella, estou bem.
Kaizen, que ouvia a conversa das três pessoas, acalmou Astella.
─ Acho que me sinto muito melhor depois de tomar este medicamento. Portanto, não há nada com que se preocupar.
─ Tem certeza?
Astella ouviu isso e sorriu. Mas não foi realmente um alívio.
Porque ela se arrependeu de continuar mostrando uma aparência sombria para Kaizen, que tentou confortá-la de alguma forma.
Quando Astella saiu para se despedir de Gretel, elas entraram em uma pequena sala por um momento.
─ O que acontece se… se ele nunca se livrar do veneno?
Gretel olhou para ela sombriamente.
─ Originalmente era um veneno que o fazia dormir e morrer em questão de dias. A erva eliminou quase todos os componentes tóxicos do corpo, então agora o veneno não é visível.
─ Você está dizendo que se não desaparecer, poderá ressurgir novamente um dia?
O rosto de Gretel estava mais sombrio.
A própria Astella foi capaz de saber a resposta sem ter que ouvi-la.
Gretel permaneceu em silêncio por um tempo e depois acrescentou uma explicação.
Mesmo que o veneno reaparecesse repentinamente, não terá o mesmo efeito no corpo, pois a sua eficácia será diminuída e acabará por cessar.
─ Mãe, vossa majestade.
Ela estava olhando para a xícara de chá quando Theor correu na direção deles. Ele tinha uma pequena tigela na mão.
─ Hannah trouxe. Por favor, pegue.
Havia doces coloridos na tigela. Hannah com a bandeja o seguiu.
Kaizen olhou para a tigela de doces que Theor estava oferecendo.
─ Você não me chama mais de pai?
Theor balançou o olhar como se estivesse um pouco envergonhado e colocou uma tigela de doces na mesa com as duas mãos.
─ Não posso chamar Vossa Majestade assim.
─ Quem disse isso?
─ Foi o meu avô.
Kaizen não conseguiu dizer nada e manteve a boca fechada.
Estava certo, isso não estava de acordo com a etiqueta. Astella acariciou os cabelos de Theor e disse:
─ Você deveria lhe chamar de pai só quando estivermos a sós, então.
Com esse comentário, Theor virou-se para Kaizen e pegou um pequeno doce da tigela de doces.
─ Pai, coma isso.
Kaizen disse, pegando o doce que Theor lhe ofereceu.
─ Você pode me chamar de pai.
─ Sério?
─ Sim. Você pode me chamar do que quiser.
Seu olhar pousou em Astella por um momento.
─ Astella é chamada de mãe, então é estranho que só eu não seja chamado de pai.
Astella ouviu e riu.
Theor olhou para os dois alternadamente, a cabeça ainda erguida. Com olhos claros, ele olhou para eles de perto e sorriu.
─ Por que você está rindo, Theor?
─ Eu só pensei que mamãe e papai se dão bem.
* * *
Um vento frio entrou pela janela. As velhas janelas tremiam desconfortavelmente.
Além do vidro quebrado pela teia de aranha, ele podia ver o céu escurecendo.
‘Se atrevem a me deixar em um lugar como este.’
Preso na sala, o duque de Reston franziu a testa enquanto olhava para o caixilho empoeirado da janela.
Cada vez que percebia quanto tempo havia passado, ficava furioso. Ele ficou preso naquele antigo palácio assim que foi levado ao Palácio Imperial.
O lugar era um antigo palácio sombrio que foi abandonado há muito tempo. Tudo estava empoeirado porque não havia sido limpo.
Ele não poderia ser formalmente executado, então pensou que iriam trancá-lo em um lugar como este e dar-lhe veneno para cometer suicídio.
Mas ele esperou um ou dois dias e não houve notícias. A essa altura, havia um pouco de esperança.
‘Se eu tiver sorte, ficarei trancado neste lugar para sempre… Talvez eu consiga ficar assim até o fim dos meus dias.’
Afinal, ele era o pai da Imperatriz e avô do Príncipe. Além disso, o veneno que o imperador tomou não era um veneno comum.
Mesmo se ele acordar por um tempo, poderá cair novamente. Com uma vaga esperança, ele esperou pelas ordens do imperador.
Foi uma espera terrivelmente tediosa. Foi ainda mais doloroso porque era uma decisão que estava em jogo.
O duque passava os dias nervoso e ansioso. Mas mesmo depois de esperar alguns dias, ainda não havia novidades.
Agora ele mal podia esperar, então ficou furioso.
‘Decidiram me trancar aqui e depois me matar!’
Quanto tempo mais queriam que ele ficasse neste lugar nojento?
Incapaz de conter sua raiva, ele jogou pela janela a tigela que estava à sua frente.
Clink.
A tigela que voou pela janela se quebrou em pedaços ao atingir a moldura. Asopa rala foi derramada no chão entre os cacos de vidro.
Era o jantar dele, intocado.
─ Duque, o que está acontecendo?
Um guarda que guardava a entrada abriu a porta quando ouviu o barulho.