Como esconder o filho do imperador - Capítulo 147
─ Delego toda autoridade à Imperatriz até me recuperar.
Quando ele terminou de falar, seus olhos se fecharam lentamente.
Kaizen novamente perdeu a consciência após ordenar a entrega do poder à Imperatriz.
Ele estava tentando manter a mente firme para dizer isso desde o início.
─ Vossa Majestade?
Velian entrou em pânico ao ver o imperador desmaiar. Ele era assistente do imperador há vários anos e foi a primeira vez que o viu tão fraco.
Mas Astella, parada ao lado dele, não pareceu surpresa. Nem mesmo o ministro do Imperador ao lado dele ficou surpreso.
─ Vossa Majestade deve descansar, Velian.
Astella parecia estar esperando que ele saísse.
─ Velian, por favor vá para a próxima sala e espere
─ …Sim, Vossa Majestade.
Velian foi expulso do quarto.
‘Ele está gravemente doente?’
Olhando para ele, Velian não podia negar que sua vida estava em uma situação grave. Na verdade, ele ainda suspeitava de Astella quando chegou ao Palácio Imperial.
A Imperatriz e sua família estavam em situação suspeita.
‘Ela envenenou sua majestade?’
Talvez esteja mentindo sobre sua doença? Ele estava se sentindo desconfiado.
Mas o Imperador estava seguro. Claro, ele parecia muito cansado.
Mas parecia estar recuperado os sentidos de vez em quando, mesmo quando estava deitado na cama. Sua Majestade até ordenou que dessem autoridade total à imperatriz.
Velian não teve escolha a não ser acreditar que ele ficou realmente doente de repente.
‘Em primeiro lugar, os documentos…’
Tendo ouvido pessoalmente as ordens do imperador, ele não teve escolha senão preencher os papeis.
Ele escreveu com as mãos trêmulas.
[Delegando autoridade à Imperatriz…]
Ao escrever o documento, ele sentiu uma realidade fria.
Se o Imperador morresse daquela doença, o Príncipe Herdeiro se tornaria o novo Imperador.
Sua Alteza tinha apenas cinco anos de idade. Portanto, o poder passaria para a jovem Imperatriz e sua família.
A mão que segurava a folha de papel estava encharcada de suor. Há poucas horas, Velian brigou com a Imperatriz no evento.
Não tinham um relacionamento particularmente ruim antes de Astella se tornar Imperatriz.
Mas depois de ela se tornar Imperatriz e experimentar todo tipo de coisas, o relacionamento ficou um pouco estranho.
Do ponto de vista de Velian, Astella o desaprovava bastante. O que aconteceria com ele se Astella se tornasse a Imperatriz-Regente?
O medo estava à sua frente.
─ Velian.
A porta se abriu sem qualquer indicação e Astella entrou. Velian baixou a cabeça apressadamente.
─ Sim, Vossa Majestade.
Velian queria tratar a Imperatriz como sempre. Porém, quase instintivamente, saiu uma voz muito mais cuidadosa e educada do que o normal.
─ Você completou o documento contendo as ordens de Sua Majestade?
─ Está completo.
Velian acabara de mostrar a Astella os trêmulos documentos manuscritos.
─ Por enquanto, você vai me ajudar.
─ Ajudarei Sua Majestade até mesmo dando minha vida.
Ao ouvir sua resposta entusiasmada, Astella franziu a testa.
─ Quero mais honestidade do que conversa.
─ Eu vou lembrar disso, Imperatriz.
─ Farei o meu melhor para fazer o meu trabalho. Já que o Imperador está doente, terminarei o festival da colheita da maneira mais simples possível
─ Sim, sim.
Velian respondeu, ainda obsequioso.
─ Bem, a propósito, Vossa Majestade. Sua Majestade o Imperador, o que diabos há de errado com ele……
─ O médico diz que ele teve um mal súbito devido ao cansaço, e não há com o que se preocupar.
─ O cansaço se sobrepõe… Entendo.
Velian assentiu como se estivesse convencido, mas sua mente estava cheia de perguntas.
Ele estava com Kaizen há quase seis anos, mas nunca o viu tão cansado.
Desmaiar assim por exaustão?
Mas como ela disse, o Imperador parecia cansado e exausto.
O próprio Velian não sabia muito sobre venenos, mas as pessoas que os consumia pareciam péssimas, vomitavam sangue, tinham convulsões ou apresentavam outros sintomas incomuns.
Em comparação, o imperador parecia apenas cansado, e não parecia envenenado ou gravemente doente.
Astella enviou como se não tivesse mais nada a dizer.
─ Você fez um ótimo trabalho hoje, então pode ir.
Velian curvou-se educadamente e saiu.
Quando ele saiu para o corredor frio, ele suspirou. Ainda havia cavaleiros e servos dentro e fora do salão.
Todos pareciam ocupados e ninguém prestava atenção nele. À primeira vista, ele não achava que haveria chance de obter novas informações aqui.
Ele estava andando pelo corredor sem expressão e viu uma mulher estranha caminhando em direção a um lugar.
Ela não era uma dama de companhia da Imperatriz.
‘Quem é essa?’
De repente, ele se lembrou que ela era uma apotecária que Astella havia chamado.
A imperatriz em pessoa tinha ordenado a ele que encontrasse um edifício onde a jovem apotecária estava destinada a construir um laboratório e uma farmácia.
Ele olhou para a mulher ao passar pelo prédio por curiosidade.
‘A Imperatriz trouxe recentemente essa apotecária para a capital…’
Porque ela estava ali? Ele estava se perguntando, mas pensou que Astella a chamou para auxiliar no tratamento do imperador.
Mas havia dúvidas.
‘Existe algum remédio que faz alguém perder energia e morrer?’
Seria algo incrível. Porém, até poucos meses atrás, Velian nem imaginava que existia no mundo um remédio que mudasse a cor dos olhos.
Enquanto Velian caminhava pelo corredor escuro, lembrou-se da pergunta sinistra que crescia em sua mente.
Se ela é uma excelente apotecária que pode fazer remédios que mudam a cor dos olhos,
Não seria possível fazer remédios que matassem as pessoas como se estivessem exaustas?
* * *
Astella passou os dias seguintes liderando o festival da colheita em nome do Imperador.
Aparentemente, Velian também era bom em ajudá-la.
O palácio parecia bastante silencioso visto de fora.
Ainda havia vigilância blindada, mas o interior do palácio funcionava normalmente. Foi surpreendente, considerando que o Imperador estava morrendo envenenado.
Mas Astella teve um novo problema.
─ Onde está Sua Majestade?
Depois de não ver Kaizen por alguns dias, Theor continuou perguntando por que ele não iria vê-lo.
‘Tenho que dar desculpas todos os dias.’
Astella quis dizer que o Imperador tinha ido embora para algum lugar. Na verdade, eu ia dizer isso no começo, mas Theor foi mais rápido do que eu esperava.
─ Por que o médico está aqui todos os dias?
─ Tia Gretel mora conosco?
─ Por que todos os guardas estão aqui? Eles não deveriam estar com Sua Majestade?
Theor, que aprendeu o bom senso militar básico com Serbel, foi capaz de distinguir os deveres de cada cavaleiro ao ver seus uniformes.
A essa altura, era inútil tentar fazer com que as empregadas inventassem outra nova desculpa.
Ela não suportava o fluxo constante de perguntas.
─Theor.
─ Astella finalmente decidiu responder Theor honestamente.
─ Sua Majestade está muito doente, Theor.
Theor ficou surpreso assim que ouviu isso.
─ O Imperador está doente?
─ Sim.
Uma pequena mão agarrou a bainha do vestido de Astella.
As pupilas vermelhas tremeram inquietas.
─ Por que ele está doente? Ele também fica doente?
Astella disse no tom mais calmo possível, para tranquilizar Theor.
Ele segurou os ombros de Theor e explicou-lhe passo a passo.
─ Sim. Theor já teve febre e dor antes, certo? Sua Majestade está muito doente agora, então está descansando.
Theor olhou para Astella em silêncio e ouviu atentamente a explicação. Os olhos claros estavam cheios de ansiedade e pura dúvida.
─ Sua Majestade está muito doente…
─ Theor, está tudo bem. Sua Majestade ficará bem.
Astella pensou, abraçando Theor e confortando-o.
‘O que Theor pensará quando descobrir toda a história deste incidente?’
Theor, preso nos braços de Astella, balançou o olhar desamparadamente.
Ele apertou a mão de Levin sem energia, e olhou para Astella novamente.
─ Não posso ir vê-lo?
─ …
Astella pensou por um momento. Kaizen estava deitado como se estivesse dormindo.
Às vezes ele se movia como se estivesse acordando, mas perdia a consciência novamente em poucos minutos.
Ele parecia cansado e doente quando observado.
‘O meu pai disse algo sobre esse veneno…’
Ele disse a ela que Kaizen morreria lentamente.
Nesse ritmo, mesmo que não fosse veneno, ele achava que iria morrer por falta de energia.
De qualquer forma, não parecia haver qualquer indicação de que estivesse envenenado.
Não haveria problema em mostrar ele ao filho pelo menos uma vez.
Talvez…
‘Talvez esta seja a última chance de vê-lo tão normal quanto possível.’
Astella pegou a mão de Theor após uma breve reflexão.
─ Sim, vamos um pouco. Sua Majestade ficará feliz em ver Theor.
Astella levou Theor para ver Kaizen. Ele ainda estava no quarto do palácio da Imperatriz.
Astella não transferiu Kaizen para seu próprio palácio nos últimos dias sob o pretexto de uma ordem imperial.
Quando Theor entrou no quarto de Astella, ele olhou para ela com olhos curiosos.
─ Sua Majestade está aqui?
─ …Sim, ele disse que gostou do Palácio da Imperatriz, então o coloquei aqui.
─ Isso é ótimo.
─ O que você quer dizer com ótimo?
Theor olhou para Astella e respondeu com uma voz envergonhada.
─ Sua Majestade gosta daqui.
─ …
Quando eles entraram, os criados no quarto pararam de se mover e se curvaram. Gretel, que estava limpando o frasco de ervas, também os viu e se aproximou deles.
─ Vossa Majestade a Imperatriz, Vossa Alteza o Príncipe Herdeiro.
Theor não viu Gretel. Ele estava apenas olhando para Kaizen, que estava dormindo.
Astella perguntou a Gretel rapidamente.
─ Sua Majestade está dormindo?
─ Ah, sim, sim. Ele acabou de tomar seu remédio antes de ir para a cama.
Gretel também respondeu rapidamente.
Theor, que ouviu a conversa entre as duas, puxou a mão de Astella.
─ Posso chegar mais perto? Eu ficarei quieto.
─ Sim.
Theor se aproximou de Kaizen na ponta dos pés com cuidado e olhou para Kaizen que estava dormindo.
Kaizen estava imóvel.
Parecia que ele estava deitado depois de perder a consciência, e parecia um pouco mais pálido durante esses sete dias que Theor não o viu.
Ainda assim, não mudou muita coisa, mas o jovem Theor parou como se estivesse surpreso.
Para Theor, Kaizen sempre foi tão alto e forte quanto uma montanha forte e robusta.
Ele pareceu um pouco surpreso ao ver Kaizen deitado fracamente.
Seus pequenos lábios tremiam e seus olhos vermelhos se encheram de lágrimas.
─ Vossa Majestade, não fique doente.
Gretel foi às lágrimas pelo jovem Theor.
─ Vossa Alteza o Príncipe Herdeiro, não se preocupe muito. Sua Majestade se recuperará em breve.
Theor perguntou, enxugando as lágrimas com suas pequenas mãos.
─ Sério?
─ Sim, se ele tomar seu remédio e descansar bem, estará saudável novamente.
Gretel tranquilizou Theor com uma expressão alegre.
─ Theor, não, Príncipe Herdeiro, você se recuperou depois de tomar meu remédio quando estava doente. Depois de uma boa noite de sono, você acordou e não estava mais doente, se sentiu bem, lembra? Sua Majestade estará assim em breve.
─ É…
Theor parou de chorar ao ouvir a explicação de Gretel.
─ Vamos, Sua Majestade precisa de um bom descanso. Vamos dizer tchau e ir embora.
Quando Astella o confortou gentilmente, Theor assentiu e se aproximou de Kaizen novamente.
Ele colocou a mão na mão fora do cobertor.
A pequena mão branca da criança pousava cuidadosamente sobre a mão áspera e dura.
─ Apresse-se e fique bom logo.
Theor estava prestes a soltar a mão de Kaizen, mas parou.
Ele olhou para o rosto adormecido de Kaizen, seus lábios entreabertos como se estivesse pensando em algo, então pegou sua mão novamente.
Então ele disse em voz baixa:
─ …Pai.
Uma voz fraca parecia que iria quebrar.
Astella arregalou os olhos de espanto com a voz calma.
─Theor…
Então houve uma chamada urgente.
─ Vossa Majestade a Imperatriz!
Fritz abriu a porta e chamou Astella. Ela deixou Theor e saiu.